História Metal Lie - Emoções bloqueadas

Ele estava no chão,deitado,suas roupas estavam sujas e ele tinha um colar no seu pescoço,não me recordo dele.

Os homens o levaram para dentro da casa a pedido da senhora.

-Vou deixar vocês dois sozinhos.-disse a senhora saindo e consequentemente os homens.

Ele estava na cama,seu corpo estava frio,seus lábios roxos,e havia hematomas em seu braço e rosto.

Passei a mão por seu cabelo,ele dormia , provavelmente estava cansado.

Não conseguia dizer nada,mas estava muito feliz em ver ele ali comigo,ele era a única pessoa que eu podia confiar,nesse mundo enorme eu só tinha ele.

-Ele está com fome,acorde ele.-disse a senhora me entregando um prato com comida.

-Eu não disse que o conhecia ,como a senhora soube? -perguntei.

-Eu sinto,e a confirmação foi o colar,ele esteve com minha filha,agora acorde ele.-ela disse saindo.

-Jake,acorda.

*Jake*

Escutei a voz de Lorranie,não era possível novamente sonhar com ela.

-Jake,acorda.

Abri meus olhos e lá estava ela,sentada no chão ,olhando para mim com um sorriso enorme.

-Lorranie?-Disse baixo.

-Sou eu.-ela sorriu.

Passei os meus dedos pelo rosto dela devagar,era incrível ver ela ali novamente,por várias vezes pensei que nunca iria ver mais ela.

-Você precisa comer.-disse ela me dando o prato.

-Não estou com fome.

-Jake,você está muito fraco.

-É bom te ver de novo.-disse ainda com a mão em seu rosto.

Ela sorriu.

Me sentei na cama e ela me deu o prato.

(...)

*Lorranie*

Ele terminou de comer,sua aparência já era outra.

-Venham,preciso levar vocês em um lugar.-disse a senhora .

Nós levantamos e fomos atrás dela.

Saímos da casa e fomos descendo por dentro da floresta.

-É só seguir a trilha,podem voltar a hora que quiserem.-ela disse e nos deixou.

-Esta bem.- respondi.

Continuamos a descer pela trilha indicada pela senhora.

(...)

Chegamos em um rio pequeno,era lindo,a água era tão limpa.

-A água ainda está limpa aqui.-disse Jake agachando e encostando a mão na água.

-Aqui é muito bonito.-disse olhando em volta.

-O rio também é muito bonito.-ele disse rindo.

Ele me empurrou me fazendo cair no rio,a água estava gelada,e ele continuou rindo de mim.

-JAKE! -gritei.

-Calma,eu também vou me molhar.-ele disse tirando a camisa e logo em seguida pulando no rio.-Sabe nadar?

-Você me jogou no rio,e depois pergunta se eu sei nadar? Isso não faz sentido.-disse rindo.

Ele não me respondeu,continuou me encarando,sem expressão alguma em seu rosto,ele se aproximou de mim e olhou em meus olhos.

-Me desculpa.-ele disse baixo.

-Pelo que?

-Por ser assim,nervoso,controlador,algumas vezes idiota,me desculpa por proteger você demais,só achei que estava certo em obedecer a doutora,e me desculpe por te deixar sozinha esse tempo todo.-ele parou de olhar para mim e começou a olhar a água,como se estivesse com vergonha de ser sincero. -As vezes eu fico confuso,não sei o que eu sou,de onde vim e o que eu realmente tenho que fazer,me pergunto se eu devo confiar nas pessoas que dizem que me conhecem,passei anos achando que o velho era meu pai,mais as histórias dele e de Marcos não me convencem e também não batem.

-Eu entendo você, também queria lembrar.dessas coisas ,que são tão simples,mas não consigo.

-Pelo menos me lembro de você,e você se lembra de mim.

Ri.

-Posso fazer uma coisa? -perguntou ele.

Assenti.

Ele se aproximou mais de mim e me abraçou,me envolveu em seus braços,seu corpo estava gelado devido a água do rio,mas era bom,ele era minha segurança.

-Eu sinto coisas estranhas quando te abraço.-disse ele em meu ouvido.

-Eu também,mas são boas?

-São,são ótimas.

Ele passava a mão pelo meu rosto,seu dedos eram leves.

-Porque faz isso?

-Não sei,mas sua pele é macia,é tão boa.

-Igual a sua.

-Não é Lorranie, a minha tem marcas,e a sua remete inocência.

Seus dedos desceram para meus lábios, acabei sorrindo pelo ato bobo.

Ficamos quietos por alguns segundos.

Me sentia totalmente diferente quando.estava com ele,como se algo em mim estivesse completo.

-Um dia vamos nos lembrar?-Perguntei.

-Espero que sim,seria bom.

Saí do rio e me sentei em uma das pedras que estavam ali perto e Jake continuou no rio.

(...)

Voltamos para a casa, e todos estavam sentados do lado de fora,e os mesmos pediram que nos sentassemos também.

-Preciso de respostas.-disse a senhora.

Olhei para Jake como sinal de confiança.

Ele devia falar.

-Somos do refúgio,mas já passamos pelo programa,o que quer saber?

-Conhece o Marcos?

-Sim,ele é o líder,mas eu acho que ele morreu.

-O que? -disse assustada.-Porque não me contou?

-Não queria estragar o momento Lorranie.

-Esta tudo bem! Vamos voltar as perguntas.-disse a senhora alto. -Ele também era do programa, mas foi retirado por conta de quebra de regras.

-Eu sei da história.-disse Jake.

-Vai me interromper? -disse a senhora.

-Não,desculpa.-ele respondeu .

-Bem,depois que ele foi expulso do programa ele veio para cá,viveu alguns anos conosco,ajudei ele a se lembrar das coisas, naquele tempo era fácil,e depois disso ele foi embora,fizemos um trato com o governo para conseguir ficar em nosso território,e ele é o maior que temos aqui na América.-ela deu uma pausa.-Ele sabia que um dia iriam invadir o refúgio,mas eles só entraram lá,por causa de vocês.

-De nós? Porque? -perguntei.

-Não sei,mas tem algo em vocês dois que eles querem, e o mal de tudo isso é que vocês não se lembram de nada,e eu não posso ajudar,tudo está moderno,eles mudaram muito,e vocês,vocês são diferentes, dependem um do outro.-ela disse.

-Antes de vocês saírem quem foi a última pessoa que tiveram contato?-Perguntou um dos homens.

-Com a doutora.- respondi.

-Ela queria que vocês ficassem sempre juntos,e além disso vocês são imunes a várias doenças,tem mais força,mais resistência contra sede,fome e até mesmo ao sono,vocês são extremamente inteligentes,sabem lutar e se defender,se estivessem no programa seriam perfeitos,com o tempo a cobrança de respostas na mente de vocês iram acabar .-Ele deu uma pausa.- Quando vocês não estão juntos o metal fica fraco,alguém conectou vocês,tornando um dependente do outro,vocês são robôs perfeitos.-ele disse.

-Não somos robôs.-disse  Jake.

-São programados,humanos com Chips,vocês podem ser manipulados,o chip de vocês está desativado,mas quem tem acesso aos recrutas pode ativar e encontrar vocês.-ele deu uma pausa.-Se vocês tirarem o chip vocês estão mortos.

-Foi a Bárbara que fez isso,ela nos conectou.-disse Jake.

-E porque?-Perguntei.

-Não sei.-disse ele seco.

-Esta escondendo algo.-disse a senhora.-tenho dons.

-Você não pode ser igual a senhora Parks.-jake disse em tom desafiador.

-Você não sabe um por cento do que eu e a senhora Parks somos.-ela disse.

-Vocês se conhecerem? -perguntei.

-Somos irmãs,todos que estão fora do programa,longe do dinheiro , é uma família,tudo está interligado.-ela se levantou.-Conte tudo antes que o tempo acabe.-ela disse para Jake e entrou na casa.

-Contar o que? -perguntei a ele.

-Vem.

Ele pegou em meu braço como sempre me puxando para um lugar afastado dos outros.

*jake*

Ela sabia de tudo,não podia esconder nada,era horrível isso,nunca gostei de ficar com a senhora Parks,ela invade nossas mentes,não nos deixa pensar sozinho.

-Eu não sei como te contar isso.-disse a Lorranie.

-Fala logo.

-A doutora Bárbara,ela é sua mãe.-disse rápido.

Era melhor não ficar inventando histórias ,o melhor era dizer a verdade de uma vez.

Ela ficou paralisada,estava sem reação.

-Lorranie,desculpa não ter contado,mas ela pediu.

-Minha mãe?.-Ela dizia a si mesma.

*Lorranie*

Minha cabeça estava confusa,mais confusa que o normal .

-Minha cabeça está doendo.-disse com a mão na mesma.

Coloquei a mão na cabeça,tentando aliviar um pouco,mas era em vão.

*Jake*

Lorranie estava com as mãos na cabeça, gritando,ela acabou desmaiando.

A levei para dentro da casa e a senhora me olhava com cara de reprovação.

Coloquei ela na cama.

-Ela está com dor na cabeça.-disse preocupado.

-Foi uma notícia muito forte para ela,talvez não era para ela saber disso,ou alguém está vigiando vocês.-disse o homem.

-Ela precisava saber,a dor de cabeça é porque vocês estão tendo emoções consideradas pelo programa como “humanas”.-Disse a senhora.

-Como assim? -perguntei.

-Vocês não entendem o que é estar com raiva,ou com medo,até mesmo amar,vocês são incapazes de amar! O carinho é algo errado no programa,eles consideram o maior erro humano,pois quando se ama você se torna frágil e vulnerável,e o problema é que vocês estão conectados, precisam um do outro,e como não estão mais no programa, o metal falha,causando os sintomas contrários e alguns deles levam a morte.-disse a senhora.

Ela me deixava mais preocupado ainda,cada palavra que saia da boca dela, abalava meu interior.

Naquele momento eu odiava o programa mais do que antes.

-Ela precisa descansar,sua mente está confusa.-disse a senhora saindo.-Venha.-ela me chamou.

A segui.

Fomos para fora.

-Jake, só te peço uma coisa,não cometa o erro de querer amar,muito menos ensine ela,não a deixe descobrir,isso irá matar vocês dois.-ela disse baixo.

Escutamos gritos de Lorranie e entramos rapidamente.