História Memórias de uma vida - Visitas

Como eu havia dito para Stuart, naquela manhã sai cedo para comprar tudo o que precisava, como leite, pão, cereal do Dino, e mais uns utensílios. Ao chegar a casa, Pietra estava acordada enrolada no edredom, deitada no sofá assistindo desenho.

- QUERIDA CHEGUEI! – Disse ao entrar em casa, imitando o Fred Flinstones.

- Bom dia Pai. – Ela ficou de joelhos no sofá e com as mãos sobre o encosto.

- Então dormiu bem? - Fui até ela e dei um beijo na testa.

- Sim, sonhei com o Macaco Louco, querendo invadir a cidade de Townsville. – Ela riu.

- Mas de novo? E cadê as Meninas Super Poderosas?

- Estavam brincando comigo Papai. – Ela continuava rindo.

- Ah sendo assim tudo bem. – Sorri e fui até a cozinha arrumar o café da manhã. – Quer cereal?

- Quero! – Ela deu um pulo indo se sentar no balcão.

- Ok. – Peguei uma tigela, coloquei o cereal, leite e uma colher e entreguei a ela. – Filha?

- Hum? – Perguntou de boca cheia.

- O que sua mãe fez ontem depois que te buscou? – Ela me olhou e encarou a tigela em seguida.

- Mamãe me pegou na casa do tio Stu, e eu não queria por que eu e o Nick a gente tinha feito um castelo gigante de cobertores no quarto aí ela apareceu e brigou comigo e me levou pra casa.

- E depois, o que aconteceu?

- A mamãe me deixou no meu quarto, então quando eu vi que era hora da leitura eu ia chamar ela para ler pra mim já que você não estava mais lá. – Senti um nó na garganta. – Mamãe estava na sala bebendo com um amigo, e quando me viu brigou comigo e me olhou diferente papai. – Ela começou a chorar, e eu dei a volta no balcão indo para o seu lado. – Então, eu comecei a chorar e queria ligar para você pai, mas ela brigou comigo ainda mais e me bateu. – Nessa hora meu sangue já estava fervendo. –Daí quando eu ia para meu quarto deitar, ela me pegou no colo e me colocou no carro e me deixou aqui. – Ela já chorava abraçada no meu pescoço.

- Calma filha, já passou. – Afagava sua cabeça enquanto tentava me acalmar junto.

- Papai, não quero ficar com a Mamãe.

- Você não precisa filha, pode ficar comigo. Se quiser para sempre. – Ela me abraçou forte e respirou fundo. – Agora limpa essas lágrimas e come o cereal, por que hoje teremos um dia bem legal.

- Eu não vou para a escola papai?

- Hoje não, depois eu falo com a Tia da escola, ok?

- Sim.

Aquela história da Liz bater na Pietra e ainda por cima estar com um cara em menos de 24h da minha saída me deixou completamente irritado, comecei a perceber que não conhecia mais a mulher com que era casado. Naquele dia eu e minha pequena brincamos de casinha e depois fomos comprar os móveis do seu quarto, Pietra era agitada quando se tratava de mobiliar um quarto, acho que ela associava com as brincadeiras de bonecas dela. Mas como nem tudo são flores ocorreu um tumulto em volta de nós, pessoas querendo autógrafos e fotos, tanto comigo como com a minha filha. Logo que chegamos em casa, Pietra ria da minha expressão de apavorado.

- Papai, você, escorregou em uma possa no shopping – Falou gargalhando.

- E você não me avisou sua boba. –Mostrei a língua e tirando a blusa molhada.

- Ah, mas foi tão engraçado. – Gargalhando.

- Para de rir menina! – Falei indo até meu quarto pegar uma blusa, ouvindo a risada de Pietra se calar aos poucos, estranhei. Quando voltei eu estava em choque. – Liz?

- Ed. – Ela olhou para a Pit. – Oi amor. – Tentou beijar e abraça-la, mas a menina correu, se escondendo atrás de mim.

- O que você quer aqui? – Perguntei demonstrando um pouco de raiva.

- Eu vim buscar minha filha.

- Mas como vai fazer isso, se nem ela quer mais ficar com você?

- Eu.. eu sei que eu errei. Desculpa Ed.

- Não é pra mim que você tem que pedir desculpas, e sim para ela. – Apontei para Pietra e correu para a cama.

- Eu, vou lá falar com ela. – Eu assenti e ela foi em direção ao meu quarto.

Liguei a Tv, e comecei a fazer um lanche para Pietra, ignorando o fato de Liz estar em casa, não queria que houvesse brigas entre elas e estava disposto a deixar a minha filha decidir se perdoava ou não. Enquanto eu ouvia alguns murmúrios do quarto, a campainha tocou abri a porta sem conferir no olho mágico.

- Oi meu querido.

- MÃE! – Abracei aquela senhora de cabelos tão ruivos quanto os meus.

- Eu também estou aqui sabia! – Disse um senhor meio calvo e um pouco gordo atrás da minha mãe.

- PAI! – Desfiz o abraço da minha mãe e abracei meu pai. – Entrem. – Soltei meu Pai e abri passagem para os dois.

- Nossa esse lugar não muda. – Soltou minha mãe.

- Esteve fechado por sete anos né mãe, é claro que não iria mudar.

- Então? – Meu pai começou a falar indo se sentar no sofá. – Como esta a minha neta?

- Bem.

- E onde ela esta? – Perguntou minha mãe.

- No quarto com a Liz. – Eles se entre olharam.

- O que a Liz faz aqui? Vocês ainda estão juntos? – John perguntou sendo direto.

- Não mais. Aconteceu um evento infeliz ontem, e a Pietra esta braba com a Liz, então estou deixando as duas se entender.

- Isso é bom meu filho. – Sorriu minha mãe.

- VOVÓ! VOVÔ! – Pietra veio correndo até os dois, os abraçando e beijando. – Sabia que era vocês, reconheci a voz.

- O meu amor, como esta? Tem se comportado? – Minha mãe perguntou abraçando a pequena.

- Tem comido? Esta tão magrinha. – Foi à vez do meu Pai.

- Calma gente, assim vocês vão fazer a menina enlouquecer, quanta pergunta. – Após isso, Liz apareceu na sala, comprimento em silêncio meus pais e me olhou apontando para a porta. Saímos do meu apartamento e ficamos no corredor. – O que foi?

- Ela esta braba comigo.

- É meio óbvio.

- Para Ed. – Ela abaixou a cabeça e colocou uma mexa atrás da orelha. – Eu acho melhor ela ficar aqui um tempo.

- Sim, ficarei feliz com isso.

- E, eu vou viajar ficarei um mês fora.

- Trabalho?  

- Sim, então vou trazer as coisas dela essa semana, tudo bem?

- Sim.

- Então tá, eu não vou entrar por que não quero que Imogen e John me encarem de novo.

-Tudo bem. Tchau Liz.

- Tchau Ed. – Ela se virou e eu entrei no apartamento.

Minha mãe  e meu pai brincavam com a Pietra enquanto eu estava arrumando o quarto para eles dormirem, já que era o único que tinha cama de casal, o outro era de solteiro de criança. Quando eu estava terminando, minha mãe parou na porta.

- Como você esta?

- Hã? – Virei para ela. – Bem, eu acho.

- Filho. – Ela entrou e sentou na cama. – Senta aqui.

- O que foi? – Sentei do lado dela.

- Como você tem superado tudo isso?

- Bem até, achei que eu iria ficar chorando pelos cantos durante um tempo, mas pelo contrário, tenho pensado muito no futuro ao lado da minha filha.

- Filho, você é um ótimo Pai, mas esta se esquecendo de você.

- Como pensar em mim e ser um Pai em tempo integral?

- É por isso que estamos aqui, não queremos que você se esqueça de nossa neta, não é isso e sim que você aproveite sua juventude.

- Não sei mãe, eu não quero deixar a Pietra sozinha.

- Então façamos assim, hoje você vai sair e eu e seu Pai ficamos com a Pietra.

- Mas Mãe, não é justo vocês são visitas.

- Calado, somos seus Pais e sabemos o que é melhor para você, agora anda, vai tomar um banho e se arrumar bem bonito e também Stuart me ligou dizendo que você tem um evento hoje.

- Não acredito, ele nem me falou e falou para você.

- Claro, sou sua mãe.

- Nossa e isso é resposta para tudo no universo?

- Sim, a propósito. – Ela colocou a mão no bolso e pegou minha mão. – Isso é para você. – Me entregou uma pulseira que ela havia feito onde havia patas de gatinhos e um x e um sinal de +. – Para você jamais esquecer de mim, de onde veio e dos primeiros sucessos.

- Ah mãe, obrigado. – Me abracei nela e cai na cama levando ela junto. – Te amo.

- Também Filho, agora vai.

- Ok - Me levantei e beijei seu rosto indo logo em seguida tomar um banho para o tal evento.