História Menino dos meus olhos - Nos olhos cor de mel, a verdade eu vi

Estávamos namorando há dois anos quando recebi aquela mensagem de texto de Taehyun, com as tão poucas palavras que ele gostava de usar. Mas eu sabia que havia muito mais por trás daqueles caracteres do que um enorme texto poderia querer passar.

Preciso falar com você.

E em nenhum momento me passou pela cabeça ligar para ele, porque não era daquela forma que as coisas funcionavam entre nós. Gostávamos do contato, da conversa baixa e corpo-a-corpo, com direito a olhares trocados e alguns longos suspiros. Beijos também.

Peguei um ônibus na rodoviária e encarei uma viagem de duas horas e meia à base de café quase sem açúcar. Cheguei quando estava perto de escurecer, mas ainda cedo o suficiente para ver o pôr-do-sol da janela do táxi. As poucas horas dos dias de inverno valiam a pena se aquilo ainda existisse.

Quando passei pela porta da frente não tinha ninguém, subi as escadas devagar em meio ao silêncio e só fui encontrá-lo dentro do closet. No chão, sentado, Taehyun vestia a blusa preta que tínhamos comprado juntos e uma saia verde-água que eu nunca tinha visto.

Ele estava chorando.

Então deixei a bolsa no chão e sentei de frente para ele, o trazendo para mim e só para mim.

- Isso não passa. – Disse e eu vi seus ombros tremendo. – Guardei as outras roupas em caixas, mas não consigo ficar longe.

- Você podia ter me falado antes, meu amor.

- Não sabia o que você ia dizer...

- Que eu amo você.

- Mas as saias, Jiwon...

- E você tem vestidos também, não é? – Perguntei – Blusas, meias...

- Um sutiã também.

- Me mostre.

- E o que você vai fazer depois? Ir embora?

Afastei os cabelos loiros daqueles olhos profundos e sorri. Ele não sabia lidar com as palavras.

- Depois eu vou fazer amor com você. – Disse. – Até entender que eu amo você, o que ‘tá aí dentro. Você de verdade.

Taehyun chorou mais uma vez, e outra, e outra, e outra.... Então eu o beijei e disse que tudo ficaria bem. Nós faríamos ficar bem mesmo que fosse difícil.

Fizemos amor naquela noite. E eu tive gosto em dizer diversas vezes o quão bonito ele tinha ficado naquelas roupas, o quão bonito o meu garoto podia ser, fosse de calças ou de saia. Com roupão ou sem nada. De cueca ou de calcinha.