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História Melancolia Taciturna - Capítulo Único


Escrita por: saturns

Capítulo 1 - Capítulo Único


Ele estava se questionando como ele era tão estúpido e fraco ao ponto de ficar deitado no chão enquanto chorava sem ter forças para se levantar e sair daquela posição. Seu corpo tremia tanto que ele tinha seu corpo encolhido e sua cabeça latejava, fazendo-o fechar os olhos com força e grunhir sentindo raiva de si mesmo.

E então, depois de se agredir com palavras ofensivas no seu pensamento, ele se levantaria e andaria até a frente do espelho, olhando seu reflexo e seus olhos vermelhos. Mas isso não era o suficiente, aquela dor nunca passaria e ele não aguentava mais aquilo. Então ele se machucaria. Daria tapas em seu próprio rosto, grunhia de dor, fazia qualquer coisa para que sua dor física fosse maior do que a dor que sentia dentro do seu peito, a dor que esmagava seu coração e o fazia querer gritar. E ele se agrediria mais ainda com tapas e palavras violentas que o destruiriam ainda mais para perceber que a dor que sentia no seu corpo nunca se compararia com a dor dentro de si, então ele se sufocaria em um grito xingando sua carcaça que há muito tempo estava vazia mas ninguém percebia. E no dia seguinte ele aparecia para todas as pessoas que conheciam com um sorriso no rosto e diria que havia tido uma ótima noite e estava perfeitamente bem, então abraçaria as pessoas e diria que estava muito grato por tê-las na sua vida.

Gratidão?

Ele não sabia o que era gratidão. Ele não se sentia grato e por mais que sempre o dissessem que ele deveria se sentir pois tinha coisas que nem todo mundo tinha, ele não se sentia. Ele deveria se sentir grato porque tinha família, comida, dinheiro, saúde.... mas porque então ele não sentia esse tal sentimento e nunca pode encostar nem a ponta dos seus dedos nela? E então ele gritaria, mãe, pai, eu não sou um ingrato! Eu não sei o que fazer, eu não sei o que sentir! Mas as palavras ficariam presas na sua garganta como sempre e ele voltaria a sorrir fingindo um sentimento que ele não conhecia. Mas ele não sabia se era pior se enganar ou enganar as pessoas. Como ele dizia que sentia algo se de verdade ele não sentia? Então ele perdia-se em sua melancolia mais uma vez e tentaria controlar seus pensamentos e sua covardia, tentando manter-se são por seus amigos e sua família. Mas então ele se perguntava o que eram amigos quando suas emoções positivas estavam envoltas numa massa negra de pensamentos negativos que cada vez crescia mais na sua cabeça que nunca estava vazia e aprisionava ainda mais o que restava da sua alegria? A alegria que um dia esteve lá mas ele não conseguia se recordar sua mente estava se tornando cada vez mais barulhenta e ele se engasgaria com todas as palavras presas na sua garganta, sufocando-o até fazer ele deitar-se no chão novamente e chorar as frustrações do seu dia.

Diziam que chorar era bom para aliviar as dores mas ele só conseguia se sentir pior ainda e a leveza que ele deveria sentir depois de chorar nunca aparecia e ele ficava mais frustrado ainda sentindo-se um inútil que nunca se satisfaria. Ou nunca satisfaria as pessoas.

Mas ele era um egoísta. Trancava-se no seu mundo para não precisar lidar com as pessoas e não se machucar. Não deixava as pessoas se aproximarem e, quando deixava, logo as afastava porque era isso o que ele fazia, era isso que ele buscava fazer tamanha era a sua covardia de manter relação com as pessoas. E ele sempre se dizia que pessoas eram fracas e deveriam controlar mais seus sentimentos, mas e se ficassem exatamente como ele? Reprimidos na própria amargura e sem saber o que fazer, chorando todas as noites e fingindo todos os dias.

E então ele se perguntaria se seus pais estavam orgulhosos da pessoa que ele aparentava ser e ele sabia que a resposta seria negativa porque não importa o quanto tentasse ele não seria digno da perfeição e adoração de ninguém. Por que alguém se importaria? Era tudo mentira, mesmo que ele estivesse preso na sua própria brincadeira tentando mostrar falsa alegria e gratidão. Seu sonho de infância era ser um herói e ajudar as pessoas mas como ele faria isso se nem se ajudar conseguia?

Que tipo de herói ficava deitado no chão encolhendo-se e sufocando gritos enquanto chorava todas as dores e melancolias guardadas em segredo dentro de si mesmo, e um dia, ele sabia, seu coração explodiria. Seus olhos gritavam por socorro pela sua alma envenenada com os próprios pensamentos destrutivos que o consumiam. Ele era uma carcaça vazia e ninguém percebia porque ele fingia que algo estava lá dentro, ele fingia que ele estava ali, ele fingia, fingia e fingia.

Ele limpou suas lágrimas na manga da blusa e olhou seu reflexo no espelho mais uma vez, tentando encontrar alguma marca no seu rosto da agressão que ele mesmo havia cometido, ou olhos vermelhos assim como a ponta do seu nariz que indicariam que ele estava chorando. Mas ele havia aprendido a disfarçar bem e então, com um suspiro cansado, ele girou a maçaneta da porta para encontrar as pessoas que faziam parte do seu dia-a-dia. Ele havia demorado dentro do quarto então todos os olhos foram na direção dele, fazendo-o pender a cabeça para o lado e formar no seu rosto o melhor sorriso que podia.

- Você demorou, Yoongi – Alguém comentou. – Está tudo bem?

- Está – Ele respondeu e olhou através da janela, fingindo-se surpreso. – A noite está bonita hoje.

Soltou uma risadinha e sentou-se um pouco distante da sua própria família, olhando através da janela e murchando o sorriso já que estava de costas para eles. Soltou um suspiro cansado e fechou seus olhos, tentando controlar-se. Olhou mais uma vez para as estrelas e deixou um sorriso fraco e involuntário formar-se nos seus lábios, um sorriso que nem ele havia percebido que estava ali.

A noite realmente estava bonita.



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