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História Metade de Mim (Vondy) - Cap. 44 - Infiltrado


Escrita por: ELITERBD

Capítulo 45 - Cap. 44 - Infiltrado


CHRISTOPHER UCKERMANN 


Hoje eu acordei bem cedo pra ir ao fórum pegar a certidão de casamento. Pretendo usar o documento para revelar o meu segredo, assim que Dulce e eu estivermos de volta a San Antonio. O meu nome verdadeiro consta na certidão e isso vai provar que eu usei um nome falso durante esse tempo todo. Já se passou pouco mais de uma semana desde que nós nos casamos e estamos aqui em Austin há quase um mês. Minha esposa comentou que está com saudades da família, então, eu sugeri que a gente fosse embora neste fim de semana. 


Ainda não conversamos sobre onde iremos morar. Eu disse que a gente poderia discutir o assunto após voltarmos para San Antonio. Até porque eu sei que não vai adiantar termos essa conversa. A nossa relação vai se desmanchar como um castelo de areia atingido pelas ondas do mar. Se não estivéssemos no meio desse rolo todo da minha operação no FBI, com certeza eu ia preferir que a gente morasse em um sítio. Me imaginei vendendo a minha casa pra ajudar na compra do nosso novo lar. No entanto, isso não vai acontecer. 


Peguei o carro do meu tio emprestado para ir ao fórum. Acabo de chegar em casa e estaciono o veículo do lado de fora da garagem. Meu celular toca. É uma ligação de Alfonso. Ontem ele me mandou uma mensagem, avisando que precisava falar comigo. Respondi que eu iria retornar quando eu pudesse. Hoje de manhã, antes de sair de casa eu liguei para ele, mas não fui atendido. Provavelmente ele devia estar dormindo. 


Ucker ― Oi. {Tiro o cinto de segurança} 


Alfonso ― Tenho novidades. Adivinha? {Seu tom de voz está animado} 


U ― As minhas bolas fizeram um bebê, mas elas ainda não têm a função de adivinhar, Alfonso. {Reviro os olhos} 


A ― Iihh, tá nervoso por quê? O que rolou? 


U ― Porque o prazo de validade do meu casamento está chegando ao fim. {Solto um suspiro} ― Foi mal. Eu não quis ser grosseiro. Acabei de pegar a certidão pra mostrar pra minha esposa que eu estive usando nome falso. {Olho para o papel sobre o banco do carona} 


A ― Não vou nem te julgar. Ainda mais agora que vocês vão ter um filho. Aliás, será que corre o risco dela não querer que você se aproxime do baby? Talvez como uma forma de punição. 


U ― Dulce não pode fazer isso! {Exaspero-me e meus olhos marejam} 


A ― Bom, foi só um palpite. Algumas mulheres não sabem separar as coisas. Acho que Dulce não faria algo do tipo, por mais que esteja magoada. {É um caso a se pensar}


U ― Qual é a novidade que você tem? {Mudo de assunto. Não quero cogitar a possibilidade de Dulce me impedir de ver o meu filho} 


A ― Como você já sabe, Sapphire aceitou o acordo que oferecemos a ela. 


A princípio, a vadia relutou em aceitar, é claro. Mas Alfonso e os outros agentes não se intimidaram. Eles até entregaram o celular para que ela ligasse para Espinosa e a deixaram ciente de que somente ela ia se ferrar, caso me entregasse. Disseram que o prefeito tem maiores recursos e chances de se safar. Sapphire avaliou melhor a oferta e viu que era um bom negócio. 


A ― Archie conseguiu um mandado de busca e apreensão no gabinete do prefeito. {Continua}


U ― Sério? {Outra excelente notícia!}


A ― O seu sogrinho pode ser preso ainda hoje. {E ele será pego de surpresa}


Nem precisou colocar em prática o meu plano de dopá-lo e roubar a chave do gabinete. Pelo menos, não irei levar uma advertência do FBI por invadir um órgão público. E eu e Dulce vamos ter que voltar a San Antonio antes do que eu esperava. 


U ― Então, Sapphire entregou todos os cúmplices do esquema da clínica? 


A ― Deu os nomes de todas as pessoas que ela sabe que estão direta ou indiretamente ligadas. Ela mencionou a Angel, Megan, Benedict, o tal Joe, Fernando Espinosa e também dois assistentes sociais. Angel é a única que foi obrigada a participar, mas ela recebe um cachê. 


U ― O mais difícil vai ser pegar o governador do Texas. Ele será avisado que a casa caiu e vai tentar escapar. 


A ― Relaxa! A polícia já está de olho nele, assim como o FBI. {O governador do Texas governa na capital do Estado, ou seja, ele está aqui em Austin}


U ― Descobriram quem é o cara que levava as drogas para a Angel lá na clínica? 


A ― Você não vai acreditar. Joe... James. {Diz pausadamente} ― Filho de Benedict James. 


U ― Como é?! {Meus olhos saltam. Agora eu me lembro de onde tinha escutado esse nome. Derrick mencionou o irmão no bar do Jim, no dia em que fez as acusações contra o pai de Dulce}


A ― Joe também é produtor de drogas, mas não de sintéticas igual ao pai. {As drogas sintéticas são o ecstasy, anfetaminas, lança perfume, etc.} ― Descobrimos que, além de ele ter uma plantação de maconha, também produz drogas semissintéticas. {Maconha é uma droga natural, assim como o ópio e a ayahuasca. As semissintéticas são o crack, cocaína, heroína, etc.} 


U ― Ele devia trabalhar junto com o pai, não? 


A ― Isso que nós vamos descobrir assim que o interrogarmos. Inclusive, ele já foi detido. 


U ― E a Erin? Foi encontrada onde? {Foram tantos acontecimentos, que nem tivemos tempo para comentar sobre os maiores detalhes desse caso. E eu também quis deixar as informações um pouco de lado pra poder aproveitar os momentos com Dulce}


A ― Estava sendo mantida em cativeiro no porão da Aurora's. Somente Sapphire e um segurança tinha autorização para acessar o local. 


U ― Que bom que não fizeram nada pior com ela. {Jim deve estar muito feliz por ter reencontrado a irmã com vida}


A ― O plano da Sapphire era usá-la como moeda de troca pra se safar, mas a equipe tática do FBI conseguiu achar um alçapão que dava acesso para o porão. Estava escondido debaixo de um dos sofás usados pelos clientes. {Escondida literalmente debaixo dos nossos narizes}


U ― Ela está bem de saúde? 


A ― Agora sim. Estava um pouco debilitada quando a encontraram, ficou alguns dias no hospital, mas já recebeu alta. {Que maravilha! As coisas estão entrando nos eixos}


U ― Tudo desabando aí em San Antonio, e eu aqui no paraíso com a Dulce. 


A ― Você passou a operação pra eu finalizar e escolheu ficar com a sua mulher. Fez o que o seu coração mandou. {Escolhi tarde demais}


U ― Consegui o que eu queria, amigo. {Digo em tom desanimado} ― A operação foi concluída. Mas estou prestes a perder a melhor coisa que aconteceu na minha vida: a minha esposa. {Murmuro com voz embargada} 


A ― Se você explicar tudo certinho, ela vai entender. Dulce se casou com um policial, e não com um criminoso. Criminoso é o pai dela! 


U ― Não é essa a questão. A questão é que eu menti, a usei e a sequestrei. {Encosto a testa no volante do carro e aperto os olhos}


A ― Putz! Esqueci desse detalhe. Que péssimo momento você foi se apaixonar e ter um filho, hein. Eu não queria estar na sua pele. Prepare-se pra levar um tiro da sua Dona Onça. {Melhor seria se fosse só um tiro} 


Assim que entro em casa, vejo meu tio furando a parede com uma furadeira. 


U ― O que vai fazer, tio?


Oliver ― Parafusar uma prateleira. {Aponta para a madeira encostada verticalmente na parede} ― Ingrid quer colocar mais uns objetos de decoração e novos porta-retratos.


U ― Deixe aí. Depois eu venho te ajudar. 


O ― Com a parafusadeira é rapidinho, não se preocupe. {Sorri} 


U ― Tio, eu quero te agradecer por ter cedido o espaço da sua casa pra mim e pra minha esposa. E também pedir perdão por aquela discussão que tivemos antes de eu sair da cidade. {Abaixo o olhar, expressando arrependimento e vergonha} 


O ― Não se preocupe. {Aperta o meu ombro} ― A sua dor era grande demais. Tão grande, que você sentia necessidade de se vingar. {Diz em tom baixo} ― Qualquer um no seu lugar ia buscar o mesmo. 


Eu olho ao redor, pra ver se Dulce não está por perto. 


O ― Dulce está no quarto, não se preocupe. Apesar de você ter feito tudo errado, fico feliz que tenha arrancado o ódio do seu coração. O preencheu com amor. Se apaixonou justamente pela filha do seu inimigo. {Diz em tom ainda mais baixo} 


U ― Ela vai me odiar. {Mostro-lhe o papel da certidão} ― Aqui está a verdade. Logo a minha esposa vai saber de tudo. {Abro a gaveta do aparador e guardo o documento ali dentro} 


O ― Sua tia está arrasada. Ingrid gosta muito de Dulce e se sente mal por estar mentindo pra ela. Também sinto muito por você ter encontrado o amor dessa forma. 


U ― Justo no meio de uma investigação. {Encosto na parede e cruzo os braços} 


O ― Mas, por outro lado foi bom. Você desistiu de fazer algo pior que pudesse se arrepender no futuro. Seu coração era como um carro a quilômetros por hora, com o objetivo de atingir um único homem. Foi sendo parado aos poucos pela mulher por quem se apaixonou. 


U ― Meu maior arrependimento foi não ter priorizado ela quando tive a chance de fazer isso. {As lágrimas escorrem pelos meus olhos} ― Eu não a escolhi. 


O ― Garanto que escolheu. {Sorri} ― A partir do momento que desistiu de ferir o pai dela. Você a escolheu, sabendo que Dulce iria se machucar se você o machucasse. O seu amor por sua esposa se tornou mais forte que o ódio pelo assassino dos seus pais. 


U ― Ainda assim eu menti sobre a minha profissão e identidade. {Enxugo meu rosto molhado} 


O ― Você foi para San Antonio com dois propósitos: se vingar e cumprir uma obrigação do seu trabalho. Cumpriu um, mas não cumpriu o outro. Um deles você tinha que escolher se fazia ou não, já o outro, era um dever. 


No início, eu também pensava como o meu tio, porém, agora me condeno até pelo fato de estar fazendo o meu trabalho. A partir do momento em que permiti que o meu coração se misturasse com a minha profissão, eu deveria ter escolhido uma das duas coisas. 


O ― De qualquer forma, aquele homem é um criminoso e você não poderia deixá-lo escapar. Você tem senso de justiça, filho. O importante foi ter optado por deixá-la nas mãos das leis do país, e não nas suas próprias mãos. {Ele me dá um abraço} 


U ― Obrigado por ter cuidado de mim. Obrigado por ter assumido o papel de pai. {Murmuro com voz chorosa} ― Eu não era uma responsabilidade sua. 


O ― Christopher. {Segura meu rosto com as mãos e me olha nos olhos} ― Eu não quero que pense que você foi um peso para nós. Ingrid e eu cuidamos de você com todo o amor e sem um pingo de arrependimento. Te adotar foi a melhor coisa que nós fizemos, juntamente com fazer a Nicole. {Nós rimos} 


U ― Ser pai ou mãe de uma criança que saiu da gente é fácil, o difícil é assumir uma criança que não é nossa. Por isso te admiro ainda mais. {Beijo o seu rosto} ― Perdão por nunca ter te agradecido o suficiente. 


O ― A melhor forma de agradecer é continuar sendo esse homem de valor que você sempre foi. {Beija a minha testa} 


Antes de ir para o quarto encontrar a minha esposa, fui até o jardim, abracei minha tia e lhe fiz o mesmo agradecimento que fiz ao meu tio. Ela se emocionou junto comigo e me deu uma bronca por ter que continuar mentindo pra Dulce. Tia Ingrid se apegou muito à minha oncinha. 


U ― Bom dia, amor. {Vejo-a sentada na cama, lendo um livro. Ela nem me olha} 


Dulce ― Aonde foi? {Pergunta em tom seco} 


U ― Fui fazer uma caminhada. Desculpe não ter trazido o seu café da manhã hoje. Acordei com a cabeça um pouco cheia e precisei espairecer. 


D ― Imagino o porquê. {Dulce tira algo de dentro das páginas do livro e joga um papel sobre a cama} ― O que isso significa? 


Pego o papel e meu corpo congela quando começo a ler. É uma carta do banco. Eles estão me dando um novo cartão de crédito com um limite maior. O meu nome verdadeiro está escrito aqui. Lembro-me que recebi uma ligação da agência bancária, pouco antes de vir para Austin. Fui avisado de que ia receber um cartão novo, e quando a atendente pediu para confirmar o meu endereço, dei o do meu tio Oliver, que inclusive consta no meu cadastro como um segundo endereço para recebimento de faturas. Como eu não estava ficando na minha casa, pedi para que o cartão fosse entregue na do meu tio. Eu tinha me esquecido completamente disso. 


U ― Posso explicar. {Um nó se forma na minha garganta. Ao que tudo indica, vou ter que contar a verdade antes do previsto}


D ― Tenho certeza que pode. {Fecha o livro com força e finalmente me encara} ― O nome do destinatário é Christopher Alexander Casillas Von Uckermann. Das duas, uma: ou o banco fez uma enorme confusão com os nomes dos clientes, ou esse é o seu nome de verdade. {Me encara com olhar rígido} 


U ― Também passei no fórum pra pegar a nossa certidão de casamento. Guardei lá embaixo na sala. Nela tem a resposta que você procura. Posso ir buscar? 


D ― Você tá querendo fugir?! {Se mostra indignada} ― Você não vai fugir! {Levanta da cama} ― Quero que me explique... 


U ― Venha comigo, então! {A interrompo} 


Dulce me olha com reprovação e aceita me acompanhar até a sala. 


U ― Tio, pode dar uma licença para mim e Dulce? {Ele já terminou de parafusar a prateleira. Agora está limpando a sujeira}


O ― Claro. Vou ajudar a sua tia lá no jardim. 


U ― Tá na hora da minha esposa saber de tudo. Ela encontrou essa correspondência do cartão de crédito. {Entrego o papel a ele} 


Tio Oliver faz um semblante de espanto. 


O ― Dulce, independente de qualquer coisa, não duvide que o meu sobrinho te ama. {Sorri levemente antes de se retirar e fica sem receber uma resposta de Dulce} 


Abro a gaveta do aparador, pego a certidão e entrego à minha mulher. Respiro fundo e aguardo enquanto ela faz a leitura. Meus olhos já começam a marejar. O nosso castelinho de areia vai se desmanchar mais cedo do que eu imaginava. Nem isso saiu conforme o planejado. 


D ― Não pode ser. {Suas mãos tremulam enquanto seguram o papel} ― Não, não, não não, não, não, não, não. {Nega com a cabeça} ― Esse é o seu nome? Christopher Alexander Casillas Von Uckermann? 


U ― Sim. 


D ― C-como? {Expressa confusão e choque ao mesmo tempo} ― Impossível! Eu li o seu nome no documento do tribunal, e não era esse. M-me explica! {Diz a última frase com voz falha} 


U ― Eu sou um agente disfarçado do FBI. {Revelo, dispensando fazer rodeios} ― Um espião, como somos chamados na linguagem popular. 


D ― O-o que? {Ela dá passos recuados, se desequilibra em seus próprios pés, mas eu a seguro pelo braço}


Dulce se esquiva de mim e senta no sofá, passando a mão pela testa. 


U ― Eu... eu estou em uma missão como agente infiltrado. Fui designado pra... me infiltrar na fazenda e investigar o seu pai. Nunca fui um segurança, Dulce. Eu sou um policial.


Ela fica boquiaberta e busca pelo fôlego, como se estivesse lutando pra se salvar de um afogamento na água. 


D ― Me enganou esse tempo todo. {Me encara com desprezo e perplexidade}


U ― Juro que em tantas vezes eu quis te contar a verdade. {Me rendo ao choro} ― Tantas vezes. Mas não tive coragem. 


D ― Mas teve coragem pra mentir, não é? Por que não me contou? Por que não me disse a verdade? {Murmura chorosa} ― Estava sendo divertido me enganar? Hein? {Sua voz sai mais agressiva agora} 


U ― Sem provas, você jamais acreditaria que o seu pai pudesse ser um criminoso. Derrick o acusou lá no bar do Jim e o que você disse a ele? Que ele não tinha provas! 


D ― Agora as coisas estão fazendo sentido. Você é outra pessoa. Por isso eu sentia que você escondia algo de mim. É um agente infiltrado pra investigar o meu pai. {Ela repete as informações, acho que está tentando assimilar tudo} 


U ― Não é só isso. Tem mais detalhes. {A parte da minha vingança}



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