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História Melinyel - Capítulo 12


Escrita por: Illisse

Capítulo 13 - Capítulo 12


Depois de Estel, acompanhado por Légolas, foi a vez de Arwen e Emel partirem. Elora viu-se sozinha em um turbilhão de sentimentos confusos; não que fosse de alguma forma contar a alguém sobre Thranduil. Seria seu segredo para sempre, até por que era uma atração estúpida e indesejada. Um dia outro homem chamaria sua atenção e ela poderia olhar para trás e rir de suas tolices.    

Apesar de querer estender a visita, Emel teve que retornar aos seus deveres em Mirkwood. Elora cogitou escrever ao Rei, pedindo que a elfa permanecesse mais tempo mas logo descartou a ideia. Depois que recebera o presente, a pena ficara jogada de lado e o papéis vazios. Lhe faltava coragem até mesmo para agradecê-lo. 

Então aceitou a partida de Emel, pedindo a elfa que gentilmente passasse a ele seus sentimentos de gratidão. 

Era uma saída covarde, mas era a melhor.

Ao contrário de Emel, Arwen quis partir. Retornou a Lothlórien após uma discussão com Elrond, os dois não estavam em bons termos. A elfa queria que o pai compreendesse que ele não podia fazer as escolhas dela; e Elrond tentava abrir os olhos da filha para todo o sofrimento que via em seu futuro.  Os dois estavam cegos pelos seus próprios argumentos e não ouviam o que o outro tinha a dizer. 

Os dias tornaram-se pálidos, fazendo com que os três meses seguintes passassem como um sopro. 

Logo já estavam no alto verão, mas nem os dias quentes com suas tardes preguiçosas, onde todos juntavam-se no gazebo para ouvir música, animava seus ânimos. Elrond trancou sua tristeza dentro do peito e voltou rapidamente a ocupar-se de seus deveres, sempre carregando um olhar distante. Estar distanciado de Arwen era o que realmente lhe preocupava, pois tinha certeza que o romance com Aragorn era passageiro. Precisava lhe dar apenas alguns anos de espaço para que ela reconhecesse por si própria o que ele vinha tentando lhe dizer. Os gêmeos passaram a envolverem-se mais com os assuntos da cidade, como uma forma de ajudar o pai e distraí-lo de vez em quando.

Lindir também estava diferente, distraía-se com facilidade e quase sempre durante as aulas ficava olhando algum ponto invisível nas paredes. O que era muito perturbador. Lindir não perdia a oportunidade de lecionar sobre alguma coisa, nem quando estavam falando sobre temperos! A situação estava mais crítica do que Elora imaginara. 

Pensava novamente no assunto enquanto dedilhava as cordas da harpa em suas mãos, que ecoavam sons melancólicos. Não estava inspirada para tocar algo mais alegre e as elfas a sua volta não pareciam se importar. Lindir estava lhe ensinando a tocar e ao contrário do que imaginou estava aprendendo rapidamente. Tomara gosto pela música e começou a praticar sempre que podia entre uma tarefa e outra. 

A menina piscou os olhos saindo do transe quando ouviu os risinhos próximos. Os gêmeos passavam pelo gazebo com a armadura completa acenando para todas com sorrisos galanteadores nos rostos. Elora riu discretamente das reações à sua volta enquanto deixava o instrumento de lado e andava até os primos. Ela preocupou-se quando percebeu que estavam equipados com arcos e espadas. 

- Aonde vão? - Elora indagou.

- Bronnan foi saqueada esta madrugada. - Elladan respondeu sem rodeios, era sempre o mais direto dos dois. - Enviaremos mantimentos para ajudar a cidade. 

Elora olhou fundo em seus olhos, depois para o rosto evasivo de Elrohir. 

- Não precisariam deste armamento todo se fossem apenas escoltar mantimentos. - Disse convicta, cruzando os braços. 

Os gêmeos se entreolharam. Elladan bufou enquanto pegava Elora pelo braço, puxando-a para um canto mais isolado enquanto Elrohir começava a explicar.

- Não foi um ataque de Orcs comum. Começaram a recrutar novamente. - Ele sussurrou. 

- Recrutar? - Ela indagou da mesma forma.

- Sequestram pessoas para transformá-las em escravos da escuridão. - Elladan explicou. 

- As criaturas de fumaça? São humanos? - Ela guinchou, atraindo a atenção de uma elfa distraída que passava com uma cesta de pães. 

Elrohir lhe sorriu e ela voltou a caminhar feliz, com as bochechas coradas. 

- Algumas pessoas foram levadas e talvez consigamos resgatá-las a tempo, se tivermos sorte. - Elrohir falou olhando em volta, certificando-se que ninguém os ouvia. - Você não soube disso por nós. 

- Ada (pai) nos proibiu de falar sobre isso com você. Algo sobre sua imprudência. - Elladan disse. 

- Por que me contaram então? - Ela cerrou os olhos, desconfiada.

- Cada um deve fazer sua escolha, minha prima. - Ele continuou. - Confiamos em você para fazer a sua. 

- Ouvimos a conversa de vocês naquela noite, quando Ada nos pegou chegando de fininho. - Elrohir respondeu. 

- Então concordam? Concordam que eu não posso ficar aqui enquanto posso ajudar outros lá fora?  - Ela esperançou-se. 

- Não. Também concordamos que é perigoso. Mas acreditamos que você precisa ver com seus próprios olhos. Sentir na própria pele as alegrias e dores do caminho que quer cruzar. Por que este é o seu fardo e ninguém poderá carregá-lo por você. - Elladan disse. 

Os gêmeos despediram-se, começando a se afastar. 

- Sabem que eu vou até lá, não é? - Ela disse. 

- Não. - Os elfos falaram ao mesmo tempo e Elrohir continuou. - Não vimos você hoje. 

- Tenham cuidado! 

Ela gritou mas eles já estavam longe. 

Ela correu até o quarto, trocando rapidamente sua roupa. Vestiu calça, blusa e botas comuns enquanto colocava alguns itens em sua bolsa, era melhor prevenir-se para tudo. Colocou a capa nos ombros e saiu silenciosamente até os estábulos. 

O crepúsculo havia chegado, tingindo o céu em tons de roxo e cinza. 

O vento estava esfriando, o tempo iria mudar em breve. A viagem até Bronnan levava menos de um dia, talvez desse tempo de ir e voltar em segurança antes da tempestade cair. 

 

.o0o.

Cavalgou até o amanhecer, faltava pouco para chegar à cidade quando parou embaixo de uma das árvores para comer. Randír ficou pastando próximo enquanto Elora esticava a pequena toalha de trouxera com suco e alguns pãezinhos em cima do pano. 

Estava servindo-se quando ouviu um trotar aproximando-se, e logo ficou alerta. Não poderiam ser Orcs, eles não andavam em cavalos, mas ainda sim havia perigo. Poderiam ser assaltantes. 

Seu coração começou a martelar no peito fazendo sua respiração se intensificar. Seria a primeira vez em que lutaria sozinha. Ela levantou-se, encostando no tronco da árvore com as adagas a postos; esperando a pessoa aparecer em seu campo de visão. 

Levou um baita susto quando viu os cabelos vermelhos e o traje élfico em sua frente. 

- Tauriel?! - Elora surpreendeu-se quando viu a elfa com o arco em riste, pronta para atirar. - O que faz aqui?

Tauriel a olhava com a mesma surpresa enquanto abaixava o arco e guardava a flexa na aljava. 

- O que você faz aqui, sozinha no meio da estrada? - A elfa lhe repreendeu, descendo do cavalo. 

- Estou a caminho de Bronnan. - Elora abraçou-a, rindo contente. - Mae govannem! Alassëa omentielman nan. (Bom te ver! Estou feliz com nosso encontro.)

- Mae govannem! - Tauriel sorriu. - Pretendia lhe fazer uma surpresa. Queria ter vindo antes mas não pude.

- Não tem problema. Fico feliz de estar aqui agora! Venha sentar-se, deve estar cansada da viagem. Tenho suco e pãezinhos!

- Lord Elrond sabe de sua viagem? - A elfa ergueu a sobrancelha, conhecia o gênio de Elora. 

- Ele saberá... eventualmente. - Elora jogou o cabelo trançado para trás enquanto sentava-se novamente. - A cidade está com problemas e pretendo ajudá-los. 

Tauriel cruzou os braços em frente ao peito, encarando a menina com descrença. 

- Ora Tauriel, não me olhe assim. Há uma grande chance de eu voltar antes mesmo de notarem minha falta. Lord Elrond quase não sai mais da biblioteca e Lindir está extremamente distraído.- A menina serviu dos copos do suco de laranja. 

- Ninguém notará se voltar agora. Pediremos a autorização apropriada e depois retornaremos. 

- Não vai adiantar. - Elora rolou os olhos. - Meu tio já decretou que não poderei sair da cidade até que ele julgue apropriado. 

- Então decidiu que fugir novamente seria a solução? - Tauriel sentou-se com um sorriso torto, pegando um pãozinho de canela. 

- Não. Naquela ocasião em Mirkwood não pretendia voltar. - Elora empertigou-se, entregando o copo à elfa. - E nós duas sabemos que eu sairia escondida novamente se me fizesse voltar agora. O mais seguro seria você me acompanhar até Bronnan. O que acha? - Elora disse esperançosa. 

Tauriel mordiscou um pedaço do pão de canela antes de responder: 

- Suponho que seja a melhor saída. - A elfa suspirou.

Elora sorriu satisfeita. Teria seguido a viagem com ou sem Tauriel, mas sentia-se muito mais segura com sua companhia. 

Terminaram a refeição e rumaram em direção à cidade dos homens. A menina avisou que precisariam tomar cuidado para não serem vistas pelos elfos de Rivendell, eles ainda deveriam estar na cidade. 

Andaram a maior parte do tempo dentro dos bosques, próximas à estrada principal. 

A cidade surgiu no horizonte e as duas aproximaram-se cautelosas, escondendo-se a uma distancia segura. Grande parte do muro que a rodeava estava derrubado, muitas casas haviam sido parcialmente queimadas ou tiveram suas paredes destruídas. Ainda havia fumaça saindo de algumas construções. Elora lembrou-se de Alórien, sua cidade também estava sendo consumida pelas chamas quando partiu.

Tauriel a chamou de volta para o presente. Procuraram por instantes alguma presença de Rivendell, mas não encontraram nenhuma. Deviam estar no rastro dos sequestradores. A elfa sinalizou para que Elora a seguisse. Deixaram os cavalos próximos a uma clareira e correram para as plantações. 

Os campos eram bem afastados, mas ainda sim receberam toda a ira dos Orcs. 

Tudo havia virado cinzas. Elora sentiu um arrepio percorrer sua espinha enquanto olhava a terra. Lembrou-se das devastações que o espelho de Galadriel lhe mostrara. Será que já estava acontecendo? Esse seria o começo daquele futuro terrível? 

O local parecia morto, esquecido. Não havia ninguém por perto tentando salvar algum resquício de vida do solo.

Provavelmente estavam todos ajudando os mais feridos ou reconstruindo o máximo de casas que podiam para abrigar as famílias das tempestades de verão. Ficar ali lamentando a perda da colheita não lhes traria nenhum bem. 

- Pode ir, eu ficarei de guarda caso alguém apareça. 

Elora ouviu a voz da elfa ecoar em sua cabeça e começou a andar até o centro das cinzas. Ela sentou-se no chão, estendendo as mãos para frente e enterrando os dedos na terra. Sentiu a dor do fogo em sua pele, mas não deixou-se consumir. Concentrou-se na vida, no verde crescendo do solo até alcançar o brilho do sol. 

As árvores e ramos brotavam novamente, retorcendo-se na terra em busca de ar e calor. Cresceram até atingirem seu tamanho adulto, talvez um pouco mais. Legumes vistosos e frutas suculentas pendiam dos galhos, prontos para serem colhidos. 

Elora nunca havia sentido tanto poder, antes era como cócegas nas pontas dos dedos mas agora sentia as mãos tremendo levemente e uma dormência espalhando-se pelos seus braços. Tentou refrear um pouco, mas continuou esvaindo-se pelo solo. Até que não pode aguentar mais e deixou-se cair na terra. 

Tauriel estava tão atônita olhando a sua volta que não vira de imediato Elora desmaiada ao chão. 

 

.o0o.

Quando Elora recobrou a consciência já era noite. 

A primeira coisa que pensou foi que certamente já teriam dado por sua falta, a segunda foi o gosto azedo de Mirth na boca. Odiava a sensação da planta em sua língua, mastigou e engoliu-a fazendo uma careta. 

Tauriel provavelmente lhe dera para que acordasse mais rápido. 

Sentou-se com dificuldade enquanto olhava em volta. A elfa havia improvisado um acampamento dentro do bosque. A fogueira ardia silenciosa ao lado da menina, que se afastava involuntariamente do fogo. Por mais que o calor fosse aconchegante, Elora ainda tinha a impressão de queimaduras em sua pele. Demoraria um pouco até que esquecesse.

Tauriel voltou rapidamente com mais folhas amareladas de Mirth nas mãos quando ouviu os resmungos de Elora. 

Sentou-se ao lado da menina, examinando-a. 

- Pelos deuses, Elora. Assustou-me até a alma! - Tauriel reclamou enquanto afastava-se, amassando as folhas para fazer um chá.

- Desculpe. - Ela respondeu com a voz fraca. - Ainda preciso de um pouco de prática para saber quando parar. Não se preocupe, isto já aconteceu antes.

- Não deveria forçar-se até cair de exaustão. 

A elfa entornou a água fumegante no recipiente com as folhas, aguardou alguns segundos e estendeu o copo para Elora.

A menina torceu o nariz, mas o pegou. O cheiro forte logo lhe atingiu o nariz, forçando-a a prender a respiração para bebe-lo de uma vez. O líquido quente arranhou sua garganta, mas era melhor do que remoer o azedume em sua boca.

- Precisamos retornar em breve. Já estamos muito atrasadas. - Tauriel suspirou. - Está se sentindo bem para cavalgar? - indagou enquanto começava a juntar as coisas.

A menina assentiu e forçou-se a levantar e ajudar a elfa. Ainda sentia aquela pontada de dor na cabeça, mas devia passar em breve. Quando tudo fora arrumado e preso aos cavalos, as duas iniciaram o caminho de volta. Era perigoso viajar a noite, mas Tauriel estava impaciente. 

Pararam depois de algumas horas para refrescarem-se. 

Elora precisava andar um pouco, cochilara duas vezes e quase desequilibrara-se, sorte que Randír estava atento pelos dois. 

A menina andava em círculos sob os olhos atentos da elfa quando ouviram risos próximos. Tauriel já tinha o arco a postos quando Elora virou-se para pegar suas adagas na cela de Randír. 

A elfa olhou-a de soslaio, pensando em pedir que a menina ficasse ali. Mas não falou nada, Elora não a escutaria de todo modo. Era curiosa demais para sua própria saúde. Era melhor tê-la por perto e vigiá-la. 

Ambas caminhavam na ponta dos pés, evitando os galhos secos no chão e os arbustos armados. Chegaram a uma depressão, onde esconderam-se atrás de algumas rochas e passaram a observar o vão entre as árvores à sua frente. As vozes tornaram-se mais altas e logo duas figuras surgiram no pequeno espaço descampado. Humanos, um jovem e uma menina de não mais que sete anos. 

Tauriel relaxou abaixando o arco mas continuou a analisar à sua volta. Elora guardou suas armas nas bainhas em suas costas e inclinou-se para frente. As duas figuras conversavam animadamente rindo de vez em quando. A cena encantou-a, a inocência e o carinho entre os dois irmãos eram cativantes. O jovem vasculhava entre os galhos mais baixos das árvores enquanto a mais moça sentava-se ao lado de uma pequena cesta, aguardando. 

Elora sentiu a mão de Tauriel em seu ombro, indicando que deveriam voltar. Olhou novamente os irmãos, a decepção do jovem ao retornar a irmã de mãos vazias a prendeu no lugar. Sacudiu a cabeça de leve para a elfa, queria ficar mais um pouco e ajudá-los. 

- Não deveria fazer isso, ainda está fraca. - Tauriel lhe sussurrou. 

- Não será muito. O suficiente para irem para casa felizes. 

Enquanto o menino chamava a irmã para irem embora, Elora aproximou-se o suficiente para encostar a mão em uma das árvores próximas. Concentrou-se no que queria criar, no gosto cítrico das laranjas, no cheiro das maçãs e na textura suave dos pêssegos. Em pouco tempo frutos gordos e vistosos coloriram as folhagens em volta. 

Os dois permaneciam imóveis, com os olhos arregalados e os queixos caídos. O jovem olhou para a irmã e começou a rir, incrédulo no que havia acabado de ver. A menina correu e pegou um pêssego entre as mãos, mordendo-o vorazmente. 

- É de verdade! - Ela disse maravilhada. - Temos que contar ao papai. Venha, Tim! Vamos logo! - Ela puxava o outro pela manga da camisa.

- Não é possível... Como? - O jovem ainda tinha o sorriso largo no rosto. 

- Mágica, oras. Das fadas da floresta. - A menina disse convicta pegando a cesta e empurrando-o uma vez mais. 

O jovem finalmente moveu-se e pôs-se a correr ao lado da irmã, até sumirem entre as árvores. 

Elora não conseguia diminuir o sorriso em seu rosto, até Tauriel exibia um similar. 

Enquanto caminhava ao lado da elfa, Elora sentia-se satisfeita. Havia ajudado aquelas pessoas e seu coração não podia estar mais leve e contente. Setia-se forte e poderosa, como não havia antes. 

Alcançaram os cavalos rapidamente. Elora soube quando olhou nos olhos de Randír que ele também não estava muito ansioso para voltar ao seu agradável estábulo. Ele sempre fora selvagem demais para preferir o conforto à liberdade. Ela passou as mãos por sua crina, encostando suas testas e prometendo que escaparia com ele mais vezes. Não deixaria que suas tarefas os afastassem. 

Tauriel já estava montada em seu cavalo branco como a neve, aguardando. Não tinha mais o sorriso no rosto, ao invés tinha os lábios um pouco franzidos, pensativa. 

Elora finalmente subiu em Randír posicionando-o na direção correta, mas não pediu que ele se movesse. Ela encarou a estrada pouco iluminada à sua frente e soube exatamente o que lhe esperaria em Rivendell. Já podia ouvir os sermões de Elrond e até sentir a culpa encolhendo seus ombros por ser o motivo da decepção estampada nos olhos do tio. Odiava sentir-se culpada por ter feito algo que achava certo. 

- Elora! - Tauriel disse impaciente. - Deixou-me falando sozinha.

- Desculpe, eu estava pensando. - Elora murmurou, tendo certeza que Tauriel havia lhe escutado.

- O que há? - A elfa aproximou-se com um leve trotar. 

- Não quero voltar. Ainda não... - A menina encarou as mãos agarradas à cela de Randír. 

Tauriel suspirou pesadamente, empertigando-se em sua cela. 

- O trato era ajudar a cidade de Bronnan e voltar antes de sentirem sua falta. 

- Sei disso. Mas...

- Sem mas. - A elfa disse encarando-a com firmeza.

Elora entendia a raiva da elfa. 

- Sinto muito Tauriel, você sempre acaba envolvida em minhas loucuras. - Elora encarou-a. - Eu não menti para você quando lhe disse naquele momento que iria voltar à Rivendell. Eu pretendia fazer exatamente isso. Mas não posso mais... 

A elfa desmontou e começou a caminhar nervosamente. Elora tinha apenas esta chance de convencê-la a lhe deixar ir, então continuou:

- Esta é minha chance de provar a Lorde Elrond que posso ir e vir sem problemas. - Elora também desmontou, parando ao lado de Randír.

- Como quer que ele confie em você se continua sendo inconsequente? - Tauriel virou em sua direção. Tinha o rosto avermelhado e cruzava os braços fortemente em frente ao peito. - Ele a ama, por isso se preocupa. 

- Você está certa. Isto não vai ajudar a melhorar minha imagem de mulher madura, mas era isso ou continuar no mesmo caminho. 

- E o mesmo caminho era assim tão ruim? - Ela lhe levantou a sobrancelha.

- Não. - Respondeu depois de alguns segundos. - Mas poderia ser muito melhor. - Elora resmungou. Seus pensamentos levando-a ao reino escondido em meio a floresta negra.

- Não gosta de Rivendell? - Tauriel descruzou os braços, aproximando-se com um olhar surpreso. - Achei que estivesse gostando.

- Eu gosto, gosto sim. Todos são tão amáveis comigo... - Elora apressou-se em explicar - Mas não parece certo. Sinto como se eu fosse uma peça redonda em um espaço quadrado, caibo perfeitamente mas não acontece o encaixe. 

Tauriel lhe olhava com pesar. 

- Mas é claro que gosto de lá. - Elora repetiu. - Só não gosto de todas as regras que envolvem minha segurança. Não sou de vidro. 

Tauriel abriu a boca para falar, mas Elora antecipou-a:

- Sei o que vai dizer. Também amo e me preocupo com meu tio, mas... é excessivo. Não estou autorizada nem a participar das rondas. - Elora suspirou. - Piorou depois que Arwen voltou a Lothlórien. 

- Ele tem medo de perdê-las. Dizem que Lord Elrond ainda não se recuperou completamente da morte do irmão. Apesar de viverem nesta terra a eras os Elfos ainda não se acostumaram muito com a morte, ainda mais daqueles que abriram mão da imortalidade. 

Elora via nos olhos da elfa que ela estava considerando a possibilidade de deixá-la ir. 

- Já estou com problemas por vir aqui, outro a mais ou a menos não fará muita diferença. - Elora segurou as mãos da elfa. - Preciso dessa oportunidade. Me deixe ir. 

A menina sentiu a esperança se esvair quando a elfa sacudiu a cabeça de leve. Deixou os braços caírem ao lado do corpo, encolhendo os ombros. 

- Não posso deixar que vá sozinha. A acompanharei. - Informou Tauriel. - Mas me obedecerá. Se eu lhe disser para fugir e não olhar para trás, você fará isso. 

- Não será necessário. Mas se mandar, o farei. 

Tauriel lhe estendeu a mão e Elora apertou-a firmemente. Quando afastaram-se Elora correu para abraçá-la.

- Hantalë (obrigado), Tauriel.  

- Não faça eu me arrepender rápido demais. - Disse se afastando. - Enviarei um comunicado à Rivendell, dando seu paradeiro, e um a Mirkwood, informando que precisarei me ausentar mais do que o previsto. 

- Pode colocar toda a culpa em mim. 

- Acredite, eu irei. - Tauriel lhe sorriu. 

Elora afastou-se feliz enquanto a elfa trabalhava com os papéis. Pegou o pedaço restante de pão e preparou algumas frutas para o desjejum, estendendo-as em uma toalha. Agora que a tensão havia deixado o ar, seu estômago havia começado a reclamar. 

Servia dois copos de suco recém espremido quando Tauriel sentou-se a sua frente, colocando os rolinhos de papel em seu bolso no colete. Enviaria-os quando passassem novamente por Bronnan. 

- Então, para onde iremos? - Tauriel perguntou, mordicando um morango.

- Ainda não sei, mas gostaria de parar em lugar antes.

 

.o0o.

Já era o meio do dia quando Elora avistou o pequeno monte de pedras cinzentas desiguais. Haviam chegado mais rápido do que imaginara. 

Tauriel afastou-se com os cavalos para lhe dar privacidade. 

Elora aproximou-se cautelosamente, retirando as folhas mortas de cima da pedra esculpida. Sentou-se no chão sem saber muito bem por onde começar, havia acontecido tantas coisas. Tinha tantas perguntas...

Ficou encarando o nome a sua frente em silêncio. Pensou em pedir que Elrond a levasse à Rivendell mas logo descartou a ideia; ela não quis ir em vida, não a forçaria em sua morte. 

Elora olhou ao redor, iria deixar o local mais bonito para ela. 

Estendeu a mão sobre as pedras, inspirando fundo. Teria que dar certo, não poderia falhar na frente dela. Concentrou-se nas pequenas flores azuis, Miosótis, brotando da terra. Eram suas preferidas, tanto pelo tom quanto o significado.

Abriu os olhos e não acreditou quando viu três pequenos ramos ao lado da pedra esculpida, era a primeira ver que conseguia conjurar flores do nada. Sentiu uma lágrima correr livre por sua bochecha enquanto passava os dedos levemente pelas pétalas recém nascidas. 

- Olá mamãe...

 

 


Notas Finais


Novo capítulo! (Finalmente)
Espero postar o próximo em menos tempo do que este.


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