História Megumi no baile do Helipa; Heliópolis City 🎭 - This Is Brazil with “S”

•Agosto, 2022•

Megumi cruzava os braços enquanto revirava os olhos e franzia o cenho, parado perto dos paredões em meio a multidão de pessoas. Ele estava completamente irritado, pois nunca em sua vida havia sequer pensado em pôr os pés em um baile funk. Itadori havia conseguido o enganar direitinho, como ele foi tão bobo?

Itadori mandava um passinho com os ombros e pés, embrazando ao som de Você está no baile do bega - MC Fefe Original, MC Danflin, DJ J2 e DJ VM. 

— Eu quero ir pra casa, eu não gosto de baile funk, essa música é horrível e irritante. — O moreno disse com o semblante sério.

— QUÊ? 

O rosado respondeu-lhe ironicamente, fazendo megumi grunhir de raiva. Itadori sorriu, balançando o corpo ao ritmo da música e tirando a lupa de sua orelha e colocando nos olhos do melhor amigo.

— Sai! Eu não gosto dessas cafonices.

— Ei! Essa lupa custou quase de 300 reais, seu folgado. 

— Problema seu!

Megumi suspirou, levantando o óculos e o colocando no topo de sua cabeça.

— Agora sim, ficou chavoso. Só faltou um jaco da Quicksilver e um mizuno, ia ficar top.

— Vai tomar no cu. 

3 horas atrás…

7:52 PM.

— E quem vai pra esse rodízio? 

— A Nobara, o Toge, Maki, Miwa, Gojo e o Todo.

— Ah não, se o Todo vai eu não vou.

— Para de besteira, vai todo mundo dividir a conta.

— Sem chance.

— Eu Pago Pra você.

— Não, Itadori, eu não vou. Você não tem o que fazer não? Eu vou entrar em semana de provas na faculdade, preciso estudar. 

Nessa hora, o celular de Yuuji tocou.

— Oi… Sim?… Ah, que pena… Da próxima vez a gente convida ele de novo… Beleza, tchau. — Desligou a chamada. — O todo não vai mais.

— E o quê que eu tenho a ver com isso? 

— Você disse que se ele fosse, você não iria, então agora que ele não vai… Cara você acabou de perguntar o que era, para de ser ignorante!

— Pode desistir, eu não vou de jeito nenhum.

— Se liga megumi, você só tem 19 anos, tem que se divertir às vezes, um dia você vai morrer e o seu diploma não vai te servir de nada, com todo o respeito. 

— Pelo menos eu vou poder comprar o caixão e pagar pelo o funeral com o salário da minha profissão.

— Como? Você vai estar morto mesmo.

— Se eu for nessa merda de rodízio você vai me deixar em paz?! 

— Ótimo, vai se trocar, tô te esperando no carro. 

— Tá! — Disse empurrando ele pra fora de casa e fechando a porta. 

Yuuji saltitou em satisfação, realmente era muito difícil fazer com que um anti-social botasse os pés para fora de casa, principalmente Megumi, que além de anti-social, era um grosso e ignorante. 

Dentro do carro, Itadori se trocava enquanto discava números em seu telefone. Ele vestiu uma calça com detalhes em preto e branco da cyclone, com uma camisa preta sem estampa da Lacoste. 

— Alô? 

O rosado indagou segurando o telefone com o ombro, enquanto amarrava o seu tênis, era um 12 molas preto refletivo. 

— E aí, deu certo? — Satoru indagou do outro lado da linha.

— Aham, só espero que ele não me mate depois. 

— Vai nada, ele vai amar, Helipa é o fluxo. E leva ele pra outros bailes depois também, tem o bega, a Dz7, todo sábado tá tendo o 12 do cinga. Você conhece tudo.

— Depois de hoje eu duvido muito que ele vá querer sair comigo pra qualquer outro lugar. — Respondeu terminando de amarrar o tênis e erguendo o corpo, segurando o celular com a mão.

— Ótimo, eu vou desligar, aproveitem.

— Tá… — Cantarolou tediosamente, desligando a chamada. 

Se assustou após Megumi bater contra o vidro do carro, fazendo com que ele o destrancasse imediatamente. O rapaz entrou no carro, fechando a porta e colocando o cinto, Itadori fez o mesmo e deu partida, trancando todas as portas do carro em seguida.

— Que diabos de roupa é essa?

— Gostou? Essa calça é nova. 

— Não, tá horrível. É sério que você vai pra um restaurante com isso? 

— O quê que tem? Tá na moda pô.

— Esse mundo tá perdido… — Falou desbloqueando e começando a mexer em seu celular.

Megumi vestia uma calça cargo bege e uma camisa preto fosco sem estampa, com um vans nos pés. Seu cheiro exalava a #BeMyself da capricho. 

(Não me perguntem o porquê, mas eu genuinamente associei o megumi com esse perfume da Oboticário kkkkkkkkk na minha cabeça ele tem esse exato cheiro)

 Itadori ligou o som do carro e Pede pra botar com raiva - DJ Dozabri começou a tocar. Megumi revirou os olhos e Itadori sorriu.

— Que foi? Não gostou?

— Eu tenho cara de quem gosta de funk? — Indagou retoricamente, passando a música. Uma sequência de funks começaram a passar cada vez que ele trocasse a música, ele parou em Fim de semana no rio - Teto. 

— Não sabia que gostava do teto.

— É a coisa mais descente até agora. 

Itadori gargalhou, finalmente saindo do bairro de megumi. Megumi morava em um bairro qualquer de classe média em Guarulhos, desde que o aluguel fosse em conta.

— Que droga, não acredito que vamos pegar trânsito. São Paulo não tá de brincadeira não rapaz. — Disse abrindo a janela de sua porta. O sinal abriu e todos os carros voltaram a dar a partida, menos o que estava justo na frente deles. — SAI DA FRENTE PORRA!! — Yuuji berrou com a cabeça pro lado de fora da janela enquanto buzinava.

— VAI TOMA NO CU! — A pessoa do carro da frente gritou, finalmente dando partida. 

Megumi suspirou, ainda atento ao seu feed do Instagram enquanto Itadori deu partida. Alguns minutos se passaram e o rapaz começou a notar a demora.

— Vem cá, é impressão minha ou a gente tá saindo de Guarulhos? 

— Eu tenho que passar em um lugar primeiro, vai ser rápido.

— Tá bom.

[…]

Vinte minutos se passaram, eles já estavam na entrada de Heliópolis, uma das favelas mais populosas de São Paulo, se não, a. Várias pessoas estavam na entrada, tudo por causa do tão famoso e frequentado “Helipa”. 

— Que lugar é esse? E por que tem tantas pessoas no meio da rua?

— É um evento. — Respondeu procurando um lugar para estacionar o carro. — Pronto. — Falou travando a macha e abrindo o porta-luvas, pegando sua lupa. Ele abriu a porta e saiu. Megumi franziu o cenho mas também fez a mesma coisa.

Itadori trancou o carro e ambos começaram caminhar para uma das ruas.

— O que você veio fazer aqui? — Megumi indagou guardando o celular no bolso.

— Vim pegar uma coisa. 

Eles logo chegaram a rua do baile, ambos se detendo com a multidão de pessoas.

— Quê? Nem fodendo que gente vai passar por aqui. 

— Vamos sim.

— Cara, por que simplesmente não fomos no carro por outra rua? Você é retardado? 

— Cala a boca. — Disse começando a andar e deixando ele pra trás, megumi suspirou, começando a se irritar mas o seguindo mesmo assim. 

Eles entraram no meio da multidão, se deparando com os três paredões e o Dj do outro lado em cima, de repente um som de algo fino começou a sair dos paredões, indicando que algum tipo de música estava começando. Um som de flauta começou a tocar, fazendo um tipo de contagem regressiva.

10,

09,

08,

— O quê que tá acontecendo? 

07,

— É a abertura do baile.

06,

— “Baile”? Você tá falando de um baile funk?

05,

— Sim.

04,

— E os outros? O pessoal e o rodízio?

03,

— Não tem “os outros”.

02,

— Cara, eu vou te matar.

01!

O Dj finalmente soltou o beat de um solo de uma guitarra.

Mas esse é o Léo da 17, sucesso com a mulherada.

Esse é-Esse é o Nogueira porra, esse é o Nogueira porra.

Dj wizard, o bruxo das América.

17, 17, 17, 17, 17, 17, 17, 17, 17, 17, 17, 17, 17, 17, 17, 17.

E o beat da música finalmente começou, dando início a Só Rock Só Rock - MC BN, DJ Wizard, Dj Léo da 17 e Nogueira Dj.

— Cara, a gente tá na porra de um baile funk?? Por que você mentiu pra mim?!

— Se eu não tivesse mentido, você não teria vindo. 

— Foda-se, pra que você foi me trazer pra um lugar onde só tem drogado e traficante? 

— Aqui é divertido.

— Divertido vai ser quando tiver uma bala na tua cabeça. — Respirou fundo, Itadori gargalhou. — Tá rindo de quê? Que porra mano.

— Ninguém rouba em favela não, eles dão uma surra. Bom, as vezes vem gente de fora pra roubar… Mas eles dão uma surra do mesmo jeito.

— E se a polícia vier?

— A gente sai correndo. — Respondeu começando a movimentar o corpo ao ritmo da música. — É só correr pro beco, os policiais não vão lá.

— Yuuji Itadori, eu vou te matar! 

— Eu sei! — Disse de uma forma estranhamente contente. — Eu vou comprar um energético, você vai querer alguma coisa?

— Não!

— Ih, tá bom. Não sai daqui. — Falou se afastando e sumindo no meio da multidão. Megumi suspirou, tendo o seu semblante completamente irritado. 

— Aquele filho da puta me paga.

— RONCA NESSA PORRA SUA VAGABUNDA!! — Um homem berrou atrás dele, megumi franziu o cenho observando o ser. Ele usava uma touca medusa da Oakley com um colete à prova de balas. 

— Meu Deus… 

Agora…

— Agora sim, ficou chavoso. Só faltou um Jaco da Quicksilver e um mizuno, ia ficar top. 

— Vai tomar no cu.

Nessa hora, duas meninas passaram por eles. E uma delas mordeu o lábio inferior, piscando para megumi. 

A música mudou pra Montagem, Cocota feia pra caralho - DJ Arthur ZL. Megumi estava um pouco zoado pois tinha bebido um pouco, pra ver se Itadori o deixava em paz.

— Qual foi playboy, vai ficar o baile inteiro igual uma estátua? — Um homem disse no pé do ouvido dele. — Tá vacilando truta.

— É que eu tô um pouco cansado, trabalhei o dia todo. — Megumi respondeu ironicamente, mas sem demonstrar. — Hoje eu só quero curtir e chegar bem zoado em casa. 

— Pode crer parça! Só vivência. — O homem disse fazendo um toque de mão com ele. — Qualquer fita se precisar eu tô aqui, nós fortalece sempre.

— Já é.

O homem fez um “👍“ com a mão e foi embora.

— Maluco. — Murmurou. — Ei Itadori, me arranja alguma coisa forte pra beber.

— Na hora meu patrão.

Quanto mais as horas se passavam, menos Megumi ficava sóbrio, chegando a dançar no meio dos outros. Itadori ficou sem entender nada, “não era ele que não gostava de baile?”, mas feliz que o plano de gojo havia dado certo.

Por não saber fazer os movimentos das danças e estar completamente bêbado, megumi acabou passando vergonha. Os mandrakes começaram a filmar pra fazer meme mais tarde, e talvez até postar nos Storys, marcando o ig do baile. 

— Oii lindo, você quer ficar comigo? 

— Sai doida.

Megumi respondeu completamente fora de si.

Fim