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História Melancolia - Raiva


Escrita por: gmyclifford

Notas do Autor


Oii, acho que a maioria das atualizações serão de madrugada.
Me desculpem por qualquer erro no capítulo, revisei duas vezes mas sempre tem a chance de algo passar despercebido.
Boa leitura 💜 e podem dizer o que estão achando.😊

Capítulo 3 - Raiva


Fanfic / Fanfiction Melancolia - Raiva

No intervalo da aula, vou para o meu armário e troco alguns livros da mochila. Até agora tive a sorte de ficar com Jass em uma matéria, mas não sabia se teria tanta sorte com a próxima. Dylan havia sumido desde o momento que botamos o pé no colégio, porém assim que seu nome invade meus pensamentos, ele aparece no final do corredor com o maior sorriso do mundo. Enquanto vinha na minha direção eu quase podia ver o motivo da alegria e torci para que fosse qualquer coisa, menos...

— Achei o Michael. —diz, os olhos brilhando de empolgação. — Tive a primeira aula com ele, Lottie. Sentamos na mesma carteira.

— E você arrumou uma desculpa pra falar com ele? Acertei? —digo ao erguer a sobrancelha com um sorriso de lado.

— Eu precisava de um lápis e...

— Sua mãe adoraria saber que você esqueceu o material no primeiro dia de aula, Dylan.

— ...e nada vai estragar minha felicidade. —sorriu triunfante e cruzou os braços. Ele usava uma camisa azul de frio com as mangas arregaçadas até os cotovelos, e algumas pulseiras cobriam a pele negra mais clara que a minha. — Mas é, funcionou, é o que importa. E acho que temos o próximo horário juntos.

— Nós dois ou você e sua nova paixonite?

Ele enruga o nariz e olha para mim como se quisesse rir. — Ninguém da nossa idade diz isso, meu Deus. —solto uma gargalhada e ele acaba me acompanhando. — Nós três e talvez o Jason também. —estamos encostados na fileira de armários e alguns alunos estão pegando livros e trocando anotações entre si quando Dy se endireita e sorri mais abertamente.

Viro o pescoço a tempo de ver o garoto de cabelos rosados, que agora sei que se chama Michael, vindo em nossa direção com um sorriso tímido. Percebo que é um pouco mais alto que nós dois, e a pele é mais pálida que a da maioria dos habitantes da cidade. Fico sem saber se deixo os dois sozinhos ou se sirvo de vela, mas antes que eu possa dar o primeiro passo meu primo puxa discretamente a barra da minha blusa.

— Oi. —diz e sorri, e percebo que Dylan estava certo, pois de perto ele era bem fofo. Retribuo o sorriso e aceno de leve com a cabeça. — Você deve ser a Charlotte.

— E você deve ser o Michael. —coloco a alça da mochila no ombro. — Pode me chamar de Lottie.

— Pode me chamar de Mike. —ele ri e desvia o olhar para o final do corredor. — Então...ainda temos alguns minutos antes da próxima aula? Meu amigo disse que iria chegar no segundo horário.

A breve menção faz com que meu corpo fique frio, como se após horas debaixo das cobertas eu entrasse num lago congelado. Instintivamente, passo os dedos pelo meu braço e suspiro. Dy não percebe, mas Michael direciona os olhos verdes para mim por poucos segundos.

— Ainda temos cinco minutos. —suspiro mais uma vez e tranco o armário. Quando me viro, percebo que os dois já iniciaram uma conversa sobre a apresentação para a turma que os poucos novatos tiveram de fazer. Até onde eu sabia, dava para contar nos dedos os alunos novos. Não era como se meu irmão e eu fôssemos realmente novos na Lockwood High, mas um ano afastados era o bastante para acabar com qualquer amizade antiga.

Nossos colegas estavam formados, enquanto iriamos iniciar o último ano no ensino médio.

Enquanto a gente andava, enviei uma mensagem pro Jass para saber se ele também teria aula de inglês. Fiquei esperando uma resposta, mas ele não ficava online desde cedo. Guardei o celular assim que entramos na sala. Ainda não se encontrava cheia e, por sorte, as mesas do fundo estavam livres. Como as carteiras eram dispostas em duplas e Dylan nem hesitou em sentar com Michael, fiquei sozinha na fileira da frente e deixei minha bolsa na mesa vizinha.

Deitei a cabeça sobre meus braços e fechei os olhos, sentindo o cansaço de ter acordado tão cedo. Tento cochilar, porém conforme mais gente chega mais altas as conversas se tornam. Ergo os olhos quando batem a porta com um pouco mais de força e as vozes cessam, e vejo o professor —cujo o nome eu não havia tido a curiosidade de descobrir até o momento em que o vi— colocar suas coisas sobre a mesa e se virar para a turma com um leve sorriso.

Quase pude jurar ter ouvido alguns suspiros vindos das fileiras da frente e segurei a risada.

Ele não aparentava ter mais de 40 anos, o que era novidade na Lockwood, que tinha o costume de contratar profissionais bem mais velhos. As roupas eram simples, camisa social branca e calça jeans escura, mas caiam bem nele. Seu olhar examinou cada rosto do cômodo antes de proferir: — Bom dia, turma. Sou Anthony Marks, seu novo professor de língua inglesa. Sei que a maioria de vocês estava acostumada com o senhor Scott, mas acho que vamos nos dar bem.

Dei uma conferida no celular e vi que Jass não havia sequer visualizado minha mensagem. Será que iria matar aula logo no primeiro dia? Não seria um espanto, afinal de contas.

Alguns alunos conversavam em tom baixo enquanto o senhor Marks arrumava a mesa e por fim tirou um papel de sua pasta. — Bom, recebi a lista de chamada há pouco tempo e gostaria de começar com uma breve apresentação de vocês. Apenas o nome, para que eu tenha uma ideia de quem é quem. —então ele começou pela primeira fileira e seguiu até que todos tivessem se apresentado. Mike havia acabado de falar seu nome quando a porta se abriu.

Meus olhos se moveram rápido e vi o corpo esguio vestido de preto. Antes de sequer encarar seu rosto, minhas mãos já tremiam de leve. O amigo de Michael havia desviado toda a atenção de Anthony para si, porém ele não demonstrava se importar. A alça da mochila pendia no ombro relaxado e ele permaneceu parado, o olhar no professor.

— E temos o primeiro atrasado do dia. —Anthony sorriu, mas diferente do gesto dado assim que entrou em sala, esse foi mais afiado. — A turma estava se apresentando, e já que você foi o último a chegar, gostaria de se apresentar para os seus colegas?

Ele sorri em resposta, tão afiado quanto, e diz com uma voz calma e levemente rouca: — Sou o Luke Hemmings. Posso entrar? —o professor concorda e indica o fundo da sala, onde ainda restam algumas cadeiras vazias. Finjo prestar atenção no esmalte descascando das minhas unhas enquanto sinto seus olhos em mim, ou no Michael, que está sentado logo atrás da minha cadeira.

Espero que escolha algum lugar vazio, mas ele para em frente a minha mesa e sou forçada a levantar os olhos. O sorriso já havia abandonado seu rosto e ele aponta para as minhas coisas. — Pode tirar a mochila?

— Tá ocupado. —murmuro, batendo as unhas na madeira ao notar que algumas pessoas observavam nossa pequena discussão.

— Não estou vendo ninguém sentado aqui. —ele ergue a sobrancelha e tenho certeza de ter ouvido sua risada quando puxo minha bolsa a contragosto e a penduro no encosto. Tento manter a atenção nos títulos escritos em giz no quadro, porém quando Luke se vira para falar com o amigo, nossos braços se tocam por um momento e minha pele se arrepia.

Mordo o lábio torcendo para que só eu tenha percebido, mas um sorriso semelhante ao dado na lanchonete se formou no rosto bonito e ele vira na minha direção. A distância entre nós é menor do que eu gostaria.

— Qual é o seu nome? —pergunta baixinho, encarando-me com olhos azuis profundos. Tanto ele quanto Michael não pareciam ser daqui, mas diferente do amigo, Luke apresentava um sotaque que não identifiquei.

— Charlotte. —desvio o olhar e começo a colocar o material na mesa. Não queria conversar, muito menos com ele. Eu não havia esquecido de como algo obscuro parecia rodeá-lo na Blackbird e, apesar da sensação ter desaparecido, ainda não conseguia agir normalmente.

Passo os próximos minutos anotando tudo que o senhor Marks escrevia e uma ou outra frase que achava importante enquanto ele falava. Mudei para outra página do caderno quando percebi que meu parceiro não tinha sequer retirado as coisas da mochila.

— Não trouxe nada pra escrever? —falo num tom contido e Luke me olha de lado. Somente após observar os braços cruzados e o corpo relaxado na cadeira que percebo o quanto ele é alto. Sempre me considerei alta, mas perto dele era como se meus centímetros acima da média não fossem nada.

— Trouxe, mas... —ele suspira e passa a língua pelo lábio inferior antes de prosseguir. — duvido que o Marks vá se incomodar que eu não esteja fazendo algo.

— Se eu fosse você não iria testar a paciência dele, mas é um direito seu. —dou de ombros e volto a copiar. Não era um dia quente, no entanto a temperatura parecia ter aumentado um pouco desde que entramos na sala. Então junto meu cabelo no alto da cabeça e prendo com um elástico o rabo de cavalo.

Noto que Hemmings se mexeu ao meu lado mas só percebo que esticou o braço quando seus dedos tocam minha nuca por um segundo. O contato é o suficiente para fazer com que um arrepio percorra minha coluna e algo dentro de mim desperte.

Viro tão rápido que ele não tem tempo de tirar o braço do meu encosto e agarro seu pulso, a raiva borbulhava no meu interior. Um lampejo de divertimento aparece em seus olhos. — Que merda você acha que tá fazendo? —solto alto, atraindo a atenção de algumas pessoas e de Anthony, que para de escrever e se vira para nós.

— Algum problema, Charlotte? —o professor alterna o olhar entre nós dois e ergue uma sobrancelha. Solto o braço do Luke e cerro os punhos debaixo da mesa, meu rosto parecia pegar fogo quando balanço a cabeça para os lados. — Ótimo. —então ele volta a enumerar as atividades no quadro.

Respiro fundo algumas vezes e esfrego minha nuca, tentando afastar a sensação do toque dele. Pego uma mecha solta de cabelo e enrolo no prendedor.

— Você esqueceu de prender uma parte, era isso que eu ia fazer. Não achei que você iria surtar. —Luke murmura sem me olhar e abre um sorriso de lado. Sinto a raiva revirar.

— Até porque é super normal tocar as pessoas sem avisar. —me seguro para manter um tom contido e bufo. — Eu nem te conheço. —isso parece atingi-lo, pois por um instante seus lábios se comprimem.

Como ele não diz mais nada, viro para o quadro e tento prestar atenção nas palavras do professor. Porém suas frases entravam e saíam sem que eu conseguisse refletir sobre elas. Depois de várias tentativas e o surgimento de uma dor de cabeça, desisto de tentar focar e torço para que o dia chegue ao fim.



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