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História Metal Cubicle - Capítulo Único


Escrita por: AmericaGranger5

Notas do Autor


Essa história mais do que um clichê, mas eu estava com saudades de escrever e gostei dela ao ponto de postar.
Espero que gostem <3

Capítulo 1 - Capítulo Único


Rose sempre foi uma aluna dedicada, estudiosa e inteligente, mas claro que ela não era perfeita, e seu maior defeito era ter uma briga antiga com a pontualidade. Os professores a amavam; A melhor aluna no curso de arquitetura; sempre com as melhores notas, como pode cometer um erro fatal desses? Santo Deus ela estava preparando esse trabalho havia mais de cinco meses, como poderia ter se atrasado para o dia da apresentação?

Seis e meia da tarde, esse era o horário que começariam as apresentações, não seria difícil pegar seu carro as 18:00 e se dirigir à faculdade, mas não! Ela tinha que começar um livro da Agatha Christie, se esquecer até do próprio nome e sair 18:20! Seria tranquilo, seu apartamento era a 5 quadras da universidade, ainda chegar a tempo, no limite, mas a tempo. Toda via o universo nunca colabora. Seria muito fácil desse jeito. Então para dar um pitadinha de emoção, o carro de Rose simplesmente não sai do lugar e o mundo decide que seria o melhor momento para começar a cair. Nunca, nunca, em 10 anos havia ocorrido tamanha tempestade em Manhattan, e claro, a ruiva nunca esteve tão desesperada.

O que ela poderia fazer? Chamar um taxi e não se atrasar naquele engarrafamento que se formava seria impossível, a mesma coisa com um ônibus, qual a melhor alternativa então? Isso mesmo, sair correndo igual uma louca em plena tempestade, apenas com um pen-drive, a carteira, as chaves e o celular no bolso. Nem passou por sua cabeça subir até o apartamento e pegar um guarda-chuva.

Agora, lá estava Rose, já 10 minutos atrasada e totalmente ensopada, correndo pelo hall da universidade. Hogwarts era dois prédios, um com 33 andares e outro com 24, com seus cursos distribuídos por eles. Ela precisava ir para o grande salão onde os trabalhos seriam apresentados, vigésimo andar, um acima da administração e um abaixo da medicina. A ruiva entrou correndo no elevador e clicou no botão que mostrava o número 20, depois apertou compulsivamente o botão de “fechar as portas”. As mesmas estavam prestes a fecharem completamente quando um ser humano infeliz posiciona o braço entre as portas impedindo-as de completarem sua obrigação. No mesmo instante Rose lança um olhar mortal para o homem do outro lado, um loiro alto com olhos cinzas lindos, analisando na verdade, ele todo era lindo, mas não importava quem fosse ali naquele momento, a ruiva estava com vontade de matar.

O homem parecia tão nervoso quanto ela, provavelmente também se atrasara por conta da chuva, mas mesmo assim lançou um belo sorriso que parecia dizer “tenho 32 dentes na boca e quero mostra-los”

-Olá- Cumprimenta educadamente.

Rose mal olha, apenas faz um aceno de cabeça. O elevador finalmente começa a subir e ela percebe que ele não apera nenhum botão. Vencida pela curiosidade pergunta:

- Você também faz arquitetura?

-Hã? Desculpa, como? –Pergunta levantando os olhos do celular.

-Você não apertou nenhum outro botão, pensei assim que seria do curso de arquitetura. –Explica já se arrependendo de ter aberto a boca.

-Ah não, obrigado por me avisar. –Assim clica no “21” indicando a faculdade de medicina.

Ficam em total silêncio a não ser pelo barulho do teclado do celular do loiro. Rose começa a ficar com frio, a noite não é das mais quentes e ela está molhada até o último fio de cabelo, só estava esperando chegar até o grande salão onde os ares-condicionados estariam ligados, aquecendo o ambiente. O painel informava que eles estavam no décimo oitavo andar, quando tudo para e fica escuro. Ela demora para chegar à conclusão que com a forte tempestade a energia havia acabado. No primeiro momento, pensou que perderia a apresentação do trabalho e consequentemente a maior nota do semestre, mas pensou mais um pouco, se o prédio estava em completa escuridão, provavelmente o evento seria adiado. Então veio o segundo medo: o elevador poderia despencar de dezoito andares até o chão, em qualquer momento!

-Ai meu Deus! –Exclamou com a voz desesperada.

-Você está bem? Por favor me diga que não tem claustrofobia?! –Ela escuta a voz do loiro ao seu lado e por um momento esquece que não está sozinha, agradecendo por isso internamente. Percebeu que seus olhos estavam apertadamente fechados e que ele havia acendido a lanterna do celular.

-Na-não, não sou claustrofóbica, mas o elevador pode cair a qualquer momento, e eu não quero morrer! Como você não está surtando?!

-Primeiro: ainda bem que um de nós não está surtando. Segundo: a minha mãe é psicóloga e eu cresci ouvindo técnicas para ficar tranquilo, então acabo fazendo isso quase involuntariamente. Terceiro: Provavelmente foi só um apagão rápido, logo as luzes voltam. –Fala aquilo mansamente como se estivesse cometendo sobre um dia de sol. Mas isso não despreocupa Rose. A ruiva já vira incontáveis fotos, vídeos e reportagens do que fazer quando um elevador caia, mas nunca lembrava o que deveria fazer para sobreviver.

Cansada senta no chão frio e encosta a cabeça na parede. O que ela poderia fazer? A bateria do celular estava em 20%, não queria desperdiça-la, vai saber quanto tempo esse “apagão rápido” duraria. Poderia dormir, mas se alguma coisa acontecesse durante o sono dela? E mesmo que estivesse cansada nunca dormiria. Rose não sabia ficar parada, não poderia ficar olhando para uma parede de metal esperando a porta abrir, ela enlouqueceria! Sua única alternativa foi:

-Qual seu nome? –Pergunta olhando para o rosto do homem.

-Como? –Diz tirando a atenção do celular.

-O que tem de tão interessante nessa droga que está te prendendo assim? –Ela perde o controle e está praticamente gritando.

-Hei, hei, hei. A culpa não é minha que está caindo o mundo lá fora e o elevador parou, pode tirar essa carinha irritada de cima de mim. E para o seu governo, meu nome é Scorpius Malfoy.

-Prazer, Rose Weasley. –Ignora totalmente o discurso de Scorpius, mesmo sabendo que ele está certo.

-Sei quem você é.

-Como? –Pergunta deixando as feições raivosas de lado dando lugar a uma de curiosidade.

-O que tem de tão interessante nessa droga que está te prendendo assim? –Imita a voz dela, só para incomodar. Não era algo que fazia diariamente, mas era tão legal irrita-la. – Sua mãe é uma das melhores advogadas da cidade e...

- A melhor da cidade. –Interrompe com ar atrabiliário, o que deixa tudo mais divertido.

-A melhor advogada da cidade, e meus pais têm uma grande fábrica de remédios muito grande, e toda empresa precisa de uma boa defesa, e como a senhorita mesmo disse, sua mãe é a melhor. Resumo, nossos pais ficaram amigos e vocês iam muito na nossa casa jantar, por ser 3 anos mais velho eu era obrigado a brincar com você, e senhor, você era uma peste! Bom quando você fez 11 anos mais ou menos, preferia ficar em casa ou quando ia, apenas sentava no sofá e lia. Muito mais fácil.

-Eu realmente não me lembro de você.

-Bom saber que todo o meu sofrimento foi em vão. –Fala balançando a cabeça com a mão no peito.

-Não devia ser tão horrível assim. –Comenta a ruiva com uma sobrancelha erguida.

-Com certeza era! Pelo menos seu irmão era calmo.

-Ah, Hugo está dando uma dor de cabeça para os meus pais, agora no ensino médio. –Confessa só pela necessidade de mostrar que ele estava errado.

­-Notas? –Questiona se sentando ao lado dela.

-Não, suas notas até são boas, o problema é que não existe um final de semana que ele não leve uma garota para casa.

-Meu Deus, está falando sério que o maior problema dos seus pais é esse? Podia ser infinitamente pior, ele poderia estar fazendo isso escondido, poderia estar fumando, poderia estar bebendo! Assim eles podem orienta-lo sobre o que fazer e não fazer. –Fala Scorpius em um misto de choque, intrigarão e descrença.

-Eu sei, já disse isso a eles, mas acho que eles idealizaram no Hugo um filho perfeito, que não sai por ai com qualquer garota.

-Bom, poderia ser mil vezes pior.

-Com certeza poderia.

O silêncio domina a caixa de metal. Ficam assim até o toque de celular desperta-los de seus pensamentos. Scorpius pega rapidamente seu aparelho mas faz um aceno com a cabeça, parecia decepcionado. Rose entendeu o sinal e viu que a melhor amiga ligava para ela.

-Alô? Alice?

-Rose! Onde você está? –Pergunta com a voz preocupada.

-Estou presa no elevador. –Explicou tentando manter-se calma para não assustar a amiga.

-Merda. Eu já imaginava, por isso te liguei. Você está sozinha?

-Não, Scorpius Malfoy está comigo. –Responde olhando para ele que já olhava na expectativa de alguma novidade para eles saírem.

-O gato loiro da medicina? Amiga, se deu bem, hein? –Rose é capaz de ouvir o sorriso malicioso na voz da amiga e fica vermelha. Pelo sorriso do loiro ele ouviu.

-Alice!

-O quê?! É verdade. Mas enfim, coloca no viva voz, eu vou passar para o técnico do elevador. –A ruiva faz o que a amiga manda e posiciona o celular no centro do elevador.

-Olá, estão me ouvindo? –Pergunta um homem que deve ter uns 40 anos de idade.

-Sim. –Respondem em uníssono

-Ótimo, meu nome é Kléber e sou técnico de elevadores. –Ele faz uma longa pausa e Scorpius acha necessário acrescentar:

-Olá Kléber. –Rose acaba rindo com a voz de deboche.

-Olá. Então vou explicar a situação: Vocês já devem saber que está caindo o mundo lá fora e foi por isso que o elevador parou. Os dois estão no décimo oitavo andar, um lugar consideravelmente alto, o que pode ser preocupante. –Rose tenciona as costas, aflita. Scorpius percebe e repousa a mão em sua coxa para tranquiliza-la, mas ela não parece perceber. –Ano passado os elevadores da universidade foram trocados para evitarmos problemas fatais. É uma coleção relativamente nova de alta tecnologia que faz o elevador descer aos poucos até chegar ao térreo. A máquina é programada para não abrir as portas em caso de não pararem no andar certo e as portas não fecharem novamente. Então só poderão sair daí quando a energia voltar. Vocês devem abrir a portinhola que fica no teto para circulação maior de ar. Então se sentirem o elevador andando não se desesperem. Okay?

-Okay. –respondem juntos, ele olhando para o teto com os olhos concentrados e ela olhando preocupada para a porta.

-Eu sugiro que utilizem o mínimo possível de seus celulares, não sabemos quanto tempo ficaram aí.

-Tudo bem.

-Qualquer coisa liguem para a secretária da escola e nós atenderemos, boa noite. – Falando isso desliga o celular e não os deixa responder.

-Tá né. –Os dois ficam olhando para o celular, quando Rose começa a se levantar para abrir a portinhola, é que os dois percebem a mão do loiro na perna dela.

-Hãã desculpa. –Fala Scorpius tirando a mão rapidamente. –Você estava nervosa e eu queria te acalmar.

-Tudo bem, obrigada. –Rose fica um pouco corada mas disfarça olhando para o teto.

O homem levanta e fica ao seu lado com a cabeça erguida.

-Por que alguém faria um teto tão alto quanto esse? Não sei se consigo alcançar. –Fala Scorpius.

-Não acho que seja uma boa ideia pular.

-Concordo. Talvez se eu ficar na ponta dos pés? –Tenta, até alcança a portinha mas está emperrada. –Que maravilha, está presa!

Mais um tempo em silêncio. Rose até tem uma ideia em mente, mas fica envergonhada. Respira fundo, eles podem ficar sem ar a qualquer momento, é melhor ficar com vergonha do que com asfixia.

-Acho que... se você me levantar eu alcanço. –Olha para ele com expectativa.

-Pode ser. Vem. –Rose não estava preparada para um movimento tão brusco, quando percebeu seus joelhos estavam encostando no peito do loiro e ela tinha batido a cabeça no teto. –Meu Deus desculpa.

-Tá tudo bem, imagina. –Mentira estava doendo muito, mas ele não precisava saber. –Calma, momento de concentração e... consegui. –Olha para baixo com um sorriso vitorioso de quem conseguiu “salvar a vida deles”

-Obrigado, minha heroína! –Responde rindo enquanto coloca ela no chão novamente.

-Eu sei, eu sei, sou demais. –Ironiza sentando novamente no mesmo canto.

Scorpius desfaz o sorriso e fica analisando-a. Rose fica sem jeito e desvia o olhar para as unhas com o esmalte pela metade.

-Tem certeza que não se machucou? –Pergunta preocupado.

-Tenho sim, apenas dói um pouco mas nada que amanhã já esteja melhor. –Provavelmente ela lembraria dessa pancada o resto da semana, mas novamente, ele não precisava saber.

-Deixa eu ver. –Como antes ele se aproxima muito veloz e ela se assusta recuando o corpo para trás. –Calma, não vou te machucar mais, só quero ver se não está mentido. –Fala tocando a cabeça dela procurando o machucado. Tenta segurar mas não consegue, solta o gemido de dor quando ele toca o galo em sua cabeça. –E com certeza deve estar doendo muito, o galo está enorme. Provavelmente vai sentir isso por muito mais que um dia. Desculpa novamente. –Fala recuando.

-Tudo bem, não foi de propósito... eu acho. –Brinca erguendo as sobrancelhas desafiadora.

-Não sei, você era bem chata quando criança. –Diz entrando na brincadeira. Se encaram por alguns segundos até que os dois caem na gargalhada.

O frio começa a se instalar ainda mais na garota que faz um coque com o cabelo alaranjado em uma tentativa de fazer o cabelo secar mais rápido e faze-lo parar de pingar em suas costas.

-Eu sou um desastre mesmo, não me toquei que você deve estar congelando! –O loiro diz espantado batendo a mão na testa. Para a surpresa de Rose, ele começa a tirar sua jaqueta (aquelas bem quentes que são corta vento e forradas de pelo por dentro, que se usa no inverno) e entrega pra ela. –Pega.

-Mas você não vai ficar com frio? –Pergunta se segurando para não se agarrar na jaqueta se cobrir-se inteira.

-Não, estou com uma blusa térmica e um blusão, com certeza você precisa mais dela do que eu.

Lentamente ela pega a jaqueta e cobre as costas, apertando-a na frente. No mesmo instante ela sente o calor do corpo dele, não é o contato humano mas chega muito perto, ela suspira e solta os músculos, antes tensionados.

-Obrigada. –Agradece sorrindo.

-Não por isso. –Senta ao lado dela e passa o braço por seus ombros na tentativa de esquenta-la mais. –Melhor assim.

Respirando fundo, um pouco desconcertada pelo perfume e pelo contato. –Sim, melhor ainda.

-Ótimo. Eu sou extremamente friorento, deu para perceber né? –Ri de si mesmo e Rose solta uma risada com o nariz. –Eu praticamente não tenho blusas de manga curta no meu armário.

-Geralmente eu sempre saio com um casaco ou moletom. Mas deu tanta coisa errada que eu não sei nem se fechei a porta de casa.

-Saiu atrasada?

-Qual o seu palpite? –Pergunta com as sobrancelhas erguidas. –Infelizmente isso é um mal hábito meu. Me atraso muito, odeio isso. Hoje por exemplo, eu apresentaria um trabalho que estou fazendo a 5 meses, e consegui perder o horário enquanto lia Agatha Christie, então o meu carro não pegou e depois veio essa chuva desgraçada.

-Realmente não é o seu dia.

-Com certeza não. –Responde balançando a cabeça. –Mas podia ser pior, eu podia estar sozinha no elevador.

-Bom saber que eu sou útil.

-Sério?  Se não fosse você eu teria morrido de hipotermia ou de crise de pânico! –Exclama rindo, e fazendo ele gargalhar.

-Então quer dizer que eu sou o gato loiro da medicina? –Pergunta curioso para saber o que ela ia falar.

-Em minha defesa, Alice nunca tinha se referido a você desse jeito, na verdade não lembro de ela ter falado sobre você antes, mas são tantos garotos que eu nem presto mais atenção. –Ele só gargalhava. –Mas você não é ingênuo e inocente para duvidar que o que ela disse não foi verdade.

-Quer dizer então que a senhorita me acha um gato? – Deus ele estava adorando ver ela se defendendo ativamente e ficando vermelha.

-Ah por favor, isso é um fato! Todo mundo te acha lindo. –Exclama indignada com os olhos arregalados.

-Sempre é bom aumentar a minha autoestima. –Diz secando os olhos de tanto rir.  –E aproveitando isso...

Scorpius é interrompido por uma movimentação forte do elevador. Rose se assusta e jogas os braços ao redor do homem com os olhos bem apertados.

-Nós vamos morrer. –Sussurra quase tremendo de medo.

-Ei, calma, lembra o que o Kléber falou? –Tentando acalmar a garota envolve ela em um abraço, pelo desespero ela aperta-o mais forte.

-Ne-nenhum elevador se move tão rápido. Ele disse que desceria aos poucos –Deus ela estava chorando e agora ele é quem estava desesperado, não sabia lidar com meninas chorando.

-Respira, não precisa chorar, nós não vamos morrer e... –Melhor momento para o celular do loiro desligar a lanterna que iluminava o local até o momento. –Maravilha.

Nervoso, ele estava muito nervoso. Tentava acalmar Rose que já estava aos prantos falando sobre como ela não queria morrer, mas que pelo menos não seria o pior tipo de morte e blá blá blá. Não sabia se seu celular havia acabado a bateria ou se era apenas o modo de economia de energia que desligara a lanterna, não sabia também se a ruiva ao seu lado tinha um celular com bateria. E por mais que falasse que não fossem morrer, ele não sabia, na verdade, achava tanto quanto ela que era o fim dos dois. Até que finalmente o elevador para.

-O que aconteceu? Nós morremos? –Pergunta ela levantando a cabeça.

-Não, acho que nós chegamos no térreo.

-Ai, eu nem acredito. Obrigada Deus, obrigada a qualquer ser superior que poupou a nossa morte certeira. –Nada melhor do que isso para tirar a tensão do loiro, que caiu na gargalhada. –Por que está rindo?

Depois de alguns minutos para parar de rir e recuperar o fôlego ele consegue responder:

-Rindo do seu desespero, e de estar agradecendo sendo que nós já sabíamos que isso aconteceria. –As luzes do elevador acenderam fracas, mas acenderam, e Scorpius pode ver a cara raivosa da mulher. –Ah, vai Rose, foi engraçado.

-Tá, eu confesso que talvez eu tenha exagerado um pouco, mas duvido que você não ficou nervoso. –Fala já com as feições mais leves.

-Talvez. –Diz dando de ombros.

O celular toca e os dois olham para o aparelho, é novamente um número da amiga de Rose, a mesma atende e coloca no viva voz.

-Oi amiga, as luzes já voltaram aqui, mas não conseguimos abrir as portas ainda.

-Ok. –Rose responde com a voz levemente rouca pelo choro.

-Desculpa atrapalhar qualquer coisa que vocês estejam fazendo, afinal estão sozinhos nesse elevador tão pequeno... sozinhos, apenas os dois. –Alice começa a falar e Rose tem vontade de gritar com a amiga e se toca que ainda está grudada em Scorpius.

-Ãã oi. –Scorpius responde só para deixar a menina no telefone encabulada.

-Ai meus Deus eu achei que era a Rose, que vergonha! Tá, eu só quero saber se estão bem?

-Se você não tivesse nos interrompido estaríamos melhor, né Rose? –O loiro responde entrando na brincadeira.

-Com certeza. Tchau Alice.

O bem dito silêncio volta. Scorpius percebe a proximidade dos dois e logo se afasta pegando o celular, percebe que o mesmo apenas tinha ligado o modo de economia de bateria, aproveitou para abrir o aplicativo de mensagens fechando-o com uma cara despontada.

-Por que, do nada, parece que você quer cortar os pulsos? –Pergunta a ruiva analisando-o com as sobrancelhas erguidas.

-Nada não... ah quer saber, vou falar. –Aborda passando a mão nos cabelos. –Eu estou afim de uma menina, mas ela parece não ligar para mim. Meus amigos me falam que ela está me fazendo de idiota. Eu mando mensagem 10 da manhã, ela responde cinco da tarde, mas não é nem como se ela só tivesse tempo naquele momento, parece se ela responde só por responder mesmo. Quando eu a vejo ela, só me da oi e mais nada, eu até puxo assunto mas ela não continua. O problema é quando ela responde as minhas mensagens e a conversa flui, eu fico todo bobo e é por esses momentos que eu não acredito no que os meus amigos falam, mas está cansando já, faz dois anos. Preciso da sua opinião feminina. –Ele parecia mesmo perdido e desesperado.

-Quer que eu seja bem sincera? Primeiro: Parabéns pela persistência. Segundo: Não é que ela esteja te fazendo de idiota, ela só não gosta de você do mesmo jeito, pra ela você é um amigo conversando, não se sente na necessidade de responder assim que você manda uma mensagem porque não acha que tenha necessidade, nem que você fica esperando por isso o dia inteiro.

-Então você está dizendo que ela não está me fazendo de idiota? Mas também não quer nada comigo?

-É exatamente isso. –Rose se sentiu um pouco mal por ele, que baixou a cabeça com olhar magoado. Ela sabia como era ficar magoada desse jeito. –Escuta o que eu vou te falar, não é só porque essa garota especifica não sinta atração sentimental por você, que nenhuma outra no mundo vai sentir. Você é lindo, inteligente, cursa um curso incrível, é engraçado, legal e claramente muito dedicado, afinal são 2 anos insistindo. Na minha opinião feminina você deveria seguir em frente, conhecer outras garotas, da sua turma, em um bar, em um aplicativo, sei lá.

-Um elevador? –Olhou pra ela que ficou corada, não esperava.

-Um elevador. Só segue em frente.

-Não sabia que a senhorita entendia tanto de relacionamento. –Falou admirado.

-Eu não entendo, na verdade nunca namorei, tudo o que eu sei aprendi lendo romances. –Solta um risada pelo nariz.

-Interessante. Espera... você nunca namorou?

-Não.

-Nem na escola, sétimo ano ensino médio? Um namoro de sete, dois dias.

-Nunca nunquinha. –Fala sorrindo da incredulidade dele.

-Não acredito. Você nunca beijou?

-Também não é pra tanto, se acalma. Verdade ou consequência tinha que servir para alguma coisa não é mesmo?

-É tem razão. Nossa eu estou lembrando das tentas vezes que me ferrei nesse jogo idiota.

-Eu não brincava muito, mas quando brincava a galera caia em mim, porque a santa Weasley tem que saber o que é diversão. –Fala revirando os olhos.

-A santa Weasley, gostei.

-Nem começa. Eles falam isso porque não sabem o que eu leio nesse mundo obscuro dos livros quentes.

-Está bem, por essa eu não esperava. –Olhando para ela com olhos arregalados fazendo-a rir.

Começando a bocejar ela encosta a cabeça o ombro dele, porém abusadamente ela pede:

-Posso deitar no seu colo? –Fala já sonolenta.

-Pode. –Responde despreocupado.

Assim ela faz, deitando tranquilamente e fechando os olhos, aperta o casaco do loiro ao seu redor. Está quase dormindo quando...

-Finalmente conseguimos abrir essa porcaria dessa porta. –Os dois pulam de susto quando um cara moreno e barrigudo, provavelmente Kléber, grita entrando no elevador. –Atrapalhei algum momento especial?

-Não. –Responderam os dois em uníssono já em pé, prontos para saírem do cubículo. 

-Ótimo. Espero que nada de ruim tenha acontecido.

-Nada. –Responderam ansiosos.

-Não vou mais torturar vocês, podem sair passadinhos a liberdade os espera. –Não foi preciso ele dizer duas vezes, saíram rapidamente do elevador. Rose foi de encontro a amiga que lhe deu um abraço apertado.

-Ah eu fiquei tão nervosa, promete que nunca mais me deixa desse jeito. –Alice diz com os olhos marejados, sempre foi tão chorona.

-Prometo.

-Vamos embora, estou com fome e você também deve estar.  

-Realmente. Eu só preciso devolver uma coisinha. –Disse indo em direção ao Malfoy.

-Então santa Weasley, finalmente livre de mim. –Brinca quando ela chega perto.

-Nada, graças a Deus eu não estava sozinha. –Olha mais um pouco para ele e o abraça. –Obrigada, eu realmente não saberia o que seria de mim sozinha.

-Se daria muito bem, inteligente e com seus romances quentes. Eu que deveria agradecer por abrir meus olhos.

-Quites? –Pergunta estendendo a mão.

-Quites. Mesmo que eu tenha te causado um traumatismo craniano. –Ele aperta a mão dela e balança como se estivessem fechando negócio. –Você não queria, sei lá, sair pra jantar.

-A minha companhia por duas horas não foi o suficiente?

-Estou apenas seguindo seu conselho. Seguindo em frente.

-Ótimo, mas a Alice vai ter que ir junto, ela me mataria se eu não a convidasse.

-Sem problema algum.

E em um ato de coragem repentina passa o braço pelos ombros dela, e vão em direção a Alice que dá pulinhos sorrindo para a amiga corada.



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