História Memories - Joyrene - Resgantando as memórias

O som da TV ligada tomava o silêncio daquele apartamento. Somente eu estava na sala assistindo à um dorama que passava toda tarde. Eu amava a maneira como eram trabalhadas as cenas, principalmente as de comédia, as de romance não surtiam mais efeito sobre mim fazia um bom tempo, isso explicava o fato de não estar prestando atenção nesse momento no programa. Decidi desligar o aparelho e ir atrás das demais meninas. Todas deviam estar em seus quartos, então, nem perdi tempo em procurar nos outros cômodos.

Abri devagar a porta do meu quarto no qual eu dividia com Yeri. A mesma dormia em sua cama do outro lado do cômodo. Tinha de admitir, Yeri se tornava um anjo dormindo agarrada ao seu travesseiro, mas acordava com energia de sobra para a alegria desse lugar.

"E pensar que eu já estive em seu lugar de maknae. O tempo passa, não é mesmo, Joy?"

Fechei a porta com o devido cuidado para não acordá-la e segui em frente para o quarto de Wendy e Seulgi.

Abri a porta com o mesmo cuidado de antes e me assustei ao presenciar a cena.

Seulgi tinha sobre si Wendy, que a beijava ferozmente tomando as mãos de sua namorada nas suas, a prendendo para que não pudesse sair. Wendy só tinha o sutiã na parte de superior do seu corpo, sua blusa estava jogada mais ao canto do cômodo. As carícias desciam pelo pescoço de Seulgi que, num piscar de olhos, tomou todo o controle da situação.

-Calma lá, querida. Esqueceu que quem manda aqui sou eu?

-E se eu tiver esquecido?-Wendy encarou a garota acima com um sorriso travesso em seus lábios.

-Ai eu farei questão de lembrá-la.

Seulgi ia finalmente beijá-la quando Wendy notou minha presença na brecha da porta.

-Joy?!-Disseram unânimes.

Seulgi pegou um dos travesseiros, um tanto que sem graça, e lançou até a porta fazendo com que eu recuasse e fechasse a mesma.

Eu tinha de admitir, aquilo foi extremamente excitante. Me lembrava dos momentos onde Irene fazia meu corpo pegar fogo com o seu corpo colado ao meu...

"Park Sooyoung! Pare! É passado!"

Levei minhas mãos à cobrirem minha face afim de voltar a me concentrar em qualquer coisa que não fosse Irene.

-Aliás, cadê ela?-Perguntei para mim mesma. Dei de ombros.-Não importa.-Levantei a cabeça indo em direção a cozinha.

Fiz uma rápida salada de frutas para me satisfazer.

O mar estava calmo naquele final de semana, e por incrível que pareça, mal haviam pessoas na areia. Uma vista como essa de um apartamento era como ter um ganhado um prêmio, uma sensação incrível. Tanto que decidi ir até lá, já que o movimento era favorável à um passeio. Caso contrário, eu deveria ir acompanhada de um manager ou um segurança, tudo o que eu menos queria.

Troquei rapidamente minhas vestes por um vestido branco, com detalhes simples, meu preferido.

A leve brisa levantava poucos fios do meu cabelo negro, o que já era de se esperar de um dia como aquele. Fechei os olhos afim de aproveitar tudo aquilo.

Caminhando devagar pela areia, eu observava o pouco movimento. Famílias fazendo o tradicional piquenique, namorados passeando de mãos dadas, crianças brincando na água próximas da areia. Deixei um sorriso escapar dos meus lábios deixando às memórias de quando era menor fluírem. Um tempo onde o único problema a se lidar era com o resfriado que te impedia de brincar.

Sentei sobre a areia observando o horizonte à minha frente.

-A vista é muito melhor aqui do que lá no apartamento. Não é mesmo, Joy?

Meu coração simplesmente acelerou ao ouvir aquela voz tão familiar.

Olhei para cima encontrando o olhar de Joohyun acompanhado de um leve sorriso.

-Posso lhe fazer companhia?

-Claro.-Disse por fim dando espaço para a mesma.-Sim a vista é realmente bela aqui.-Voltei a encarar o horizonte.

-Sim.-Irene fez o mesmo.

-O que faz aqui?-Perguntei por fim voltando a encarar aquelas feições.

-Talvez pelo mesmo motivo que você.-Irene às vezes conseguia ser séria sem querer ser, mas eu sabia que não era sempre assim. Era apenas uma máscara para que pudesse esconder a pessoa brincalhona que era.-Aquela casa está um tédio.

-Ah eu não diria isso se eu fosse Wendy.

-Seulgi e Wendy estão...?

-Exato.

Ambas rimos. Aquilo havia causado uma sensação estranha em meu peito.

-Essas duas...-Bae balançara a cabeça ainda com um sorriso em seus lábios.

Um breve silêncio se estabeleceu entre nós. Ao mesmo tempo que era desconfortante trazia uma sensação de alívio. Eu não queria falar besteira perto da mesma, tinha de mostrar que eu havia amadurecido.

-Lembra de quando nós vínhamos para cá afim de tomar um sorvete e eu sempre tinha de limpar a sua bochecha porque você se lambuzava toda?

Fiquei em silêncio por um tempo absorvendo as palavras que eu acabara de ouvir.

-Lembro.-Sorri torto ainda mantendo os olhos no mar.

-Você era tão boba.

-Eu era.-Respondi friamente. Irene parecia querer me testar já que o seu senso de humor havia aumentado e ela riu.

-Eu sinto saudades daquela época.-Disse desenhando algo com os dedos na areia.

Fui pega totalmente de surpresa com o que a mesma dissera. Aquele sentimento parecia ter dado as caras novamente. Um sentimento que eu lutei tanto para enterrar e uma pessoa simplesmente cutuca e desenterra todo o meu trabalho.

-E-Eu...

-Você tornava minha vida um desafio e ao mesmo tempo uma alegria, como o seu próprio nome já diz, Joy.

-Você quem quis acabar com tudo Irene!-Não aguentei e coloquei para fora as palavras que jamais pensei em dizer para a mesma. As lágrimas já escorriam pela minha face.-Você parece ter brincado com os meus sentimentos já que eu ainda era relativamente uma criança para você.

Aquele silêncio reapareceu entre nós. Eu já não me importava com nada mais. Se Irene se levantasse e fosse embora o problema era dela.

Senti seus dedos tocarem minhas bochechas limpando as lágrimas que ali passavam. Um gesto que reconheci facilmente, o mesmo que ela sempre usara quando eu chegava à pontos como esse em diversas conversas sobre diversos assuntos que emgoblavam um problema específico: Nós.

-Você se afastou, Joohyun. Por quê? Eu ainda me pergunto isso todos os dias.-Encarei finalmente aqueles olhos que demonstravam pena mas que no fundo, sabiam da dor que eu estava sentindo.

-Porque eu não queria que descobrissem nós duas. Você ainda era muito jovem e como estava prestes a fazer um papel importantíssimo com um verdadeiro cara, nossa relação poderia te atrapalhar.

-Eu sou uma profissional, Bae.-Esfreguei os olhos com as costas de minhas mãos, o que com certeza fazia com que as maçãs do meu rosto ficassem de um tom avermelhado.

-Mas tem sentimentos, Dongsaeng. Eu queria o seu melhor.

Abri a boca para mais uma vez bancar a durona, mas algo em mim havia me impedido de continuar. O meu verdadeiro eu não queria magoar quem sempre esteve querendo o melhor para mim. Simplesmente abaixei a cabeça e me pus a ouvir o que ela também tinha a dizer.

-Você sabe que tinha de amadurecer. Agora ambas cuidamos de Yeri, ela pode não ser mais uma criança mas você sabe o como é lidar com a carreira tão cedo.

-Sim.-Murmurei.

Joohyun levou seus dedos ao meu queixo afim de levantar meu rosto para que nossos olhares pudessem se encontrar. Obedeci.

-Saiba que estou muito feliz em ver o quanto você amadureceu. Mesmo que eu ainda sinta falta daquela garota que me tirava do sério e me fazia rir com as suas brincadeiras, mesmo que eu ainda sinta falta de ver aquela carinha inchada acordando ao meu lado quando ainda dividiamos o quarto, e muitas vezes a mesma cama.-Irene disse afagando levemente meu rosto com uma das mãos. Eu sentia tanta falta de receber essa antenção.-Eu ainda te amo, Sooyoung.

-Eu ainda não consigo acredit...

Em um piscar de olhos fui surpreendida. Seus lábios foram de encontro aos meus. Eu havia me esquecido de como eram macios e desejáveis. Era um beijo calmo. Fechei os olhos ao correspondê-lo, afim de querer aproveitar cada segundo dessa sensação.

Com o estalar dos nossos lábios, nossas faces se distanciaram devagar enquanto nossos olhares se mantinham presos um ao outro. Irene voltou a ficar ereta levando suas mãos a segurarem a minha.

-Agora pode acreditar que eu ainda te amo?

Voltei minha atenção para suas mãos, deixando que meus dedos pudessem se entrelaçar aos dela.

-Acredito. Mas eu sei que você ainda vai se distanciar, Irene. Isso machuca.-Comentei.

-Infelizmente. Pois você sabe que não temos muita privacidade para viver perigosamente como as duas lá. Sempre estamos lotadas de trabalho e nos dedicando ao máximo para passar a imagem que a mídia quer.

-Sim...

-Mas sempre que eu puder, estarei dedicando o meu tempo à você okay?

-Uhum...

-Ai meu Deus, por favor não chore mais.-Implorou Irene inclinando o seu corpo para ver se eu realmente iria chorar.

-É que... Eu sentia tanta falta desses momentos sabe?-Minha voz estava falhando enquanto eu lutava para não deixar que os sentimentos pudessem transbordar, novamente, em forma de lágrimas.

-Eu também, querida. Mas vamos falar de coisas boas agora.-Irene se ajeitou para que pudesse deitar sua cabeça em meu colo.

-Lembra de quando nós vínhamos para cá em uma pequena fuga dos seguranças? Simplesmente porque queríamos paz.

-Verdade.-Ri, levando minha mão vaga a afagar devagar os cabelos castanhos de Irene.-E numa delas eu fui em direção ao mar e acabei que quase me afogando.

-Ai, isso é ruim, Joy.-Joohyun disse fazendo um bico que me fez rir. Ela tinha cara e jeito de reservada que podia fazer qualquer um que não a conhecesse ficar com receio de ir até a mesma, mas a verdade era que ela podia ser muito dócil se você soubesse tratá-la da maneira que ela gosta.

-Nah, foi engraçado o jeito como você se preocupou.

-Aigoo, chata. Eu me preocupei mesmo. Imagina acontecer algo com você? Além de eu ser a líder, eu ficaria com muita culpa em saber que alguém sobre meus cuidados havia passado por um momento desses.-Cruzou os braços de modo que nossos dedos não precisassem se separar.

-Não se esqueça que a ideia de fugir foi sua.-Ri.

-Verdade. Tive meu momento preciso de rebeldia.-Riu balançando a cabeça.

-Eu também te amo, Unnie.-Disse por fim.

O sol estava se pondo no horizonte entre o céu e o mar. As luzes da cidade atrás de nós já começavam a fazer um reflexo encantador nas águas.

Irene e eu jogávamos conversa fora, dando risadas das nossas brincadeiras de antigamente e abordando assuntos sérios vez ou outra.

A leve brisa que passava por aquele lugar, sua cabeça em meu colo. Era como se a vida pudesse realmente ter um sentido agora, como nas memórias que resisto em guardar.