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História Melodia - Limantha - Always


Escrita por: florbastos

Notas do Autor


Mais tarde posto a outra metade.
Bjs!

Capítulo 38 - Always


 

“... estou com saudades de sentir seu toque, seu gosto, seu corpo. Saudade dos seus beijos, do seu abraço, de ouvir as batidas do seu coração. Saudade de ouvir seus sussurros e gemidos. Saudade de ouvir você gozando e chamando meu nome... me arranhando. Saudade do seu cheiro que me deixa completamente louca. Fico imaginando sua boca na minha, seus olhos nos meus. Imagino que estou te tocando, percorrendo todo seu corpo com as minhas mãos, que estou beijando cada pedacinho dele. Adoro senti-lo com minha boca, minha língua... Fecho os olhos e imagino que estou te chupando... lambendo... enquanto você rebola e se contorce em minha boca. Imagino suas mãos me acariciando... que vontade de fazer amor com você... queria estar agora te fodendo bem gostoso até sentir você gozar... gozar em meus dedos... gozar em minha boca... O meu corpo anseia desesperadamente pelo seu...

 

 

Samantha abriu os olhos,  pegou seu celular e mais uma vez leu a mensagem que a morena havia lhe mandado na noite anterior. Estava em chamas, sua pele queimava pelo desejo. Fechou os olhos com força na esperança de tentar acalmar seus pensamentos e silenciar aquelas malditas palavras da sua mensagem.

A pianista  não conseguia parar de pensar em Heloísa, na imensa saudade que estava sentindo. No quanto sua companhia, seus beijos, toques e carícias faziam falta. Uma semana havia se passado dês da ultima vez que se viram, mas toda noite a promotora lhe mandava uma mensagem...

Deitada na cama, lutando contra seus pensamentos e desejos. Samantha ergueu a mão direita e repousou em seus seios... sobre seus mamilos doloridos...  sensíveis de tanta excitação. Massageou antes de apertá-los com os dedos... mordeu o lábio inferior se deliciando com a sensação. Fechou os olhos e deixou ser levada pela ousadia e necessidade de seu corpo. Desceu a outra mão passando pela barriga até chegar ao elástico da calcinha... resolveu tirá-la. Voltou com a mão ao ponto onde mais desejava ser tocada. Lentamente passou seus dedos pelo clitóris entumecido e começou acariciá-lo enquanto friccionava seus seios. Totalmente sem controle, sua mente começou a torturá-la com imagens e sensações do toque das mãos de Heloísa, de seus beijos e gemidos, com isso seu corpo sentiu a necessidade de movimentos mais frenéticos e mais intensos. Aprofundou um dedo em seu sexo molhado fazendo a pianista soltar um gemido rouco. O prazer que ela estava se  proporcionando era imensamente bom, mas não a deixava extasiada como queria, pois seu corpo ansiava por Heloísa... seu corpo gritava por seus beijos e carícias. Constatar aquilo a  desanimou completamente, tanto que parou os movimentos e suspirou em derrota. Ela poderia ficar horas ali, que sua mente não permitiria que ela gozasse.

- De odeio!

 

Resolveu levantar e tomar um banho de água fria para tentar acalmar os hormônios. Já de banho tomado e pronta para ir à faculdade ouviu o celular vibrar avisando a chegada de uma nova mensagem, seu coração acelerou ao imaginar ser de Heloísa.

“Estou aqui na frente te esperando... Débora!”

Desânimo e decepção a definiram naquele momento ao terminar de ler. No fundo, queria que fosse Heloísa. Pegou sua mochila e saiu. Esbarrou com Gustavo no portão e o cumprimentou. Deixou seus pensamentos de lado assim que avistou a professora.

- Bom dia, Samantha! – Disse com um sorriso tão lindo que não pôde deixar de retribuir.

Entraram no carro e foram em direção a faculdade, no meio do caminho vendo  a pianista tão calada e perdida em pensamentos Débora resolveu quebrar o siLêncio.

- Por que está tão calada? Tem a ver com o nosso beijo do outro dia?

- Não. Estava só pensando na vida. Em tudo que vem acontecendo nos ultimos meses... e na primeira vez que me deu aula.Odiei! – falou sorrindo.

Débora a olhou de soslaio, sem deixar de prestar atenção no trânsito.

- Para mim foi um dia especial. – comentou, enquanto parava o carro no estacionamento da faculdade. - Foi nesse dia que comecei me apaixonei por você. – falou, virando-se para Samantha. Suas mãos buscaram as da pianista.

O coração de Samantha acelerou sentindo-se sem jeito pela situação estranha entre elas.

- Débora, eu...

- Shh. – Débora a cortou. - Não estou lhe cobrando nada. – sorriu falando de forma carinhosa. - Lembrei que estou lhe devevendo um jantar. – falou querendo mudar a conversa. - Que tal jantarmos hoje em minha casa? – perguntou erguendo uma mão e acariciando o rosto da pianista. Seu toque vinha se tornando cada vez mais familiar para Samantha. - Quero cozinhar para você. – Ela explicou cautelosa.

Desceram do carro e foram caminhando em direção ao pátio.

- Você não tem cara de quem sabe cozinhar. – falou brincando com a professora.

- Pois fique sabendo que eu cozinho... e muito bem por sinal. – retrucou de volta.

- Pois saiba também, que eu vou adorar conhecer seus dotes culinários, e... sua casa. – falou sorrindo, lembrando o quanto Heloísa era sem jeito na cozinha.

- Então mais tarde lhe aguardo para irmos juntas.

- Não se importa de ser vista pelos outros alunos andando comigo?

- Óbvio que não. Você se importa?

- Não. Só perguntei por causa dos... Você sabe o que as pessoas andam comentando sobre mim. Só achei que você como professora...

- Não me importo com os comentários. – a cortou sorrindo.

- Então tá. Até mais tarde e obrigada pela carona.

Se despediram... Débora entrou na secretaria enquanto Samantha foi assistir sua primeira aula do dia que seria de harmonia.

 

 

Despertando de repente, Heloísa desabou para trás. Tensa, suada e defensiva. Seu peito oscilava com a respiração ofegante.

“Eduarda”

Abriu os olhos, sua respiração estava tão acelerada que parecia que tinha acabado de correr uma maratona. Seus punhos estavam fechados sobre o lençol.

“Outra vez esse maldito pesadelo”.

Sentou, viu tudo girar ao seu redor. Fechou os olhos com força afim de passar essa sensação tão ruim. Sentiu a cabeça latejar. Ergueu as mãos e massageou as têmporas. Pegou o celular e viu que passava das dez...

“Outra vez atrasada”

Acendeu um cigarro. Lembrou-se de Samantha e da ultima conversa nada amistosa que tiveram uma semana atrás. Apoio os pés no chão e os cotovelos nos joelhos. Com a cabeça baixa e o cigarro entre os dedos, lembrou-se das conversas e conselhos de Keyla.

- Você está agindo feito uma cretina... deixa ela sentir sua falta... deixa de ser babaca, desse jeito nunca vai reconquistá-la... sabe o que vai acabar conseguindo com essas suas atitudes? Que ela te odeie e se afaste ainda mais... quer um conselho? Terapia...

As conversas vinham embaralhadas em sua mente, sacudiu a cabeça para afastá-las.  Levantou e dirigiu-se ao banheiro. Não tinha a menor vontade de ir trabalhar, mas lembrou que tinha uma importante reunião.

Tomou banho, escovou os dentes e decidida, saiu do banheiro enrolada em um roupão. Chegando no meio do quarto, ouviu o toque do celular. Cessou seus passos e o alcançou sobre o criado-mudo. Era Érika a lembrando da importante reunião que teria hoje após a hora do almoço. Entrou em seu closet, decidiu por uma blusa branca decotada e um terninho escuro... calçou sapatos preto de salto fino, penteou os cabelos e passou apenas um baton claro nos lábios.  Desceu as escadas, se preparava pra ir ao escritório quando viu  a porta abrir e a figura de sua mãe se mostrar presente.

- Eu não acredito que a senhora veio, mãe. – murmurou abrindo um sorriso lindo e a ajudando com as malas. - A senhora não falou nada que estava vindo.

- Quis chegar de surpresa para ver o que a senhorita anda aprontando.

 Heloísa foi até ela na intenção de abraçá-la, mas ganhou diversos tapas no braço.

- Ai, mãe... resmungou. - Está doendo.

- Isso são pelas ligações não atendidas e  por ter tido a coragem de me deixar desesperada e morrendo de preocupação.

Desculpa! – murmurou com culpa.

- Desculpa! – zombou com uma imitação barata de sua voz. Heloísa a encarava com expressão zangada no momento em que Marta fechava a porta. - E não faça essa cara. – ralhou.

- Argh, eu mereço essas mulheres difíceis na minha vida.

- E Samantha? – perguntou.

Heloísa respirou fundo e fechou brevemente os olhos.

- Ainda não conseguimos sentar e conversar. – falou em um fiapo de voz. - Ela simplesmente não me dá chance. – sentou no sofá enquanto Marta caminhava com expressão pensativa.

- Você deve agir com calma filha, porque pelo jeito ela não conseguiu esquecer a estupidez que você fez.

- Isso nem eu consigo esquecer, mãe. Nem eu. – murmurou, suspirando alto enquanto levantava.

- Onde vai?

- Para o escritório. Tenho uma reunião importante. – respondeu pegando as chaves e a bolsa.

- Você está tão abatida. Tem se alimentado direito?

- Tenho. – mentiu... não quis deixá-la preocupada. – São só os pesadelos que ando tendo. Muito tempo não os tinha, mas depois que Samantha foi embora, eles voltaram com mais frequência. O estranho é que começa com a Eduarda, e depois o rosto dela e de Samantha vão se fundindo, as falas... elas vão embora... corro... e corro tentando acalça-las, mas não consigo. Parece que estou correndo dentro de um labirinto. – suspirou pesado. - Preciso ir mãe, estou atrasada. – falou olhando para o relógio de pulso. Aproximou-se de Marta a abraçando apertado e dando-lhe um beijo na cabeça. - Te amo. Não sabe o quanto senti sua falta.

- Também te amo, filha. – falou preocupada vendo a filha abatida e visivelmente bem mais magra.

Heloísa chegou ao seu carro e entrou rapidamente, acelerando pelas ruas. Antes de chegar ao seu destino, uma floricultura chamou sua atenção e se viu obrigada a parar. Depois de estacionar o carro, ela desceu e se encaminhou em direção à loja. Seus olhos se fixaram em um lindo arranjo de orquídeas, lembrou do dia que foram ao Jardim Botânico, o quanto a pianista ficou encantada com o lugar e com o orquidário.

- Posso ajudar? – Uma jovem a atendeu sorridente. Heloísa devolveu o sorriso educadamente.

- Oi, quero aquele arranjo de orquídeas ali. – Apontou.

- Aquele com o vaso em degladê?

-Sim. Esse mesmo. – A promotora ficou observando a vitrine por alguns minutos enquanto a vendedora retirava o vaso da prateleira e não pôde deixar de imaginar como seria a reação da pianista. Teve uma ideia... Se aproximou da vendedora.

- Vocês entregam?

- Entregamos.

- Então faremos o seguinte: todos os dias de manhã, você faz um arranjo de orquídeas bem bonito... cada dia um arranjo difrente, cores diferentes, espécies diferentes  e manda para ela aqui nesse endereço. – escreveu o endereço num pedaço de papél e o entregou a vendedora. – Mas precisa ser bem cedo, antes que ela saia para a faculdade. Quero que ela acorde todos os dias com alegria. – falou com um sorriso bobo no rosto. - Pode ser?

- Sim, claro. Por aqui.

Heloísa se dirigia ao caixa quando ouviu o toque de seu celular dentro da bolsa.

- Oi Sr. Cleber, bom dia... sim... – fez sinal à vendedora para que aguardasse . - Já demos entrada sim... pode ficar despreocupado... sim, minha secretária entrará em contato... tá ok então, um abraço. – Desligou e virou-se para a vendedora. - Vou deixar pago o equivalente a entrega de um mês. – a vendedora sorriu enquanto pegava a máquina de calcular.

- E esse que você escolheu na vitrine, vai levar?

- Sim. Esse quero entregar pessoalmente...

 

 

Samantha achou um restaurante e sentou para almoçar. Na verdade, ela só queria matar o tempo e voltar para a faculdade. Serviu-se de salada com peito de peru, não estava com muita fome e nem tinha muito dinheiro. Estava distraída estudando algumas partituras quando ouviu alguém chamar seu nome.

 - Samantha? – levantou a cabeça e viu Tina, amiga de Heloísa.

- Oi Tina. – Levantou e educadamente deu dois beijos em seu rosto.

- Que mundo pequeno! Estava aqui perto e sai em busca de um restaurante quando a vi sentada aqui sozinha. – falou com um sorriso largo. – Está esperando alguém?

- Não! Na verdade estou aqui matando o tempo até dar minha hora de voltar.

- Posso sentar aqui com você? – Samantha fez que sim com a cabeça. - Fiquei sabendo o que aconteceu. Lica me contou. Como vão as coisas?

- Levando. – essa a palavra que a pianista mais usava.

- Vai passar Samantha. – falou segurando sua mão.

- Isso é o que todo mundo me diz.

- Não pense que está sendo fácil para ela também, Lica está visivelmente acabada. Não chega mais nos horários para trabalhar, só cumpre hora certa quando tem audiência, mas isso porque ela pode até ser presa se não andar na linha.

Samantha ficou quieta só ouvindo.

- Sei que merece o que está passando, falei isso para ela, mas não está moleza viu.

- Ela ainda tem com quem dividir os problemas, a mãe mora perto e sabia do nosso relacionamento. Eu não tenho com quem conversar direito, tenho só MB, que daqui uma semana vai embora. Clara depois que juntou com Juca não deu mais as caras, mal nos vemos na faculdade. Às vezes até acho que ela me evita.

- Fiquei sabendo disso também e confesso que Clara me surpreendeu, sempre dizia ser sua amiga, achei a atitude dela muito egoísta. E Marta não quis vir para o Rio ficar com Lica, ela sabe que a filha errou e não vai passar a mão na cabeça dela por isso. Marta te adora Samantha e ficou muito chateada com tudo que aconteceu.

- Eu gosto muito dela também.

- Sabe o que não entendo? – olhava para o prato enquanto revirava sua salada. Levantou a cabeça e encarou Tina. - Eu juro que nunca vou conseguir entender alguém que trai. Para que ter o trabalho enorme de conquistar se sabe que vai magoar? Me dediquei de corpo e alma e ela não deu valor. – respirou fundo. - Não estou tentando encontrar razões, e nem vou ficar me culpando, pois tenho certeza que não contribui  para isso acontecer. Fui muito mulher, nunca exitei em satisfazê-la sexualmente. Estou arrasada sim, mas isso não vai ser motivo para eu me desvalorizar, muito pelo contrário, isso me deu mais força para lutar pelos meus ideais, me deu mais gana. Sei que Somos humanos, cometemos erros, não estamos imunes a desejar outra pessoa - até porque isso é natural, considerando a biologia. O que é grave, é ela a meu ver ter cedido, é ela não ter me respeitado, não ter se importado comigo e com os meus sentimentos. Traiu porque foi fraca, desleal, mau-caráter, nem por um segundo pensou em mim. Confiava tanto nela.

- Samantha, você parece bem mais madura, decidida, deixou claro que não volta mais para ela. – tomou um gole de sua água.

- Mas fui estúpida, todos me avisaram, inclusive a Marta. Fui boba, idiota em achar que Heloísa iria me amar e mudar sua vida.

- Sem querer dar uma de advogada do diabo, mas não seja tão dura com ela Samantha. Lica já teve o coração quebrado.

Samantha ficou curiosa e quis saber mais sobre o assunto.

- O que você quer dizer com isso? – Tina ficou calada e voltou a comer.

- Ela nunca contou nada pra você? – Samantha balançou a cabeça em negativo. - Faz uns dez anos mais ou menos, foi na época da faculdade. Lica conheceu a Eduarda e logo as duas engataram um namoro. Um amor louco desses de novela. Passado algum tempo Lica descobriu que a Duda estava tendo um caso com um outro aluno do ultimo ano. Ela ficou arrasada. Duda se dizendo arrependida pediu perdão e pediu para voltar, Lica perdoou. Um mês depois ela largou a Lica para casar com esse mesmo rapaz. Lica sofreu muito e se fechou para o amor até conhecer você.

Coração de Samantha ficou batendo como louco no peito.

“Ela amou outra mulher, teve carinho por outra pessoa ou tem todos esses sentimentos por ela ainda e por isso não conseguiu me amar?”

 - Elas ainda se encontram? – Perguntou com voz trêmula.

- Não sei,  mas creio que não. Depois que Duda se casou ela e o marido se mudaram para Curitiba. – Olhar de Tina não deixava o de Samantha. – Bem, isso não interessa mais, vocês estão separadas.

- Verdade, não é mais da minha conta quem minha Heloísa ama ou deixa de amar. – Virou para janela.

Tina buscou suas mãos sobre a mesa, apertou solidário. – Desejo sua felicidade Samantha. Desilusões, decepções, traições e arrependimento. Coisas que nos ferem e fazem-nos perder o gosto pela vida, nos faz perder o sorriso no rosto e o brilho no olhar. Nos faz desacreditar no amor que está dentro de nós e nos faz esquecer que existem pessoas incríveis. Ouça seu coração! Os conselhos dos outros são importantes, mas quem sabe o que passa dentro de nós, é a gente.
Uma forma de mostrar que você superou é perdoar e não necessariamente vai significar que você esqueceu, e nem que vai voltar para ela, mas isso significa não guardar ressentimentos. Não deixe sua alma com tanto ódio e rancor, valorize sua vida, pois você é mais e tem um futuro ainda para viver. Acredite que o amanhã chegará e você encontrará alguém que realmente dará valor ao seu sentimento.

 

 

De frente para a janela de seu escritório que lhe dava uma vista panorâmica do Centro da Cidade, Heloísa ainda se encontrava com uma intensa dor de cabeça. Enquanto tomava um café forte, descansava sua mão livre no bolso da calça social. Bebe mais um pouco do líquido quente, quando ouve leves batidas na porta.

- Lica, aqui está o relatório que me pediu da última reunião. – Querendo esquecer seus problemas pessoais e a dor exorbitante em sua cabeça, termina de tomar o café e volta para sua mesa depositando a xícara sobre a mesma.

Pegou a pasta em suas mãos e abriu. Após dar uma lida rápida sentou em sua cadeira e fez sinal para que Rafael fizesse o mesmo.

- Será que você e Keyla dão conta desse processo?  Por ser particular não posso atuar, mas pretendo auxiliar os dois.

A reunião que teve mais cedo foi um sucesso, seu escritório vai passar representar  os direitos de uma famosa rede de hoteis.

- Acho que sim, não é tão complicado. Já é causa ganha, fica tranquila. – Sorriu confiante.

- E o relatório sobre o caso de propina?

- Esse também está pronto, mas está na sala da Keyla.

- Ela já voltou do fórum?

- Sim. Esbarrei com ela antes de entrar em sua sala.

Heloísa pega o telefone e pede Érika pra chamar Keyla em sua sala. Enquanto isso, Rafael observa o arranjo na mesa ao lado.

- Lindas orquídeas... ganhou de alguma admiradora secreta? – Heloísa sentiu um pouco de sarcasmo em sua pergunta.

- Sim, da Madre Teresa. – devolveu na mesma medida.

- Dia ruim, Lica?

- Até que não.

Ficaram se encarando. Heloísa sabendo da boca grande de Rafael ficou esperando ele soltar o próximo veneno.

 - Você está parecendo um trapo humano. Algum sucesso em seu plano de sedução? – Perguntou pegando a pasta de volta.

- De que plano você está falando?

- Qual é Lica? Conheço você há anos para saber que você não vai largar Samantha solta por ai, deixá-la ir é o mesmo que assinar seu atestado de incompetência. – Não respondeu sua insinuação tão verdadeira. - Quando vai desistir?

- Desistir? – se fez de desentendida.

- Está na cara que ela não deseja mais voltar pra você. – as palavras de Rafael eram tão verdadeiras que a deixou mais chateada.

- Isso é para me consolar?

- Você precisa deixar a Sam ir. – Heloísa ouviu calada. - Como vai fazer? Sequestrá-la? Amarrá-la em sua cama? Já passou por sua cabeça que ela ama ou tem outra pessoa?

Seus punhos fecharam e seu coração doeu com essa ideia.

- Está sabendo de alguma coisa?

- Não estou sabendo de nada, mas...

- Não quero mais ouvir essa conversa. – Heloísa o cortou.

- Você é uma mulher bonita, inteligente, rica, pode ter todas as mulheres que quiser.

- Você não entende, não quero outra mulher, quero a Samantha, só ela.

- Mas ela não te quer mais. Você precisa aceitar isso. Precisa respeitar a decisão dela. - Samantha amadureceu. Presentes, viagens, flores não vão fazê-la mudar de ideia.

- Qual a porra do seu problema? Por que fica sempre querendo afastá-la de mim? O que menos preciso agora é de você torrando a minha paciência Rafael porque isso eu já não tenho mais. – falou enquanto passava as mãos pelo rosto.

- Vou sair. – levantou-se. - Posso ficar a tarde toda aqui falando a mesma coisa que não vai adiantar. – abriu a porta. - você anda muito chata! – Saiu quase tropeçando em keyla pelo corredor.

Heloísa fechou os olhos e respirou fundo, pois precisava se acalmar e pensar com mais clareza.

- Hum... – ouviu Keyla se pronunciar e ponderar ao limpar a garganta

- O que foi dessa vez?

A promotora abriu os olhos repentinamente e a encarou. Levantou-se de sua cadeira e mesmo querendo manter uma postura rígida, não conseguiu, pois logo deixou seus ombros caírem, deixando claro o quão derrotada se sentia. Encontrava-se exausta! 

- O de sempre, Samantha. – Falava enquanto sentava no sofá.

- Hum, entendi! –  sentou na poltrona ao lado dela.

- Tenho pensado muito em tudo que andamos conversando ultimamente e tomei uma decisão... – respirou fundo. - Eu vou mudar, viu?  Eu estou mudando. Sei que preciso mudar. Vou cuidar mais de mim. Vou voltar me exercitar, vou voltar andar no calçadão, vou cuidar do meu corpo, da minha aparência. Eu vou melhorar Key, você vai ver.

- Lica seu corpo está ótimo, te acho linda. Tem sim que cuidar do corpo até mesmo por questão de saúde, mas quando falei que você precisa mudar, se cuidar, não estava falando do seu corpo ou de sua aparência, você precisa cuidar daqui. – falou apontando para a cabeça. Os seus problemas estão aqui. Você tem exagerado Lica. Você está amarga, carrancuda, agressiva. Essa obsessão, possessividade, isso não é normal. Está obcecada por ela, e sei bem como termina essa coisa de paixão, obsessão. Volto a repetir, você está precisando sim de ajuda de um profissional porque sozinha não está conseguindo sair dessa situação. – Sorrindo carinhosamente keyla segura as mãos de Heloísa. - Quero te ajudar, deixa eu te ajudar. Outro dia estava conversando com uma amiga sobre relações assim passionais, ela me contou que existe uma associação que cuida justamente disso, é uma espécie de AA, NA... é uma associação que orienta, ouve, aconselha. Não sei muito bem.

 

- Será? Eu nunca ouvi falar.

- Eu vou procurar saber mais detalhes com essa minha amiga, ela parece saber tudo a respeito. Vou pegar o endereço, telefone, tudo.

- Já falei o que eu acho sobre essas terapias, simplesmente não acredito.

- Sim, mas não custa tentar. Eu vou com você.

- Tá bom. –Heloísa falou revirando os olhos. – Pede a Érika pra marcar uma consulta com a psicóloga que você no outro dia me indicou. E Vê com sua amiga esse tal AA.

Keyla ficou tão feliz com a resposta da promotora que a abraçou apertado.

- Pode deixar que eu ligo. – falou sorrindo. -E como vão as coisas com ela?

- De mal a pior. – franziu o cenho. - Ela simplesmente me excluiu da vida dela. Não sei mais o que fazer. Estou perdida, confesso.

- Você a traiu, quebrou o elo, a confiança, isso machuca, fere, magoa. É ficícil perdoar de uma hora para a outra, ainda mais você agindo da maneira que está.

- Acho que a perdi pra sempre. Não sei o que ela viu nessa professora.

- você deve deixá-la livre para escolher.

- Eu sei. Mas sinto que preciso fazer uma ultima tentativa. Preciso ouvir da boca dela que não me ama mais. – passou as mãos pelo rosto soltando o ar pela boca.  - E se ela não me escolher, Key?

- Aí vc deverá ser forte e respeitar o direito de escolha dela, afinal, você teve a sua chance.

- Obrigada por mais uma vez me ouvir. – Heloísa agradeceu e ela sorriu.

- Estarei torcendo para que tudo se resolva. – Keyla sorriu de volta e levantou ajeitando sua roupa, logo em seguida deixou a sala da promotora.

Pensativa, Heloísa recolheu a papelada que estava em sua mesa colocando-as de qualquer forma dentro da pasta, que em seguida guardou na gaveta de sua mesa. Tudo arrumado, pegou a orquídea que estava em outra mesa e saiu da sua sala informando a Érika que estava indo embora e não voltava mais hoje.

Assim que entrou em seu carro, acelerou em direção à faculdade. Seu nervosismo estava em um nível assustador, mas precisavam dessa conversa, desse momento só delas, para o bem ou para o mal tinham que acertar suas divergências.

Minutos depois estacionou o carro e desceu logo em seguida, alguns alunos já estavam saindo, com o arranjo em suas mãos ficou encostada no carro esperando. Não demorou muito Heloísa a viu vindo. Estava linda de Tênis, calça jeans clara e camiseta preta. Ficaram se encarando completamente paralisadas, sua respiração ficou irregular, suas mãos tremiam. Abriu a boca para falar mas foi interrompida por uma voz atrás dela.

- Samantha?

Heloísa virou seu corpo em direção a voz nem tão desconhecida e seu rosto se contorceu em desgosto e ira.

- Débora.

Pôde ouvir enquanto Samantha passava por ela tranquilamente em direção a professora. Heloísa ficou parada vendo Samantha entrar no carro e ir embora com Débora. Ainda ficou alguns minutos parada na frente da faculdade. Ela não conseguia acreditar que estava perdendo a batalha, não conseguia aceitar que Samantha não a  amava mais.

Respirou fundo antes de praticamente se arrastar de volta até o carro, seu corpo tremia devido à raiva acumulada, porque desde que tudo aconteceu era só esse sentimento que vinha sentindo, nem ao menos conseguia ter um diálogo decente com a pianista.

Foi segurando o choro por todo caminho. Estacionou, desligou e saiu do carro. Pegou o elevador e ficou olhando o arranjo em sua mão. Entrou e não viu sua mãe, subiu a sua procura. Marta estava em seu quarto assistindo televisão. Deitou na cama apoiando a cabeça nas pernas de Martae começou a chorar.

- O que foi minha filha? – perguntou Marta assustada.

- Estou sendo castigada pelo enorme erro que cometi. – Entre lágrimas e soluços Heloísa contou o que aconteceu quando foi buscar Samantha na faculdade. - Agora ela está lá com essa tal de Débora. – Sua mente sadomasoquista estava trabalhando frenéticamente em possíveis cenas obscenas que as duas deviam estar protagonizando enquanto ela estava jogada ali chorando. – Já pedi perdão, já implorei... mas nada adianta. Já tentei de tudo.  Será que não mereço uma segunda chance? Estou consciente da merda que fiz, aprendi a lição, será que não mereço a chance de tentar me redimir com a mulher que eu amo? Estou me sentindo um lixo, olha para mim, mãe. – levantou do colo de Marta e ficou de frente para ela. - A Senhora acha que estou feia? Acha que não sou mais atraente?

- Que bobagem é essa que você está falando minha filha? – Falou afagando seus cabelos.

- Então o que essa professora tem que eu não tenho? Estou me sentindo tão carente, feia, sem graça, pra baixo.

- Calma Lica. Você vai ver que vai dar tudo certo... só depende de você melhorar. Na hora que se sentir melhor, naturalmente você vai se sentir mais atraente.

- Se ela soubesse dos sacrifícios que sou capaz de fazer pra não perdê-la.

- Você precisa pensar em você, na sua vida. Não pode se agarrar a esse relacionmento como se fosse a única coisa da sua vida porque não é. A sua vida independe de Samantha, desse relacionamento. Não deu certo, paciência! Então tem que partir para outra, cuidar da sua vida.

- Você está certa mãe. Não quero ficar dando uma de coitadinha, tenho horror que as pessoas sintam pena de mim.

Heloísa sabia que precisava deixar Samantha ir, mas deixá-la partir... Nunca mais vê-la a deixava com medo, não conseguia se imaginar sem ela.

 


Notas Finais




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