História Mesmo nas perdas há ganhos - Uma história de Kakashi Hatake - A mesma dor da perda

Assim que saí do Rio, notei algo estranho. Havia patas de cachorro pela terra que se alastravam até a mata.

Como um cachorro nada sozinho? Tem algo estranho.

Vesti meu vestido e sai dali em direção a minha casa.

Não deve ser nada importante. Pensei comigo.

Assim que cheguei em casa, me joguei na minha cama geladinha e adormeci ali mesmo, quase não conseguindo com aquele calor infernal.

...

" Você não é nada " - A voz disse duramente.

"  Porque está falando isso? Me deixe ir "- Eu disse sentindo meu rosto queimando.

" Não, sinto muito, mas sua vida acaba aqui e todo seu poder será meu " - A voz disse e saiu como um flash branco.

Nesse momento eu senti como algo atravessasse meu coração.

...

Acordei ofegante e olhei para o relógio achando que haveria algo importante, mas me lembrei que não haveria nada, então relaxei um pouco. Levantei e fui ver o clima da varanda. Estava um dia ensolarado, mas não com o calor insuportável que estava ontem.  Vesti um vestido azul que tinha sido bordado pela minha mãe, ela sempre vestia. Lembro como o café dela cheirava da cozinha e o quanto meu pai a amava e a dava um abraço todos os dias por trás enquanto ela fazia o café. Deixei uma lágrima escorrer de lembra-los e quanta falta faziam, mas de felicidade, por terem me criado e me fizeram ser o que eu sou hoje. E aqui estou de volta, a nossa maravilhosa vila.

Desci para a cozinha e preparei um cappuccino com chantilly. Pode parecer estranho, mas é algo que eu gosto muito. Estava apreciando o café quando ouvi batidas na porta. Fui até a porta e a abri. Eram Iruka e Yamato.

- Bom dia meus piolhos - Eu disse os convidando pra entrar - Entrem, já tomaram café?

- Já, Shira, só viemos dizer que temos uma missão pra resolver hoje e vamos passar o dia fora, só vamos voltar amanhã, vai ficar bem né? - Disse Iruka.

- Sim, claro. Qual a missão de vocês? - Eu perguntei dando um gole do meu café.

- Temos que transportar o Kazekage de volta a aldeia da Areia. - Disse Yamato

- Que responsa, hein, só me prometam uma coisa - Eu disse - Não morram - Falei sarcástica.

Eles riram e se despediram de mim. Desejo sorte e muito cuidado, só eu sei o quanto esses garotos são destrambelhados.

Fechei a porta e fui direto para geladeira pegar algo pra comer. Assim que fechei a porta da geladeira, vi a foto dos meus pais. Acho que vou vê-los hoje. Comi meu bolinho e fui em direção a minha bolsa, peguei 50 Ryo e fui em direção a saída. Fechei minha porta e fui em direção a floricultura mais próxima. Lá tinha as flores mais bonitas que eu já tinha visto. Tulipas, Sakuras, Lírios etc. Minha mãe adorava Lírios, então comprei um buquê para deixar em seu túmulo. Gastei todo meu dinheiro, mas comprei o buquê mais lindo da loja. Parti em direção ao centro memorial e em cerca de 5 minutos cheguei lá. Estava um dia bom, pássaros cantando e voando a cima de mim. Observei suas trajetórias e notei que havia outra pessoa agachada em frente a pedra memorial. Olhei bem e percebi que era Kakashi. Ele estava segurando um par de Tulipas brancas. Assim que cheguei até o túmulo dos meus pais, depositei as flores e comecei a rezar, para que suas almas se guardem no melhor lugar do paraíso, eles morreram lutando, tiveram a melhor vida possível enquanto estavam vivos e morreram de forma digna. Eu amo vocês pais, nunca vou me esquecer de vocês. Deixei algumas lágrimas caírem, mas logo as sequei. Notei que Kakashi ainda estava lá, parece que não tinha notado minha presença. Fui até ele e vi que estava lendo os nomes na pedra e que já tinha posto as flores no túmulo.

- É difícil, não é? - Eu disse me agachando ao seu lado.

Ele não disse nada, mas notei que seus olhos estavam fechados.

- Eu os perdi quando era criança - Comecei falando - Tinha 13 anos. Eu não tinha ninguem. Vivi sozinha como uma zé ninguém.

Olhei para ele e percebi que olhava em minha direção.

- Eles morreram, por minha causa - Ele disse num tom traquilo. Como de que já tinha aquilo em mente há muito tempo. Como que se conformasse que aquilo era verdade.

- Você os abandonou? - Eu perguntei, sabendo da resposta.

Ele não respondeu, apenas ficou quieto.

- Quer sair daqui? - Ele perguntou um tanto estranho.

- Me desculpa, eu já vou indo - Eu disse me levantando. 

- Não - Ele pegou em minha mão - Eu peguntei se não queria ir a outro lugar. Você quer?

- Claro - Eu respondi meio incerta.

Ele se levantou e eu comecei a andar ao seu lado.

- Quer... Falar sobre o que aconteceu? - Eu perguntei ingênua.

- Agora não - Ele respondeu

- Tudo bem - Eu disse cortando o assunto. - Bom, eu... Eu sei que não conheço muito bem você, mas.. - Eu disse meio sem graça tentando fazer amigos.

Ele olhou pra mim e sorriu com os olhos fechados. Ele tinha uma feição tranquila, das outras vezes estava sério, não tinha como decifrar. Estávamos andando em direção a vila quando notei que havia algo em suas mãos. Era um pequeno livro do Icha-Icha Paradise Volume I.

- Eu gosto de livros - Ele disse caminhando com uma mão no bolso e outra segurando o livro aberto.

- Livros eróticos? - Eu perguntei e ele respondeu sorrindo.

- Sim, é estranho, mas eu gosto - Disse guardando o no bolso.

-  Sabe, Jiraya me deu o Volume I inteiro. - Eu disse colocando as mãos atrás da cabeça.

Ele abriu os olhos em surpresa e brilhando.

- Sério? - Disse com os olhos brilhando.

- Sim, mas só empresto se você me falar sobre você - Eu disse sentando de baixo de uma árvore que havia por ali. Kakashi parou em pé me observando.

- Você parece muito um aluno meu - Disse ele com os olhos fechados  sorrindo e sentando ao meu lado.

- No que? - Eu perguntei.

- Nas chantagens - Ele disse sorrindo. Eu assenti e esperei ele dizer algo.

- Coisas que eu gosto e não gosto... Eu realmente não sei falar sobre isso. Quanto à meta da minha vida... Realmente não tenho pensado nisso. E meus hobbies... Eu tenho muitos hobbies. - Ele disse sarcástico.

Percebi que é uma pessoa fechada, e eu entendo porque é assim. Ele já passou por tanto sofrimento, acredito que não queira se relacionar profundamente com alguém.

- Uau. São... Muitas coisas - Eu disse dando risada.

- Eu gosto de ajudar nas questões Shinobi. Eu sou comandante das forças aliadas. - Ele disse olhando pra frente.

- Quer me contar sobre essas forças? - Eu perguntei e ele me olhou confuso.

- São muitas coisas - Ele disse franzindo a testa e sorrindo.

- Eu adoraria ouvir - Eu disse e ele olhou surpreso.

- Ok, senhorita - Ele disse e começou a contar sobre tudo. Missões, como funcionavam os Ranks (A,B,C,D,S), e o que as pessoas faziam para entrar. Falamos sobre Icha-Icha e todo o tipo de coisa possível.

- Eu gosto de sopa - Ele disse dando risada como se fosse algo tão idiota que nem precisaria comentar.

É, acho que vamos virar bons amigos. Quem sabe isso não ajuda a superar seus medos?