2D pediu um isqueiro emprestado à um mendigo sentado ali perto de onde Isabela morava. Achara um cigarro amassado em seu bolso e sua cabeça explodia com a enxaqueca. Ao chegar em casa , notou que tudo continuava igual, inclusive sua mãe , que até mesmo continuava na mesma posição em que a vira da última vez. Suspirou desanimado com aquela calmaria que de repente estava de volta.
Tomou duas aspirinas esperando que a dor passasse. Sorriu , pois sentia-se sereno apesar da dor. Comprara um celular no dia anterior, mas não o usara até então. Isabela lhe dera seu número e disse que se precisasse , era só ligar. Ela era dura , mas parecia possuir um lado doce, o qual utilizava apenas para conseguir o que queria. Ficou ali , encarando aquele número durante longos segundos. Buscou o pequeno relógio digital na lateral do visor . Marcava 1:26 am.
Sentiu os olhos pesados. A aspirina começava a fazer efeito. Decidiu ir dormir , pois estava exausto e precisava consertar aquele torcicolo causado por sua nova amiga , diga-se de passagem.
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Noodle chorava enquanto esperava notícias dos policiais que chamara para retirar o corpo e procurar um possível culpado ao redor da casa. Um policial aproximara-se com aquele olhar rígido e profissional como todos os outros. Conduziu Noodle ao corredor.
-Aquilo não é um corpo de verdade.-revelou.
Noodle arquejou e arregalou os olhos vermelhos e inchados.
-Você só pode estar brincando! Sentiu aquele cheiro de podre? Ainda está aqui , esse... cheiro horrível!-ela contestou exaltada.
-Não tem cheiro nenhum.-o policial disse insensivelmente.-Não há nenhuma brincadeira da minha parte. Estou trabalhando. No entanto , a pessoa que fez isso quis pregar uma peça das sérias em você. É um boneco de silicone realista. Certamente uma pegadinha cara.
-Ah, você jura?! Porque isso me pareceu uma brincadeira bem leve e saudável!-ela disse sarcasticamente. E como não sente esse cheiro ? Está tão forte que posso sentir o gosto!
-Moça . Não há nenhum cheiro. Você está assustada, só isso.-ele disse , olhando profundamente nos olhos de Noodle.
Noodle decidiu parar de insistir. Mas sabia que aquele cheiro estava ali. E se não vinha daquela... coisa , devia ser algo além de sua compreensão. Lembrou-se do Incubus que tentara atacá-la diversas vezes.
-Tem alguma ideia de quem possa ter feito isso?-o policial perguntou ainda fria e profissionalmente , retirando Noodle de seus devaneios.
-Não. Eu não faço ideia de quem possa ter feito isso.-Noodle disse , voltando ao seu estado normal.
-Então sinto muito. Você pode dar uma queixa por invasão domiciliar.
Ela suspirou desanimada.
-Ok. Eu darei amanhã , mas você não acha que isso seja um tipo de recado? Foi uma brincadeira muito pesada e acredito que seja algum tipo de aviso. Há alguns dias , meu ex-namorado e eu tra... conversamos e ele desapareceu assim que eu...
-Pegou no sono? Calma , todos têm uma recaída.-o policial disse rindo.
-Pode continuar sendo profissional? Obrigada.-Noodle protelou , franzindo as sobrancelhas , intrigada.-Enfim , ele sumiu e deixou só uma...-ela pensou . Seria ridículo dizer que ele deixou uma pena preta , então apenas disse que ele não deixou nada.
-Olha , pode ser que seja um recado , então eu aconselho a permanecer em casa à noite e ficar atenta à acontecimentos como esse. Caso ocorra novamente algo que a ameace ou a ponha em risco , não hesite em ligar. Se vir algum suspeito agindo estranho próximo a sua residência... -Ele a orientou.
O policial pegou um bloco de notas no bolso da calça e uma caneta no bolso da jaqueta. Anotou um número e entregou a Noodle.
-Esse é o meu número pessoal , caso precise. Sei que você tem uma carreira artística e é conhecida por seu trabalho . Receio que seja algum fã louco , ou algum antipático ao seu trabalho.
-Ok...-Noodle ficou pensativa. Lembrou-se de que havia pensado em Jimmy mais cedo. Lembrou-se em seguida ,que ele estava morto , pois fora esmagado pelos destroços de El Mañana.-Obrigada.
-Tenha uma boa noite.
-Você também.
De repente , uma voz irritante e crescente , subia as escadas amaldiçoando os policiais ali presentes. Era Murdoc.
-O que caralhos tá acontecendo aqui?!-Berrou.
Empurrou um dos policiais e aproximou-se de Noodle raivosamente. Seus pés quase atravessavam o chão. Noodle o encarou com rigidez , mostrando que não tinha medo algum do satanista. O mesmo apenas ficou cara a cara com sua "prisioneira em liberdade condicional" , como se estivesse dizendo: "Resolvemos isso mais tarde.".
Um dos policiais tocou seu ombro.
-O senhor é o proprietário desta casa?-perguntou.
-É claro que eu sou! Essa porra de casa é minha e vocês estão invadindo por nada! Essa garota é neurótica , não sabe o que fala!-Berrou com o policial , cuspindo enquanto falava. Noodle riu discretamente.
-Senhor , acalme-se. Recebemos uma ligação por um corpo. Mas agora está tudo resolv...
Murdoc o interrompeu.
-Não tem corpo nenhum aqui! Tá achando o quê? Isso aqui não é necrotério, não!-Murdoc começava a parecer uma barraqueira.
-Exatamente . Não há corpo , foi apenas uma brincadeira de mau gosto para assustar sua filha. É sua filha , eu suponho.
-Filha o caralho! Ela é a minha guitarrista. Não conhece Gorillaz , seu alienado?! Sai da minha casa!! Todo mundo ! Já deu essa porra aqui!! -Murdoc gritava apontando em direção à saída.
-O senhor deve se controlar , ou o prenderemos por desacato.-o policial informou friamente, olhando nos olhos de Murdoc.
- Pára de me chamar de senhor ! Eu tenho idade pra ser seu filho !Eu não vou ser preso por nada! Essa droga toda é minha ! Toda essa merda de casa. E vocês não tinham o direito de estar aqui!
O policial rapidamente imobilizou Murdoc contra a parede e o algemou.
-O senhor está preso por desacato à autoridade.
Noodle riu. Gargalhou e chorou de tanto rir enquanto Murdoc era levado à força para a viatura. O satanista fazia um escândalo, mandando que Noodle fosse pagar a fiança no dia seguinte. Coitado. Noodle só conseguia pensar em liberdade, mesmo que condicional . Ela faria valer a pena.
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