História Meraki - With you I'm a beautiful mess

Camila's POV

A discussão no carro com Lauren foi uma momento indubitavelmente constrangedor, mas que tornou-se inevitável já que a raiva reprimida desde a sexta-feira atenuou-se quando vi Veronica na Universidade. Eu queria ter tido o controle dos meus instintos para evitar aquele rompante afrontoso para cima da morena de olhos verdes. Mas foi mais forte do que eu. Eu estava fora de controle por culpa dela.

Os sentimentos conflitantes em meu peito estavam para me levar à loucura, e aceitar que eu estava apaixonada por aquela garota tão amável e audaciosa não ajudava a comedir o sufocamento que eu me encontrava. Dinah tinha razão quando disse que eu perderia Lauren. Por que ela tem que estar sempre certa?

Posso tê-la perdido para sempre. Meu karma nunca falha.

Quando cheguei ao CC Studio, subi diretamente para o andar superior com Ally, enquanto a morena marchava a passos largos em direção ao escritório de Dinah. Eu queria estapeá-la por deixar-se atrair por Veronica Iglesias, mas não tinha esse direito. Ela é livre para estar com quem quiser, mesmo que seja uma arrogante desalmada como a designer de moda.

Ao lembrar-me de que precisava assinar alguns documentos como DJ alertou mais cedo naquele dia, desci novamente, mesmo contra minha vontade, pois encarar Lauren só me trazia a lembrança daquele beijo voraz. Meu estômago embrulhava com aquela imagem.

Como habitual Dinah não fechara a porta, então parei no batente e escutei as palavras que me fizeram congelar. Cada parte do meu corpo ficou dormente, e quando aquele par de esmeraldas focou-se em mim, consegui ver o desespero que afligiu a garota. Eu queria fugir, mas meu corpo não me obedecia. Quando o gelo começou a derreter com o calor que me enlaçava, tentei encontrar palavras, mas o que eu diria? Precisava sair dali, e foi o que fiz.

Escutar Lauren se declarar foi a melhor e pior sensação da minha vida. A ambiguidade sempre me dominando. A vontade de jogar-me em seus braços e rasgar meu coração a ela foi barrado pelo desespero de não saber o que dizer, de como agir. Aquela garota me intimidava de uma maneira que ela jamais entenderia, sua presença tão marcante me deixava sem chão.

Com as pernas bambas, o corpo tomado por tremores, lágrimas queimando meus olhos, o oxigênio deixando meus pulmões sem volta. Eu sentia que desmaiaria a qualquer momento, mas consegui manter a lucidez e escutar cada palavra como a composição mais bela já escrita. Então ela saiu e eu desmoronei em minha cadeira.

Dinah adentrou minha sala momentos depois, me observou e compreendeu, não fez nenhum comentário mordaz, apenas depositou um beijo no topo da minha cabeça e pediu que eu me acalmasse e que digerisse o que aconteceu. Tentei recuperar-me antes do final do turno, mas não foi uma tarefa fácil, e foi no caminho para casa, quando eu pluguei meu celular e a primeira música da minha playlist falou comigo, ou melhor, eu senti como se estivesse escrito aquela canção. Ali estava o que eu deveria ter dito a Lauren, mas não consegui por minha total incapacidade de controlar e ordenar minhas emoções e pensamentos.

"Com você, eu sou uma linda bagunça", dizia um verso da música, e é exatamente assim que acontece conosco. Somente consigo encontrar-me com seu apoio e amor. Eu me perco em meio a minha própria bagunça sem Lauren Jauregui.

Dormir estava fora de cogitação, e a vontade de retribuir as palavras tão verdadeiras e afetuosas que me foram direcionadas, somente fazia a ansiedade aumentar. Se eu não me controlasse surtaria.

Deixando qualquer pensamento lógico de lado, fui até meu laptop e produzi um singelo vídeo, mas que esperava demonstrar a Lauren o quão importante ela é em minha vida. Ela é minha outra metade, minha parte sã.

Enviei. Apenas deixei meu coração guiar-me, como ela mesma tenta me ensinar dia após dia.

From Lauren [04:36am]

Quero assistir o nascer do sol ao seu lado.

Um sorriso irrompeu da minha alma com aquela ideia, não tem como aquela garota ser mais perfeita.

From Lauren [04:39am]

Até daqui a pouco. Te amo!

Sim, ela consegue superar a si própria.

[...]

– Oi Lauren. – Sussurrei roucamente.

– Oi Camila. – Aquela voz rouca fazia tremores percorrerem meu corpo.

Ela se aproximou e entrelaçamos nossas mãos ficando frente a frente. Perdi-me olhando aquele mar verde que me demonstrava tanto desejo, senti aquecer-me.

– Eu... – Tente falar, mas não consegui. Inspirei profundamente.

– Você disse que tem algo a pedir-me. O que seria? – Percebendo minha ansiedade crescente, a morena me ajudou a ordenar meus pensamentos.

– Eu quero que me beije, Lauren Jauregui. – Nesse momento eu não pensei, apenas pedi o que tanto ansiava.

– Tudo o que você quiser. – A voz baixa e rouca como jamais ouvi antes fez meu coração parar na garganta.

Nos minutos seguintes eu me perdi por completo, da mesma forma que Lauren me confidenciou que seu coração não a pertencia mais, eu poderia dizer isso nesse exato momento.

O vento fraco da manhã jogou os cabelos ondulados da morena para trás, eu tinha uma visão perfeita de seu rosto pálido com as bochechas levemente rosadas, e aqueles olhos... minha perdição. Ela apoiou uma mão em minha cintura me puxando, unindo nossos corpos. Eu senti sua respiração quente em meu rosto, o que fez minha boca ficar seca, então molhei os lábios com a ponta da língua, ela arfou e elevou a outra mão a minha nuca, subindo lentamente, causando arrepios em meu corpo, e mergulhou os dedos em meus cabelos, trazendo meu rosto mais próximo ao seu, selando nossos lábios.

Meu mundo girou e senti que minha caixa torácica seria rompida a qualquer instante pelo meu coração descontrolado. O mundo a minha volta se calou, era apenas Lauren e eu.

Por impulso apoiei uma mão na curva de seu pescoço e a outra depositei na lateral de seu rosto. Sua boca tocou a minha com gentileza, quando entreabri os meus lábios ela capturou o inferior entre os seus e sugou-os com vontade, fiz o mesmo com o seu lábio superior. Senti sua língua macia pedindo passagem ao acariciar meu lábio, então permiti sentir seu gosto. Docemente inebriante. Nossas línguas se acariciavam com ânsia e deleite, como em uma dança sensual. Lauren explorava cada parte da minha boca como se eu estivesse saciando-a de um antigo vício. Ao sugar minha língua um gemido rompeu de sua garganta. Se ela não estivesse me pressionando com tanta firmeza contra seu corpo eu não tenho certeza se minhas pernas suportariam meu peso.

Cada parte de mim vibrava e estava em chamas, nossa proximidade liberava um calor tão intenso, que se assemelhava a exposição aos raios solares da esfera dourada que despontaria no horizonte em poucos minutos. Mesmo com meus pulmões queimando, pedindo por oxigênio, eu não queria que aquele momento fosse interrompido. Afastamo-nos com uma lentidão sôfrega, e com as testas coladas buscamos por ar, nossos bustos unidos subiam e desciam com rapidez. Os dedos de Lauren em meus cabelos se moviam em carícia gostosa, enquanto sua outra mão percorria a extensão da minha coluna, parando próxima a base das minhas costas. Meus olhos incapazes de abrir, pois eu temia ser apenas um sonho.

Permanecemos nessa mesma posição por um tempo que eu não consegui definir, pois isso não me importava. Nada realmente importava, a não sermos nós. Lauren me puxou para um abraço, e sentir seu cheiro me fez ofegar. Ela beijou meu pescoço, fazendo uma trilha até minha orelha, aquele hálito quente fez cada pêlo do meu corpo se eriçar.

– Eu te amo Camila Cabello. – Um sussurro quase inaudível.

Suas palavras fez-me afastar um pouco para que eu pudesse olhar em seus olhos. Estavam totalmente dilatados, fazendo-os reluzirem quase enegrecidos. Segurei seu rosto avermelhado entre minhas mãos, acariciando sua bochecha com o polegar, ao mesmo tempo em que tracei o contorno dos seus lábios inchados quase hipnotizada.

– Eu... Eu te amo Lauren Jauregui.

Lauren's POV

Se isso é um sonho definitivamente não quero acordar. Mas parece tão real. O toque, o cheiro, o gosto... cada célula do meu corpo pulsava. Meu mundo estagnou, assim como minha lucidez.

Aquele pedido tímido e desejoso me tirou de órbita, ao tocar aqueles lábios carnudos com os meus próprios, mesmo já os tendo sentido com brevidade antes, nesse momento foi diferente. Houve entrega de ambas as partes, ânsia que crepitava como as chamas de uma ardente fogueira alimentada por nossa paixão.

Nossos corpos são como moldes perfeitos, quando eu puxei-a contra mim senti que nos completávamos. A necessidade de explorar cada cantinho da boca de Camila era aterradora, e a permissão concedida juntamente com a vontade da latina de explorar-me fez meu interior vibrar. Senti um gemido rasgar minha garganta ao sentir o gosto vicioso da língua quente de Camila ao suga-la com urgência.

Meus dedos se perderam dentre suas madeixas sedosas, enquanto minha mão vagava por sua cintura e costas. As pequenas e delicadas mãos de Camila aqueciam meu rosto e pescoço com seu toque. Eu conseguia sentir a potência do seu sangue latino como o combustível capaz de unir-se com as chamas que emanavam do meu corpo, criando uma reação extremamente perigosa. Entraríamos em combustão a qualquer momento.

A necessidade de buscar por ar nos fez romper nosso contato, mas eu não queria perder a maciez, a doçura, a ardor de sua boca. Permaneci com os olhos fechados ao apoiar minha testa contra a dela, e sentir seu hálito quente se misturar com o meu despertou a vontade de segurá-la com mais firmeza e proximidade, mesmo com minhas mãos ocupadas em fazer-lhe carícias. Abracei-a e senti vontade de chorar, de despejar de alguma forma a felicidade que me envolvia.

Seu perfume me atordoa. Inspirei profundamente contra seu pescoço e depositei beijos até próximo a sua orelha. Abstive-me de morder seu lóbulo, mas precisava dizer-lhe mais uma vez a sua importância para mim.

– Eu te amo Camila Cabello. – Minha voz estava fraca diante todo o desejo que preenchia meu corpo.

Ao senti-la se afastar e olhar-me com tanta intensidade, com seus olhos brilhantes e em uma tonalidade diferente do habitual, devido as suas pupilas estarem dilatadas. Suas bochechas estavam escarlates, igualmente seus lábios que se encontravam inchados, o que os tornavam mais desejosos. Com o dedo ela traçou os meus lábios com o olhar fixo no que fazia, a carícia em minha face me fez querer fechar os olhos, mas a visão perfeita da obra de arte que é seu rosto me impedia de fazer isso.

– Eu... Eu te amo Lauren Jauregui. – Pensei por um instante que poderia estar tendo um ataque cardíaco, pois meu coração esqueceu-se do ritmo de suas batidas. Senti minha visão embaçar devido às lágrimas que preencheram meus olhos com rapidez, transbordando-os sem vergonha.

Pisquei rapidamente tentando possuir novamente a visão dos detalhes da mulher em meus braços. Deparei-me com uma expressão intrigada. Sem conseguir me segurar uni nossos lábios mais uma vez, sorri em meio ao nosso beijo, mesmo com as lágrimas fazendo caminhos em meu rosto.

Soltei seu lábio inferior após segurá-lo entre meus dentes, sentindo um tremor percorrer o corpo definido de Camila. Seus olhos com um brilho que jamais antes vi, percorreram meu rosto e com a ponta dos dedos limpou meu rosto molhado.

– Definitivamente sou a mulher mais feliz desse mundo. – Falei sem conseguir tirar minhas mãos de seu corpo quente. – Você não tem noção do que é capaz de fazer comigo. – Ela sorriu timidamente e deitou a cabeça em meu peito enlaçando minha cintura com os braços.

– Eu posso imaginar, pois você faz o mesmo comigo. – Meu sorriso se alargou com aquela confidencia tímida. Continuamos assim por algum tempo, até percebermos o brilho dourado despontar no horizonte.

– Costumo tomar chá enquanto aprecio o que estar por vir. – Escutei a voz baixa da latina contra mim. – Você aceita?

– Aceito. – Ela se distanciou para ir até a mesinha próxima, o que fez meu corpo sentir um choque térmico por perder seu calor. Ela despejou o líquido claro em duas xícaras e me entregou uma.

– Sempre assisto o sol nascer ou se pôr daqui. – A morena depositou sua xícara sobre a parte plana e estreita da divisória de proteção. – Mas você é a primeira que me acompanha, gosto de ter esse lugar só para mim.

– Então posso me considerar uma pessoa sortuda. – Eu estava inclinada sobre os braços apoiados na divisória, e as mãos envoltas na porcelana quente da xícara. Meus olhos focados no perfil de Camila. Ela poderia facilmente ser confundida com uma pintura desenhada com paixão pelo artista que a detalhou com tanta precisão e beleza.

– Não tenha dúvida quanto a isso. – Seus lábios curvaram-se e os olhos vagueavam por minha boca.

– Porque não me beija? – Inclinei a cabeça e esbocei um sorriso doce ao ver suas bochechas ganhando um tom avermelhado. Ajustei minha postura e parei diante dela. – Não precisa hesitar ou envergonhar-se. Pode fazer o que quiser comigo. Sou sua. – Depositei um beijo em sua testa e lhe dei um selinho demorado.

Giramos para apreciar o espetáculo a nossa frente. Camila apoiou os braços na divisória e eu a abracei por trás, apoiando meu queixo em seu ombro. A brisa fazia o aroma da latina misturar-se com o do chá, criando uma incrível sensação de paz.

[...]

Continuamos abraçadas apreciando a vista com os raios solares esquentar nossa pele, até que tornou-se quente demais devido as nossas roupas de frio. Então Camila me chamou para descermos para seu apartamento.

– Fiquei feliz por tão ter levado nenhum tapa dessa vez. – Comentei tentando esconder meu sorriso. A latina me olhou com a boca entreaberta, então não consegui segurar a risada.

– Não me importarei com suas alfinetadas porque amo ouvir o som da sua risada. – Minha gargalhada divertida se transformou em um sorriso bobo.

Adentramos seu apartamento e Camila que estava caminhando a minha frente parou subitamente quase me fazendo chocar-se com ela.

– Quase me esqueci de que hoje é terça-feira. – Ela bateu na própria testa.

– Sim, hoje é terça. Por quê? – Franzi o cenho sem entender.

– A Universidade Lauren. Temos que ir para a NJCU. – Um suspiro desanimado surgiu dela.

– Se preferir podemos ficar aqui o dia inteiro. – Abracei-a pela cintura e ela rodeou meu pescoço com os braços. – Bem agarradinhas.

– Tentador. – Ela sorria divertida. – Mas temos deveres a comprimir. – Mas uma vez senti a hesitação dela olhando minha boca.

– Não a soltarei até que VOCÊ me beije. – Segurei-a com mais firmeza. Ela corou graciosamente. Esperei.

Com movimentos cuidadosos e acanhados, ela espalmou minha nuca e puxou minha cabeça e beijou-me. Eu poderia fazer aquilo pelo resto de minha vida e ainda não seria o suficiente para saciar minha sede de desejo por Camila Cabello.

Quando senti seus dentes prenderem minha língua com delicadeza para depois acaricia-la com sua própria, eu senti meu corpo esquentar e um pulsar quase doloroso em meu baixo ventre. Impulsionei Camila contra a parede próxima, enquanto nosso beijo se tornava mais intenso do que o esperado. Ao chupar seu lábio com força e descer minha boca para sua mandíbula, a morena arquejou ruidosamente e pressionou as palmas de suas mãos em meus ombros empurrando-me com gentileza.

– É melhor... – Sua respiração estava entrecortada. – Eu ir me arrumar.

A morena descolou nossos corpos e saiu em direção ao seu quarto com rapidez. Fechei os olhos e encostei a testa na parede, tentando acalmar-me. Estava quase perdendo o controle. Ter Camila a meu alcance não é uma tarefa fácil, pois minha atração por ela é quase sobre-humana, mas eu preciso lembrar que o respeito é o que fez nossa relação evoluir, chegando até aqui, e eu pretendo continuar cuidando dela, como a joia mais valiosa sobre a Terra.

[...]

Estávamos no carro a caminho da Universidade, saímos mais cedo para que eu possa ter um tempo para me arrumar antes das aulas, além disso, resolvemos tomar café da manhã no campus, seguindo nossa rotina, sem despertar quaisquer curiosidades indesejadas.

Quando Camila voltou do quarto, vestindo um de seus conjuntos sociais, ela agiu com naturalidade, o que me deixou surpreendentemente feliz, pois esperava um comportamento envergonhado já que as coisas esquentaram um pouquinho, minutos antes. Mas eu ainda me sentia envergonhada de não controlar meus impulsos. Observei o perfil da latina enquanto ela dirigia, e ela parecia... normal.

– Camz? – Ela girou o pescoço por breves segundos e me observou, mas eu não conseguia ver seus olhos devido aos óculos de sol, o que me deixa frustrada.

– Para de sentir-se culpada. – Ergui as sobrancelhas surpresa. – Desde que... desde o que aconteceu você está me olhando como se eu fosse correr e me esconder embaixo da cama e nunca mais sair de lá. – Um sorriso divertido surgiu em seus lábios.

– Você percebeu. – Suspirei envergonhada.

– Como já disse, você não é boa em esconder o que sente e nem mesmo em mentir.

– Pensei que você estaria pensando que sou uma louca pervertida sem controle. – Ela negou com a cabeça, seu sorriso se ampliando.

– Nunca irei culpa-la por algo que partiu de ambas. – Inclinei a cabeça para trás apoiando no encosto do banco, e fiquei observando-a.

– Você percebe?

– O quê? – Mais uma vez a morena me olhou com brevidade.

– O quanto evoluímos. Não falo só de você. Eu também mudei bastante desde que vim para cá e isso me agrada. – Sorri com as lembranças.

– Você? Explique-me. – Pediu curiosa.

– Eu me limitava ao traçar cada passo que daria, mas o destino me fez desviar desse cronograma que eu criei. Eu não era totalmente livre, mas agora sinto que sou. Evolui muito após vir para cá, fazer novos amigos, estudar a arte com o acréscimo de variados pontos de vista e descobrir o amor verdadeiro, isso despertou outro tipo de sensibilidade, algo mais tangível e que me faz totalmente feliz.

– Friedrich Nietzsche disse algo que se enquadra com perfeição no que acabou de me contar: Seja impetuoso, um livre-pensador, supere suas limitações. – A latina suspirou e molhou os lábios com a ponta da língua. – Essa frase sempre me incomodou, pois ter consciência de que é exatamente isso que deve fazer para mudar sua vida, mas ser incapaz de colocar em prática é frustrante. E saber que você conseguiu me deixa feliz. – Ela falava com os olhos fixos na estrada.

– Você percebe o quanto evoluiu?

– Mas não o suficiente. – A morena engoliu em seco.

– Nenhuma mudança é imediata, e apenas por permitir-se mostrar o quanto quer isso para sua vida já é um passo importante. Se antes esse pensamento de Nietzsche era apenas uma teoria distante, hoje eu posso lhe afirmar que você está colocando em prática. A Camila que eu conheci há alguns meses não é a mesma que está sentada aqui ao meu lado, e posso garantir que isso é algo positivo. – Ela continuou olhando a frente, e calou-se por alguns minutos. Deixei-a refletir sobre o que falei.

– Você foi a melhor coisa que me aconteceu. – A voz de Camila soou baixa. – Obrigada.