História Memory;;Kim Tae-Hyung - X o barista x

Jennie abraçou seu coelho de pelúcia qua havia ganhado de seu pai quando era criança, seus olhos estavam fixos em cada movimento calculado que seu irmão mais velho, Hoseok, estava fazendo.

- Você não pode correr atrás daquele cara, entendeu?

A garota estava ciente das acusações que seu irmão estava fazendo mentalmente e, mesmo assim, tinha determinação suficiente para continuar.

- Ele não é um maluco completo, Hobi - ela murmurou, fazendo beicinho - Nós tivemos uma conversa hoje.. foram só alguns minutos, mas eu senti que ele é uma pessoa normal.

- Qualquer um pode ser uma pessoa normal, menos ele - Hoseok estava começando a ficar vermelho de raiva.

- O que tem ele?

- Já reparou que ele não sorri, fala pouco e age como se vivesse em outro planeta aleatório?

Jennie deu de ombros. Aquilo não tinha importância diante de seu interesse repentino pelo garoto novo caladão.

- Ele não é esse monstro que vocês pensam - ela se levantou, saindo de sua própria cama - E eu vou provar.

***

Lalisa estava sentada em um dos bancos do parque que ficava a alguns quarteirões da escola em que seu noivo estudava. De vez em quando ela se pegava imaginando o porquê de seus pais insistirem tanto naquele casamento, quando haviam pretendentes melhores e mais afortunados por aí.

Ela não tinha sentimentos por Jungkook, mas assim como ele, a garota também precisava forjar encontros românticos e afins somente para agradar às famílias de ambos.

- Pronta para mais uma sessão de tortura? - Jungkook se aproximou de onde ela estava, trazendo um buquê de flores consigo.

Lalisa revirou os olhos. Aquelas sessões de tortura tinham um lado bom pelo menos, afinal de contas, era melhor se distrair com um noivo arranjado do que passar seu tempo livre em casa, tendo que ouvir seus pais fazerem planos para seu matrimônio contratual.

- Onde vamos desta vez? - ela perguntou, ajeitando a alça da bolsa que estava carregando em seu ombro.

Jungkook deu de ombros, sem se dar ao trabalho de olhar para os lados, pois tinha certeza total de que um dos funcionários de seus pais estava fotografando tudo para mostrar às famílias do "casal" que eles estavam se encontrando regularmente.

- Tem uma cafeteria aqui perto - o garoto sorriu amigavelmente - Um amigo meu adora aquele lugar, e eu pensei que seria bom atuar lá.

- Interessante - a loira sorriu - Aposto que isto vai render boas fotos para os nossos pais.

O garoto assentiu, concordando com ela de uma maneira divertida.

Os pais de Jungkook obrigariam o filho a se casar com qualquer garota que herdasse uma boa fortuna, independente se esta era brasileira, coreana, japonesa, russa... a única felicidade que a família do rapaz via, era a do "estômago" da conta bancária deles.

Do outro lado, encontrava-se a família de Lalisa que, depois que uma revista havia espalhado boatos de que a jovem mantinha um relacionamento amoroso com uma mulher, decidiu que a jovem deveria se casar o mais rápido possível, de preferência, com um homem.

- Mamãe arrumou vários catálogos de vestidos de noiva - a moça começou a falar, assim que chegaram na cafeteria e se sentaram em uma das mesas - Ela acha que eu realmente estou interessada nessa união.

Jungkook revirou os olhos para a noiva.

- Meus pais tiveram a ideia brilhante de contratar um fotógrafo para nos seguir... - ele comentou tristemente - Ainda não entendo de onde tiraram essa ideia bizarra.

Ambos tinham famílias problemáticas, mas o que muitos viam como algo em comum para que acabassem gostando um do outro era, na verdade, um verdadeiro empecilho.

- O que vão querer?

Lalisa ergueu os olhos para o rapaz que os atendia. Ele era realmente bonito, mesmo que tivesse aquela expressão vazia em seu belo rosto.

- Vou querer um cupcake - ela sorriu para o atendente - O que vai querer, Jungkook?

O noivo da moça parecia surpreso ao encontrar Taehyung trabalhando ali. Se ele era um monstro, como todos diziam, de onde havia conseguido habilidades para trabalhar em um local como aquele?

- Vou querer o mesmo - o cliente murmurou, quase sem voz.

Taehyung anotou o pedido e caminhou para o balcão de atendimento da cafeteria, pronto para pegar o pedido do casal e seguir seu protocolo de trabalho.

- Ele é um gato! - Lisa avaliou o novo empregado da coffee shop com um sorriso estampado no rosto.

Jungkook deu de ombros, como se aquilo não lhe interessasse de fato.

- Ele é um aluno novo da minha sala - comentou calmamente - Foi acusado de parricídio quando tinha dez anos de idade.

Lisa ficou boquiaberta, observando o atendente bonitão se aproximar com os cupcakes postos em uma bandeja.

- O-obrigada - ela o agradeceu.

- Espero que gostem - Taehyung disse, um pouco antes de sair de perto deles, levando a bandeja consigo.

- Que desperdício - a noiva de Jungkook soltou - Isso estraga qualquer possibilidade de uma garota ficar com ele...

Jungkook soltou uma risada estridente.

- Seus pais adorariam tê-lo como genro - afirmou, achando graça de tudo aquilo - Ele é herdeiro de uma fortuna muito maior que a minha. Esse maluco é tão rico que sua conta no banco deve estar vazando de tão cheia que está.

Lalisa mordeu um pedaço do cupcake, prestando atenção em cada palavra que seu noivo contratual dizia, enquanto observava uma jovem que havia acabado de entrar na cafeteria, ir em direção do barista recém contratado.

***

A primeira coisa que Jennie viu quando entrou na coffee shop foi o amigo de seu irmão, Jungkook, acompanhado de sua noiva de cabelos loiros. Aqueles dois não faziam um casal bonito na sua opinião, mas infelizmente, a sua opinião não tinha poder sobre os interesses das famílias daqueles dois.

A segunda coisa que ela viu, foi o aluno novo da classe de seu irmão escondido atrás do balcão de atendimento da loja. Ele estava abaixado, colocando alguma coisa em uma caixa de madeira com os dizeres: "achados e perdidos".

Ela havia caminhado até ali, imaginando o que iria dizer se encontrasse aquele rapaz perdido em algum canto da rua e, ao vê-lo trabalhando ali, com aquela caixa em mãos, a garota teve uma ótima ideia.

- Com licença, gostaria de saber se você não viu um celular... - ela fez uma pausa, fingindo estar surpresa por ver aquele garoto ali.

Taehyung por sua vez, continuava com aquela mesma cada de tacho, como se nada no mundo pudesse afetar o mundinho dele.

- Temos um celular aqui, sim - ele respondeu, para a surpresa da garota.

O rapaz tirou um celular de dentro da caixa e o mostrou à ela.

- Não acredito - ela soltou, sem saber como reagir - Eu não acredito que deixei ele aqui!

Jennie gostaria que fosse mentira, porém, aquele realmente era o seu celular, o mesmo que ela havia procurado a manhã inteira.

- Muito obrigada - ela disse, sorrindo para o rapaz como se ele fosse um anjo caído do céu.

Taehyung tombou a cabeça para o lado.

- Como faz... isso?

O sorriso da garota se transformou numa linha cheia de seriedade.

-Huh?

O rapaz mordeu o lábio.

- Isso que você faz com os lábios.

Jennie abriu a boca, compreendendo do que se tratava.

Não era que ele quisesse ser daquele jeito. Ele simplesmente não podia sentir emoções.

O coração dela ficou apertado.

A história dele era muito mais triste do que qualquer um poderia imaginar.