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História Melhor Atuação - Capítulo 9 - Imbecil Taradão


Escrita por: AnanditaDutta

Notas do Autor


*comendo pudim de chocolate industrializado (danette) e desviando das pedradas like a diva*
:B

Hj tem capa, é esse loiro o do Hyuk, meio mel, não o loiro claríssimo de mr. Simple q eu também acho um charme.
E estrelando nesse capítulo (rapidinho), além do Hyuk e do Hae & cia: mamis do noqueeeee! Mas não a imaginem como a mãe do Hyuk real (faço o hae ficar xingando a coitada de “puta” toda hora... não deu p coloca-la aqui assim sem ficar com peso na consciência u.u) imaginem uma versão asiática de alguma perua com tudo em cima e podre de rica, bonitona e elegante, ok?
Por “grupo” e “corporação” eu quero dizer empresas grandes que controlam várias marcas diferentes (pensem na Unilever por exemplo).

Vão ler ^u^ Espero que gostem.

[Ah, obrigada a tudo mundo q deixou comentário e me perdoem pela demora para responder, vou tentar dar o amor q vocês merecem no tempo certo da próxima vez... Vocês estão no meu coração para sempre. E obrigada por todos os votos de “boa viagem” e “feliz aniversário”. Eu sempre fico boba com toda a fofura de vocês... <3]

Capítulo 10 - Capítulo 9 - Imbecil Taradão


Fanfic / Fanfiction Melhor Atuação - Capítulo 9 - Imbecil Taradão

Amaldiçoei pela vigésima vez a bendita hora que eu quis implicar com o imbecil gostoso do Eunhyuk. Eu não pensei que ele ficaria tão mais bonito loiro – só estava certo na parte em que ele se irritaria e chiaria como porco no abate.

Vê-lo tentando argumentar e sabendo que concordara com a mudança de visual no contrato me deu uma satisfação danada. O problema eram as borboletas em meu estômago. Realmente, esse primeiro dia de filmagem já começou como um inferno.

E cansativo também, até o Sungmin já tinha ido embora depois de terminarmos de gravar suas cenas no apartamento.

Passava das nove da noite, porém tínhamos um cronograma e não se baseava em bater-cartão. Essa era a última cena e então estaríamos liberados, no entanto eu não estava ansioso para filmar pelo simples motivo de que eu queria, mais do que deveria, errar essa cena só para filmarmos de novo e de novo.

Peguei o potinho de pudim de chocolate industrializado que eu havia aberto momentos antes - cuja primeira colherada eu já havia oferecido ao Siwon para não estragar o gosto perfeito do cappuccino na minha boca. Minha marca era sentadinho em cima do balcão do armário vizinho a geladeira, ao lado de onde o Eunhyuk deveria estar fazendo nosso jantar, lasanha congelada, no forno elétrico.

Ele ajustou o timer para nos avisar quando terminasse o tempo assando e eu continuei fingindo que tinha comido aquela primeira colherada do pudim, com a colher presa em meus lábios e olhando meu namorado com olhinhos brilhantes.

Na continuação da cena que usaram em nosso teste, da minha masturbação no sofá, eu o ajudara com sua ereção, tocando-o timidamente enquanto nos beijávamos. Depois filmamos mais um par de cenas na cozinha até chegarmos nessa.

Isso significava que eu já tinha gozado duas vezes entre meu café da manhã e agora, por que ainda me sentia tão excitado a ponto de achar que seria um pequeno pesadelo tentar não ficar ereto durante essa cena?

-Hyukkie... - comecei, largando a colher com um sorriso sapeca curvando meus lábios quando “tive a ideia”. Hyukjae veio até perto de mim, em frente aos meus joelhos e puxou a colher dos meus dedos para roubar um pouco da minha sobremesa fora de hora. Fiz uma careta de desagrado, mas permiti hipnotizado demais pelo movimento do seu pomo-de-adão sexy quando engoliu e tentado quando lambeu uma sujeirinha imaginária de seus lábios bonitos. Seus cabelos naquela cor de mel lhe faziam parecer ainda mais sensual, mesmo em seus pijamas de flanela confortáveis, ao estilo “haraboji¹”. -Vamos nos beijar até o timer apitar. - sugeri a brincadeira, já no meu intento de acender novamente o tesão do meu namorado.

Não faríamos amor. Na verdade o maior desafio dessa cena, como o Shindong disse antes de começarmos, era nos beijarmos entre o limiar do carinho e o desejo, mas sem ultrapassá-lo porque a nossa crise de apatia não seria curada com uma sessão de masturbação mais sensual no sofá. Nós ainda nos amávamos mais do que sentíamos tesão um pelo outro, mesmo que o beijo fosse bom, memorável e saudoso.

E também não seriam vinte e tantos minutos. O som do timer apitando seria editado depois de uns momentinhos e então a lasanha estaria milagrosamente pronta – não deixariam um beijo tão longo num episódio de pouco mais de meia hora, logicamente. Era a cena final, os créditos seriam exibidos enquanto comêssemos suaves e divertidos, como os dois retardados que os personagens eram, dois companheiros íntimos e certos demais um para o outro.

Hyukjae riu da minha sugestão, movendo-se mais perto em sincronia perfeita, por mais que não fosse ensaiada, com os meus joelhos se afastando para acomodá-lo como se eu fizesse isso minha vida toda.

-O que deu em você hoje?

Abracei-o pela cintura, retribuindo seu sorriso com um toque de timidez ao lembrar minha estripulia na sala.

-Saudades. - respondi suave. Eu sentia saudades de como ele fazia meu estômago gelar naquela ansiedade gostosa quando me tocava no começo do nosso namoro. Saudades de pertencer fisicamente a ele, de saber que me desejava e pensava em mim todo o tempo. Saudade de fantasiar com o “como” ele me amaria na próxima vez que deitássemos juntos na nossa cama.

Hyukjae me olhou com seus olhos cálidos. Cobriu meus lábios com os seus tão delicado que era até pecado eu estar tendo pensamentos pervertidos de nós dois suando prazerosamente naquele balcão. Não dava para me parar quando deixei sua língua brincar na minha boca, não dava para manter aquilo leve nem com todo o profissionalismo do mundo, não quando seu gosto me tirava a sanidade, todo quente e masculino.

Aquela boca proibida ainda seria meu fim.

-Corta. - Shindong, tirou seus fones e massageou a base do nariz. -De novo.

Eunhyuk parecia tão contrariado por ter que beijar outra vez que estragava um pouco minha alegria em repetir a cena, mas só um pouquinho mesmo. Já disse como ele estava sexy loiro e irritado?

Voltou para perto do forno elétrico e eu peguei a colher de novo para colocar na boca. A mesma colher onde ele tinha comido, assim poderia sentir seu gosto indiretamente.

Começamos de novo, repetimos o início delicado do beijo, o gosto de chocolate na boca do Eunhyuk sobrepujou o amarguinho do café na minha e eu nem ligava mais, subindo minha mão para tocar seu maxilar esculpido para ser a perdição de idiotas como eu. Queria prender seus quadris mais perto enrolando minhas pernas ao seu redor, porém não podia – não sem parecer estar gostando tanto quanto realmente estava daquele movimento dentro da minha boca, devagar e lentamente ficando tão intenso que acho que até ele se perdeu ali no meio, empurrando-me um pouco para trás quando decidiu que aquele nosso abraço não era próximo o suficiente e curvou-se sobre mim. Estava totalmente dominante e sem nem um pingo da gentileza do seu personagem ao puxar meu quadril contra o seu até me ter na borda do balcão. O tecido macio do pijama não era uma barreira muito efetiva para conter nosso calor.

-Para. Alguém traz um extintor para separar esses dois? - Shindong riu e alguns staffs lhe seguiram.

Empurrei os ombros do Eunhyuk para que ele me soltasse, não conseguia respirar normalmente e meus lábios formigavam. Ele não estava muito diferente, no entanto a única coisa que fez foi separar nossos lábios com um barulhinho úmido, mantendo-os tão perto que nossos hálitos se misturavam por respirarmos pela boca. Eu me queimava por dentro com a proximidade perturbadora daquele meio centímetro entre nós. Porra, eu podia só deslizar minha língua para fora e então já estaria de novo junto da dele, em sua boca, num novo beijo naquela aura sexual impossível de resistir. Agora, como se supõe que eu consiga ser profissional com esse anjo caído me tentando? Um anjo loiro por fora e um demônio por dentro prontinho para arrancar minha alma.

-Vamos de novo. - o diretor pediu e a equipe se moveu com seus equipamentos enquanto eu continuei paralisado naquele abraço delicioso.

Afastei-me mais um pouquinho só para conseguir ver os olhos arrogantes do ator.

-Você não está ajudando, Aiden. - reclamou, porque fui eu quem colocou toda a malícia nos dois beijos, ele só respondera à minha provocação. -Dá para ser sério? Quero ir para casa, mas não sou de negar fogo se você vem com tanta vontade.

Lembrei-me do que dissera quando acordamos juntos em Busan. “Não importa se é você ou o corcunda de Notredame”. Sendo um tarado como era não precisava de muito para ele reagir quando se tratava de luxúria. Não estava animadinho porque era comigo e sim porque era gostoso, com quem quer que fosse.

Isso resolvia minha vontade de continuar beijando-o a noite toda. Feriu meu orgulho a ponto de eu me distanciar tanto que o próximo beijo pareceu frio e mecânico.

Shindong suspirou, bagunçando os cabelos frustrado.

-Eu sei que estão cansados. - começou. -Todos nós estamos. Então encontrem a droga de um meio termo carinhoso, pode ser?

Dependeria de mim e não era só por ter sido minha culpa as tomadas anteriores não terem saído como deviam. Eunhyuk podia ter melhorado muito em sua técnica, porém continuava atuando melhor quando respondia a mim.

Após ele ter se afastado para voltar à sua marca inicial eu abri um novo potinho de pudim – o primeiro já passava da metade depois dos três “pouquinhos” que o Hyuk pegara – e comi a primeira colherada, focando no sabor doce e quase infantil para conseguir me concentrar na doçura do Donghae da série e esquecer o Donghae real e o Aiden, ambos querendo um pouco de sexo com aquele homem lindo que agora se movia para me beijar delicadamente depois do pequeno diálogo.

Eu entendia como o Donghae deveria se sentir, o que não funcionava era olhar o Eunhyuk e tentar juntar esse sentimento de falta de tesão, com o sexo tendo virado algo sem qualidade e mistério depois de tantos anos juntos, à figura masculina e sensual dele. Impossível.

Foi a primeira vez que pensei em outro enquanto ele me beijava. Eu me obriguei, foi difícil com seu gosto explodindo em minha língua junto da doçura do chocolate, mas tentei me lembrar de como era no finzinho do meu namoro com o Siwon.

Não que nossas transas fossem sem sal, só funcionávamos melhor sem o peso de ter que haver sentimentos no meio – qualquer sentimento que não fosse amizade e desejo. E, embora a situação com o Hyukjae na série fosse oposta, funcionou para nos deixar curtindo o beijo sem acabar nos empolgando demais. Hyuk quebrou o beijo no tempo que julgou ser o suficiente para a cena, fingindo ter ouvido o apito do timer ao olhar na direção onde o deixara. Separamo-nos com pequenos selinhos sorridentes enquanto ele me ajudava a descer do balcão e em seguida tirava a lasanha do forno. Nós comeríamos ali mesmo, na forminha de papel em que ela já vinha, entre brincadeiras e risos bobos até o diretor encerrar a gravação e todos se apressarem em ajeitar o equipamento para poderem ir embora também.

Eu me troquei rápido, tirei a maquiagem leve do meu personagem e esperei Siwon juntar minhas coisas comendo um dos potinhos de pudim que sobraram da filmagem. Saímos do camarim para o corredor e acabamos cruzando com o Eunhyuk e a Sora. Ela se adiantou para avisar:

-Siwon-ssi, o Shindong quer falar conosco sobre o horário da sessão de fotos amanhã e a gravação externa no fim de semana.

-Agora? - questionou retoricamente. Siwon olhou para mim se desculpando por me fazer esperar mais um pouquinho até que ele me levasse para casa finalmente e eu lhe sorri para indicar que estava tudo bem.

Quando se afastaram pelo corredor encostei meu corpo cansado na parede e apoiei ali meu pé, tentando descansar ao menos uma das pernas ao dobrar esse joelho. Eunhyuk me olhava e eu fingia não notar enquanto raspava o fundo do potinho com a colher. Podia sentir em minha pele cada respiração que ele dava e era totalmente psicológico e absurdo porque estava do outro lado do corredor, distancia que quebrou ao se aproximar. Fiz de conta que todo e cada pelo do meu corpo não havia se arrepiado com a expectativa que eu sentia quando parou à minha frente naquele silencio quebrado apenas pelo barulho da colher de plástico raspando o relevo do copinho já vazio. Levei aquele restinho de pudim à boca e ergui meu olhar até o homem que me encarava com seus olhos estreitos e escuros.

Se ele apenas respirasse um pouco mais fundo nossos peitos se tocariam. Se eu movesse alguns centímetros meu joelho flexionado conseguiria tocar sua perna. O cheiro do seu perfume caro me envolveu.

Quem passa tanto perfume só para voltar para casa? Alguém que não planeja ir para casa sozinho e muito menos só para descansar.

Meu coração disparou em meu peito no momento em que seus olhos desceram aos meus lábios quando comecei a escorregar a bendita colher para fora.

-Já terminou com isso? - desviou o olhar rapidamente como se apontasse para minha mão, onde estava o copinho vazio, meio afastada do meu corpo para que ele pudesse parar mais perto de mim quando se aproximou.

Eu não quis pensar em como meu corpo se moldava às vontades dele quase que inconscientemente. Não tentei imaginar que merda ele estava querendo fazer ou como eu queria fazer essa merda com ele, ignorando o resto do mundo e o resto de mim. Não admiti que eu queria provocá-lo quando lambi a colher fora da minha boca devagarinho, só para ter certeza de que não desperdicei nem uma gotinha de chocolate.

-Já.

Eunhyuk umedeceu seus lábios enquanto colocava a mão na parede ao lado do meu rosto e usava-a de apoio ao se curvar e me beijar. Eu não ouvi o potinho e a colher caírem no chão quando esqueci como se segurava o que quer que fosse, com minha pulsação retumbando em meus ouvidos forte e rápido. Minha respiração ficou entupida em minha garganta no mesmo instante em que aquela língua experiente e tentadora se moveu em minha boca aproveitando a doçura que ainda persistia ali. Nem sequer um mísero pensamento ousou interromper minha “merda”, então não havia como me parar ou afastar.

Não dava. Eu estava cativo, derretendo e vibrando pela primeira vez em que Eunhyuk mostrara desejar ter algum contato comigo. Aproveitei aquilo, gostando de cada segundo e pondo muito de mim e do meu tesão naquele movimento sugestivo que nossas línguas faziam quando saiam da minha boca para a dele, com o frescor da pasta de dente que ele sempre tinha. Esfreguei minha panturrilha em sua perna enquanto minhas mãos subiam para agarrar sua nuca.

Ele tentou se afastar, talvez para recuperar o fôlego, mas não deixei. Eu o queria ali, com sua boca grudada na minha, e era ali que ele ficaria pelo tempo que eu achasse necessário. Sua respiração saía brusca, causando cócegas em meu lábio superior molhado e sensível, e nós arfávamos nos poucos segundos que nossas bocas se descolavam quando trocávamos o ângulo do beijo.

Pudim de chocolate acabou de virar minha sobremesa favorita. Pudim de chocolate com o frescor da menta e o calor daquele pecado de homem.

Um grunhido saiu rouco do fundo da minha garganta sem que eu conseguisse evitar, porque meu pênis começava a formigar, cada gota do meu sangue descendo em meu corpo na ereção mais gostosa que eu já tive desde que consigo me lembrar. Eunhyuk respondeu ao som sensual e baixinho afundando os dedos na carne firme da minha bunda, no alto da minha perna flexionada, enquanto seu próprio quadril esmagava o meu contra a parede.

Eu não era o único endurecendo. Talvez fosse uma reação involuntária só por que eu o impedi de transar duas vezes hoje – quando fui empata foda e atrapalhei sua rapidinha com o Sungmin e quando o rejeitei durante nossa gravação. De qualquer jeito, quem se afastou primeiro foi ele. Eu teria cedido ali mesmo naquele corredor exposto se ele quisesse, sem pensar em como ele me trataria depois, sem pensar no Sungmin, sem pensar em nenhum dos porquês de eu não poder ficar com esse desgraçado.

-Aiden, não dá para continuar agora, eu já marquei com outra pessoa. - disse e eu quase cuspi em sua cara de tanto ódio.

Ele vai me deixar aqui duro só porque já tinha marcado de sair com outro? O que você é para ele, Donghae? Só um corpo que ele pensa que poderia ter a qualquer hora como segunda opção quando quem ele quisesse não estivesse disponível?

Não tinha como salvar meu orgulho, porque se o Eunhyuk pedisse com jeitinho eu realmente estaria pronto a qualquer momento – e o diabo sabia, desde o começo. Por isso o empurrei com raiva, sem medir minha força.

Foi gratificante que ele tenha precisado dar alguns passos para trás para conseguir recuperar o equilíbrio.

-Que porra você queria me beijando? - inquiri, mais sério do que me sentia em minha vergonha.

Seu sorrisinho sacana filho-da-mãe curvou sua boca vermelha e inchada do meu beijo. Bastardo imbecil.

-Você me beija diferente quando pensa em mim e quando pensa no meu personagem. - começou, ao invés de me responder, limpando a saliva do nosso amasso quente de seus lábios perfeitos. -Em quem estava pensando na ultima tomada?

Pisquei. Ele percebeu? Coloquei um sorriso debochado no meu rosto.

-Incomodado que você não conseguisse me prender o suficiente para que eu não desviasse minha atenção a alguém mais interessante?

Minha provocação lhe fez rir.

-Do jeito que foi morno, não era alguém interessante.

-Meus beijos não são “mornos”. – rosnei, ofendido.

Hyuk voltou a se aproximar, sem ter noção de perigo quando seu olhar caiu na minha boca sensível e úmida. Ele me trazia uma onda de excitação só de focar sua atenção em mim, independente de eu querer quebrar sua cara.

-Não. - concordou, cada vez mais perto. -Você sabe beijar.

Sorri de canto. Ele acabou de me elogiar? De verdade?

-Eu gosto de beijar.

-É por isso que faz com todo o mundo?

Não respondi sua alfinetada ridícula, perdendo todo o calor gostoso que seu elogio trouxera ao meu peito. Ele podia gostar de sexo e fazer isso com todo o mundo que estivesse disposto e eu não podia beijar porque gosto? Que raio de lógica é essa, a dele? Sua boca estava perto da minha outra vez, como um imã de polaridades opostas. Seus olhos me encaravam intensos, lindos e brilhantes.

O sorriso em seus lábios aumentou quando se afastou abruptamente ao invés de quebrar a maldita distância.

-Se seu gosto fosse melhor até seria bom. Quando a Sora-noona voltar, diga-lhe que eu fui na frente.

Fechei minhas mãos em punhos. Desgraçado.

Senti uma vontade legítima de socar a parede, em meio à frustração atordoante de ser traído pelo meu corpo apenas algumas horas depois de prometer a mim mesmo não aceitar cair na lábia do canalha filho da puta.

-Meu gosto não é ruim, você é que não sabe discernir, macaco tapado. - exclamei, mas só quando ele estava longe demais para ouvir.

Levei alguns minutos ainda para conseguir acalmar minha ereção inconveniente sem me tocar. Foi o tempo que tomou para os managers retornarem.

-Eu me lembrei de nós dois enquanto assistia você. - Siwon comentou depois de nos despedirmos da Sora.

Eu estava me sentindo ligeiramente avoado, sem conseguir parar de repassar na minha cabeça aquela praga de amasso delicioso no corredor. Como eu deixei o Eunhyuk me esnobar depois de ter sido ele mesmo quem me procurou? Você é patético, Donghae.

-Porque eu estava pensando em você. - expliquei, sem colocar muita atenção às minhas palavras - Entre o carinho de irmãos e o desejo, mas nunca pendendo demais para o lado desse último.

-Foi o que eu senti quando vi. Ainda penso no que aconteceria se tivesse sido diferente entre nós dois.

Sorri, erguendo-me nas pontas dos pés para lhe dar um selinho por costume.

Siwon continuava sem me retribuir, apesar de agora eu ter liberdade o suficiente para beijar o Heechul-hyung se eu quisesse. Eu até tinha noção de que não eram “comuns” esses pequenos contatos, mas éramos nós dois, eu e o Siwon. Somos assim há muito tempo e não existe definição certa para o que temos.

Ou tínhamos.

-Eu sinto sua falta, Wonnie. Você é uma das lembranças mais lindas do meu passado.

-Sente nada. - riu, empurrando-me para ir logo para o carro. -Acha que eu não sei que está arreado dos quatro pneus pelo Eunhyuk?

Dei-lhe um tapa fraco em protesto, com uma careta de desgosto. Ele sempre fica brincando com isso.

-Não estou “arreado dos quatro pneus” por aquele idiota! - resmunguei e ficamos discutindo por mais um momento, numa implicância leve e sem seriedade alguma. Eu nunca admitiria em voz alta o que se passava dentro de mim.

Depois de ligar uma rádio qualquer no aparelho de som, mudei o foco do assunto:

-Por que a Sora usou linguagem formal com você?

Siwon deu de ombros.

-Não achei seguro ficarmos muito próximos. Ela é curiosa, veio me perguntar sobre você ter beijado o Heechul no estacionamento do aeroporto depois que chegamos de Busan, enquanto se despedia dele para voltar para casa comigo. Não quero fofoquinhas sobre isso.

Encarei-o.

-Gosto dela. - e do sorriso dela... - Eu explico depois que não tenho nada com o meu chefe, ok? Não precisa ter receios.

-”Explicar” não vai adiantar depois que toda a equipe já estiver falando que você só conseguiu o papel em troca de favores sexuais. - reclamou com um biquinho contrariado que tirou toda a seriedade do que falava.

Fitei-o por um segundo tentando me controlar para não rir. Isso tudo é ciúmes porque eu me atrevi a beijar o quase-namorado dele?

-Não tem perigo de isso acontecer. - garanti, desistindo de não rir. -Eles já me viram atuar, eu sou bom no que faço.

Meu tom lhe fez deixar de lado a birra, sorrindo travesso para brincar de novo:

-Está andando muito com o diabo narcisista... Estou dizendo que você está todo deslumbrado pelo Eunhyuk... Já está até ficando igual.

-Aish! Vai cagar, Siwon. - resmunguei irritado com a lembrança do Eunhyuk.

Dos lábios do Eunhyuk sorrindo daquele jeito arrogante e quente... Desnecessário – ainda mais quando eu quase conseguia senti-los pressionando os meus deliciosamente. Encerrei o assunto ali depois das risadinhas idiotas do Siwon enquanto me provocava eternamente sobre minha suposta paixão não correspondida.

Minha cama, quando desabei ali sozinho depois de me aprontar para dormir o sono dos justos, não tinha mais o cheiro do meu amigo como teve por todos os anos em que nos conhecemos. Ele ainda era meu conforto?

Eu ainda era o mesmo Donghae? Só tinha certeza da parte do Eunhyuk ser um filho da puta desgraçado. A intensidade dos seus toques em minha memória, tão vívidos que eu ainda sentia em minha pele, lembrou-me porque raios eu saí do set de filmagem do filme que fizemos juntos querendo nunca mais estar sob suas mãos. Ele era perigoso.

Eunhyuk era aquele tipo de pessoa que desperta sentimentos irremediáveis e absolutos. O que aconteceria se ele fosse embora e levasse consigo tudo o que houvesse dentro de mim?

***

-Você está tomando essa porcaria de novo? - Hyuk questionou na manhã seguinte quando me viu com um big copo de Mocha Frapé.

Nada de pedir desculpas pelo seu atraso de quase uma hora, que obrigou a ficarmos eu, o Siwon, o Sungmin e a equipe do fotógrafo em stand-by, esperando a princesa chegar à casa que seria o cenário da sessão de fotos. A primeira coisa que ele faz é implicar comigo.

-Está uma delícia, quer um pouco? - provoquei com um sorriso filho-da-mãe.

-Já falei para você não tomar isso perto de mim.

Meu sorriso morreu. Ele estava cutucando onça com palito de dente porque sua arrogância de ontem ainda estava entalada na minha garganta. Isso e meu péssimo humor por ter tido que esperar mesmo depois de ter adiantado as fotos junto do Sungmin.

-Vai se foder.

Eunhyuk estreitou o olhar para mim, com raiva, mas logo foi arrastado pela Sora, que foi quem teve que se desculpar com a equipe, para ir se trocar.

Quando ele saiu em direção ao quarto que arrumaram com os figurinos Siwon riu baixinho ao meu lado, enquanto eu olhava o pequeno bico nos lábios do Sungmin porque ele nem fora notado. E pensar que ontem mesmo o Eunhyuk o recebeu com aquela ânsia incontrolável de lamber suas amídalas.

Empurrei meu copo gigante de meio litro de café gelado no peito do meu manager idiota para que ele segurasse e levantei, depois de pegar meu celular em seu bolso, para tomar um pouco de ar no pequeno jardim exterior e me impedir de acabar indo amenizar as merdas do outro idiota desgraçado. Sungmin procurou por isso, não tenho nada a ver com essa história.

Suspirei. Aish, eu sou o mais idiota dos três, no fim da história. Olhei meu celular.

Kyuhyun atendeu ao terceiro toque.

-Você está livre no almoço? - perguntei.

-Estou. Por quê?

Como ele consegue ter uma voz tão bonita? Deveria ser crime...

-Faz um favor pra mim?

-Só se você me acompanhar a um lugar hoje à noite.

-Feito.

Desliguei depois de explicar o que eu queria. Sungmin, você vai estar me devendo pelo resto da sua vida se for esperto o suficiente para agarrar o que eu vou lhe oferecer.

-Hae-ya, o fotógrafo está chamando para começarem. - Siwon chamou parado na porta.

Pelo menos Eunhyuk não precisava ser muito maquiado, com aquele rosto perfeito, nem demorou a trocar de roupa, um pijama que combinava com o que eu usava. O sol brilhante que entrava pela janela grande de cortinas finas, brancas e semitransparentes iluminava aquele sorriso doce dele até que eu me sentisse em um sonho.

Era como pensei que deveria ser na primeira vez que lhe vi. Como mel aquecido, derretendo na ponta da minha língua e acalentando meu coração. Eu estava perto o suficiente do seu rosto, na posição que o fotógrafo nos pediu para ficar - deitados na cama de lençóis brancos, comigo por cima de seu corpo -, que só conseguia enxergar seus olhos intensos me encarando de volta. Não são totalmente pretos como os do Kyuhyun, e sim naquela nuance escura de um castanho envolvente.

Ele podia odiar, mas era como o café. Amargo, viciante. Estimulante.

Esqueci-me do fotógrafo quando encaixei minha boca na dele. Não era um beijo, só queria ficar daquele jeito por um tempinho, decorando a maciez daqueles lábios doces e observando, tão próximo, seus olhos brilharem com o carinho do seu personagem. Acariciei seu maxilar por impulso.

-Isso, muito bom. - o fotografo elogiava, mudando o ângulo da câmera para captar nosso “beijo”.

Afastei-me algumas fotos depois. Fizeram com que sentássemos abraçados na próxima sequência, comigo sobre o colo do Hyuk, minhas pernas lhe rodeando o quadril e as suas meio flexionadas à sua frente, criando um oco para que eu me encaixasse no espaço do colchão entre suas coxas. Como Eunhyuk agora estava só com uma boxer, enquanto eu usava uma camisa social mal abotoada e amassada sem nada por baixo, eu conseguia sentir o calor do seu membro contra o meu. Acredito que o fotógrafo nos deixaria com um ar sensual e aconchegante no meio de toda aquela pureza dos raios de sol e a brisa suave que balançava as cortinas levianamente.

O clima que emanava do nosso abraço, por mais quente que fosse aquela posição², era o dos personagens: uma cumplicidade simples embebida em amor. Suavizei minha expressão e beijei seu ombro nu, abraçando sua cintura com carinho.

Escutei ao fundo os murmúrios de aprovação do fotógrafo, mas escolhi só fechar meus olhos e aproveitar o abraço, curtir a carícia gostosa que Eunhyuk deixava nas minhas costas num modo quase automático, brincando de levinho com minha pele, com uma das mãos por baixo do tecido e outra por cima. Era cálido como as borboletas que revoavam em meu estômago.

Deixei minha bochecha se apoiar em seu ombro, no lugar onde estive beijando. Não conseguia pensar em forma melhor de adormecer do que nos braços confortáveis daquele homem lindo. Era uma pena que aquela fosse minha única oportunidade de ficar assim com ele – e que fosse sob os olhares de uma equipe inteira de iluminação, figurinista, maquiadora e os assistentes.

Eunhyuk me empurrou quando o fotógrafo avisou que era o suficiente e que poderíamos passar para o próximo figurino. Eu lhe olhei, acordando do meu devaneio, da minha fantasia onde eu poderia lhe pedir carinho e ele me daria.

Só nos meus sonhos.

Movemo-nos para o jardim, onde eu já havia tirado algumas fotos antes com o Sungmin, enquanto esperávamos o Eunhyuk. Posamos como três melhores amigos, o que nossos personagens eram. O tempo passava rápido, logo eu vi o Siwon ajudando o Kyuhyun com as sacolas, aproximando-se junto de uma Sora sorridente.

-Façam uma pausa, vamos comer. - ela instruiu, adiantando-se para ajudar a arrumar a pequena mesa que usávamos nas nossas fotos e enfeitava o jardim bem cuidado.

Sorri para meu novo amigo, abraçando-o depois de tirar de seus dedos as sacolas. Ele estava lindo com aquela camisa social sem gravata, com as mangas dobradas pelo calor e os primeiros botões abertos.

Quase descolado demais para o nerd sexy que usualmente parecia ser.

Virei para pegar um kimbap de uma das caixinhas térmicas que ele comprara por mim para a equipe toda. Não costumava gastar dinheiro assim, mas fiz sem hesitar de idiota que sou, porque quando olhei ao redor, procurando o Sungmin, não o encontrei.

Nem o Eunhyuk.

Forcei-me a engolir o kimbap que continuava a mastigar e talvez tenha feito uma careta por ter parecido que eu mastigava areia e não o lanchinho perfeito da minha loja favorita.

-Está ruim? Eu comprei onde você disse... - Kyuhyun questionou, pegando um dos meus para provar.

-Não, está gostoso. - esclareci, deixando um beijinho carinhoso em sua bochecha para agradecer sua paciência de ter ido comprar por mim e depois trazer aqui. -Obrigado.

Siwon se aproximou, com a bochecha inflada enquanto mastigava com gosto. Ele compartilhava a fome da equipe que começara o trabalho cedo.

-O que deu em você, Hae-ya? - sabia que ele falava sobre meu hábito de poupar dinheiro em tudo o que eu pudesse.

Dei de ombros, pegando outra fatia de kimbap com um sorriso convincente nos lábios.

-O Eunhyuk quem vai pagar.

Os dois me olharam curiosos, porém não expliquei. Hyuk pagaria, porque eu não fiz isso para ele ter uma pausa para transar com o Sungmin. Aquele bundudo idiota... Desviei os olhos deles por um minuto e pronto, terminou assim.

Bem feito, Donghae. Agora para de ser trouxa.

Abracei a cintura do Kyuhyun e ele me sorriu, enlaçando meus ombros com seu braço. Nós parecíamos um casal de namorados, sei disso porque o fotógrafo veio perguntar se de fato namorávamos. A pausa duraria cerca de meia-hora, por isso fiquei conversando com o Kyu e o Siwon sobre amenidades bem-humoradas.

A “rapidinha” do Sungmin levou 17 minutos, reparei quando ele voltou primeiro, corado e com a roupa ligeiramente amarrotada. Sua pele resplandecia como alguém que acabara de ir ao paraíso e voltar. Logo em seguida Eunhyuk apareceu também, parando para comer um pouco.

Sim, sexo dá fome.

Estreitei o olhar para o desgraçado.

-Aquele ator também estava aqui? - segui o olhar do Kyu até o Sungmin e bufei, com uma veia sarcástica. Não estava até agora.

-Ele faz o melhor amigo do casal principal da série. - precisei engolir meu mau humor para explicar

-Ahhh...

O publicitário tentava não ser direto em seu interesse e definitivamente não estava fazendo um trabalho muito bom nisso.

-“Lee Sungmin” é o nome dele e tem um péssimo gosto para homens. - avisei, amargo. Kyu me olhou.

-Então ele tem namorado?

Eu poderia falar que sim. Poderia falar que ele tem uma tara por caras promíscuos e gostava de sexo rápido e safado, mas essas coisas fariam o Kyuhyun se desencantar pelo Sungmin.

Mesmo que fosse um desperdício deixar o Kyuhyun com o atorzinho sonhador iludido, eu ainda achava que seria melhor do que assistir o Sungmin se destruindo por causa do desgraçado do Eunhyuk.

-Não, ele só tem um rolo, que eu saiba. Não é sério e não está fazendo bem para ele. - escorreguei minha mão pela base das suas costas até me desvencilhar de seu abraço e alcançar sua mão. Puxei-o comigo. -Vou apresentá-los.

Kyuhyun corou quando paramos em frente ao ator. Tão adorável...

Deixei os dois conversando para voltar até a mesa e pegar uma garrafinha de suco. Coincidentemente, parei bem ao lado do Eunhyuk.

Como se eu não soubesse sempre exatamente onde ele estava o tempo inteiro...

-Quem é o cara? - perguntou, apontando com o queixo para o Kyuhyun conversando amigavelmente com o bundudo iludido.

-Ciúmes? - questionei, abrindo a garrafa e tomando o primeiro gole.

-Não. Você é que deveria, vai perder seu amiguinho colorido para o Sungmin.

Franzi o cenho, rindo em seguida. Eunhyuk deve pensar que todos meus amigos são coloridos.

-Kyuhyun é livre. É o maior benefício de uma amizade colorida. - não fiz questão de esclarecer seu erro. -Você deve saber melhor que eu.

-Não durmo com meus amigos. - disse enfático.

Ergui as mãos em sinal de quem quer paz, mesmo que ainda estivesse segurando a garrafa com uma delas.

-Ok. Não vou questionar. Foi boa a transa?

Seu sorriso sacana me respondeu sem necessidade de palavras. Claro que deveria ter sido afinal, Sungmin faz o tipo dele. Deve ter adorado.

-Então você me deve. - avisei, roubando o ultimo kimbap que ele ia comer. Olhei-o rir com um sorrisinho irritante nos lábios.

-“Devo” o que?

-O dinheiro do lanche.

-Por quê? Você é que quis comprar.

-Você aproveitou melhor que eu.

-Só não desperdicei a oportunidade, é diferente.

-“Oportunidade” é o cacete. Eu só comprei porque o Sungmin estava com o bico maior que o mundo quando você chegou e não deu bola para ele.

-E sua tentativa de animá-lo deu certo, oras. Está reclamando do quê?

A ideia não era que ele ficasse feliz por transar com o Eunhyuk e sim que ele ficasse feliz quando esquecesse esse imbecil.

-Se você gosta tanto assim de se pegar com ele então ao menos deveria ser um pouco atencioso. - pedi e cada palavra saiu mais amarga que a anterior.

-Por que tanta preocupação com o Sungmin? Nós só estamos nos divertindo juntos, ele sabe muito bem disso.

Eunhyuk tinha razão. Eu tentei avisar, apresentei-lhe alguém legal e bonito que com certeza vai valorizá-lo e tratar como se fosse o melhor homem do mundo... Se ele continuasse insistindo no casinho com o Hyuk, que não vai dar em nada, era por ser burro.

Olhei o Kyuhyun rindo com o Sungmin, tão fofos juntos naquela timidez inicial.

-Você está certo. - concordei. -Ele sabe.

Virei para me afastar, com meu humor beirando ao corrosivo de tão cáustico, mas Eunhyuk segurou meu braço. Olhei aquele rosto debochado sorrir convencido para mim.

-Você comprou o lanche para poder apresentar seu amiguinho ao Sungmin? Quer tirá-lo do caminho?

Bingo.

-Não. - neguei, tanto pra mim quanto para ele. Minha maior vontade era desmanchar aquela porra de sorriso, por isso nem pensei muito antes de cuspir: - Apresentei-os porque o Sungmin é inocente demais para ficar com alguém sujo como você.

-É? - aproximou-se perigosamente, com raiva nos olhos. Eu o chamei de “sujo” de novo. -Quem deveria ficar comigo então? Você?

Ele estava claramente zombando de mim em seu tom.

-Só se você estivesse castrado.

Eunhyuk piscou. Um segundo depois explodiu em uma gargalhada gostosa, vibrante e sincera, chamando a atenção de quase todo mundo naquele jardim. Ele brilhava como o próprio Sol e eu penei para conseguir parar a resposta do meu corpo àquele som, que queria curvar meus lábios em um sorriso bobo, pateticamente encantado.

Sua risada ainda me prendia no momento em que ele deslizou a mão que me segurava para baixo, até que seus dedos segurassem os meus num aperto suave, sem força alguma, e num encaixe natural. Paralisei, meu coração se agitou em meu peito e eu acho que teria corado se ainda fosse desses. Encarei-o, desconcertado, enquanto Hyuk deixava seu riso se acalmar aos poucos.

-Você é divertido.

Tive uma pequena sensação de dejavú quando lhe dei minha resposta:

-Não estava brincando.

-Por isso mesmo.

Eu senti os olhos do Sungmin sobre mim, no entanto nem liguei enquanto tentava entender, depois que o Eunhyuk se afastou, o que diabos ele tinha feito ali. Fechei minha mão, querendo guardar a lembrança do seu toque.

Ele ainda é um desgraçado filho da puta, perdi um minuto me lembrando disso ao voltar para perto do Kyuhyun e encarar o Sungmin.

-Nunca vi o Eunhyuk rir assim. - comentou provavelmente se mordendo de curiosidade. Azar o dele.

-Você só o conhece há seis dias. - alfinetei, deixando que completasse em sua mente: “você só o conhece há seis dias e já deu para ele não sei quantas vezes, seu atirado”.

Sungmin corou com minha cortada e eu senti como se estivesse fazendo bullying com um filhote inocente dos Ursinhos Carinhosos, mas por ele ter ruborizado sei que entendeu a mensagem. Kyuhyun é quem ficou perdido, com aqueles olhinhos de filhotinho mimado.

-Vocês não pareciam se dar tão bem ontem... - disse talvez se lembrando da cena de briga quando ele chegara ao estúdio de gravação para me pedir desculpas no dia anterior.

-Não nos damos bem. - encerrei o assunto alguns segundos antes do fotógrafo avisar o fim da nossa pausa, porque tínhamos horário para terminar.

Para a próxima sequencia de fotos éramos apenas eu e o Eunhyuk. Kyuhyun foi embora enquanto nos trocávamos, voltando para o trabalho, e o Sungmin lhe imitou, indo depois de trocar um selinho com o Eunhyuk discretamente - não que isso signifique que ninguém viu.

Eu vi.

Fomos à lateral da casa, onde posaríamos com a parede rústica de madeira pintada de branco da garagem servindo de fundo. O sol continuava a brilhar, quente como a pele do Eunhyuk quando o abracei por trás e encaixei meu queixo em seu ombro, sorrindo docemente e entrando em modo automático para ignorar o falatório constante de aprovação do fotógrafo. O calor fazia o cheiro de sua colônia discreta me envolver, tão tentador que arrastei a ponta do meu nariz em seu pescoço, na pele acima do colarinho da camisa social que usava. Fechei os olhos, com um sorriso travesso quando deslizei minha língua para fora e lambi com vontade.

Eunhyuk se encolheu, com cócegas, e eu apreciei o gosto ligeiramente salgado derretendo na minha boca.

-Porra, Aiden. - limpou minha saliva da sua pele me olhando feio, mas eu duvido que tenha odiado tanto assim.

Eu ri, voltando a abraçá-lo, com minha cabeça no mesmo ponto sobre seu ombro. Dessa vez ele me olhou, no mesmo momento em que minhas mãos puxaram sua camisa de dentro da calça.

-O que você está fazendo? - questionou, enquanto prendia meus olhos nos seus daquele jeito quente.

-Posando para as fotos promocionais de uma série erótica. Aqui tem muita roupa. - respondi, inocente.

Se eu estava suando em minha calça jeans e camiseta polo de bom-moço, Eunhyuk deveria estar assando na calça social preta e na camisa azul clara de advogado confiável, de mangas longas e gravata. Quando terminei de ajudá-lo com a barra da camisa sorri o mesmo sorriso sapeca e tímido, meio corado com o calor ao enfiar minha mão com familiaridade dentro da sua calça e da cueca, e acariciá-lo fraquinho, devagarinho. Só para senti-lo se tencionar em meu abraço.

Fechou os olhos, mordendo o lábio inferior enquanto sua mão subiu pra afrouxar a gravata, desistindo de resistir ao calor. Tão absurdamente sexy que eu estava com problemas para me controlar o suficiente...

-Muito bom. - o fotógrafo falou depois de tirar rapidamente umas dez fotos nossas nessa mesma posição. -Acho que é o suficiente, rapazes.

Afastei-me, sem fazer caso da semi-ereção que tinha formado no imbecil do Eunhyuk. Deu uma satisfação danada vê-lo abrir os olhos ao notar que eu realmente lhe deixaria ali, meio duro. Eu teria brincado mais, até deixá-lo tão duro quanto eu fiquei ontem, antes de ele me largar naquele corredor para ir se encontrar com outro, mas lembrei da sua “escapada” com o Sungmin e precisei correr para me lavar. Mesmo que eles tivessem usado camisinha e se limpado depois, ainda assim... Não queria ficar pensando nisso, só me troquei e apressei o Siwon para irmos logo embora.

-Quer sair comigo para algum lugar? - meu manager perguntou quando parou em frente ao meu prédio.

Sorri, tirando meu cinto de segurança e juntando minhas coisas para aproximar-me e lhe dar um selinho rápido, antes que pudesse ter consciência de me parar. Siwon era um hábito difícil de curar, realmente.

-Vou sair com o Kyuhyun.

-Vocês são só amigos mesmo? - Siwon soou como um pai ciumento e soltei um riso baixinho.

-É o que ele quer, embora eu pire naquelas coxas dele... - suspirei com a lembrança. Deveriam ser tão gostosas de pegar quanto de olhar. -Vou respeitar o pedido e não cruzar essa linha, a não ser que ele me dê condição.

-Você viu que ele ficou babando pelo Sungmin, não viu?

Olhei meu amigo com um sorriso meigo.

-Está com medo que eu me magoe?

Siwon riu ao invés de simplesmente concordar comigo.

-O Sungmin está roubando todos os homens que você quer, eu só estou pensando quanto tempo vai demorar até você começar a fazer macumba para ele.

Estalei a língua irritado e bati de leve no braço do meu manager idiota. Resmunguei qualquer coisa sob meu fôlego, saindo do carro. Siwon deu uma buzinada rápida antes de seguir a rua e afastar-se. Aposto que anda ria da minha cara, cavalo.

Kyuhyun me pegou no meu endereço no horário combinado, tão gostoso com o cabelo arrumado para o lado com gel, ainda mais nerd que o costume e ainda mais sexy que antes por aquele ar de magnata lhe rodear como uma segunda pele, que eu parei para repensar minha decisão de deixá-lo para o Sungmin – ainda mais com ele me olhando como se eu fosse um galã de novela. Não posso tirar uma casquinha antes? Conferir a qualidade do produto?

-Você está bonito. - disse depois que eu lhe interroguei com o olhar para saber o motivo de ele não ter movido o carro.

Sorri pela sua sinceridade e pelo adorável rubor que coloriu seu rosto por ter se atrapalhado para sair da vaga onde estacionara em frente ao meu prédio. Talvez meu olhar fixo em seu perfil lhe constrangesse, por isso preencheu o silencio ao tagarelar o motivo daquele coquetel de negócios. Não prestei muita atenção, a única coisa que queria saber era:

-E porque você está me levando?

-É boca livre de comida cara, achei que você iria gostar de ir... - desviou para mim com um sorrisinho de canto um tantinho malvado, mas encantador. -... E eu precisava de alguém para pagar mico comigo, não podia envergonhar minha mãe se a levasse.

De repente eu me senti enganado. Ele me queria lá porque achava que independente de que tipo de gafe eu fizesse eu ainda conseguiria fazer pior? Filho de uma... Mãe!

-Kyu, você vai ser demitido se não começar a levar à sério essas coisas. Não tem problema envergonhar sua mãe, seu chefe é que não pode. - avisei, porque ele era um dongsaeng e eu precisava cuidar bem dele.

-Meu chefe não vai me demitir. - exclamou com tanta segurança que eu franzi o cenho.

-Por que não? Ele tem o rabo preso? Você sabe algum podre dele?

Aquela pontinha malvada no seu sorriso se tornou maior.

-Algo assim. Só me deixou acompanhá-lo por causa disso.

-Ok... - não tinha certeza se eu queria saber o que o homem fizera de errado, então deixei o assunto morrer ao ver um drive-thru. -Vira ali rapidinho? - apontei para a entrada.

Kyuhyun obedeceu, confuso pelo pedido. Sua inocência juvenil era realmente refrescante e eu me perguntei se era assim que o Siwon se sentia quando nos conhecemos, apesar da minha diferença de idade com meu manager ser de apenas meses.

-Você não comeu antes de sair de casa, não é? - não esperei sua resposta, já que era óbvio que não: - Um coquetel não é uma “boca livre”. Tem que ser muito ninja para você conseguir pescar algum salgadinho das bandejas dos garçons enquanto eles circulam pelos convidados. Vamos comer.

Kyuhyun aceitou meu conselho, mas não sem antes me dar um olhar curioso enquanto me questionava como eu sabia.

-Já foi a um coquetel de negócios antes?

-Não como convidado.

Deixei o assunto leve pelo resto do caminho apesar de poder ficar citando até o amanhecer a lista de cada um dos empregos que eu já tive. Paramos para o manobrista levar o carro ao estacionamento no hotel onde seria o evento. Era um prédio elegante, bem no centro de Seul. O hall de entrada glamoroso me intimidou, meticulosamente decorado com vasos de cerâmica Cheongja da dinastia Goryeo que pareciam muito legítimos e raros. O salão do coquetel parecia o salão de festas de um palácio, bem iluminado e com aqueles quatrocentos convidados bem vestidos, cada um com sua pequena taça de champagne ou qualquer outra bebida.

Kyuhyun também hesitou na porta, admirando o lugar. Segurei sua mão por um instante, com um sorriso tranquilo em meus lábios mesmo quando comecei a acompanhá-lo entre os grupos de pessoas poderosas, esforçando-me para não ser um peso-morto ao agir da forma mais charmosa e educada possível. Eu ri por dentro cada vez que o chefe dele se demonstrava contrariado por ter que nos apresentar a todos os figurões que precisava cumprimentar.

-Para de ficar fazendo fantochinho com o guardanapo para pegar os salgadinhos. - sussurrei discretamente quando Kyu ficou alguns minutos fazendo malabarismo para pegar uma torradinha. -Pega com a mão.

-Mas vai sujar meus dedos. - reclamou.

Eu entendia, ele precisava da mão limpa para cumprimentar quem quer que fosse o próximo grupo para onde nos dirigíamos.

-Usa a mão esquerda para comer. - Bobo.

Quando o tédio me pegou eu me desculpei formalmente antes de deixar o grupo com discrição. Afastei-me do salão aos poucos para ver as obras de arte expostas ali, até encontrar uma plaquinha que indicava o banheiro num corredor vazio. O piso de mármore bem polido e a iluminação me deixavam com a sensação de estar no cenário de um filme de espiões, ainda mais que não havia ninguém ali perto. Era quase como se eu estivesse numa área proibida do hotel, vigiada por gângsters bombadões de cara feia. Eu ainda queria interpretar um espião algum dia... Já sabia até como fazer.

Ri baixinho, escondendo a mão no interior do meu paletó, como se estivesse pronto para tirar algo de lá.

Eu não podia ser pego me esgueirando para cumprir minha missão ultra-secreta.

Olhei para os lados teatralmente e dobrei meus dedos na forma de uma arma, “segurada” com as duas mãos quando caminhei rente à parede para olhar a direção por onde eu tinha vindo andando de costas. Escondi-me atrás de um coqueiro que compunha a decoração daquela parte do hotel, ainda com minha atenção na direção onde os convidados estavam no salão. Voltei a empunhar minha “arma” próxima ao meu corpo e dei um passo para trás, sentindo algo duro pressionar minha costela.

Estaquei – até meu coração parou, gelado em meu peito.

-Quer sentir o calibre da minha arma? - a voz sussurrou maliciosa e perto demais do meu ouvido, enquanto me cutucava com o que pareciam dois dedos na mesma posição que os meus moldavam até um segundo antes.

Virei com raiva, para o desgraçado que agora caía num riso divertido e irritante.

-Puta que pariu Hyuk, eu quase morri de... - perdi a linha de raciocínio quando meu olhar caiu sobre seu corpo bonito, ainda mais lindo naquele terno caro e elegante. Parecia um príncipe libertino ou um espião sedutor, sexy e perigoso. Um pecado tão tentador que eu quase sentia minha boca salivar.

Aclarei a garganta. Maldito homem gostoso.

-... De... De susto.

Seu riso se acalmou depois de um instante, mas ele continuava se divertindo às minhas custas quando questionou:

-O que você estava fazendo? Brincando de “007”?

Que inferno. Se fosse desses, eu teria corado de constrangimento. Pigarreei outra vez e apontei ao banheiro masculino a alguns passos às costas do Eunhyuk.

-Estava indo ao banheiro. Com licença. - segui meu caminho rapidamente, aliviado de ele não ter me seguido imediatamente.

Até esqueci a vontade de tirar a água do joelho, enquanto me perdia na minha frustração. Aish, Eu tenho mesmo que passar vergonha logo na frente do Eunhyuk? Lavei meu rosto, porque parecia mais acalorado que o normal, e virei para buscar toalha de papel, mas só me deparei com aquela geringonça tecnológica que sopra ar quente. Ô carma ruim...

Enquanto cogitava se enfiava minha cara embaixo do arzinho, desfiei minha listinha de xingamentos ao desgraçado do Eunhyuk, quem entrou no banheiro tranquilamente e com um sorriso bonito quando perguntou:

-O que você está fazendo aqui?

-O que você está fazendo aqui? - rebati a pergunta, calculando se ele me conseguiria um lencinho. Eunhyuk provavelmente recusaria e ainda tiraria uma com a minha cara.

Seu olhar me mediu de cima a baixo.

-O hotel é da minha família. - explicou sem usar um tom arrogante como eu esperava, só por isso também me desarmei:

-Eu vim com o Kyuhyun.

-O imbecil que ficou dando em cima do Sungmin? - perguntou, sem entender como o rapaz havia sido convidado.

Ou talvez fossem ciúmes do peguete dele. Não fazia diferença, o que importava era que me deu espaço para usar sua pequena distração para apoiar minhas mãos em seu peito casualmente, com um ar sedutor. Não tão “casualmente” assim, porque ele logo desviou sua atenção para meus dedos descendo em si devagarinho, provando a textura cara e convidativa da camurça do seu terno.

-Sim, ele é publicitário. - tagarelei, seguindo seu olhar enquanto discretamente contornava sua cintura para nos aproximar. -Foi com ele que eu fiz a oficina para o meu personagem...

Suas mãos seguraram meus ombros, prontas a me afastar de si, por isso colei minha testa em seu peito e girei meu rosto até minha bochecha descansar contra o tecido, como faria um gatinho manhoso querendo exigir um pouco de atenção do seu dono.

Ele estava tão perto... O cheiro do seu perfume flutuava ao meu redor e eu teria apreciado melhor se a minha respiração não tivesse ficado presa na minha garganta com o aperto sutil do enlace ao meu redor.

Eunhyuk me abraçou.

-Ah, estão chamando sexo de “oficina” agora? - questionou, divertido e malicioso, só para me irritar.

Ele me abraçou?!

Ele não deveria me abraçar. Como eu poderia estar bem entre seus braços confortáveis se meu coração estava entrando em curto? Pisquei, perdendo a brincadeira para me obrigar a parar de sonhar. O Eunhyuk não podia estar deixando aquele carinho quase imperceptível nas minhas costas... Mas estava.

Puta merda... Por que bem quando eu ia sacaneá-lo um pouquinho? Não dava para voltar atrás, então esfreguei meu rosto novamente naquele tecido aveludado até que minha outra face o tocasse.

-O que você está fazendo? - sua voz calma me alcançou, vibrando em seu peito mais agradável do que deveria no meio da calidez do abraço.

Eu não saberia lidar com ele sendo assim. Coloquei um sorriso debochado nos lábios, ainda que usasse o ultimo segundo que estive em seus braços para memorizar a essência do seu cheiro, que tingia aquele perfume caro com sua nuance irresistível.

Eunhyuk demorou um instante para perceber, olhando para mim quando me afastei ao invés de conferir sua roupa.

Aish... Fixei meu olhar na mancha maior do que eu esperava que ficasse e esperei que notasse de uma vez minha travessura ao finalmente encarar o que eu focava. Então sua expressão mudou rapidamente, passando de “irritação” para “ódio” até ele me fuzilar com o olhar, com uma careta de indignação para a minha risadinha.

A reação dele seria a mesma independente se eu caísse de joelhos para pedir perdão ou se eu continuasse rindo, escolhi manter meu orgulho.

-Filho da puta! Eu gostava desse terno! - sua voz saiu mais perigosa do que eu esperava.

-Desconta da sua dívida comigo. Estamos quites agora. - expliquei, ainda forçando uma pontinha de diversão na voz. Andei para a saída do banheiro, querendo deixá-lo se acalmar sozinho. -Preciso voltar para a festa.

Não olhei para conferir, mas o Eunhyuk parecia ter continuado me olhando com ódio em seu silencio até eu fechar a porta atrás de mim ao sair para o corredor.

-Aiden? - a voz feminina soou próxima e eu parei de olhar para trás, para a porta do banheiro, enquanto andava.

Endireitei-me e cumprimentei a moça com uma mesura educada. Era a manager do Hyuk.

-O que faz aqui? - questionou olhando o caminho por onde eu vim.

Ouvi os passos pesados do Eunhyuk, no entanto continuei sorrindo charmoso à Sora.

-Vim acompanhando um amigo.

-Sério? Que mundo pequeno... - virou ao homem que parou ao meu lado estranhamente calmo. -Hyukjae, o papai está procurando você.

Depois ela franziu o cenho delicadamente, talvez imaginando o que fazíamos no banheiro que provavelmente estava vazio.

-Cadê o resto do seu terno? - questionou curiosa por ele estar só com a camisa e eu senti que estava sendo fuzilado de novo pelo olhar raivoso do Eunhyuk.

Olhei-o de volta. Se quisesse resolver nossas diferenças de uma vez eu não fugiria.

-Joguei fora. - encerrou o assunto ao cortar as perguntas da irmã: - Onde o pai está?

Sora apressou-se para se colocar entre nós dois, enganchando seu braço em mim e o outro no irmão, e nos deu um sorriso bonito. O mesmo sorriso doce que o Hyuk poderia ter se não escolhesse manter o seu cheio de malícia e arrogância.

-Eu levo vocês até ele. - avisou antes de nos puxar.

Foi assim que acabei sendo apresentado aos anfitriões da festa. A eles e aos maiores acionistas da corporação que dirigiam, donos de cadeias de hotéis, resorts, restaurantes... Eu não tinha conseguido associar o nome do Eunhyuk a eles. O Grupo Kang era tão grande que até eu já estive na folha de pagamento, de uma das filiais da rede de cafeteria que também possuíam.

Aceitei com um sorriso educado a taça de champagne borbulhando cheia de espuminha que Eunhyuk me entregou, enquanto tudo o que se passava na minha cabeça era que ele era mais rico do que eu pensara, tanto que eu nem conseguia imaginar qual seria o valor da sua herança. Desviei minha atenção ao senhor simpático que me sorria de volta mesmo depois de a Sora haver me apresentado como colega de trabalho do filho dele - o que implicava que ele sabia o que fazíamos para viver e não se importava – e uma parte de mim invejou a sorte do Eunhyuk. Minha outra metade se perguntou se o Hyuk alguma vez cogitou ser o sucessor do pai na administração das empresas.

Ele poderia ter sido qualquer coisa que quisesse.

O amargo da inveja se entalou em minha garganta quando curvei um sorriso charmoso em meus lábios e deixei um beijo singelo e respeitoso nas costas da mão da senhora bem vestida e dona de uma beleza ímpar e madura que me fora apresentada como a mãe do Hyuk e da Sora. Ela riu completamente encantada com meu gesto galante.

Cumprimentei-a pelo evento bem planejado, uma vez que parecia como se ela tivesse sido a mente por trás de cada detalhe.

-Obrigada, você é tão gentil. - agradeceu tocando meu rosto. -Mas não sou eu quem merece os elogios.

-Mesmo uma equipe de planejamento precisa ser guiada para que o evento saia tão perfeito assim. - expus novamente e posso ter exagerado no tom encantador porque ela riu novamente e o Eunhyuk bufou em algo que não parecia de tudo “indignação”.

Quem me salvou do assunto foi o Kyuhyun aproximando-se com seu chefe.

Ele franziu o cenho para mim, na companhia dos homens mais importantes do salão todo, e depois reparou no ator ao meu lado. Ao invés de isso lhe explicar a minha presença ali, sua careta confusa só aumentou.

O chefe dele fez as devidas apresentações, puxando um assunto qualquer sobre negócios. Aparentemente a companhia para a qual o Kyu trabalhava era a que cuidava da publicidade das empresas da família do Hyuk. O publicitário sussurrou discretamente para mim:

-O cara que contracena com você é o filho dos Lee?!

Anui, silenciosamente. Sua surpresa era compreensível, mas não entendi o sorriso malvado curvando seus lábios. Depois eu perguntaria, porque ele voltou a conversar com o chefe, aproveitando a oportunidade para se mostrar um profissional competente.

Não tinha como me irritar por ele me excluir do assunto ou me deixar abandonado no tédio enquanto fazia o que era suposto que fizesse, trocando cartões de negócios com aqueles homens que ele provavelmente teria demorado quase a carreira toda para conhecer.

Quando senti a mão do Eunhyuk contornando a base das minhas costas discretamente eu percebi que não era o único ali engolindo bocejos. Pensei em me desvencilhar, mas causaria uma cena desnecessária e foi só por isso que me deixei ser conduzido até perto de um terraço onde era permitido fumar. Observamos um dos funcionários do hotel sair de lá e acenar respeitosamente ao Hyuk, que o dispensou em seguida.

Franzi o cenho.

-Você fuma? - perguntei.

-Você não?

-Não.

-Nem eu, só estou entediado. - fez um biquinho sem perceber e depois me olhou de novo. -Vem comigo?

Eu sabia que não deveria ir, pelo bem da minha sanidade, só que... Como resistir? Mesmo que ele estivesse aprontando algo para se vingar pelo terno, eu fui. Segui-o até um banco, olhando a vista iluminada de Seul depois que sentamos em silêncio para terminar de degustar nossas bebidas.

-Você mandou aquele cara expulsar todo mundo daqui? - disse, referindo-me ao funcionário de antes e ao fato de estarmos sozinhos ali.

Eunhyuk deixou sua taça já vazia de lado e me olhou. Seus olhos brilhavam escuros e profundos demais, com mil segredos atraindo-me irremediavelmente. Talvez ele mal tenha notado que sua mão apoiada no acento largo do banco sem respaldar quase abraçava a parte baixa das minhas costas, mas eu reparei. Podia sentir seu calor através das nossas roupas mesmo com o vento frio que soprava insistentemente.

-Mandei.

Eunhyuk era tão seguro em sua vontade, eu estremeci imaginando qual seria sua intenção... Óbvio demais, assim como o frio na boca do meu estômago fazendo minha cabeça girar em expectativa.

-Por quê?

-Estou entediado. - repetiu e era o que eu esperava que dissesse, não o que eu gostaria de ouvir.

-E quer que eu o entretenha?

Seus olhos se desviaram aos meus lábios enquanto eu formava as palavras, aquecendo meu sangue. Tinha aquele olhar que arrepia a base da minha coluna com uma fisgada de desejo viciante, apenas porque grita que ele quer sexo. Observei a curvatura de seu sorriso malicioso dar à resposta à minha pergunta. Sim.

Retribuí o sorriso porque seria muito fácil beijá-lo estando perto como eu estava, sentado ao seu lado. Ele dissera que eu beijo bem, nós transarmos seria apenas uma boa consequência ainda que eu tivesse certeza que era algo que ele faria com qualquer ser humano vivente com brinquedinho entre as pernas e não porque era especificamente eu. Mas quando terminei meu champagne em um ultimo gole longo percebi que estava lúcido demais para cometer essa burrice.

-Ok. Vou entretê-lo. - concordei, só não seriam nos termos dele e eu tive certeza de que havia feito à escolha certa assim que vi a veia de satisfação nojenta em seu sorriso convencido, como se já soubesse que eu cederia. -O que é um pontinho azul no céu?

-O quê? - questionou, perdido na minha mudança repentina de tema.

-O que é um pontinho azul no céu? - repeti, sorrindo meio sapeca sem conseguir me conter.

Hyuk percebeu que eu tentava lhe contar uma piada e riu, divertido. Seus olhos me olharam indecifráveis quando cedeu:

-Não sei, o que é?

-Um urublue.

Deixei meus olhos encararem-no sem vergonha alguma de estar tão fixado enquanto ele voltava a rir, provavelmente só porque era idiota demais. Eu gostava tanto da sua risada despretensiosa e sincera, seu sorriso aberto e doce, suas feições iluminadas pelas luzes do terraço. Ele deveria saber que eu o observava, mesmo estando com a atenção perdida na cidade à nossa frente.

-Essa piada é horrível. - seus lábios bonitos expuseram com uma dose suave da sua arrogância costumeira.

-Deve ser porque aprendi com um molequinho de quatro anos. - rio. -Tem outras, você quer que eu continue?

-Não. - virou-se para mim divertido mas intenso como sempre, deixando claro em sua postura que ele esperava uma atitude minha que não aconteceria.

Mordi o cantinho interno da minha boca, tentando não me perder ao responder ao seu olhar e manter meu silêncio. Droga, a quem eu estou tentando enganar me fazendo de forte? Eu quero exatamente o que ele quer, mas deveria me lembrar de nunca parar de pensar perto dele outra vez e para isso enchi minha mente com cada um dos motivos que me mostravam como seria trágico tentar algo sério com um filho da puta.

-Desculpe. - murmurei após algum tempo, patético como o bom-moço que sou. Não era o momento certo para isso e eu não explicaria pelo que me desculpava se ele não entendesse que era pelo terno. Só precisava me livrar da minha consciência que me dizia que eu tinha feito besteira.

Eu sabia antes de abraçá-lo no banheiro que aquele tecido não deveria ser molhado daquele jeito, camurça se lava a seco e com delicadeza, mas não era culpa minha que o hotel da família dele não tivesse a porcaria de uma toalha de papel nos banheiros...

Eunhyuk estreitou o olhar para mim, talvez voltando a sentir raiva pelo terno estragado. Então abriu um sorriso de canto, lindo com aquela curva rude em seus lábios.

-Tudo bem, eu cuspi na sua taça. - respondeu erguendo-se do banco.

Desviei minha atenção à taça em meus dedos, completamente vazia, e pensei seriamente em enfiá-la pela goela exposta daquela praga de homem que gargalhava da minha expressão horrorizada. Ou talvez eu tacasse na cabeça dele.

-Puta que pariu, você não fez isso.

Seu riso aumentou e eu percebi que sim, ele fizera. Quantos anos ele acha que tem?! Eu devia ter desconfiado quando foi gentil o suficiente para me servir. Ergui-me também, porque ele não deu sinais de que pararia de me zoar, e voltei para a festa. Deixei aquele macaco desgraçado sozinho, e que morresse engasgado!

Mas quando me larguei no meu sofá depois que Kyuhyun me levou para casa, repassei a noite inteira na minha cabeça e precisei reprimir um sorrisinho. Guardei-o em meu peito porque eu estava sendo idiota, ainda era o filho da puta desgraçado, ainda era o mesmo Eunhyuk.

 

 


Notas Finais


¹haraboji – avô.
As ceramicas da dinastia Goryeo são aquelas lindinhas meio verde-azuladas com desenhinhos.

O Hyuk passou o capítulo todo perguntando o que o Hae tava fazendo kkk Aigoo...
Awwww... *joga confetes e purpurina* Primeiro beijo deles fora dos sets de filmagem (ê lerdeza, 9 capítulos – e meses dentro da história - enrolando nisso)...

Vou pedir desculpas de novo pela demora em responder os comentários lindos de vocês quando vocês merecem todo o amor do mundo por me deixarem tão feliz com cada palavra perfeita... Vocês me perdoam?

No próximo capítulo: Qual será o podre do chefe do Kyu? -nãããããão, não é isso q tem no próximo u.u Tem eunhae na banheira, na cama, no chuveiro, no sonho do Donghae, no prédio da ForMen... kkkkk mentira q eu ainda não escrevi kkkk. Tô trollando vocês.
Quem quer saber mais sobre o Siwon? o/

Me aguardem.

Loviu todo mundo! Tooooodinhos vcs ^u^


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