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História Meraki - Discoveries Part 2


Escrita por: Rhay-forward5h

Notas do Autor


Como anunciado, aqui está a segunda parte.

O capítulo é menor que o habitual, mas não deixa de ter relevância, pois mais um ocorrido do passado de Camila nos será apresentado. Boa leitura!

Os possíveis erros corrijo assim que identificá-los.

See you!

Capítulo 22 - Discoveries Part 2


Fanfic / Fanfiction Meraki - Discoveries Part 2

Camila’s POV

Quando a campainha tocou minha inquietação interna triplicou, mas fechei os olhos me concentrando em manter a faixada de indiferença. Mas foi olhar naqueles malditos olhos verdes que eu me desfiz, como uma escultura de gelo diante de uma fonte de calor imensurável.

– É muito bom vê-las novamente garotas. – Tia Aurora cumprimentava a todas com entusiasmo, assim como Dinah.

Mantive o pano que enxuguei as mãos como um mecanismo de distração, pois o torcia infatigavelmente. Abracei Allyson primeiramente, em um aperto firme demonstrando apoio ao seu sofrimento e indicando que eu estava ali por ela. Segui os cumprimentos com Keana e Normani e olhei a morena de olhos verdes que acenou com a cabeça, retribui o gesto, mas Dinah aparentemente não gostou nada disso, pois com ajuda de seu corpo voluptuoso me empurrou na direção de Lauren, me pressionando entre ambas.

Após esse gesto exagerado, perfurei minha amiga com os olhos enquanto sentia minhas bochechas em chamas. Já Lauren tentava esconder a diversão, mas falhava miseravelmente.

Com o gesto bruto de Dinah anteriormente, percebi um franzir de dor por parte de Lauren. Suas mãos estavam encobertas por ataduras, impossibilitando que eu pudesse ver de perto o resultado da briga.

– Estamos quase terminando o almoço. – Tia Aurora também parecia divertida ao olhar entre a garota de olhos verdes e eu. – Sintam-se a vontade. Mi querida sobrina, aconsejo mirar su pudín.

– Oh Dios mio. – Gritei diante o lembrete e sai correndo em direção à cozinha. – Tía, puede ayudarme aquí?

– Claro que sí mi querida. – Escutei a voz da mulher mais velha, e segundos depois a mesma adentrou o ambiente com Lauren em seu encalço.

– Deixe-me ver como estão suas mãos. – Pediu tia Aurora. A morena concordou desenrolando as ataduras.

Aproximei-me depois de depositar o recipiente do pudim sobre a pia para poder ter uma melhor visão, e quando me deparei com pequenas lacerações nos nós dos dedos envoltas por uma coloração arroxeada e levemente inchadas, fiquei boquiaberta e por impulsividade deu um tapa no braço da garota.

Ouch! – Lauren me olhou em um misto de surpresa e divertimento. – Gostou mesmo de me bater, hein?

– Alertei diversas vezes sobre seu ímpeto de agir sem pensar nas consequências. – Ignorei a provocação anterior, e repreendi sua atitude.

– Impossível eu me manter impassível diante a cena que presenciei. – Ela defendeu-se, mas a sombra de um sorriso contornava seus lábios.

– Eu faria o mesmo. – Minha tia se pronunciou e eu lancei-lhe um olhar repreensivo, mas a mulher mais velha apenas deu de ombros, divertida com minha explosão momentânea.

– Aquela sua infusão com plantas medicinais funciona nesse caso? – Perguntei a tia Aurora, preocupada com as implicações daqueles machucados e de sua conduta, pois se suas mãos estavam naquele estado eu não queria imaginar o rosto do senhor Ogletree.

“E se ele resolver denunciar a agressão?” Pensei aflita.

Coloquei as palmas das minhas mãos embaixo das de Lauren, como apoio e aproximei-as do meu rosto para observar com mais atenção se seria necessário leva-la até um hospital. Posso estar exagerando, mas eu precisava ter essa certeza.

– Já separei as ervas necessárias, depois do almoço farei a mistura. – Aquele olhar astucioso que só minha tia era capaz de disparar me incomodava em certas situações.

 

Tia Aurora aconselhou Lauren a não cobrir as mãos e a morena seguiu seu conselho e voltou para junto das outras garotas dizendo que não queria atrapalhar-nos.

Enquanto eu tentava desenformar o pudim em uma travessa requintada, senti os olhos da latina mais velha me observando com atenção.

– Algum problema? – Perguntei encabulada.

– Nenhum. – Podia ver em seus olhos escuros um brilho travesso, então semicerrei os meus em desconfiança. – Apenas estava refletindo sobre a beleza e simpatia exuberante de Lauren.

Aparentemente todos ao meu redor insistiam em citar a morena em intervalos de tempo assombrosamente pequenos. E meu desconforto não diminuía, não importa o esforço sobre-humano em tentar tirá-la da cabeça.

– Hum... – Murmurei no intuito de fazer o assunto esvair-se, mas minha querida tia parece não pensar da mesma forma.

– Esse desinteresse não condiz com quem foi beijada por aquela mulher. – Ergui meus olhos e parei a tarefa em mãos, olhando-a atônita.

– ¡Por Dios tía!

– O quê? Foi apenas uma observação.

Diante minha inquietação após o ocorrido no elevador, minha tia foi incansável até descobrir o que me afligia. Sem opções, contei tudo o que aconteceu, incluindo o sentimento de culpa e atordoamento, mas escutei o mesmo vindo de Dinah: a suposição de uma possível paixão por Lauren.

[...]

Sentamo-nos a mesa – que estava completamente ocupada por uma variedade de pratos – em um clima de descontração. Os olhares furtivos em direção a Allyson estavam sendo inoportunos, mas não tinha como destacar a questão com a garota presente. Então, resolvi puxar assunto sobre nossa paixão em comum, já que a fotografia fazia com que ela adentrasse em um universo familiar. Aparentemente tinha dado certo.

– Oh! – Tia Aurora exclamou e se pôs de pé sob o olhar atento dos presentes a mesa. – Tinha me esquecido do vinho. – Uma euforia coletiva se formou enquanto a garrafa era aberta.

– Vai beber baixinha? – Questionou Normani que servia o vinho.

– Hoje abrirei uma exceção. – Falou Allyson estendendo sua taça. – Pode encher. – Risos se espalharam pela mesa.

– Negativo! Você vai com calma, já não basta a bebum da Lauren. – Normani advertiu a amiga.

A observação sobre Lauren andar bebendo me intrigou. Até hoje não houve evidências de que essa prática era comum na vida da garota, mesmo porque ela mesma me falou sobre sua baixa disposição com bebidas alcoólicas no dia em que fomos ao karaokê. Isso não é nada bom.

– Sua taça pro... Camila. – Normani que estava do lado oposto da mesa, esperava com a garrafa estendida enquanto eu estava perdida em pensamentos.

– Oh... Obrigada, mas eu não bebo. – A falta de discrição de tia Aurora e Dinah fez com que um ponto de interrogação surgisse sobre a cabeça das garotas.

– Por que essas caras? – Keana quebrou o silêncio que tinha se formado.

– Nada. – Responderam as duas mulheres em uníssono.

– Não é o que parece... – Keana murmurou dando de ombros.

– Eu tive problemas com a bebida, desde então prometi a mim mesma que não ingeriria mais nem uma gota de álcool. – Expor esse acontecimento sem relutância surpreendeu-me. Agora a atenção estava completamente voltada a mim.

– Problemas? – Inquiriu Lauren. Olhei aquelas esmeraldas reluzentes e pude ver preocupação e curiosidade, como em todas as vezes em que alguma de minhas fraquezas eram expostas.

Ponderei sobre dar continuidade a história ou apenas deixar subentendido, mas com um rápido olhar a minha melhor amiga e tia Aurora, pude ver que elas apoiavam e estariam ali por mim. Então com uma confiança atípica resolvi abrir um dos momentos turbulentos do meu passado àquelas garotas que comecei a considerar como amigas.

– No segundo semestre da faculdade comecei a andar com algumas pessoas bem... festeiras. Como meu estado emocional se encontrava muito abalado não foi difícil me convencer a sair quase todas as noites e beber até desmaiar. E o estopim foi quando entrei em coma alcoólico, depois de uma festa no campus. – Ergui o olhar e me deparei com expressões de espanto. – Foi nesse dia que conheci Dinah, a única que se dispôs a me ajudar, pois se dependesse daqueles que se diziam meus amigos provavelmente eu não estaria aqui hoje. DJ com a ajuda da tia Aurora me ajudaram a sair daquela situação degradante. Se não fosse por elas eu não sei como estaria minha vida atualmente.

Após o susto inicial as mulheres desataram a falar sobre o ocorrido. Parabenizaram-me pela força de vontade, externavam o assombro por algo dessa magnitude ter acontecido logo comigo e fizeram mais algumas perguntas, mas meus olhos estavam sendo atraídos pelos de Lauren, que ao fim do relato sorriu demonstrando... orgulho por mim.

[...]

Tentar não olhar em direção a Lauren estava sendo mais difícil do que imaginei. Sentia minha pele queimar a cada vez que aquelas esmeraldas focavam em mim. Estávamos sentadas na sala conversando enquanto um filme passava sem ninguém realmente prestar atenção, enquanto tia Aurora tinha ido preparar a infusão para aplicar nas mãos de Lauren.

O celular da morena de olhos verdes começou a tocar e após atender com animação seu semblante se fechou, chamando nossa atenção. A conversa demonstrava-se tensa.

– Era o Caleb. – A morena informou após encerrar a ligação e se deparar com os olhares questionadores.

– Seu melhor amigo de Miami, certo? – Perguntou Dinah.

– Exato. Ele ligou para falar sobre um acidente que aconteceu com minha... uma amiga. – Aquele esgar e o olhar rápido em minha direção foi estranho.

– O que aconteceu? Ela está bem? – Allyson demonstrava preocupação.

– Foi um acidente de carro. Ela precisou passar por uma cirurgia, mas nada muito grave. Agora está tudo bem, pelo menos foi o que Caleb me informou. – Lauren estava triste. A garota deve ter bastante importância em sua vida. – Depois ligarei para saber mais detalhes.

– Certeza que ela é uma "amiga"? – Dinah fez aspas com os dedos ao perguntar.

– Sim... er... ela é minha ex, mas não deixa de ser minha amiga. – Mais uma vez seus olhos verdes focaram em mim com apreensão.

Não pude deixar de notar o sorrisinho malicioso nos lábios de Dinah enquanto ela me olhava, movimentando as sobrancelhas para cima e para baixo. Crispei os lábios e desviei o olhar, pois estava sentindo um frio se espalhar por meu peito e atingir meu estômago.

– Por que vocês terminaram? Você nunca falou sobre isso. – Dinah continuava a me olhar atentamente, mesmo após sua pergunta.

– Ela foi aprovada na Universidade de Miami enquanto eu viria para New Jersey, então decidimos que namoro a distância não é algo que agrada a nenhuma e terminamos amigavelmente.

– Decisão e atitude maduras. – Ponderou DJ.

– Sim. – A inquietação de Lauren demonstrava que o assunto também não a deixava confortável. – E sua família Dinah? Você nunca fala sobre eles.

A malícia desapareceu das feições da minha amiga assim que a palavra família juntamente com seu nome foram pronunciadas na mesma sentença. Tanto para ela quanto a mim, falar sobre nossos familiares é algo complicado, principalmente no meu caso.

– Não tenho muito o que falar. – O tom de Dinah indicava certo desprezo. Ela estava deitada sobre as cochas de Normani, que acariciava distraidamente as madeixas loiras da empresária. – Minha família é de uma cidadezinha no interior do Texas, e aparentemente tudo e todos por lá pararam no tempo. A intolerância exacerbada é um dos principais motivos que fizeram com que eu fosse embora, e das raras visitas ou contato.

– Não imaginava isso. – Lauren tinha um vinco entre as sobrancelhas.

– Não se sinta culpada por sua curiosidade Porcelana. – Dinah tentou reverter o clima obscuro. – Todos temos problemas. Sorte a sua por ter uma família que a apoie.

– Sim. – A morena sorriu se mostrar os dentes, mas suas feições mostrava que ela ainda pensava sobre o assunto.

 

Lauren’s POV

A tarde transcorria melhor do que imaginei, mesmo com o leve desconforto entre Camila e eu. Ally estava distraída com as conversas sem fim – principalmente pela latina mais nova –, Dinah monopolizava a atenção de Normani a maior parte do tempo e Keana estava sendo Keana, despreocupada e provocativa.

A revelação de Camila sobre o problema com o álcool me surpreendeu magnanimamente. Não esperava que a aversão à bebida fosse por questões provindas da mesma, eu tinha cogitado sobre a ideia que o pai fosse alcoólatra, e isso tivesse causado problemas para sua família.

Inesperado.

Aos poucos a vida da morena ia se revelando, e saber que ela sentia-se confortável em se abrir sobre tal acontecimento em frente as minhas amigas me inundou de felicidade. Aceitar e confiar nas pessoas é uma das principais queixas de Dinah, então eu estava orgulhosa, pois mesmo que ela não conseguisse enxergar, isso é uma vitória, assim como foi a superação com a bebida.

Camila é mais forte do que ela imagina ser, pois mesmo com todos os percalços em sua vida ela continua a seguir em frente. Sei que seus problemas não foram superados e que a impedem de ser feliz, mas eu acredito em seu potencial, e com ajuda, seu passado será apenas mais uma lição de vida, servindo apenas para fortalecê-la.

Além de que, a preocupação com as pessoas é algo que demonstra que a latina sente afeições por aqueles que ela escolheu se importar. Ela não é um robô como diz, pois basta olhar sua atenção em manter Ally entretida e o olhar de apoio a Dinah após eu ter perguntado sobre a família da loira. Além da preocupação quando viu minhas mãos, foi algo gracioso, mesmo eu levando um tapa imprevisto.

A cada dia que passa meus agradecimentos a Deus por ter a família incrível que tenho só aumentam. Não imaginava que Dinah tivesse problemas com a seus familiares, apenas imaginava que com sua agitação infindável, impossibilitasse assuntos mais íntimos com frequência.

Mais uma vez estava enganada, mas preferia que não estivesse.

O acidente com minha ex-namorada me deixou aflituosa, pois somos amigas desde que tínhamos oito anos, então antes de qualquer interferência romântica, eu me preocupo com seu bem estar. A voz de Calleb demonstrava cansaço, já que ele passou a noite no hospital, mas sua calma indicava que ele falava a verdade sobre o estado de saúde da nossa amiga de infância.

Falar sobre minha ex na frente da Camila me deixou tensa. Ela tentava não me encarar por mais de dois segundos, mas o vinco que formou-se entre suas sobrancelhas e a mandíbula rígida não passaram despercebidos. Supor que ela ficou com ciúmes pode ser algo fantasioso, mas como gosto de martirizar-me com ilusões, prefiro pensar que sim.

– Lauren! – Aurora chamou da cozinha, tirando-me dos meus pensamentos. Antes de levantar olhei mais uma vez para Camila, já que meus olhos teimavam em ser atraídos para suas pernas expostas por aquele vestido de algodão na cor branca.

Uma tigela com uma mistura de ervas picadas e amassadas estava posta sobre a mesa, junto com gaze e uma toalha. Um odor forte tomava conta do ambiente.

– Sente-se. – Ela indicou uma das quatro cadeiras que rodeavam uma pequena mesa quadrada. – Vou aplicar o substrato da infusão sobre suas mãos que agira por trinta minutos, okay?

– Okay!

– Ou sua pele é bastante sensível, ou você deu uma bela de uma surra no cafajeste. – Aurora comentou olhando-as mais de perto.

– Um pouco de cada. – Sorri sem graça, mas a mulher tinha no olhar um brilho de orgulho.

– Coloque as mãos sobre a toalha. – A aplicação começou e o ardor incomodou apenas no inicio. 

Enquanto Aurora aplicava a mistura eu sentia que ela me observava com atenção. Remexi-me na cadeira com o súbito desconforto, pois aqueles olhos escuros demonstravam perspicácia acima da média.

– Posso fazer uma pergunta? Mas quero sua total sinceridade.

– Claro. – Engoli em seco e a encarei.

– Quais suas intenções com Camila? – Ela perguntou como se estivesse falando das horas. Senti minhas bochechas ruborizarem e minha boca se abrir e fechar, mas o choque não deixava que eu reproduzisse meus pensamentos. – Não precisa ficar nervosa. – A latina sorriu como estimulo.

– Er... Nossa! Não espera por isso. – Respirei fundo na tentativa de dissipar o constrangimento. – Acredito que não importa o que eu sinto, pois ela já deixou bem claro que nada vai acontecer.

– E você acreditou?

– Como?

– Eu sei que você consegue ver além daquela “máscara” que ela usa na maior parte do tempo. – Ela se inclinou sobre os braços apoiados na mesa após aplicar uma última camada expeça sobre as articulações e cobrir com gaze. – Os olhos dizem muito, sabia? – Assenti pasma.

– Por que... você acha que eu... que eu teria alguma chance? – As palavras saíram atrapalhadas.

– Eu conheço bem minha sobrinha, e mesmo que ela tente ao máximo esconder... vejo algo que nunca tinha visto... não antes dela te conhecer.

– Que seria...?

– Paixão. Confiança. Desejo. Amor. – Aurora inclinou a cabeça sem desviar o olhar do meu. – Eu vejo isso em você também, mas temo de que não seja o suficiente para acolher a Mila e todos seus problemas como “bônus”.

Olhei aquela mulher tão parecida com Camila por vários segundos, absorvendo o que ela me dizia e tentando organizar meus pensamentos. Mas a única certeza que eu tenho é sobre meus sentimentos em relação à latina mais nova.

– Eu sei que podem julgar-me imatura por minha idade, e até por algumas atitudes, mas algo que é inegável e incontestável é o que eu sinto por sua sobrinha. Protegê-la de tudo e todos é a minha principal preocupação desde que me dei conta do que sinto por ela.

– E o que você sente por ela?

– Eu a amo.


Notas Finais


E aí? O que acharam?

Em breve estou de volta.

Kisses ;)


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