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História Metamorfose Ambulante - A festa de aniversário de Connie Springer


Escrita por: Okaasan e MarcianoF

Notas do Autor


Oi, pessoal.
Agradecemos pelo carinho de vocês. Desde já, um feliz Dia das Mães para todos! \o/

O capítulo a seguir está um pouco mais light, para contrabalancear a tensão do capítulo anterior. Esperamos que vocês gostem de ver um pouco dos demais personagens da fic.
Responderemos a todos os comentários em breve!
Perdoem eventuais erros.

Foto do Eren/"Zeke" de óculos: créditos à maravilhosa LOLAKASA.

Boa leitura!

Capítulo 10 - A festa de aniversário de Connie Springer


Fanfic / Fanfiction Metamorfose Ambulante - A festa de aniversário de Connie Springer

Anotações do Zeke Jäeger

- Registros feitos a pedido do Dr. Erwin Smith para o tratamento de minha amnésia psicogênica -

 

A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez.

~ Friedrich Nietzsche

 

16 de janeiro de 2015.

Estranhamente, só me lembro dos fatos que ocorreram em minha vida a partir dessa data. Lembro-me de ter aberto os olhos e me encontrado em uma cama de hospital, sozinho. A tarde estava abafada; meu pescoço doía, me sentia fraco ao extremo e minha visão estava meio turva. Mas, por alguma razão, eu estava com um ótimo humor.

Um homenzarrão espadaúdo entrava na enfermaria e pareceu ficar feliz ao me ver desperto. Por quanto tempo eu dormi?

— Você acordou, campeão — saudou-me ele com um sorriso, que retribuí. Parecia um sujeito sério, mas eu bem que notei que naquele olhar azul tinha um toque de malandragem.

— É, acordei... Ou isso aqui é o “Nosso Lar” de Chico Xavier?

— Quê?!

— Ou será que eu viajei no tempo igual àquele Evan do filme “Efeito Borboleta”?

— Não existe isso de viagem no tempo — retrucou o homem, me olhando como se eu fosse um testrálio[1]. Por um instante imaginei que poderia ser um; aí baixei o olhar e notei que meu corpo era o de um humano.

— É, parece que sou um humano comum — disse a mim mesmo, logo voltando a atenção ao meu companheiro. — Sobre viagens no tempo, não duvide... O efeito borboleta não é apenas um assunto aleatório de filme não, rapaz, isso faz parte da teoria do caos. Já deve ter ouvido falar da teoria do caos, eu tenho certeza que já! — concluí, sentindo-me bem empolgado para falar daquele assunto, já que o loirão parecia muito atento à minha pessoa. Gentilmente, ele negou com um gesto de cabeça.

— Não, não me lembro de ter ouvido sobre uma teoria do caos. Pode me explicar?

— Ah, sim, sim. Bem, a teoria do caos apregoa que certos resultados determinados são causados pela ação e a interação de elementos de forma praticamente aleatória. Dentro desta teoria, o efeito borboleta, quando restrito a uma ou duas variáveis, fixando-se as demais, tende a ser simples e aí, somente nesta situação não natural ou limítrofe, é que as leis da ciência clássica podem demonstrar a previsibilidade de um sistema fechado. Você é um médico, né?

— Você não se lembra de mim, Eren? — inquiriu ele, sério.

Eren?

— Quem é Eren? — perguntei, sem compreender o porquê de ele me chamar daquele nome.

— É você, campeão.

— Não, de maneira alguma. Eu não sei quem é Eren.

— Vamos conferir uma coisa...

Ele me estendeu uma cédula de identidade e um smartphone com a câmera ligada no modo selfie. O documento pertencia a um certo Eren Jäeger Ackerman, cujo rosto parecia bastante com o meu, conforme reparei na tela do aparelho. Achei graça.

— Que foi? — perguntou o loiro grandalhão à minha frente.

— Existe um adolescente com a minha cara por aí? — e ri com vontade. — Eu tenho um sósia! Gente, cadê esse menino? Eu quero ver sápeste, como diz uma pessoa que conheço... Só não me lembro de quem! Ops — parei de rir, afinal estava em um hospital. Poderia estar rindo de um paciente em estado grave. — Desculpe.

— Tudo bem, tudo bem... Eu que peço desculpas por ter te confundido com outro paciente. Vamos nos apresentar. O meu nome é Erwin. E o seu?

Zeke.

Zeke — repetiu Erwin. — É um prazer te conhecer.

— O prazer é todo meu — estendi a mão para cumprimentá-lo. — Você é brasileiro mesmo?

— Sou filho de canadenses, mas nasci no Brasil, em Brasília — respondeu-me Erwin. — E você, de onde é?

— Eu... Rapaz, você me apertou sem me abraçar. Quem disse que eu sei?

O loirão riu enquanto eu jogava aquela franja grande e incômoda para trás. Que pergunta difícil. Eu não conseguia me lembrar... Até que uma resposta veio instantaneamente ao meu pensamento:

— Sou de Campina Grande.

— Campina Grande, na Paraíba? — indagou ele, de um jeito como se quisesse apenas confirmar o que já sabia. Concordei com um meneio de cabeça.

— Então... Você é um médico, não é? — insisti.

— Sou.

— Não sei exatamente o que está acontecendo comigo, Erwin. Não consigo ver direito. Minha visão está turva, tipo... Não consigo ver com clareza a porta, por exemplo.

— E o que está perto?

— Até que não está ruim.

Ele enfiou a mão no bolso e me estendeu um par de óculos de grau. Ao experimentá-los, notei a acuidade visual consideravelmente melhor.

— Acho que já posso fazer cosplay de Clark Kent — comentei. Antes que Erwin pudesse dizer alguma coisa, a porta se abriu uma vez mais e o vislumbre daquela face me fez parar de respirar por alguns instantes.

Uma mocinha. Ou seria uma dríade[2] da mitologia grega? Ou a Madona de Sanzio[3] ...? Seus cabelos eram mais negros que a asa da graúna e o seu sorriso, tímido e breve, que se desvaneceu ao me ver, era mais doce que o favo da jati.

Estranho... Por que pensei nela com esses termos?

Os lábios dela tremeram; notei que tinha olheiras e uma fisionomia cansada. Contudo, sua beleza me arrebatou — ela parecia toda perfeita aos meus olhos. Afinal, como dizia Sêneca, uma mulher bonita não é aquela de quem se elogiam as pernas ou os braços, mas aquela cuja inteira aparência é de tal beleza que não deixa possibilidades para admirar as partes isoladas.

Quem seria essa garota...? Meu coração perguntou à minha mente, sem obter resposta. Ela apareceu ali como que dizendo “me ame!”, me conclamando a adorá-la. Eu mataria por ela, morreria por ela, me sujeitaria a qualquer coisa que ela me pedisse. Não fazia ideia de quem era aquela doce criatura, mas sentia que meu coração pertencia irremediavelmente a ela, como se ela fosse a minha Eurídice[4].

No entanto, soube também que aquele amor súbito e inexplicável não era profano; eu era incapaz de ver aquela jovenzinha com olhos de desejo carnal. Não, jamais! Ela era a própria Atena, enquanto eu não passava de um reles cavalo alado pronto para ser domado[5].

— Tá tudo bem, campeão? — perguntou o médico, só então me fazendo lembrar de que ele ainda estava ali. — Você tá chorando por quê?

Chorando? Eu?

Que bizarro, meus olhos choravam sem que eu percebesse. Mas isso não era importante. Eu queria tocar a garota, envolvê-la nos meus braços, protegê-la de... De que mesmo? Sei lá! Tudo o que eu sabia era que deveria proteger a Mikasa... ISSO! Era esse o nome da linda Terpsícore[6] que estava imóvel à porta do quarto.

— Mikasa — chamei meio débil, meio fragilizado. Ela olhou confusa para o médico, que fitou-a de volta com um ar confiante.

— Pode vir, ele está ansioso pra falar com você — sorriu Erwin. — Só tenha paciência, ele está um pouco desorientado... Acordou agora, entende?

Mikasa não queria entender nada, ela veio para cima de mim com uma gana louca e apertou-me em seus braços, soluçando baixinho, parecendo incapaz de dizer alguma coisa. Eu estava em êxtase, sendo abraçado pelo amor encarnado, e chorei um pouco antes de conseguir afastá-la para ver melhor aquele belo rosto.

— E-eu pensei que iria te perder... — ululou ela, segurando meu rosto em suas mãos frias.

— Nem ouse pensar um absurdo desses! Você NUNCA vai me perder! Nem a morte nos separaria, minha filha!

Ela piscou umas três vezes e encarou o médico, que disse em voz baixa:

— Não o agite tanto, Mikasa, ele ainda demanda cuidados e...

— Quem, eu? — interrompi. — Eu estou ótimo! Nada me deixaria melhor do que a presença da Mikasa, Erwin, tá doido? — eu de fato estava feliz, até ri de pura gratidão ao universo por aquele momento ímpar. — Imagino que esteja se referindo à dificuldade que estou sentindo de lembrar algumas coisas, mas eu nunca estive tão bem!

— Eren — chamou-me a minha princesa — V-você tá bem mesmo?

— Você também está me confundindo?! Ora... — gargalhei. — Alguém me apresente pra esse Eren, eu já estou ansioso pra conhecer meu sósia adolescente!

Mikasa perdeu toda a cor do rosto e seus olhos ficaram saltados; segurei seu braço e ela tentou se esquivar de mim.

— Mikasa, o que você tem, minha menininha?

— Q-Quem é você?!

Que pergunta boba! Eu ri de novo. Erwin mantinha sua postura firme, mas demonstrava intensa curiosidade por nossa conversa.

— Pelos cabelos despenteados de Schopenhauer! Olha isso, Erwin! Ela quer saber quem sou eu... — afirmei, me dirigindo ao médico. — Pelo visto eu não sou o único com amnésia por aqui!

Saltei de pé e agarrei a minha amada menina num abraço que aqueceu todas as fibras do meu corpo.

O mundo parou. Ela estava comigo. Nada de ruim aconteceria a ela, nunca mais. Inclinei-me e disse com ternura ao seu ouvido:

— Mikasa, eu sou seu PAI.

 

— Erwin, você ainda está acordado? Já são duas e meia da manhã!

— Oi? — respondeu o psiquiatra, olhando para a porta do seu quarto de estudos. Marie, a namorada com quem dividia o apartamento, observava-o sonolenta. — Ah, meu bem. Eu estou só relendo umas anotações...

— Do Eren de novo?

Erwin riu, logo sendo abraçado pela mulher.

— É, meu bem. Eu não me canso do Eren. Vou morrer de velho e não encontrarei no mundo ninguém com a mente brilhante que ele tem... Só queria poder fazer algo pela saúde emocional daquele menino. Ele é como um filho pra mim, me dói ver o estrago que fizeram com a cabeça dele.

— Mas, no início, você o via mais como uma cobaia — repreendeu-o Marie.

— Sim, confesso que sim. Eu havia acabado de terminar a especialização e, de repente, um caso raro de múltiplas personalidades caiu em minhas mãos! Fiquei fascinado. Quis curar o Eren de qualquer jeito, seria ótimo pra minha carreira.

— E hoje, Erwin?

O loiro encarou a companheira, com um sorriso triste.

— O Eren me tornou um ser humano mais decente. Hoje, só o que quero é a felicidade daquele menino. Não há cura pro TDI, você sabe. Mas... Se ele conseguir ter uma vida melhor, já me sinto muito grato por poder contribuir de alguma maneira.

— Entendo... — concordou Marie.

Erwin voltou os olhos para o caderno e, instantes depois, riu.

— Que foi? — indagou a mulher.

— O Zeke me chamou aqui de “homenzarrão espadaúdo”! Aquele menino tem um dicionário na cabeça, só pode!

 

***

 

Quando o carro funerário de Jean chegou enfim às ruas de São Rafael, o coração de Armin batia descompassado. Nem mesmo a playlist musical conseguia fazê-lo se descontrair; o fato de estar dentro de uma favela à noite com um sujeito que lhe causara inúmeros aborrecimentos no passado o estava transtornando.

— É aqui — anunciou Jean, estacionando o rabecão diante de uma casa de muro sem reboco, em uma rua meio deserta. Notando o receio do loiro, ele riu: — Ah, qual é! Deixa de ser medroso. Vem. Você prometeu pra Sasha.

Armin se irritou consigo mesmo, vendo que a velha insegurança o desestabilizara; sentia o corpo todo frio, apesar do calor daquela noite em Guarulhos. Enfim, resolveu fingir que estava tudo bem e desceu do veículo, acompanhando o outro rapaz em silêncio para dentro da casa, cujo portão não estava trancado.

— Mas tá tudo escuro, Jean... — ia dizendo ele, chegando com Jean ao quintal.

Shhh! Fica quieto, senão vai chamar a atenção dele quando ele chegar, Armin! — soou uma voz feminina de dentro da casa, num tom cochichado, com um sotaque carregado que Armin identificou de chofre.

— Sasha? — sussurrou ele.

— É, Armin, a Sasha — respondeu Jean, no mesmo tom baixo. — O Connie deve estar quase chegando. Ele trabalha de servente de pedreiro e o Thomas inventou pra ele que a fiação da casa da tia da Mina, lá na Vila Renata, queimou. Então, antes do Connie chegar à casa, o Thomas liga de novo dizendo que outra pessoa já consertou o padrão, aí ele volta pra cá.

De fato, não tardou para que, menos de dez minutos depois, ouvissem o som de uma moto velha estacionando diante da casa. Ouviram os passos do dono da casa, seguidos do ruído da porta sendo destrancada e, enfim, as luzes sendo acesas aos gritos dos jovens escondidos no pequeno cômodo:

— SURPRESA!

— AI CACETA! — berrou o rapaz, assustado, logo soprando todo o ar dos pulmões ao ver quem estava ali. — Porra, vocês queria me matar? Pra quem é esse bolo e esses presentes?

— Acorda, Connie... Tá viajando na maionese de novo? — afirmou Thomas, saindo do outro canto do cômodo, que na verdade era uma sala conjugada com cozinha. — Quem você acha que tá fazendo aniversário hoje?

— Sei lá que porra de dia é hoje, lek. Cadê a folhinha? O aniversário é de qual de vocês?

Connie Springer tirou o boné de aba reta da cabeça raspada e olhou para seus ex-colegas de sala que riam. Fitou os rostos de Jean, Armin, Thomas, Mina Carolina e Hannah, tentando se lembrar desesperadamente das datas de aniversário deles. Depois olhou para um calendário na parede e coçou a cabeça de novo.

— Ué... Hoje é 2 de maio... — os olhos cor de mel ficaram enormes. — Caceta! É o meu aniversário!

— Até que enfim — comentou a garota chamada Mina, revirando os olhos. — Vai, distraído, vamos cantar “Parabéns”.

Connie parecia ainda um pouco reticente, perscrutando o casebre com o olhar enquanto batia palmas com os demais jovens que cantavam para ele. No entanto, ao terminar o “Parabéns”, um sonido de metal chamou a atenção dele e de Armin, que não sabia qual era a programação da turma e nem vira Sasha por ali. O tilintar soou de novo detrás da porta semiaberta do banheiro.

— Tá procurando por alguém, lek? — inquiriu Jean, achando graça na fisionomia confusa do outro garoto. — Hannah, pode fazer o favor de abrir a porta do banheiro pra gente?

— Pra já — respondeu a moça, apenas se afastando da frente da porta para que uma silhueta exuberante saísse de lá, arrancando uma exclamação de surpresa de Armin.

— Mas é a Sasha! — espantou-se ele. Mina apertou o ‘play’ de uma caixinha de som portátil e a jovem Sasha entrou graciosamente no cômodo, enquanto a canção “Yearning” ecoou, silenciando os demais sons.

Armin estava boquiaberto. Sasha Braus estava vestida com um traje vermelho próprio para dança do ventre e não economizara em bijuterias e adereços dourados pelos braços, tornozelos e pescoço. Os cabelos, costumeiramente presos num rabo-de-cavalo, estavam soltos e volumosos, cascateando por seus ombros; a moça girava e serpenteava com os olhos fixos no abobalhado Connie, que parecia ter sido hipnotizado.

Quando foi que ela se tornou esse mulherão?”, pensava o loiro, acompanhando atentamente cada movimento dos braços e quadris da garota que, ao que tudo indicava, tinha preparado aquela apresentação exclusiva para o garoto funkeiro, pois olhava constantemente para ele.

Sasha e Connie conseguiram a bolsa integral para estudarem no Colégio Militar Cruz Azul a partir do nono ano do Ensino Fundamental. Ela, nascida na área rural de Tremembé, se mudara para Guarulhos com o pai que viera em busca de trabalho e, também, oferecer à filha melhores condições de vida. A situação financeira sempre apertada da família não era, porém, motivo para abalar o bom humor da garota, que não tinha vergonha de suas origens, apesar do bullying de parte da turma.

Não demorou para que ela e Connie, o único aluno da turma que era morador de favela, se afeiçoassem um ao outro. Ele era também o único mais velho, por ter repetido o sexto ano, e também o único da classe que trabalhava meio período para auxiliar a mãe. A cabeça sempre raspada, a ginga (e as gírias) da periferia, a grande dificuldade de aprendizagem e o temperamento sensível (Connie foi o único a chorar diante de todos, verdadeiramente condoído, quando viu um Eren de pulsos cortados sendo retirado às pressas do banheiro da escola, em 2011) fizeram com que o desbocado Connie conquistasse o espaço do coração de Sasha. A recíproca era muito real, já que o garoto ocasionalmente fazia algumas loucuras com seu salário humilde de servente de pedreiro, como comprar caixas de bombons Ferrero Rocher para a menina.

O “maloqueiro” e a “caipira” andavam juntos o tempo todo, arrastando consigo também o saudoso Marco, que, devido à sua confissão religiosa, vestia sempre uma camisa de mangas longas sob o uniforme e estava sempre temeroso, com medo de “ter cometido um pecado”, principalmente quando estava perto de garotas. Mesmo representando bem o estereótipo de evangélico fundamentalista, a humildade e o carisma de Marco atraíram Jean para perto de si — o que, consequentemente, levavam o jovem Kirschtein a sempre estar envolvido com Sasha e Connie. Ele os ofendia o tempo inteiro, mas era incapaz de se manter longe deles.

A dança terminou com Sasha jogando-se artisticamente aos pés de Connie, ainda muito atônito para ter qualquer reação. Os jovens ovacionaram a dançarina ofegante, que então deu um abraço no aniversariante embasbacado.

— Felicidades, Connie — disse ela, encarando-o e lhe dando um beijo no rosto. Armin sentiu que aquele simples abraço carregava inúmeros significados e suas suspeitas se confirmaram ao notar que Connie demorou um pouco para soltar Sasha do abraço:

— V-valeu.

A festinha era simples, mas era notória a boa vontade com que fora produzida. Connie sorria como uma criança ao ver o bolo de pasta americana com design “funkeiro” em sua mesa.

— Porra, eu nunca ganhei um bolo confeitado de aniversário! — dizia ele a todo instante, comovido. — Que lindo, porra! Cês é sinistro mermo! CACETA! Até COMIDA cês fizeram!

— E já mandamos uma marmitinha pra tua mãe lá no hospital — acrescentou Sasha, se referindo à mãe de Connie que trabalhava no setor de serviços gerais do Hospital Nipo-Brasileiro. — A Mina fez questão de levar.

O jovem agarrou brevemente a mão da moça, com um sorriso contido, porém radiante.

— Caceta... Precisava não, Sasha... Eu adorei!

Nas paredes, as palavras “CONNIE V1D4 L0K4” coladas com letras de EVA, alguns balões afixados ao redor e, no fogão velho, duas panelas enormes com arroz e farofa de carne. Sobre a pia, garrafas de refrigerante, cerveja e vodka.

Todos então se cumprimentaram; Armin recebeu dezenas de perguntas sobre Mikasa e Eren, junto com outras dezenas de especulações sobre o estado mental de seu amigo de olhos verdes e uma única menção ao seu novo corte de cabelo. Em meio à galhardia, o loiro achou interessante que seus ex-colegas demonstrassem estar à vontade com Jean, que se pôs a ajudar Mina a servir os salgadinhos. Agora que Connie estava mais refeito da surpresa dos amigos, sorria para todos enquanto colocava a caixinha de som portátil para tocar suas canções favoritas:

TÁ ME OLHANDO PORQUE QUER ME DAR, ME DAR, ME DAR, ME DAR! TÁ RINDO, É? TÁ RINDO É PORQUE QUER ME DAR!

— Credo, ele ainda gosta de funk? — queixou-se Armin em segredo para Thomas, que riu da cara escandalizada do loirinho:

— Quem não ouve funk hoje em dia, Armin?

Eu não ouço essas porcarias!

— Meu filho, qualquer um ouve funk o dia inteiro hoje em dia, querendo ou não querendo. Toca na rua, nas rádios...

— É diferente, Thomas, eu não paro pra ouvir isso. Cruzes.

— Cuidado pra não cuspir pra cima — riu o outro. — Aposto que essas músicas estão todinhas aí na sua cabeça... Fica no subconsciente.

O loiro ia responder quando Sasha veio de braços abertos em sua direção, com a fisionomia inocente de sempre, apesar da vestimenta provocante.

— Armin, cê veio! Por que não trouxe o Eren e a Mikasa?

— Ela não tava muito bem... Da próxima vez dou um jeito de trazer os dois. Sasha...

— Fala.

— Essas músicas são indecentes demais, como o Connie consegue ouvir isso?!

— Ah... — ela enrubesceu e riu. — Não quer dizer que ele seja assim. O Connie é muito inocente ainda, apesar dessas putaria que ele escuta.

— Vocês se gostam — afirmou o loiro, peremptoriamente. Os olhos da garota cresceram. — Não é uma pergunta.

— Eu gosto dele, Armin. Mas... Ele nunca me disse nada... Entonce eu num sei se ele sente algo por mim. Aliás, por que ocê tá todo encolhido? Não quer comer, não quer dançar...

A bem da verdade, Armin estava se sentindo deslocado. Passara tantos anos tendo (e buscando) apenas a companhia dos meninos de Levi Ackerman que, agora, tinha dificuldade de se enturmar normalmente. Não que os colegas presentes na casa de Connie não o merecessem, muito pelo contrário; o loiro é que carregava consigo uma insegurança implacável. Volta e meia ele observava Jean, atento aos seus movimentos, esperando algum aparte idiota ou brincadeira de mau gosto.

Mas o outro rapaz, aparentemente, sequer olhava em sua direção. Jean galhofava com Hannah e Mina, ria das besteiras de Thomas, se empanturrava de salgadinhos e ocasionalmente tentava dançar, fazendo os passos errados de propósito. Ele parecia estar se divertindo. Aliás, todos ali estavam se divertindo, principalmente Connie com seus “passinhos do romano”.

TUDO CERTO PRA DAR ERRADO! TÔ PRONTO PARA JOGAR SUJO! BOLADÃO DE PAU DURO, BOLADÃO DE PAU DURO! — berrou o rapaz de cabeça raspada.

Vamo dançar, Armin — e Sasha o puxou para o meio da pequena sala.

— E-eu não danço, Sasha — revidou ele, vermelhíssimo e incomodado com o teor das letras das músicas. — Eu n-não sei dançar.

— Ah, qual é? Nós não tá aqui pra competir. Bora lá.

— Mas...

A jovem cochichou ao ouvido dele, aproveitando a distração dos demais:

— Armin, cê pode se divertir junto com todo mundo. Não precisa ficar se marrando. Não é como nos tempo da escola, que cê ficava seguindo o Eren pra todo o lado com medo dele dar um siricotico...

Uma risada esganiçada se fez ouvir: já ligeiramente bêbada, Hannah ria e dançava meio descoordenada com Jean e Mina. Thomas comia farofa como se não houvesse amanhã e Connie servia caipivodkas a todos, entre uma dança e outra.

Armin não ia a festas, não bebia, não fumava. Seu prazer se resumia aos livros, às suas produções literárias, a sonhar com “Zeke” sobre serem escritores de sucesso. Era difícil para ele; tendo se apropriado dos costumes dos Ackerman, a mera ideia de estar presente em uma festa de aniversário regada a funk e bebidas o deixava desnorteado. Buscou Jean com o olhar: ele parecia eufórico, mas não embriagado. Sasha se aproximou de Arlert com um prato de comida.

— Quer?

— Não, eu não estou com fome... Obrigado — respondeu o loiro. Sem cerimônia nenhuma, Sasha se pôs a comer a farofa que seria para Armin. Foi quando Hannah e Jean se aproximaram, ela na frente, estendendo para Armin um copo de caipivodka. Sasha franziu o cenho, estranhando aquilo.

— Arminzinho, toooma...

— N-não — fez o loiro, olhando meio ressabiado para o copo. — Eu não bebo.

— Hannah, esse copo é meu — protestava Jean, tentando reaver o copo. — Armin, eu disse a ela que você não gosta de bebida.

— Eu queria ver o Armin bêbado — riu Thomas, se aproximando com mais um prato de farofa.

— O Armin tá bêbado? — Connie perguntou, parando de dançar e se aproximando, obviamente entendendo errado o que acontecia.

O loiro se sentiu encurralado e decidiu que não tomaria nada ali, já que não havia como ter certeza de que não seria vítima de uma graçola pesada de Jean. Sasha decidiu interferir:

— Pessoal, o Armin num gosta de bebida. Não é pra ficar enchendo os picuá dele. Viu, Jean?

— O que que tem eu? — volveu o outro, rindo. — Eu só expliquei pra Hannah que ele não bebe, Sasha. Aliás... O Armin não faz nada que o Eren não goste... Né, soldado? — alfinetou.

Esse idiota...! Tá querendo me envergonhar como antigamente?”, pensou irritado o loiro, tomando o copo da mão de Hannah com raiva e ingerindo a bebida de uma vez, se contendo para não fazer careta. O líquido doce desceu queimando sua garganta, mas Armin estava decidido a mostrar para Jean que não era mais a “sombra do Eren”, como era chamado pelo outro na escola, dentre outros apelidos bem menos honrosos.

— Quero outra! — anunciou ele, sendo aplaudido por Hannah e Thomas. Mina foi buscar outro copo e Sasha, preocupada, indagou:

— Armin... Cê tem certeza? Cê não tá acostumado...

— Pode ficar tranquila, Sasha. Não vou ficar bêbado tão facilmente. Eu sou tão adulto como qualquer um aqui! — respondeu o loiro, aproveitando para encarar desafiadoramente o ex-colega, parado ali perto, olhando-o com uma expressão difícil de discernir.

 

Meia hora depois

 

VEM SENTANDO NO PAAAAU! — gritava Armin, cantando a versão funk de “Do Leme ao Pontal”.

NÃO HÁ NADA IGUAAAL! TU É FENOMENAL! — responderam os demais, menos Jean e Sasha, que não haviam bebido.

Armin tentava acompanhar a dança e as letras dos funks, mas sua língua já estava pesada, bem como seus passos. E não parava de rir, a cada vez que repetia um palavrão enunciado pelas letras dos MCs:

— BOTO PRA MAMAR, BOTO NO TEU CU, VOU GOZAR NO MEIO DA TUA BUCEEEETA...

— Jean, o Armin tá me assustando! — queixou-se Sasha, já com roupas comuns. — Cê não armou nada pra ele não, né?

— Tá doida? Claro que não! — respondeu Jean, olhando para o loiro que dançava alucinado no meio da sala com Hannah, Thomas e Connie, todos embriagados. Mina não bebeu, por ser ela a pessoa escolhida para dirigir o carro com os dois colegas, mas dançava loucamente com os demais. — Eu só brinquei com ele sobre o Eren, e veja só no que deu. Ele bebeu pra “se garantir”.

Os dois jovens sóbrios haviam terminado de recolher os copos e pratos de comida sujos e seguiam para a cozinha. Sasha o olhou com certa mágoa; Jean notou a mudança do semblante dela e ficou sério, enquanto a ajudava separando os copos descartáveis para o lixo:

— Ah, qual é! Vai ficar me olhando assim?

— CHUPA LOGO ESSA POR-RA! VAI, SUA FILHA DA PU-TA! — agora eram Armin e Connie se esgoelando, enquanto Thomas decidiu que o sofá velho do dono da casa seria o lugar ideal para trocar beijos e amassos com Mina. Hannah continuava dançando; Sasha encarou o colega ao seu lado.

— Eu nunca gostei das suas brincadeira com o Armin, Jean. Pensei que ‘ocê tivesse mudado.

— Eu tô tentando mudar! Não faça pouco caso do que sou hoje — retrucou Jean, bravo. — Não sou aquele Jean filho da puta do passado, Sasha. Eu mud-

— VOU FODENDO ESSA DANADA CHEIO DE ÓDIO NA PI, NA PI, NA PI, NA PI, NA PIROCA... — vermelho e suado, Armin estava irreconhecível.

— Cê provocou ele, Jean! Cê sabe o quanto o Eren é importante pra ele e... Enfim, eu nunca vou entender essa sua raiva do Eren — ralhou Sasha. — Admite, Jean! Cê errou!

— Eu não tenho culpa se o Armin não sabe levar as coisas na esportiva. Eu não dei bebida pra ele, ele não é nenhum menininho... Aliás, ele mesmo encheu o peito pra dizer que era um adulto, não disse?

— Mas a culpa é sua mesmo e...

O celular de Jean tocou.

— Alô, gorducha? — ele se afastou um pouco dos amigos para receber a chamada. — É, eu sei que tá tarde, velha. Mas não vou demorar a chegar aí e te ajudar com a dona Martinha. Beijo, mãe.

— Cê chama sua mãe assim? — inquiriu Sasha, que estava próxima dele. Ambos estavam perto da pia da cozinha.

— Chamo, por quê?

— Não tá certo, cê tinha que respeitar tua mãe.

Na sala Armin estava de joelhos no chão, rindo insano da música “Melot do Dragon Ball”.

— Mas eu respeito a minha mãe... — volveu Jean. — Na verdade, o nosso relacionamento melhorou demais depois que a gente passou a se tratar assim, com mais intimidade. E ela também me põe apelidos, é de família. Mas nós sabemos a hora de brincar e a hora de parar. Sabia que até ela me chama de “cavalão”?

A morena o olhou, arqueando uma das sobrancelhas. Ela também havia passado por apuros na mão daquele rapaz de rosto anguloso que estava ali, secando a louça da casa de Connie. No entanto, Sasha se considerava razoavelmente “vacinada” contra os assédios, o que não era o caso de Armin, sempre frágil e fácil de ser intimidado, sempre andando atrás de Eren, que, à sua maneira, o “protegia” do bullying cruel dos demais estudantes da escola.

Sasha refletia, observando os olhos castanhos e amendoados do ex-colega — ora notava neles humildade, ora despontava ali o ar zombeteiro da adolescência... Será que Jean merecia aquela chance de reaver a amizade da turma? Só haveria um jeito de descobrir.

— Acho que prefiro quando cê chama a gente de algum apelido, cê fica menos forçado — concluiu a garota, pensativa.

— Você prefere que eu te chame de um apelido a te chamar pelo nome?

— Cê parece me tratar melhor agora...

— Eu gosto de você, caipira das batatas — volveu ele. Sasha sentiu a diferença de tratamento; era muito diferente ser chamada daquele jeito agora.

Não havia o desdém dos anos anteriores. Ela sorriu; sentiu que podia baixar definitivamente a guarda.

— Eu também gosto d’ocê, seu cara de cavalo...

— Fico feliz por isso. Amigos agora? — e Jean lhe estendeu a mão. Sasha riu e o abraçou.

Nós já é amigo há bastante tempo, seu filhote de cruz-credo.

— Então tá, Jeca Tatu — respondeu ele, devolvendo o abraço. — Agora tenho que voltar. Preciso ir pra funerária.

— Mas e o Armin? Cê não pode deixar ele pra trás.

Jean olhou para a sala. Hannah dormia no chão, Thomas e Mina resolveram ir para o quarto para ficar mais à vontade e, enquanto isso, Connie e Armin ergueram os braços para o alto, dizendo que estavam ajudando o Goku a fazer a Genkidama. O rapaz suspirou meio aborrecido com a ideia de carregar uma pessoa bêbada consigo.

— Eu bem que gostaria, mas não vou deixar o Armin aqui, Sasha. Eu prometi pra ele que iria levá-lo pra casa.

— Saaasha — Connie veio se aproximando, a fala meio carregada. Armin continuou na sala falando sozinho. — Eeeeu tô querendo dizer um negócio, novinha.

— Cê bebeu demais, Connie — brigou ela. — Nem aproveitou a festinha que eu tive tanto trabalho pra fazer pr’ocê.

— Iiiiih — o jovem começou a rir muito. — Jean, a novinha ficou pistooola...

— Eu tenho que ir embora agora, gente. A minha velha tá terminando de preparar um corpo e a rinite alérgica dela atacou... Preciso terminar o corpo pra ela e depois levar o caixão pra capela onde vai ter o velório.

— Nããão, cavalão, espeeeera — e Connie segurou no braço de Jean. — Você vai ser minha testemunha.

— Testemunha de quê, ô maloqueiro?

— Tá vendo como cê bem mais legal assim? — pontuou Sasha, escondendo o riso.

— Sasha — tornou Connie, agora encarando-a firmemente. — Tu dançou pra mim, não foi?

— F-foi...

— O Jean aqui vai ser minha testemunha... Eu tô faaazendo vinte e um anos hoje e agora é a hora certa pra eu dizer pr’essa novinha que eu quero ela só praaa mim.

Sasha estremeceu, chocada, e Jean começou a rir.

— Eu pensei que iria morrer sem ver o Connie se declarando! — afirmou ele, gargalhando. — Anda, Sasha, responde alguma coisa!

— M-m-m-mas... — fez a garota, totalmente sem reação. Os sentimentos dela pelo dono da casa eram antigos, mas ela havia sido absurdamente surpreendida naquela noite.

Armin veio meio zonzo da sala; felizmente seus passos não estavam trôpegos, apesar de ele estar consideravelmente ébrio.

— Bei-ja! Bei-ja! Bei-ja! — gritou ele, os olhos pesados. Connie não se fez de rogado e agarrou Sasha num abraço sensual, beijando seus lábios sem o mínimo pudor e cheio da coragem que ele jamais tivera. Jean arregalou os olhos, surpreso, e riu muito.

— Até que enfim! — e, se virando para Armin, anunciou: — Vem, Armin. Eu tenho que ir pra funerária, minha mãe tá me esperando.

— Não, espera, Jean — interveio o loiro, parecendo muito interessado no casal de amigos. Sasha enfim resolveu corresponder ao beijo e Connie a empurrou contra a parede da cozinha, colando-se todo nela. — Eu quero ver –hic!– eles perdendo a virgindade, hehehehe!

— Vem embora, ô seu viad- Digo, seu enxerido! — gaguejou o rapaz, se atrapalhando e puxando Armin pelo braço. — Tchau, seus malucos.

— Ei! J-Jean, peraí...! Me larga, Connie — pedia a garota, querendo se afastar. — Eu q-queria agradecer ‘ocês por vindo e... — Sasha foi beijada de novo.

— Eu tôôô apaixonado por você, Sasha, agora vem dançar com a tabaca na minha anacoooonda...

— Caralho! Armin, vamos sair daqui! — exclamou Jean, percebendo que o clima entre o casal estava esquentando ainda mais.

Jean saiu puxando Armin para fora da casa, ouvindo ainda gemidos de dentro do quarto onde Thomas e Mina estavam. Pelo visto a “festa” iria render e, enfim, o rapaz não estava a fim de presenciar a intimidade sexual de ninguém. Hannah continuava dormindo no chão.

Com algum esforço, Jean conseguiu fazer com que Armin entrasse no carro.

— Nhááááá — fez o loiro. — Eu queria ver... Aposto que eles vão transar, hehehe...

— Quer ver sexo, seu safado? Acesse o XVideos — ralhou Kirschtein, dando partida no veículo.

— Nããão, eu prefiro o ForHerTube...

— Ué! — sobressaltou-se o outro — Como assim, Armin?! Você vê pornografia?!

— Mi... Mi... Mi... Como é mesmo o nome dela?! Mikaaaasa! “Mikasa”, “su casa”... Entendeu? — e Armin começou a rir muito. — A Mikasa que vê... Hahahaha... É pornô pra mulheres... Hic

— Como é que é?!

— Eeeela vê e me manda os melhores links... Hic! Nossa categoria favorita é a de pornô romântico, animes hentai e massagens... Meu vídeo favorito éééé um yaoi chamado “Sensitive Pornograph”...

O queixo de Jean caiu.

— Caralho! Hoje é o dia das surpresas — disse ele, indo depressa para chegar logo ao bairro do loirinho. Foi quando Jean refletiu e intuiu que seria desagradável para o avô doente de Armin ter de lidar com o neto bêbado e inconveniente. O rapaz então resolveu ir para sua casa, na Vila Zanardi. O loiro desatou a falar sobre um artigo particularmente difícil que estava escrevendo sobre Antropologia Física e, do nada, gargalhava de novo.

— Pooor que eu continuo sozinho? — arfou ele. — A Miiiiikasa tem os quatro Erens... Franz voltou pro Acre, mas continua namorando Hannah... Thomas tem um rolo com a Mina... Até a Historia arrumou uma namorada... E agora o Connie com certeza vai ficar com a Sasha... — Armin começou a cantar: — ‘Tô me sentindo muuuito sozinhooo...’

— Lá em casa eu vou te dar um café preto — retrucou Jean. — Você bêbado fica insuportável, credo.

— Você sabia que um prepúcio –hic!– produz 23 mil metros quadrados de pele, o que bastaria pra fabricar uma loooona que cobriria três campos de futebol? — ele coçou o nariz que estava bem rubro. — E que fumar encurta o pêêêênis em até um centímetro?

— Armin, você calado é um poeta. Dá pra ficar quietinho?

Ambos ficaram em silêncio por poucos minutos.

— ‘Com a força do meu canto / Esquento o seu quarto pra secar seu pranto / Aumenta o rádio, me dê a mão...’ — entoou o loiro. Armin tinha um timbre de voz agudo, meio feminino, límpido e afinado; Jean nunca tinha ouvido o colega cantar. — Marina Limaaaaa, adoooro! Jeaaaan... Canta comigoooo... Hic!

— Se eu cantar junto contigo, você para de falar merda? Olha, estamos quase chegando. Vou te dar alguma coisa pra comer e vou resolver meus afazeres. Tomara que essa bebedeira passe.

— Eu nunca bebi antes... Hahahaha...

— Tinha que beber justo hoje que eu estaria com você, sua... Sua Barbie anêmica?

O loirinho riu ainda mais, encarando o colega, que finalmente havia chegado à funerária da família. Jean teve que dar a volta e ajudar Armin a sair do carro, já que o loiro estava bem descoordenado.

— ‘Você precisa é de um homem pra chamar de seu...’ — prosseguiu Armin, sendo quase arrastado pelo outro rapaz, que completou baixinho:

— ‘Mesmo que esse homem seja eu...’

 

***

 

1 — Testrálio: criatura mágica do universo de Harry Potter, cuja aparência é semelhante à de um cavalo alado com corpo esquelético.

2 — Dríade: ninfa (espírito feminino) da mitologia grega.

3 — Madona de Sanzio: referência à Madona Sistina, pintura a óleo feita por Rafael Sanzio, artista italiano do século XVI, onde está retratada a Virgem Maria e o menino Jesus.

4 — Eurídice: personagem da mitologia grega, por quem Orfeu teria descido ao Hades para buscá-la.

5 — Cavalo Alado: referência a Pégaso, o cavalo voador de Belerofonte que foi domado pela deusa Atena, na mitologia grega.

6 — Terpsícore: musa (entidade da mitologia grega capaz de inspirar a criação científica ou artística) inspiradora da dança, filha de Zeus e Mnemósine.

 


Notas Finais


Zeke e sua genialidade nerd... #TambemQueroSerInteligenteAssim huahauahua
Por que o "Zeke" diz que é PAI da Mikasa? Alguém se aventura a dar uma opinião? #VamosInteragir

Quem é essa "Marie" namorada do Erwin?
No mangá, Erwin diz a Nile Dawk, um dos comandantes da Polícia Militar, que amava Marie, sua esposa, nos tempos da escola. Então, empurramos a Marie para a fic também kkkkkk
¯\_(ツ)_/¯

Connie tem jeito de funkeiro mesmo, #MeJulguem kkkkkkk Sasha, tadinha, uma garota lutadora e incrível! Parece que ela vai se dar bem nessa noite ( ͡° ͜ʖ ͡°)
Armin bêbado, cantando funk, dedurando a Mikasa... Sem comentários! kkkkkkk (Não se enganem, no capítulo anterior é dito que a Mikasa sabe o quanto o Armin não tem nada de quietinho!)
Na sua opinião, o Jean merece esse voto de confiança mesmo? #VamosTeorizar

Nossa próxima atualização será em 27/05.
Mais uma vez, agradecemos a todos pelo incentivo. A presença de vocês aqui é muito importante para nós!

Forte abraço...
@MarcianoF & @Okaasan


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