História Memories - Surpresa de Natal -

~ Memories

|Surpresa de Natal|

A estrada passava rapidamente conforme a câmera filmava a rua coberta de neve. Graças ao trânsito, Kotaro iria chegar atrasado para o jantar. Mais e mais neve cai durante o percurso até a casa. Enquanto estava no trânsito, o toque do celular de Kotaro ecoa. 

- Alo? - Ele pergunta assim que a chamada é colocada no viva voz. 

- Oi querido. Tudo bem? - A voz de Keiji sai do aparelho. 

- Tudo sim amor, como estão as coisas aí?  

- Tudo certo... E por aí, como está? Ainda no treino? - Ele pergunta com um tom de voz deprimido. 

- Não, estou indo pro hotel agora. Feliz natal, Keiji. 

- Feliz natal, querido. Amo você. 

- Também amo muito você. Posso falar com a Yuki?  

- Claro. Espera aí. - A chamada fica em silêncio por alguns segundos. - Papa!  

- Oi minha corujinha. Como você está? Feliz natal. 

- Feliz natal, papa! Eu to bem. Você não vem pro Natal? - Ao fundo, a voz de Keiji dizendo “ele está trabalhando” ecoa. - Ah. Entendi. Amo você papa! 

- Também amo você. Posso falar com o papai? - A garota devolve o celular para o pai. 

- Oi? 

- Desculpe, eu não poder estar aí. - O carro para a frente da casa. Kotaro vira a câmera para o interior do carro e olha para dentro da casa pela janela que estava com as cortinas abertas. Keiji estava à frente da lareira, de pé, enquanto olhava para o fogo. Um pequeno sorriso resignado em seus lábios. 

- Tudo bem amor. Eu entendo. Você vem para o ano novo, não vem? - Ele anda em direção a cozinha, saindo da vista do marido. 

- Acho que vou chegar um pouquinho mais cedo. 

- Mesmo? Que bom. Yuki vai ficar feliz. 

- E você? Não está feliz?  

- Isso vai depender do presente de Natal que você vai me dar. - Ele diz sério. 

- Ah, você vai gostar dele, tenho certeza. - Ele responde com um tom malicioso, fazendo a risada de Keiji ecoar. 

- Ta certo. Feliz natal.  

- Feliz natal, amor. - A chamada é encerrada. 

 Kotaro coloca o casaco para se proteger do frio que fazia do lado de fora do carro e respira fundo, pegando o buquê de rosas amarelas do banco do passageiro. Ele olha para a câmera e sorri. 

- Eu espero de verdade que você goste da surpresa... 

O grisalho pega a câmera do suporte e abre a porta do carro já com a chave da casa em mãos. Anda rapidamente para a casa, se protegendo da neve que não parava de cair. O mais silencioso possível, levando em conta que carregava a câmera em uma mão e o buquê com as chaves em outra. Ele coloca a chave na fechadura e destranca a porta, colando o ouvido na madeira antes de abri-la. 

- O papa vai chegar mais cedo no ano novo. - A voz de Keiji estava abafada. 

- A gente pode fazer um bolo surpresa pro papa? - A garotinha fala alto. 

- Claro, amor. Que bolo você acha que ele vai gostar.  

- Chocolate! 

Kotaro abre a porta lentamente, sem soltar um ruído sequer. Kotaro tem que se lembrar de agradecer Kuroo por lembrá-lo de passar óleo nas dobradiças. A passos lentos, a câmera se aproximava da cozinha. 

- Acha que o papa vai gostar de chocolate? 

- Na verdade, eu prefiro de baunilha. Mas se tiver de chocolate eu quero. - Ele diz atraindo a atenção da dupla que estava na cozinha 

- PAPA! - A garota desce do banco em que estava e corre em direção a Kotaro, que se abaixa. 

- Minha filhota! Feliz natal! 

- Você veio! Você veio!  

- É claro que eu vim. Senti muita saudade de vocês e consegui fugir do meu treinador. - Ele fala levantando-se com a garota no colo.  

A imagem da câmera estava, para se dizer no mínimo, torta. Quase de cabeça para baixo se encaixa melhor. Keiji ainda não havia se movido, permanecendo estático no meio da cozinha.  

- Hum... querida, por que não vai lá na sala brincar? Logo o papa vai lá com você. Trouxe um presente pra você. 

- Eba! - Ela grita feliz, descendo do colo do pai e indo para a sala. - Não demora, papa.  

A câmera é deixada sobre a bancada de mármore branco, pegando a cozinha inteira. Kotaro deixa o casaco ao lado da câmera, sentindo o alívio pela falta do peso e pelo clima quentinho e aconchegante. A chave também esquecida sobre o mármore. 

- Keiji? Feli... - Ele é interrompido. 

O moreno nem espera o marido terminar de falar, se jogando sobre o grisalho em um abraço apertado. Kotaro o abraça de volta, passando os braços, ainda segurando o buquê, pela cintura do menor e o girando pela cozinha. 

- Você veio! Eu nem acredito. - Eles se afastam do abraço. - Você está aqui. - Ele acaricia o rosto de Kotaro. 

- Claro que eu vim. Amo vocês demais para passar o Natal longe. - Ele inclina o rosto para a mão de Keiji, aproveitando do carinho. - Gostou da surpresa? 

- Claro que sim. - O sorriso de Keiji fazia o coração acelerar. O grisalho sentia que o órgão estava prestes a sair do seu peito. 

- Comprei pra você. - Ele estende o buquê para Keiji, que o pega delicadamente, como se tivesse medo de que as flores fossem se despedaçar. 

- Kotaro... são lindas. Eu amei... Obrigado. 

- Que bom que gostou. Senti sua falta. 

- Também senti sua falta. - O buquê é deixado sobre a mesa da copa gentilmente. 

Keiji apoia os braços nos ombros de Kotaro, empurrando-o lentamente, até que o mais velho se apoie no mármore da pia. O moreno se inclina sobre o corpo do marido, iniciando um beijo lento, quase inocente. As mãos de Kotaro passam pela cintura de Keiji, o abraçando fortemente, como se estivesse com medo de que o menor fosse fugir. 

- Eu amo você. - Kotaro diz ao se afastar do beijo, levando uma das mãos para o rosto de Keiji, usando o polegar para passar sobre o lábio inferior de Keiji. 

- Também amo você. 

- Papa, você vai viajar de novo? - A garota pergunta, já deitada na cama. Cambaleando de sono. 

- Não, minha corujinha. O papai vai ficar em casa atééé o ano que vem. - Ele fala enquanto acariciava o cabelo, tão parecido com o seu, da garota. 

- Então promete de dedinho. - Ela levanta mindinho direito, que logo é cruzado pelo dedo do pai. 

- De dedinho. Agora diz boa noite pro papai. - Ele aponta para a câmera. 

- Papa, é uma câmera. Você sempre está com a câmera. - Ela fala rindo levemente, com os olhos lutando para ficarem abertos. 

- É, mas um dia, o papai vai assistir ela. Quando ele for beeem velhinho, ele vai ver o vídeo e vai lembrar de como o nosso Natal foi especial. 

- Hum. Entendi. Boa noite papai. - Ela fala para a câmera. - Boa noite, papa. 

- Boa noite, minha corujinha. - Kotaro dá um beijo demorado na testa da garota, que logo pega no sono. 

Kotaro sai do quarto em silêncio, descendo as escadas e encontrando o marido de pé na cozinha, abrindo uma garrafa de vinho e preparando alguns petiscos para si e para o marido. Kotaro deixa a câmera sobre a bancada novamente, observando como os movimentos de Keiji eram precisos e leves. De repente, uma música começa a tocar. “Can’t Help Falling In Love – Elvis Presley.”. O moreno olha para trás surpreso pela música repentina. 

- O que é isso? - Ele pergunta enquanto o marido se aproxima lentamente de si. 

- Dança comigo? - Ele pergunta. 

Keiji apenas solta uma risada, se afastando levemente da bancada. Sua mão é segurada pela de Kotaro, que o faz dar um pequeno giro, logo em seguida unindo seus corpos, dando pequenos passos, um para cada lado. Keiji sorria e de vez em quando dava pequenas risadas, nunca deixando de se surpreender com o marido.  

Kotaro sai do abraço e abre os braços, fazendo com que o moreno o imite, logo voltando para próximos um do outro, com Keiji girando outra vez. Kotaro começa a andar pela cozinha, guiando o marido que não tinha outras reações além de sorrir e se deixar guiar.  

O grisalho segura fortemente a cintura de Keiji e inclina o moreno, que vai para trás, fazendo com que risadas ecoem pela cozinha. Ao voltar para a posição em que estavam antes, Kotaro coloca ambas as mãos do moreno em seu ombro, segurando a cintura do marido, aproximando ainda mais seus corpos. 

Keiji se aconchega no peito do mais velho, apoiando a cabeça em seu ombro. Kotaro apoia seu rosto no topo da cabeça do marido, deixando um beijo nela. Eles ficam apenas assim. Abraçados, se balançando lentamente de um lado para o outro na cozinha, ao som de Elvis Presley, até a música acabar. 

Assim que a música acaba, eles se afastam levemente, se encarando apaixonados. 

- Feliz natal. - O grisalho diz sorrindo. 

- Feliz natal. 

Kotaro tira uma das mãos da cintura de Keiji, segurando o rosto do moreno e o beijando. 

O fogo da lareira deixava o ambiente com uma iluminação calma e aconchegante. Era assim que Kotaro se sentia. Calmo e aconchegado sob o peso do corpo do marido, que fazia círculos com as pontas dos dedos sobre o peito do mais velho. O vinho esquecido na mesa de centro, assim como os petiscos. 

- Keiji... 

- Oi?  

- Se você pudesse fazer alguma coisa diferente, em qualquer momento da sua vida, o que você teria feito? - Ele pergunta fazendo carinho nas costas do moreno. 

- Não sei, amor. Eu não tenho muito do que reclamar, sendo sincero. - O grisalho solta apenas um resmungo. - E você? - Um curto silêncio se instala. 

- Acho que algumas coisas. Acho que eu teria tido a Yuki mais cedo. - Keiji solta uma pequena risada anasalada. - E eu teria te beijado mais cedo, também. 

- Teria? - Keiji pergunta se apoiando no cotovelo, encarando o marido. 

- Sim. Você sempre foi o “meu Akaashi”. Eu não falava isso, mas eu pensava. Eu não suportava ver outras pessoas dando em cima de você, daí eu ficava falando pra mim mesmo na frente do espelho que no dia seguinte ia te chamar pra sair. Eu nunca chamei. 

- E mesmo assim estamos aqui, não estamos? - O moreno diz fazendo carinho no cabelo do marido, que normalmente está sempre no costumeiro “topete coruja”, mas agora está para baixo e macio. - Não adianta ficar pensando no que já passou. Eu estou com você agora, e é isso que importa. - Keiji passa uma das pernas pela cintura do mais velho, sentando-se em seu colo. - E eu quero o meu presente. 

Kotaro solta uma risada, olhando diretamente para a câmera na mesa ao lado do sofá, levando sua mão diretamente para a lente. 

Preto.