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História Metamorfose. - Fragmentos no ocidente.


Escrita por: Lilithschild

Capítulo 25 - Fragmentos no ocidente.


Já era noite. 2D sentia-se sozinho sem a japonesa por perto. Embora  o reencontro tenha durado tão pouco tempo, ele  acostumara-se rapidamente a sua presença cheia de vida  . Encolhido, fechou os olhos, escondeu a cabeça entre as pernas e abraçou a si mesmo.  

"Seja qual for a entidade por trás de toda essa merda que chamamos de mundo. Faça-me desaparecer, não sirvo para nada. Sou inútil até para aqueles que amo e nesse momento eu só quero... não estar aqui. " , ele chorava. Contudo, seus pensamentos jorravam ainda mais do que suas lágrimas desenfreadas. 

Sentia-se impotente por ser impotente. Sentia-se fraco quando deveria ser forte. Era um rato rastejando pelo esgoto,  quando deveria ser um tigre escapando da gaiola de um zoológico . 

Pobre 2D . Ainda há de crescer muito , mesmo no áuge de seus mais de 30 anos. Pobre 2D , que conhece a dor de amar, mas é incapaz de sentir-se digno de tal sentimento. Há de crescer muito... 

Levantou-se, cansado de chorar e lembrou-se de algo. Havia algo mais. Talvez alguém mais. Alguém que não era considerado alguém. 

Correu ao andar de cima a fim de entrar no estúdio do satanista . Ele não viu Cyborg acompanhar seu mestre. Por algum motivo , sentia-se feliz com aquela hipótese  .      

A porta estava aberta, Murdoc nem se dera ao trabalho de proteger seus pertences de 2D. Ele não era lá grande ameaça, afinal. 

Cyborg estava encolhida como 2d esteve há poucos minutos, ela parecia aflita,  o que era incomum para um robô. Em movimentos frenéticos, era possível ouvir os ruídos percorrendo cada fio de seus circuitos. 
-Cyborg, como conseguiu religar-se sozinha? ! -disse surpreso. A robô nem deu ouvidos.

Receoso ele aproximou-se e abaixou-se. Ela ergueu o rosto. Havia uma expressão. Um misto de medo, tristeza e desespero. 2d, surpreendeu-se com aquela reação. Mesmo odiando-a,  ele sentiu empatia, pegou a dor dela para si,  mesmo sem saber o motivo horrendo que faria um robô sentir.

- O que há de errado comigo? - ela questionou  antes que o vocalista pudesse dizer as mesmas palavras que a andróide confusa. 

2D, ainda surpreso, com a boca semi-aberta,  não disse nada além de gaguejar algo incompreensível. 

-Por que está doendo tanto? Por que?  Eu... eu... o que eu fiz? Eu fui má para ele? Será que não o obedeci? 2D, aproxime-se,  por favor!- agora estava claro,  ela também sentia-se impotente. Sentia, assim como ele, que havia falhado com uma pessoa importante. 

2D , ainda surpreso,  aproximou-se como ela pedira. Desengonçada,  ela se aproximou ainda mais dele e encostou a cabeça em seu peito. Envolveu o rapaz delicadamente com seus braços de metal revestidos por um tecido extremamente parecido com pele. Ela era fria e fazia o corpo do rapaz arrepiar-se até o último fio de cabelo.

2D permaneceu parado. Tentando pensar em alguma forma de empurra-la para bem longe. Queria livrar-se daquele abraço extremamente inconveniente. Havia um medo que crescia incondicionalmente dentro de si. Sim,  ele sentia empatia, mas não àquele ponto. 

Ela finalmente afastou-se, acabando com aquele abraço que durou minutos,  que pareceram horas para 2D. Bruscamente, o mesmo afastou-se,  a fim de evitar qualquer outra tentativa de contato físico da máquina. 

-2D! Eu... eu não fui programada para isso! O que há de errado comigo?!
-Eu não sei! Fique longe de mim!-antes que ela pudesse responder, ele correu o mais rápido que pôde para o banheiro. Vomitou todo o nervosismo que se acumulara em seu estômago negligenciado. Que ocupava o lugar que deveria possuir comida.

-Ugh! Mas que merda  ela tava fazendo?!-Perguntou às paredes, enojado.
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As luzes da cidade iluminavam o rosto de noodle e pareciam 3 vezes mais fortes, graças ao efeito daquele remédio que a deixara inconsciente. Demorou para recordar-se dos últimos acontecimentos, mas logo,  tudo veio à tona.

Percorreu os olhos pelo carro e viu Murdoc dirigindo. Queria ataca-lo, mas havia dois motivos para que não fizesse isso :
1-Estava fraca demais.
2-Se Murdoc perdesse o controle do carro,  morreriam os dois. Se sobrevivessem, ela seria punida por tentativa de homicídio.

Então,  apenas continuou observando as
luzes da bela cidade de Londres. Não se lembrava da última vez que estivera ali e no fundo,  sentia-se feliz por estar de volta. 

O carro parou em frente a uma mansão enorme, rodeada de pessoas esnobes com taças de champanhe. Ela sentiu um cheiro agradável e feminino, mas não sabia de onde vinha. Murdoc saiu e ajudou-a a sair também. Ela o fitou com ódio ardendo como fogo em suas pupilas.

-Eu sei andar,  seu imbecil.-ela o empurrou e caiu junto ao seu ego. As pessoas olhavam abismadas. Murdoc ajudou-a a se levantar mais uma vez. Ela sentia a diversão do satanista ao vê-la tão fraca e precisando de seu apoio. Era uma humilhação precisar da ajuda dele. Murdoc sustentou-a segurando em sua cintura .

Notou,  pela primeira vez,  que suas roupas não eram mais o vestido branco e as meias. Era um sapato preto de salto-alto. CocoChannel. E um belo vestido rodado azul-celeste. Constatou que o cheiro agradável que sentira antes vinha dela mesma.

-Mas que droga é essa?-indagou,  já dentro da mansão. 
-Roupas novas.  As suas antigas estavam sujas e rasgadas. Joguei fora.
-Isso te dá o direito de trocar minha roupa enquanto estou inconsciente? Inconsciente porque VOCÊ me apagou!-Exaltou-se.
-Calma linda, estão todos olhando. Imagine só os tablóides de amanhã:"Noodle finalmente enlouqueceu!"-Murdoc disse calmamente.- E além do mais, o que os olhos não veem, o coração não sente. 
-Vai te catar!
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Finalmente de volta à onde tudo começou,  Russel sentia a leve e doce nostalgia que a bela NewYork lhe proporcionava, viu como tudo evoluiu com o passar dos anos e ele ficara congelado na velha Inglaterra. 

Murdoc o ajudou a retornar ao seu tamanho original temporariamente. Para que pudesse visitar os Estados Unidos. Tirar umas férias. 

Russel sabia que no fundo,  o esverdeado era uma boa pessoa.  Hospedara-se em um hotel   barato e decadente nas redondezas. Sentia-se confortável sem muito conforto.  Gostava de ser uma pessoa normal as vezes. 

Caiu no sono rapidamente, cansado da viagem. No dia seguinte visitaria o Brooklin, onde nasceu e onde sua vida passou de difícil a merda total. Onde perdeu seu melhor amigo e onde compartilhou pela primeira vez seu corpo com outros espíritos.

 



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