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História Metamorfose. - Ilusões


Escrita por: Lilithschild

Capítulo 35 - Ilusões


A luz esbranquiçada das manhãs londrinas entrava pela fresta entre as cortinas , fazendo 2D despertar de um sono leve, cheio de preocupações. Queria ele, ter dormido como uma pedra. Mas a ansiedade foi maior que o alívio. 

 

Olhou o relógio digital pendurado na parede de seu antigo quarto. Eram pouco mais que nove horas da manhã. 

 

Levantou-se e andou pela casa. Ouvia a chuva cair lá fora. O chão estava gelado. O aquecedor parecia não funcionar. Com frio, voltou ao quarto para pegar um suéter. 

 

 Viu fotos de seu pai e dele mesmo quando criança espalhadas pelas paredes paralelas do corredor . 

 

Uma foto em especial chamou sua atenção: seu pai estava radiante, com um braço ao redor dos ombros curvados de 2D, que ainda possuía olhos bons e os dois dentes que lhe faltavam,assim como o sutil apelido de "Stu Pot". 

 

Algo estava errado: onde estava seu pai? 2D não quis levantar hipóteses. Estava com fome. Já com o suéter, refez o caminho pelo corredor até as escadas. Desceu,  passando pela sala ,em direção à cozinha, que ficava depois de uma porta em forma de arco depois da sala. 

 

Um clima doce pairava e aumentava conforme ele se aproximava, com o som da voz de sua bela mãe cantarolando e o cheiro de biscoitos de chocolate. Era como se retornasse à infância. 

 

Já na cozinha, 2D foi até sua mãe e a abraçou por traz. Beijou-lhe a bochecha e desejou bom dia. Ela estava radiante, as olheiras nem estavam mais tão profundas! Dormira bem pela primeira vez em quatro anos. 

 

Ele sentou-se à mesa enquanto ela retirava do forno, uma grande quantidade de biscoitos com gotas de chocolate. Serviu o leite para 2D. 

 

-Pode deixar ,mãe. Eu me sirvo. -2D tentou impedir. 

-Tarde demais.-Ela disse, terminando de servi-lo. 

-Ok, ok, chega de tanta doçura , estou ficando diabético. -2D brincou. 

-Não fique diabético antes de comer os meus biscoitos. Você precisa engordar. 

-Ah mãe, olha meu corpo esbelto e atlético! Por favor, né. -2D falava com a boca cheia. 

-Se anorexia for um esporte, você ganharia uma medalha de diamante. 

-Assim você me ferra. -2D retrucou. 

 

Já acostumada com aquele vocabulário desde os treze anos de 2D, ela riu. Sentou-se à mesa e comeu também. 

 

-Mãe...tem uma coisa que quero te perguntar. -2D disse quebrando o silêncio mais confortável do mundo. 

-Sim. 

-Meu pai...cadê ele? -O silêncio caiu, mas dessa vez,  como uma pedra sobre a cozinha. 

 

Ela apenas bebelicou o café e olhou nos olhos de 2D. 

-Está ...morto. -Ela respondeu com tristeza. 

-Quê?!

-Ele...teve um infarto fulminante ano passado.-Ela dizia, enquanto 2D a encarava, incrédulo-Morreu enquanto dormia... Não sofreu.  

-Mas...quando eu saí...ele, ele estava tão bem!-2D dizia, ainda sem acreditar. 

-Eu sei, meu filho...mas não se preocupa.Ele está no céu. -Ela iniciou um choro sentido. 

 

2D, percebendo a tristeza que trouxe à tona no coração de sua mãe, levantou-se e deu a volta na mesa. Sentou-se ao lado dela e a abraçou, querendo consolá-la. 

-Você me fez tanta falta...-Ela disse, retribuindo o abraço. 

-Você também, mãe...me fez muita falta. -Ele disse com os olhos cheios de lágrimas. 

-Vamos parar de chorar...os biscoitos estão esfriando. 

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Noodle despertou sozinha. Suava frio e sentia um medo paralisante. Algo estava errado.

 

 A noite anterior havia sido incrível. A melhor que já tivera ao lado de Cortez, mas aquele medo era algo mais sensitivo. Em relação a ele, e não ao que fizeram. 

 

Noodle correu para a janela. Estava chovendo, era difícil ver algo ou alguém através do vidro embaçado. 

 

Vestiu roupas e foi procurá-lo no andar de baixo. Um mal estar a fazia cambalear. Sentia uma forte náusea. Algo estava errado. 

 

A casa, que tinha uma energia negativa e pesada, agora era tomada por um breu. Um breu que o cérebro de Noodle projetava em sua visão, avisando que ela estava exausta. 

 

Um baque surdo foi ouvido e um zunido ecoou em seu crânio. Estava no chão e sentiu em seguida, uma fisgada insuportável na nuca. Quis gritar, mas sua própria mente sufocou qualquer tentativa, engolindo por inteiro sua consciência.  

 

Noodle acordou. E daquele momento em diante, o que deveria ser um pesadelo, era realidade: estava deitada ao lado daquele homem, cujo estômago havia chutado. 

 

Ele sorria como se a observasse há horas. Aquilo a fez arrepiar da cabeça aos pés e ranger os dentes. Levantou-se num pulo. 

 

Estava nua. Envergonhada e irada, puxou abruptamente o lençol da cama, deixando o homem apenas com o edredom. Ele ainda sorria, e a observava com um ar de diversão.  

-O que você fez comigo? Onde está o Cortez? -Ela perguntava enquanto estudava o local com os olhos.   

 

 Era um belo quarto. Mas tinha as paredes em tons vermelhos e pretos tão intensos , que a deixavam desconfortável. 

 

-Cortez? Quem é Cortez? -Ele perguntava ainda com um sorriso enorme no rosto, além do ar sarcástico. 

 

-Eu dormi com ele. Não com você. Nem drogada eu dormiria com você. 

-Engraçado, porque quando começou a fazer as coisas maravilhosas que fez, estava sóbria. -Ele riu enquanto se levantava. Estava nu. Noodle deu dois passos para trás. Ele prosseguiu. -Aliás, me surpreendeu. Com essa cara de adolescente recatada, nem parece tão experiente. Que desonra à sua etnia...tão ética e discreta. 

 

Noodle procurava as roupas, mas não as via em lugar nenhum. Começava a entrar em desespero. Aquele homem a fazia querer chorar de medo. Nunca sentira algo tão intenso. 

 

Os olhos dele eram vazios. Cada vez que ele a olhava, ela sentia-se presa. Sufocada. 

-Eu...quero ir embora. -Disse recuando ainda mais. Ele se aproximava. 

-Mas eu queria que você ficasse mais um pouquinho. -Ele se aproximou. 

 

Noodle estava contra a parede. Não havia como fugir. Ele a tocou. Ela contraiu o rosto e fechou os olhos, enojada. Virou o rosto. Ele arrancou o lençol de suas mãos. Nesse ato, fez um pequeno arranhão na mão direita dela. 

 

Ele beijava seu pescoço. Era gelado como uma pessoa morta. Noodle começou a chorar desesperadamente. 

-Por favor...eu só quero ir...-Ela implorava. 

-Soube que decaptava soldados treinados para matar aos dez anos. E agora está com medo de sexo? -Ele provocou, divertindo-se com o medo dela. 

 

Noodle sentiu as pernas amolecerem. Ninguém além dela sabia de seus treinamentos no laboratório de Mr. Kyuzo. 

Aquele homem era um disfarce. Não era um humano. Um humano não lhe causaria um medo tão grande. Noodle tentou engolir o choro. 

-Infelizmente, não posso fazer nada com você.-Ele segurou o rosto dela fortemente e voltou-o para o seu. Noodle fechou os olhos. 

 

Uma força sobrenatural a fez abri-los e olhar nos olhos dele. Suas pupilas cresciam e tomavam conta de seus olhos. A visão dela escureceu e ela sentiu o corpo deslizar parede abaixo. 

 

Olhou para cima e viu algo que nunca mais sairia de sua cabeça. Era uma criatura horrível. Com olhos negros, em uma metamorfose nojenta. Não viu o que veio depois. 

 

Acordou em seu quarto, nua. Olhou a mão direita e lá estava o arranhão cicatrizado. 

 

Levantou-se bruscamente e procurou Cortez. Ele havia sumido. A janela estava aberta e o carpete do quarto ficara todo molhado com a chuva. Havia uma pena preta no chão. 

 

Noodle cobriu-se com o lençol e fechou a janela e as cortinas. O quarto estava gelado. Sentia como se seus dentes fossem trincar a qualquer momento. 

 

Sentou-se em sua cama, pensativa. Nunca estivera tão confusa em toda a sua vida. O que acabara de acontecer? 

-Foi só um sonho. -murmurou, indo para o banheiro tomar um banho. -Um sonho intenso. 

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Russel tomou um banho pela manhã e vestiu uma roupa velha que guardara ali anos atrás. Estava até um pouco comida por traças, mas dava para usar. Estava frio e o aquecedor funcionava muito mal. 

 

No meio das poucas coisas que havia ali, encontrou um cartão de uma conta que possuía. Ele lembrou-se de ter passado um bom tempo procurando aquele cartão quando ainda morava no Kong. 

 

Havia cancelado, claro. Mas aquele cartão deu a ideia de ir até o banco saber se ele possuía algum dinheiro para recomeçar a vida. 

 

Pegou o guarda-chuva e saiu de casa. Se tivesse algum dinheiro, a primeira coisa que compraria seria uma linha completa de produtos de limpeza. A casa estava imunda. Parecia abandonada, cheia de teias de aranha e poeira. Era uma casa bem antiga e pouco mobiliada. O chão rangia em alguns pontos. 

 

Russel arrependeu-se brevemente por ter saído debaixo daquele dilúvio. Mas ao lembrar-se da situação de sua casa, animou-se rapidamente. 

 

Seria a tarde mais aconchegante de todas. Sentia um alívio tão grande por saber que cabia em uma cama. 

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Murdoc estava sentado em sua cadeira, em frente a vários monitores. Olhava para um ponto fixo, pensativo. Havia passado a noite no breu daquele porão. 

 

Pensava numa forma de livrar-se do incubus que evocara para assustar Noodle. Ele a queria de verdade. Queria alimentar-se do sangue dela, e era um demônio perigoso.  

 

Noodle teria ódio dele, se descobrisse, e ao mostrar sua verdadeira forma para ela, o maldito revelou o demônio que era. Noodle associaria tudo. Era inteligente. 

 

Murdoc jamais pagaria por um serviço tão porco. Queria matar aquele sangue-suga. Mas era impossível tal tarefa para um mero mortal satanista. 

 

Cortez agora estava fora de seu caminho, e ele mesmo livrara-se do mesmo. Que serviço inútil. 

 

Àquela altura, 2D já devia estar morto com Russel no meio do oceano. Cyborg descarregada, se deteriorando.

 

Noodle poderia começar a fazer músicas novas com ele, e agora seria sua cantora e guitarrista. Seria uma mudança e tanto. E aos fãs de 2D, seria dada a notícia de um acidente que o matara. 

 

Boogie man se livraria de Plastic Beach, mandando a mesma para o submundo, junto com as almas daqueles malditos, que Murdoc mesmo oferecera como pagamento de suas dívidas com seu mestre. 

 

 



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