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História Meraki - Feel the vibration


Escrita por: Rhay-forward5h

Notas do Autor


Hello babys! Voltei rapidinho dessa vez.

Antes de qualquer coisa quero agradecer a todos que tiram alguns minutos de seu tempo para ler minha estória. É mais importante do que podem imaginar.

Continuem comentando (amo ler o que vocês sentem), favoritando e indicando aos amigos.

Sem mais delongas... Boa leitura!

Capítulo 24 - Feel the vibration


Fanfic / Fanfiction Meraki - Feel the vibration

Lauren's POV

Apenas dois dias para a festa de aniversário de Ária, dois dias para ver minha princesinha com os olhos cor de mel reluzindo com a surpresa que preparamos, ou melhor, que Dinah se apoderou. Após eu contestar sobre o exagero com alguns itens da decoração, fora os brinquedos infláveis e animadores que ela contratou, a loira mandou-me calar a boca e não me deixou escolher absolutamente nada.

De acordo com a empresária, bastava Normani acompanha-la, já que suas predileções são semelhantes. E pelos relatos da minha amiga dançarina o orçamento será exorbitante, mas tanto Dinah como Camila não aceitam que colaboremos monetariamente com nada. Isso me frustra, mas minha oposição é insignificante para aquelas mulheres teimosas.

Como hoje é sexta-feira, a latina está de folga, então a possibilidade dela dar-me uma resposta sobre a proposta é inexistente. Ela manteu-se em silêncio durante esses dias, mas eu conseguia ver a aflição em seus olhos opacos. Esperaria o tempo necessário por sua confirmação ou negação. Aprendi que devo ter calma se tratando de Camila, e por ela eu consigo ser um doce de pessoa.

[...]

Após uma aula incrível com Lucy, e a última do dia, encontrei-me com Keana no hall do edifício onde estudávamos. Um sorriso malicioso estampava suas feições e isso fez meu cenho franzir.

– Lauren Jauregui, tenho um postal que pediram para entregar em suas mãos.

– Postal? – Ergui as sobrancelhas esperando que ela prosseguisse.

Sua mão direita saiu de trás das costas e um pequeno envelope vermelho familiar foi estendido em minha direção. Segurei-o com as mãos levemente trêmulas e olhei nos olhos castanhos claros de Keana, e sorrindo com afeição a dançarina passou por mim dando um leve aperto em meu ombro.

Percebi que bloqueava o caminho, então segui para fora da ampla porta de entrada, para um lugar que a movimentação era reduzida e abri o envelope, mas antes o levei ao nariz sentindo aquele perfume inebriante. Seu perfume é inconfundível.

"Opte por aquilo que faz o seu coração vibrar...Apesar de todas as consequências."

Sorri igual uma apalermada diante aquele bilhete, pois eu sabia que aquela é a forma que ela encontrou de dizer que aceitava minha proposta. Olhei para o céu que começava a ser dominado pela escuridão da noite e o sol radiante ser substituído pela elegância lunar.

Voltei a adentrar Karnoutsos Hall em busca de Keana, precisava pedir seu carro emprestado, mas antes ligaria para Camila a fim de conferir sua disponibilidade.

 

– Oi!

– Oi! – Sorri ao ouvir sua voz insegura. Seu jeitinho tímido me encantava. – Gostaria de saber se você tem planos para essa noite.

– Planos? Não. Por quê?

Então as 08pm eu estarei em frente seu prédio. Iremos... dar um passeio.

– Para onde? – Pude distinguir aflição na maneira de pronunciar as palavras e por sua respiração tornar-se pesada.

– É surpresa.

– Como saberei o que vestir se você não disser aonde iremos? – Desespero total.

– Apenas vista o que achar que deve. Confio em suas escolhas.

– Lauren...

– Nossa primeira lição: confie em seus instintos e não se preocupe em querer expor um exterior que vá agradar a terceiros. Apenas use e faça o que a faz sentir-se bem. Até daqui a pouco! – Encerrei a ligação antes que a ansiedade dominasse a latina, e espero que ela consiga manter pelo menos o mínimo de controle, não quero causar nenhum mal estar logo na primeira de minhas ideias.

 

[...]

– Apenas tenha juízo. – Normani estava parada em minha frente segurando-me pelos ombros. – Não vá bagunçar as coisas entre vocês novamente.

– Vou me comportar Mani. – Abracei minha amiga que emitia tanto instinto maternal ao se preocupar com nosso bem estar. – Você será uma excelente mãe. – A garota deu um tapa em meu traseiro e negou com a cabeça sorrindo.

– Cuidado com meu carro.

– Darei minha vida para protegê-lo. – Desdenhei de Keana lhe dando um beijo rápido na lateral de sua cabeça e segui até Ally.

– Você está linda! Divirta-se! – A baixinha falou ainda deitada em sua cama, rodeada de livros. Seus olhos continuavam tristonhos, mostrando o quão quebrado seu coração se encontrava.

– Obrigada! Fique bem meu anjo! – Inclinei e beijei sua testa.

[...]

Parei o carro em frente ao edifício de luxo e antes que eu pudesse avisar através de uma mensagem que tinha chegado, avistei uma silhueta familiar.

– Lauren Porcelana Jauregui.

– Oi Dinah. – A loira debruçou sobre a janela do meu lado.

– O que você está aprontando? Pensei que Camila arrancaria o cabelo e colocaria fogo nas próprias roupas. – Ela me olhava atentamente e usava aquele tom zeloso que pertencia a assuntos relativos à latina.

– Nada demais. – Não queria revelar meus planos, não ainda.

– Se você fizer algo que possa fazê-la sofrer vou marcar esse rostinho lindo com o contorno de minha mãozinha.

– Mãozinha? – Ao dizer isso Dinah empurrou meu rosto com sua "mãozinha", me fazendo rir. – Cuidarei dela. Prometo.

– Espero de coração que essas ideias que você teima em não me contar ajudem a Walz. – Ergui minhas sobrancelhas diante de mais um apelido. – Não pergunte. Todo mundo tem seus devidos apelidos e com a Camila não é diferente.

– Okay.

– Vou subir para avisar que você está aqui. – Dinah abriu a porta e antes que eu pudesse protestar ela explicou. – Maaaas... Eu sei que você teme que algo aconteça ao carro da Keana, então desce daí que vocês irão com o meu. Não me importo com meu filhote se a felicidade da Mila está em jogo. – O carinho entre as duas me embevecia de felicidade. Sabendo que não consigo contestar com a empresária, esperei até que ela voltasse com sua SUV.

– Mas não abusa Coalhada. – A loira avisou quando me entregou as chaves.

Cerca de cinco minutos depois pude vislumbrar minha musa inspiradora caminhando elegantemente em minha direção. Sorri encantada assim que consegui ter uma visão completa do seu look: calça branca que abraçava suas pernas e quadril, uma camisa jeans de botão por dentro da calça e com as mangas dobradas até o cotovelo, saltos claros baixos, seu cabelo estava semi-preso com mexas torcidas presas na parte de trás e uma maquiagem mais marcante do que o habitual.

Seus olhos não conseguiam me encarar por mais do que alguns segundos, então voltavam a fitar o chão, o carro, as árvores... Eu estava encostada na lateral do carro com os braços cruzados e as pernas sobrepostas, assim que a morena se aproximou o suficiente fui até ela cumprimentando-a com um beijo na bochecha.

– Você está linda.

– Obrigada! Você também está. – Agradeci observando seu rosto ganhar uma tonalidade avermelhada. – Acertei na escolha? – Ela indicava suas roupas.

– Está se sentindo bem vestindo-as?

– Estou. – Seu tom indicou confusão.

– Então estão perfeitas. – Abri a porta do passageiro e ela adentrou no veículo.

– Agora você pode dizer aonde iremos? – Camila perguntou enquanto eu prendia o cinto de segurança.

– Por que é tão importante saber isso?

– Saber em antecipação serve exatamente para nos organizarmos. – Ela disse com um tom que indicando obviedade.

– Você nunca faz algo sem planejamentos? – Dei a partida tentando me atualizar, já que não estou acostumada a dirigir carros luxuosos, mas olhava-a pelo canto dos olhos.

– Não. Eu não funciono se não tiver controle e conhecimento da situação anteriormente.

– E como se sente fazendo isso pela primeira vez? – Olhei-a rapidamente e voltei atenção à estrada. Ela observava a cidade pela janela ao seu lado.

– Angustiada, aflita, ansiosa, tensa. – Ela ainda olhava fixamente o mesmo ponto que antes. – Eu poderia continuar a lista, mas acredito que é o suficiente para você ter uma noção.

– Eu já esperava por isso. – Sua cabeça girou, agora ela me observava com as sobrancelhas erguidas. – Vou tentar criar situações que se chocam com essa estabilidade que você criou para se proteger.

– Péssima ideia eu ter concordado com isso. – Camila grunhiu em desespero e eu sorri.

– Vamos esperar pelos resultados, então você poderá julgar com precisão.

[...]

Estacionei o SUV defronte a um penhasco que proporcionava uma visão esplendorosa de Manhattan, e caso estivéssemos ali durante o dia, veríamos a vastidão do Central Park.

– Algum problema com o carro? – Camila revezava sua atenção olhando a estrada pouco iluminada e a mim.

– Nenhum problema. – Falei abrindo a aporta. – Chegamos!

Dei a volta pela frente do carro indo até o passageiro, abri a porta encontrando a latina estática, com a boca semiaberta, assim como seus olhos castanhos.

– Não vai descer? – Estiquei a mão e esperei que ela recobrasse os sentidos.

– Isso é sério? – Assenti tentando conter uma gargalhada diante a confusão e descrença da mulher a minha frente.

– Apenas... confie em mim. – Nossos olhos se encontraram por vários segundos até ela segurar minha mão e descer.

Sem soltar sua delicada mão segui até um ponto mais perto da beirada do penhasco, mas senti Camila fazer um movimento inverso a direção pretendida por mim, forçando-me a parar.

– Não vamos nos aproximar da beirada. – Seu tórax subia e descia com uma rapidez surpreendente.

– Tem medo de altura? – Perguntei olhando-a com um sorriso de canto.

– Para de caçoar de mim. – Ela fez um bico adorável, o que me fez ter vontade de beijá-la.

– Não estou! – Defendi-me e voltei alguns passos para segurar ambas as mãos. – Eu não colocaria sua vida em risco. Só vamos aproximar o suficiente para apreciar a vista.

– Obrigada, mas consigo apreciar daqui. – Sorri audivelmente, mas não me dei por vencida. Caminhei parando atrás da morena, coloquei minhas mãos em sua cintura e aproximei minha boca de sua orelha esquerda. Senti seu corpo esguio ficar rígido. – Fecha os olhos e deixa o resto comigo. – Falei um pouco acima de um sussurro.

Após Camila assentir timidamente eu empurrei-a levemente sem soltá-la, indo em direção ao ponto em que queria me aproximar anteriormente. Nossos corpos estavam quase colados, eu conseguia sentir o calor que irradiava de seu corpo e provavelmente ela sentia a mesma sensação, já que eu estava em chamas.

– Abra os olhos. – Voltei a sussurrar. Coloquei-me um pouco de lado para observar seu rosto, mas ainda a segurava firmemente.

Uma respiração profunda, um leve tremor perpassando seu corpo, um sorriso surgindo em seus lábios carnudos, e o olhar... aquele olhar de fascínio que dissipava toda nebulosidade era meu termômetro para saber o que a latina sentia. Ela contemplava a vista com fascínio.

A brisa suave da noite atingiu nossos rostos e Camila fechou os olhos e inclinou-se levemente para trás unindo nossos corpos. Senti seu aroma tão próximo e agora a proximidade total fez meus nervos atiçarem e meu controle falhar, mas eu não podia... não agora.

Toquei seus ombros e desci os dedos pelo seu braço até alcançar suas mãos e entrelaça-las nas minhas, então ergui seus braços em uma adaptação precária da famosa cena de Titanic. Camila gargalhou, aquele som angelical se expandiu pela noite, sendo levado pelo vento que jogava nossos cabelos para trás.

– Isso é incrível, mas não me solte, por favor. – Sua voz demonstrou medo com a ideia de soltá-la.

– Não tenho essa intenção.

– Pode soar inconveniente, mas eu adoraria...

– Ter sua câmera. – Falei terminado seu pensamento. Camila assentiu e girou um pouco a cabeça para me olhar.

Tão próxima...

– Pedi para Dinah pegar sem você perceber, pois sabia que gostaria de eternizar esse momento. – Fiz uma expressão culpada.

– Você é... – As palavras morreram em sua boca, enquanto nossos olhos liberavam faíscas.

– Eu sou o quê? – Instiguei em um sussurro rouco.

–Inexplicável. – Inclinei a cabeça tentando decidir se aquilo soava positivo ou negativo. – As palavras tornam-se precárias quando se trata de definir Lauren Michelle Jauregui Morgado.

Escutar meu nome completo sendo pronunciado por aquela boca irresistível soou como uma melodia composta pelos anjos. Não consegui desviar meus olhos de seus lábios, meu controle não existia mais, a qualquer momento meu coração romperia minha caixa torácica se continuasse em total descontrole. Eu sentia-me aproximar nossos rostos vagarosamente, então com um suspiro ruidoso Camila girou seu corpo soltando-o do meu aperto e seguiu para o carro apressadamente.

Droga!

Joguei a cabeça para trás e inspirei e expirei incontáveis vezes tentando recobrar o controle e fazendo o embaraço dissipar-se antes de voltar a encarar a morena.

Um flash iluminou a noite, olhei sobre o ombro e vi Camila encostada na lateral do carro com a câmera erguida. Eu não conseguia ver seu rosto, e esperava que o momento anterior não a fizesse mudar de ideia.

– Você prometeu não tentar... – Sua voz estava muito baixa, e uma pedra de gelo se instalou em meu estômago, mesmo que sua voz soasse contida e não raivosa.

– Eu não iria...

– Você não é uma boa mentirosa garota dos olhos verdes. – Ela tentou um tom descontraído, mas com o embaraço não surtiu o efeito esperado.

– Eu sei. Desculpe-me!

– Se eu me aproximar posso confiar que você me segurará sem segundas intenções?

– Apenas posso assegurar que me comportarei. – Eu não podia evitar meus sentimentos e desejos. – Mas você também tem que prometer não ser tentadoramente envolvente. – Não me contive.

– Eu o quê? – A latina tinha se aproximado, então consegui ver a descrença em suas feições.

– Você não se dá conta do quanto é linda, sexy, apaixonante e irresistível, não é mesmo? – Era inacreditável como a baixa autoestima poderia prejudicar o autojulgamento de uma pessoa.

– Sei que não sou. – Fiz um som anasalado demonstrando como aquilo soava irreal.

– Um passo de cada vez. Chegaremos nesse tópico em algum momento. – Fiz um sinal com a mão para que ela voltasse a se aproximar e ela o fez.

Durante um tempo Camila se deixou envolver por sua paixão e fotografou a vista de Manhattan em diversos ângulos e perspectivas e depois fez o mesmo comigo. Tomei sua câmera e retribui, fazendo-a rir e tentar se cobrir com as mãos quando eu instigava a fazer poses.

– O que você faz com todas essas fotos que tiramos? – Perguntei quando terminamos nossa "sessão fotográfica" e sentamos em cima do capô do carro. Só espero não causar nenhum dano perceptível, mas Dinah disse não se importar, então eu tenho uma alegação forte quanto a isso.

– Eu as guardo. – Eu tinha preparado sanduíches e suco de laranja, que devorávamos contemplando a visão diante de nós.

– Posso fazer outra pergunta? – Olhei de esguelha, mas ela sorriu sem mostrar os dentes e concordou com um aceno. – Lembra-se das caronas para o Liberty House? – Ela assentiu e uma expressão grave se apossou de seu rosto. – Todas foram coincidências?

A latina deu mais uma mordida em seu sanduiche e fitou o horizonte visivelmente desconfortável. Esperei até que ela sentisse confortável para responder.

– A primeira vez que ofereci carona... quando nos encontramos pela primeira vez após você voltar do recesso de final de ano... eu esperei até que você saísse, parada em uma rua lateral. Mas foi apenas essa vez, as outras foram coincidências. – Sua voz saiu fraca e mesmo com a pouca luz eu consegui ver seu rosto escarlate.

– Agradeço pela sinceridade. – Eu estava sorrindo extasiada. – Mas por que fez isso se mal me conhecia?

– Não sei. – Ela deu de ombros. – Muitas perguntas sem resposta surgiram desde que nos encontramos na exposição. – Mais uma mostra de pensamentos e sentimentos. Estávamos progredindo, então resolvi não forçar, apenas assenti e terminamos de comer em silêncio.

 

Camilas's POV

Realizações cotidianas: um simples telefonema; encontro com amigos ou familiares; exposição e apresentação de ideias. O que pode ser considerado comum e banal para muitos, no meu caso eu vejo e vivo essas situações através de uma lupa potente.

A ligação e convite inesperados de Lauren quase me causam um colapso nervoso, pois além da circunstancia em si, ela acrescentou o fato de não relevar quais seriam seus planos. Eu sei que essa foi a primeira de muitas situações que a mesma encontrou para forçar meus limites e fazer-me visualizar com precisão a minha "força".

A proposta inicial de Lauren foi algo que me fez pensar e repensar durante dias, ponderando os pós e contras e não chegando a nenhum lugar. Foi após me deparar com os seguintes dizeres: "Opte por aquilo que faz o seu coração vibrar... Apesar de todas as consequências" que senti como se mãos invisíveis me sacolejassem, então a decisão foi tomada e através da mesma frase a garota recebeu sua resposta, que pedi para Lucy – indo até seu apartamento logo pela manhã – entregar a uma das garotas, que fizesse chegar até Lauren.

Quando me deparei com a garota de olhos verdes em suas vestes casuais, escorada tranquilamente na lateral do carro de Dinah, minhas pernas tremeram e eu quase tropeço, mas seu olhar firme me impulsionou a seguir. Somos como polos magnéticos opostos: distintos, mas atraídos por forças além de nossa capacidade de contestação.

[...]

Deixar minhas emoções libertas estava sendo uma missão mais fácil ao estar sentado sobre o capô da SUV em uma estrada semi-iluminada e deserta. O medo inicial por poder ser assaltada ou sequestrada, está se esvaindo a medida que as horas passam.

– Gostei da forma que encontrou para responder a minha proposta. – Lauren comentou depois de minutos de silêncio. Ela tinha acabado de consumir seu lanche e agora estava deitada olhando as estrelas espaças no céu escuro.

– Foi a frase que me fez decidir positivamente. – Seus olhos brilhantes agora observavam meu rosto com atenção e carinho.

– É um modo de conversação mais... descomplicado. – Assenti em concordância. – Poderíamos aderir. – Me inclinei para trás sobre os braços olhando-a com a sobrancelha erguida. – Quando existir coisas demais a serem ditas, ou complexas demais, podemos usar da sabedoria de terceiros para nos expressarmos. Citações de pensadores, músicas, poemas, fragmentos de livros... seja o que for. E os meios para isso também pode ser o que mais se adequa para a ocasião: mensagem de texto, escrita, áudio... desde que consigamos exteriorizar o que está aqui. – Ela tocou sobre o próprio coração.

– Simples e significativo. – Sorri e fitei o céu. – Gostei.

– Apenas prometa-me que não hesitará em me dizer o que sente, seja com palavras, gestos ou através do nosso novo método. A comunicação é a chave para o desenvolvimento pessoal e interpessoal.

– Prometo me esforçar ao máximo.

A confusão que senti ao ver Lauren se aproximando a alguns instantes atrás, prestes a me beijar novamente, me desestabilizou, pois um pontinho de desvario quase me convence a retribuir.

Estava se tornando cada vez mais perigoso.

– Ainda não me decidi sobre o presente da Ária. – Falei diante a lembrança da minha indecisão.

– Sério? A minha escolha foi óbvia. – O brilho da luz sobre aquela pele cálida criava nuances nunca vistas. E a dispersão que predominava ao observar os detalhes de Lauren quase me fazia bufar em desdém por minha incapacidade de controle.

– Acredito que algum kit de pintura.

– Está vendo! Sou óbvia demais. – Sorrimos audivelmente.

– Se não for incômodo... você poderia me ajudar nessa tarefa amanhã? – Mais um olhar de surpresa e admiração.

"Lembre-se de manter a respiração compassada, Camila." Eu ordenava em pensamento.

– Será um prazer. – Aquele sorriso; os dentinhos proeminentes; os olhos quase se fechando; o brilho no olhar. Ainda sob o efeito da contemplação de tamanha beleza, proferi em voz alta o pensamento repentino que atingiu minha mente:

– Passa a noite em meu apartamento, pois está tarde e facilitaria para nós duas ir às compras amanhã. – Se arrependimento matasse...

Quase sufoquei com minhas próprias palavras, sentindo ruborizar e tremer. Lauren visivelmente surpresa, assim como eu, seguiu meus movimentos e sentou-se.

– Tudo bem? – Suas feições demonstravam preocupação. – Está tremendo... – Apenas indiquei positivamente com a cabeça sem conseguir olhá-la. – Relaxa, okay? As verdades e desejos surgem quando são ditos ao acaso, sem ficar remoendo antes de proferir.

– Por isso evito que isso aconteça. – Senti-me instável, então escorreguei desajeitadamente pelo capô. – Essa é uma necessidade de infância.

– Comigo você pode ser totalmente transparente. – A garota tinha descido logo em seguida, parando defronte a mim. – Sem medo de represálias ou julgamentos. – Assenti e fui envolta em um abraço.

– Pediríamos tentar encontrar algum filme na televisão e aproveitar por mais um tempo a noite já que não é necessário acordar cedo amanhã. – Eu precisava estar em um ambiente que me seja familiar e que atenue a minha ansiedade.

– Impossível recusar a um convite como esse. – Lauren concordou sorrindo e me guiando até o lado do passageiro, abrindo a porta em seguida. – Mas tenho uma pergunta de extrema importância para que isso dê certo.

– Qual seria essa pergunta? – Perguntei inclinando a cabeça.

– Vai ter pipoca? – Gargalhei em descrença.

– Sim, terá pipoca. – Respondi sentindo o estômago doer devido às risadas.

Associar a dor a momentos de alegria para mim é totalmente incomum, mas a sensação é tão... boa.


Notas Finais


Para aguçar a curiosidade... o próximo capítulo está um misto de tensão e momentos fofinhos.

Até breve!

Twitter: @forward5h


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