História Me ensina a amar de novo? - I will change

Havia decidido pelo menos tentar voltar a tomar meus remédios, já que as variações do meu estado de depressão estavam vindo mais frequentes. É horrível você não saber se vai acordar alegre e saltitante, ou se vai acordar sem vontade de levantar da cama.

Voltando a toma-los eu provavelmente ficaria mais estabilizada, então lembrei de um horário que ninguém ficava em casa e fui busca-los. Não queria que ninguém soubesse que estava os tomando.

Escondi ele em minha mochila barra bolsa e sai de casa indo até uma cafeteria que tinha ali por perto e acabei pegando o café para viajem, quando tive uma ideia magnífica.

Fui em algumas lojas de festas e comprei um monte de besteira. Vários refrigerantes, salgadinhos, chocolates, enfim, tudo aquilo que é bom mas faz mal à saúde.

~ ♡ ~

Estávamos no hotel e eu já tinha largado meu celular em um lugar qualquer do quarto. No momento, eu estava deitada no chão abraçada com um travesseiro e conversando com os meninos sobre sentimentos. Eu sei, super filme americano de patricinhas que fazem festinhas do pijama a cada três minutos. Embora pareça extremamente idiota, eu admito que é bem legal. Bom, eu nunca tive alguém com quem conversar sobre esse tipo de coisa.

- Posso ligar a TV?- perguntei com o controle em mãos.

- Claro, liga aí.- disse Jin.

Aperto o botão mágico e a TV liga no canal de notícias. Acabo deixando aí mesmo, pois sabia que não tinha nada de inferessante passando nesse horário. Mas então, vejo a última coisa que eu gostaria de ver na vida, sim, era ele.

"...E hoje, o jovem Luiz Freitas foi liberado da prisão na tarde de ontem. "

Não é possível, ele... ele está solto? Não pode ser.

Mesmo sem perceber, com rosto já estava molhado com lágrimas que não paravam de descer. Tentei desesperadamente esconder meu rosto e secar minhas lágrimas que insistiam am cair cada vez mais. Porém não deu muito certo, visto que em menos de um segundo todos os meninos estavam amontoados em cima de mim me perguntando se estava tudo bem. 

Claro que nada estava bem, como eu poderia ficar bem ao ver a pessoa que destruiu minha vida aos meus meros 14 anos de idade? Era apenas impossível ficar bem ao ver o cara que quase me estuprou e espalhou rumores cruéis e mentirosos sobre mim.

- Jiwoo, o que aconteceu?- perguntou Hobi com uma feição super perplexa e preocupada. Por um momento, hesitei em dizer que estava bem, mas resolvi mentir e dizer que não era nada.

-Eu to na TPM- dei um riso envergonhado- Desculpe, nesses dias eu fico bem emotiva e choro até porque os seus marshmallows são azuis e os meus são rosas, mas eu não gosto de rosa

E não é que deu certo -em parte- todos riam, exceto o Namjoon, que acho que devia ter percebido a notícia, ele sabia dessa história.

Quando o clima foi amenizado, ele me mandou um mensagem no celular que eu só olhei em sua direção e concordei com a cabeça.

Nós fomos discretamente até o terraço do prédio inventando a desculpa que eu estava enjoada e queria tomar um ar.

Quando finalmente ficamos sozinhos eu desabei tudo aquilo que havia me segurado na frente dos meninos. Ele me abraçou e eu não estava mentindo sobre estar enjoada. Essa notícia fez meu estômago revirar e eu sentia uma vontade enorme de vomitar.

-Joonnie- falei com a voz um pouco falha- vamos pra casa do Baozi por favor...

Ele só afirmou e me ajudar a sair daquele prédio até a garagem, onde começou a dirigir com a mini van que era usada no transporte dos meninos. Eu me deitei no banco e fiquei de olhos fechados tentando acalmar um pouco.

Todo aquele inferno que tinha aprendido a esquecer, veio como uma avalanche em mim. Todos meus medos estavam voltando.

Quando chegamos em frente da casa dele, pude ver que a casa ao lado estava totalmente apagada, o que significava que minha mãe provavelmente já tinha ido dormir.

Eu fiquei apoiada no Namjoon enquanto ele tentava tocar a campainha. Quando a porta foi aberta, ele estava muito preocupado, e eu começando a ficar zonza. Nem percebi quando o Nam havia saído e eu ja estava deitada na cama do Xiumin chorando.

O Jongdae decidiu dormir no quarto de hóspedes e deixar eu dormir com seu namorado. Eu fui no banheiro e me sentei no chão. Não podia acreditar que minha paranóia de estar sendo seguida estava voltando. Por muito tempo, mesmo ele preso, eu achava que ele ia escapar e me seguir. Durou alguns meses, mas esses mesmos foram um inferno. Agora que ele estava solto, estava tudo muito pior.

Peguei o frasco alaranjado dentro da minha bolsa, e sem nem mesmo enxergar quantos comprimidos tinha pegado, enfiei tudo na boca e só engoli. Minha visão estava meio embaçada, por isso quando fechei o pote dos remédios para guardar na minha bolsa, acabei deixando tudo cair fazendo um barulho um pouco alto

Acho que tinha tomado remédios demais, e seria té melhor se morrese agora.

Mas tinha esquecido a porta destrancada, e logo o Minseok entrou para ver se eu estava bem. Ele percebeu o que tinha feito e me fez vomitar aqueles comprimidos e tudo que tinha comido antes. Ele só ficou ali, segurando meu cabelo e dizendo que tudo ia ficar bem.

Ele ia me levar ao hospital, mas eu implorei para o contrário, não queria me sentir perseguida. Então ele só aceitou dizendo que era melhor eu dormir para melhorar.

Eu deitei em sua cama ainda um pouco fraca e ele se deitou logo depois me abraçando, sempre dizendo que ele ia me proteger.

Mesmo ele ali me acolhendo;

Foi uma noite cheia de pesadelos.

~ ♡ ~

Acabo acordando em plena madrugada por causa de um pesadelo, mais um. Saio rolando da cama, minhas pernas tremiam de medo. Me levanto para ir ao o banheiro tentando fazer o menor barulho possível. Chegando no local,  me olho no espelho, estava completamente acabada. Meus olhos estavam inchados e vermelhos por causa do choro, meu nariz também estava vermelho. Minhas olheiras estavam mais profundas do que o normal e eu estava super pálida, meu cabelo estava melado de suor assim como minha nuca e meu pescoço, acho que não ficava assim há mais de três anos. Acho que estava tão distraída, que nem percebi a presença de Xiumin atrás de mim. Ele estava escorado na porta e eu perto da pia e do espelho.

- Jiwoo, você... é óbvio que você não está bem, que idiota eu seria ao te perguntar isso.

- Min, não precisa se preocupar tanto, eu já passei por isso uma vez, vou ter que passar de novo.- disse até soando convincente para mim, mas minha atuação é falha quando se trata de mentir para alguem que te conhece a vida toda. Porque eu tento?

- Jiwoo, você acha mesmo que eu acreditaria em você agora? Suas mãos estão tremendo e você está suando. Vem cá.- terminou me abraçando e dando um beijo na minha cabeça. No momento que senti seu cheiro, eu me senti até que protegida, eu diria. Nem sei porque me surpreendi por um momento. Nós dois sempre fomos assim. Desde que nos conhecemos. Sempre que eu estava com problemas, ele era o primeiro a perceber e oferecer ajuda. Acabo por sorrir em meio as lágrimas.

- Min... obrigada.- respondi ao corresponder seu abraço.

- Lembra do que eu prometi antes de sair do Brasil? Eu nunca vou te decepcionar. Sempre que você estiver precisando de mim, eu vou estar aí. Já está tarde. Vamos voltar a dormir.- terminou ele ao se soltar do abraço. Ele me puxou de volta para a cama e me abraçou mais uma vez, dessa vez ele fazia carinho na minha cabeça e me colava ao seu peito como se ele pudesse me proteger de qualquer mal desse mundo. Da mesma maneira que ele fazia desde que éramos crianças, ele sempre foi aquele irmão que me protegeria do que der e vier, como se sua vida dependesse da minha.

- Min? Tá acordado?

- Ainda tô. Por que?

- Eu só não sei como passar por isso de novo. Foi tão doloroso passar por isso uma vez, como vou fazer isso de novo? Talvez seja melhor eu simplesmente não viver mais.- digo fechando os olhos e implorando internamente por paz.

- Park Jiwoo. Não se atreva a dizer isso novamente. No dia em que se sentir assim, se lembre que foi você que me manteve vivo naqueles tempos. E saiba que você não vai ter que passar por essa sozinha. Você nunca vai ter que ter medo daquele merda de novo. Você têm nove caras e sua mãe para te proteger.

- Seok... Você nem conseguia se defender na escola, e agora vei me defender?- perguntei rindo da cara super protetora que ele fazia.

- Eu cresci, okay? Olha, eu sou forte.- disse enquanto exibia seus "músculos super poderosos". O que me fez rir. Até demais.

Pela primeira vez, eu pude dormir sem acordar por causa de pesadelos que me atormentavam tanto. Pelo contrário, tive sonhos, sonhos maravilhosos e doces com todos aqueles que me faziam bem.

~ ♡ ~

Estava sentada no banheiro enorme da sra. Kim. 

Ela ia fazer tudo aquilo que ja queria faz tempo. Por ela ser cabelereira, nem precisei sair de casa.

Em algumas horas, meu cabelo longo e castanho claro, ja estava acima de ombro, com franja e cores fantasias.

Dessa vez eu realmente irei mudar... Em tudo