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História Melancholy - Melancholy


Escrita por: Lost_Cause

Notas do Autor


Fanfic basicamente para lembrar que Nico di Angelo era um cara muito depressivo durante a Casa de Hades.

Capítulo 1 - Melancholy


Melancholy

 

Aquele tinha sido um dia como outro qualquer para Nico di Angelo. Ou seja: horrível.

Tudo tinha indo muito bem durante o dia. O céu estivera azul, o mar estava até agora relativamente calmo e eles não encontravam obstáculos há bastante tempo. Leo passou o dia na sala de máquinas, onde ficava a maior parte do tempo, terminando de consertar o mecanismo que permitia que o navio voasse. Hazel, no quarto, passando mal por causa das ondas, e Frank normalmente ficava com ela durante esse tempo. Percy, Annabeth, Jason e Piper ficaram no convés, conversando e comendo alguns sanduíches e muffins tirados da Cornucópia. E Nico ficou, como sempre, no mastro, onde estava agora, e onde poderia ficar sozinho.

Sozinho e, de preferência, longe de Annabeth, Percy e Jason Grace.

Já era difícil o suficiente ter que lidar com o fato de que os dois estavam juntos há meses e se amavam de verdade. Tinham lutado uma guerra inteira lado a lado. Ao pular no Rio Estige, fora Annabeth que Pecy vira impedindo-o de se dissolver no poder daquelas águas. A garota procurara por Percy durante todo minuto quando ele desaparecera, e ele, no Acampamento Júpiter, se lembrava apenas do nome e do rosto dela. E, depois de tudo isso, os dois sobreviveram ao Tártaro juntos. Aquilo era amor verdadeiro, e Nico não podia negar.

Claro, Nico também havia lutado a guerra ao lado de Percy, inclusive convencera Hades a chegar em meio à batalha com um exército de monstros do Mundo Inferior e zumbis para salvar o dia. Claro que a ideia de Percy pular no Rio Estige, o que salvara sua vida diversas vezes, fora dele. Claro que ele também procurara Percy por cada instante quando ele sumira. Claro que seu coração batera forte quando Percy, no Acampamento Júpiter, estreitara o olhar e dissera ter a impressão de conhecê-lo. Claro que ele havia atravessado o Tártaro sozinho. Claro que ele liderara o Argo II até as Portas da Morte. Claro que ele fizera tudo isso por Percy.

E é claro que nada daquilo parecia importar.

Percy tinha sido o primeiro herói que Nico vira em ação. Tinha sido bastante impressionante o modo como do nada ele tinha uma espada em mãos, lutando como um verdadeiro herói para salvar a ele e a Bianca... e, claro, a Annabeth, que tinha sido pega pelo manticore. Mesmo assim, o pequeno Nico de dez anos de idade havia ficado deslumbrado. Ficava com vontade de bater a cabeça na parede só de se lembrar de como tinha feito de tudo para conseguir a atenção do filho de Poseidon, até mesmo fazer perguntas estúpidas e inconvenientes. Uma das primeiras coisas que ele quisera saber fora se Annabeth era a namorada de Percy, e agora, ao pensar nisso, ficava em dúvida se queria rir ou se jogar do mastro. Mas claro que tudo aquilo tinha sido na época em que ele ainda era feliz.

Percy o tratara como criança quando ele chegara ao Acampamento. Mesmo depois que o garoto cresceu, que Bianca morreu, que sua vida toda foi por água a baixo, ele continuava tratando-o como tal. Sabia que Percy sempre o veria como aquele garoto mais novo que ele não conseguia entender, ou no máximo como um irmãozinho.

Mas ele já tinha desistido de pensar que talvez algum dia Percy o veria do jeito que Nico via Percy.

Ninguém reparava, ninguém percebia, ninguém parava para pensar. Ele era só o garoto triste que ficava em silêncio no escuro. O garoto que as pessoas desviavam o olhar, atravessavam a rua para não passar por ele, cujos problemas ninguém entendia ou queria entender. As pessoas esqueciam da sua presença quando ele não estava falando. Sabiam apenas que ele estava sempre triste, nunca paravam para pensar no motivo. Não pensavam duas vezes antes de julgar.

Simplesmente não se importavam.

Uma pessoa sabia. Apenas uma. E era alguém que Nico nunca pensara em se aproximar. Jason Grace, o pretor romano filho de Júpiter, um líder nato. Era o típico adolescente americano: loiro, olhos azuis, porte de jogador de futebol, amigo de todos. O tipo que Nico provavelmente desgostaria de cara. Mas ele na verdade não era assim: tinha sua sensibilidade, e mesmo que tentasse ser um líder e nunca demonstrar fraqueza, era claro – ao menos para Nico – que ele estava cansado. No fundo, era apenas um semideus.

Era esse o cara para quem o filho de Hades foi forçado a confessar seu maior segredo. Para sua surpresa, Jason não riu. Não o olhou de modo estranho ou desgostoso. Manteu aquilo em segredo, e os olhares que lhe lançava eram de simpatia e compreensão, não de escárnio ou pena. Nico já estava acostumado com o escárnio, mas se tinha uma coisa que ele odiava era que sentissem pena dele. O problema era que de vez em quando pegava o loiro o olhando, como se tentasse decifrá-lo.

Nico não tinha certeza se queria ser decifrado ou não.

Depois do Tártaro, Nico mal conseguia dormir. Se sentia sempre ameaçado, exposto, quebrado. Acordado, dormindo, não importava: o Tártaro estava lá, sua voz sussurrante assombrando-o. Era como se sempre estivesse caindo em direção ao vazio. Como se o céu vermelho-sangue com nuvens de nanquim sempre estivesse sobre sua cabeça. Como se ainda estivesse preso em um jarro de bronze sem oxigênio, morrendo aos poucos, sobrevivendo de sementes de romã do Mundo Inferior.

Aquilo nunca acabava.

Como sempre, se fosse superar aquilo, superaria sozinho. Alguns anos atrás, tivera esperanças de que alguém o compreenderia. Que alguém viria e alguém o salvaria. Mas ninguém nunca o salvava, e não seria diferente agora. Como sempre, ele estava sozinho. Teria que salvar a si mesmo.

Novamente, novamente e novamente.

Bem, mas que trabalho de merda de que ele estava fazendo.

Normalmente, ele diria a si mesmo que ficaria bem. Afinal, sempre ficava. Mas não tinha certeza se conseguiria se estabilizar agora. Depois de tudo o que havia passado, o Tártaro fora como o golpe final. Ele estava andando em uma corda bamba, e sabia que não poderia se equilibrar por muito mais tempo. Logo, despencaria no poço profundo de escuridão sobre qual pairava.

Lembrou-se da noite anterior, quando Percy fora até ele. O filho de Hades estava na ponta da proa do navio, as pernas pendendo no ar sobre o oceano. Estava de noite, e todos estavam dormindo, ou pelo menos dentro das cabines. A noite fria era complementada pelo vento gelado, e Nico estava com o queixo apoiado nos braços cruzados, que por sua vez descansavam sobre a estrutura de madeira da proa. Os cabelos compridos negros balançavam no seu rosto e na frente dos olhos, que encaravam o horizonte, se perguntando por que ele estava lá.

Viu um movimento atrás dele, mas não virou a cabeça. Alguém se abaixou ao seu lado, o observou um pouco e então também dependurou as pernas no ar sobre o mar, apoiando os braços na madeira mas mantendo a coluna reta, o rosto levantado. Nico virou a cabeça ligeiramente e percebeu que era Percy.

Ótimo, pensou. Mais isso agora.

Mas não se mexeu e nem falou nada. Percy encarou o horizonte por alguns segundos, e então se virou para Nico.

– E aí. - o filho de Poseidon disse.

Di Angelo continuou em silêncio, esperando que ele desistisse e fosse embora. Mas ele não o fez.

– Também não conseguiu dormir? - perguntou Percy.

– Nunca consigo. - Nico murmurou baixinho, esperando que fosse baixo o suficiente para que o outro não conseguisse ouvir.

Mas é claro que ele conseguiu.

– É. - concordou. - Imagino. O Tártaro pode ser bem... assustador.

Era muito mais do que bem assustador.

Nico afundo o rosto nos braços um pouco mais, frustrado. Queria que Percy fosse embora. Queria ficar sozinho. Sempre ficava sozinho. Por que não podia continuar sozinho? Não era como se o filho de Poseidon se importasse, de qualquer jeito.

– Achei que não ia conseguir. - Percy confessou, baixinho, e voltou a encarar o oceano.

Nico olhou para ele e, pela primeira vez, viu que seus olhos iluminados pela lua continham verdadeira tristeza.

– Annabeth estava com você. - deixou escapar. - Isso não ajudou?

– Ah, então você fala. - disse Percy, tentando brincar, mas a atmosfera melancólica voltou a tomar conta dele e ele suspirou. - Sim. Se não fosse por ela, eu provavelmente teria morrido nos primeiros cinco minutos.

Aquilo não deveria doer. Afinal, era o que Nico esperava. Mas doía.

Eu não consegui alcançá-lo aquela hora, pensou com pesar. Nunca consegui alcançá-lo.

Percy umideceu os lábios, hesitando.

– Você não tinha ninguém junto, tinha? - perguntou, o tom da voz cuidadoso.

Nico apoiou o queixo nos braços de novo e negou com a cabeça.

Nunca tenho ninguém junto.

Ficaram em silêncio por alguns segundos. Jackson parecia ponderar se deveria dizer o que tinha em mente ou não.

– Como você conseguiu?

Normalmente, Nico ficaria irritado. Daria uma resposta curta e ríspida e afastaria o questionador. Mas ele sabia que era uma pergunta sincera. Percy havia atravessado o Tártaro assim como ele. Sabia como era. E, de verdade, queria saber como ele havia sobrevivido.

O filho de Hades mordeu o lábio, se perguntando se deveria responder ou não. Por fim, disse:

– Só continuei repetindo para mim mesmo que vocês poderiam precisar da minha ajuda. Eu não teria nenhuma utilidade morto.

Que você poderia precisar da minha ajuda., corrigiu-se mentalmente.

Mas é claro que ninguém ficaria sabendo disso.

Percy continuou quieto, como se esperasse que ele continuasse falando. Mas ele não continuou.

– É só isso? - perguntou. Obviamente sabia que ele não tinha falado tudo.

Nico não tinha conversado com ninguém sobre o Tártaro. Tampouco queria falar com Percy agora. Tinha medo de não conseguir conter as lágrimas, do modo que quase não conseguira quando tivera que lidar com Jason e Eros. Já tinha demonstrado suficiente fraqueza na frente de alguém. Se fosse para chorar, o faria em silêncio e sozinho, como na noite do dia que foram a Split.

Mas, afinal, continuou falando.

– Bem... eu tentei me livrar de qualquer emoção. Eu tinha ido lá voluntariamente para fechar as Portas da Morte, então me foquei no meu objetivo, sem me distrair. Tentei ficar... frio, sabe? Pensei que depois de tudo que já tinha acontecido, eu não poderia desistir lá.

Mas agora estava pensando que talvez devesse. No final, aquilo tinha sido inútil. Ele não conseguira chegar nas Portas da Morte, tinha sido capturado por gigantes e usado como isca para os outros semideuses. Percy e Annabeth que tinham feito o que ele pretendia desde o início.

Era sempre assim.

– No final... - concluiu. - Nem consegui fechar as Porta da Morte.

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos.

– Sabe – disse o moreno de olhos verdes. -, você não precisa ficar sozinho. Tem pessoas que se importam com você. Podem ajudar se você deixar.

Nico desejou que Percy parasse de falar aquelas coisas. Só o machucavam mais ainda. Ele virou o rosto para que o Jackson não visse sua expressão de dor. Os olhos apertados para conter as lágrimas, mordendo o lábio inferior com tanta força que sentia gosto de sangue. Percy curvou a coluna, se aproximando para tentar ver o rosto de Nico, mas ele estava escondido entre os braços e uma cortina de cabelos negros.

– Eu estou falando sério, Nico.

Mas o garoto continuou quieto, sem querer continuar mais um segundo daquela conversa.

Percy eventualmente se levantou, bagunçou seus cabelos afetuosamente e entrou no convés do navio.

Na noite seguinte, Nico suspirou, frustrado, exatamente como fizera na noite anterior. O mundo inteiro parecia estar lhe dizendo que ele não deveria estar ali. Mas então por que ele continuava ali?

Não fazia ideia.

Mesmo assim, continuava ali.

O que diabos eu estou fazendo?

Era uma causa perdida.

Aquela era apenas uma noite à bordo do Argo II.


Notas Finais


Quase me empolguei no jasico lá em cima hauhauehuaehua
Dá pra pensar nisso aqui como algo que aconteceu antes de EEA? Dá.
Eae, o que vocês acharam? :D e obrigada pra quem leu até aqui ^^


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