História Metamorfose por Amor - Capítulo XIV - Vingança Cumprida

- Chocado?

- Sakura. Posso saber o que vem a ser isto?

- Não se vê? – pegou na primeira foto das quatro que ele tinha na mão e fingiu analisá-la – Pensava que até eram bastante explícitas. Ainda mais num w.c feminino.

Gaara a fuzilou com o olhar.

- Pára já com as piadinhas, Sakura! – com a mão direita, arrancou-lhe a foto da mão – Sei muito bem o que estou vendo e não estou a gostar disso nem um pouco.  

- Era essa a intensão. – disse calmamente – Assim passas abrir esses teus lindos olhos e ver que afinal o teu amiguinho não é pessoa na qual se possa confiar.

Gaara respirou fundo. Apesar de ela o começar a enervar profundamente, tinha de se controlar. Não queria fazer um escândalo em público na sua própria sala de aula.

No entanto, agora que estava bem mais calmo, sabia que aquilo não podia ser coisa boa. Conhecia muito bem Sakura e, por isso, sabia que ela era daquelas que não fazia ponto sem nó.

- Quase que me apanhavas, Sakura. – sorriu, enquanto ela erguia o sobrolho esquerdo – Se querias pôr-me contra o meu melhor amigo, então tens que fazer muito mais do que isto. – indicou as fotos – Felicito-te. São fotomontagens boas.

- Fotomontagens?! – a moça riu-se. Aquilo era demais!  - Tu achas mesmo que isto são fotomontagens? – vendo que ele tinha essa mesma opinião, continuou a falar. – Pois bem, meu querido. Vou provar-te, agora mesmo, que isto não é o que dizes ser. – pegou  no telemóvel e começou a dicar nele, até que encontrou o que queria. – Vê! – levou o ecrã do aparelho mesmo à frente dos olhos dele – Vamos se depois de veres isto, continuas a achar que estas fotos não passam de fotomontagens.

Gaara tirou-lhe o telemóvel da mão e começou a ver o que ela queria que ele visse. Tratava-se de fotos e, analisando-as bem, comprovou que eram iguais às que tinha em mãos. Isso queria dizer uma coisa: aquilo não era nenhuma fotomontagem, uma vez que ela nunca que iria conseguir fazê-la a partir de um pequeno telemóvel.

Sakura quis o seu telemóvel de volta e arrancou-lho das mãos, uma vez que este já havia percebido que tinha cometido um erro.

- E então? Quem é o aldrabão agora? – perguntou com um sorriso nos lábios que ia de uma ponta à outra.

Gaara ficou em silêncio. «Porquê?». Trincou com força o lábio inferior. Desse por onde desse tinha de confrontar o amigo com esta questão. Só ele lha poderia responder.

Sem aviso, e para surpresa dela, levantou-se da sua cadeira, pegou numa das fotos e saiu da sala de aula sem dizer uma única palavra.

Enquanto isso, Sakura tratou de arrumar o resto das fotografias dentro do envelope, voltando a estar com o mesmo sorriso de antes. «Primeira parte do plano, feita! Agora vamos para a segunda.».

[…]

Sasuke subia calmamente as escadas, indo ter ao andar em que ia ter aulas, quando se cruzou com Sakura.

- Olá, Sakura.

- Olá, Sasuke!

- Hoje estamos sorridentes. – reparou – Alguma razão especial?

- Logo, logo você o saberá, meu caro Sasuke. Logo, logo. Até!

Depois dela se ter despedido, ele ficou a matutar naquilo. Não sabia ao certo o que ela quis dizer com aquilo, ainda mais com um tom de voz misterioso, como se estivesse a preparar alguma coisa.

- Sasuke!

- Hinata?

Hinata vinha a correr pelo corredor até parar um pouco ofegante à sua frente. Recuperado o fôlego, disse com voz convicta:

- Precisamos de falar.

- Tudo bem. – com a cabeça, Sasuke pediu que Hinata fosse com ele para perto da janela. Assim a conversa seria um pouco mais privada do que no meio do corredor. – Fala.

- É sobre o Naruto.

Sasuke deu um sorriso de canto.

- Ele continua a procurar-te, certo?

- Sim. – suspirou – O teu plano está a dar certo. Desde que comecei a namorar contigo que ele tem vindo ao meu encontro. No entanto…eu não queria da forma que está sendo. Que é ele vir-me assediar quase todos os dias!

O Uchiha assobiou.

- Quase todos os dias?! O Naruto é bem fogoso!

- Sasuke! – recriminou-o entre dentes toda corada – Isto não pode continuar! Por muito que ame o Naruto, sei que as razões que o levam a seduzir-me não são as que gostaria que fossem. E, por isso, acho isto errado e que, a bem ou a mal, tem de ter um fim.

Os dois encararam-se por alguns segundos. Depois de ambos respirarem fundo, Hinata continuou.

- Ah! E ainda há outra coisa. É a Ino.

- A Ino? O que é que tem a Ino?

- Bom…ela…

Gritos histéricos das meninas nos corredores interromperam o seu raciocínio. Parecia estar a surgir uma grande agitação entre os alunos.

- Vamos, Carol! – chamou uma jovem morena de cabelos longos e olhos castanhos a sua amiga, enquanto as duas passavam por eles – Parece que o Gaara no Sabaku e o Naruto Uzumaki andam à bulha no pátio!

- À bulha?!

Hinata virou-se para Sasuke e este vice-versa. Aquela notícia os havia deixado alarmados. Então, entendendo a mensagem, os dois decidiram ir atrás das meninas e ver se aquele boato era verdadeiro.

[…]

Entretanto no pátio da escola um grande número de alunos se começava a aglomerar ao redor de dois rapazes que se debatiam.

O semblante do Sabaku era de pura raiva. Desde que ouvira, pela própria boca do Uzumaki, que o que lhe haviam mostrado era verdade, não ficou por meias medidas. Partiu logo para a acção, dando-lhe um valente murro na face esquerda. Naruto, por seu lado, como não era alguém de levar e ficar calado, deu-lhe outro murro de seguida.

A discórdia entre dois amigos havia-se instalado.

- Naruto, seu sacana! Eu confiava em ti! – nesse momento, Hinata havia chegado ao local na companhia de Sasuke, passando a ouvir o que eles reclamavam entre si. – Quando quis-me aliar contigo contra o Sasuke, fui bem explícito quando disse que não queria que, qualquer que fosse o plano que tivesses, a Hinata estivesse incluída nele. Sabias…e mesmo assim…!

O Uzumaki levou outro murro. Desta vez, um filete de sangue surgiu num dos cantos da boca.

- Porra, Gaara! Pára! – vendo-se ameaçado, Naruto também lhe deu outro murro, fazendo com que fosse a sua vez de sangrar na boca. – O que é que querias que eu fizesse? Desculpa se te ocultei todos os factos, mas era necessário. A Ino terminou comigo por causa dela e, por isso, ela tinha de pagar! Mas o facto dela ser a namorada do Sasuke só veio a favorecer-nos. Neste caso…a mim. Assim eu estaria a matar dois coelhos numa cajadada só. Conseguiria a minha vingança e daria um troco no Sasuke!

A Hyuuga, ao ouvir tal coisa, ficou muito abalada. O seu coração começou a ficar apertado. Tinha mais ou menos a noção de que era por isso que ele a tinha vindo a seduzir, no entanto, nunca pensou que ele expusesse tais opiniões em público.

Sasuke, percebendo que esta não se estava a sentir bem, abraçou-a de lado com o intuito de a reconfortar. «Tu realmente não prestas, Naruto! Tens o amor de alguém tão bom quanto a Hinata e, mesmo assim, não lhe sabes dar o devido valor.».

- Cala-te! – encarou-o de forma fria – A partir deste momento, Naruto Uzumaki, esquece que um dia fomos amigos!

Pegando no pouco orgulho que lhe restava, Gaara foi-se embora, deixando o Uzumaki para trás com toda aquela multidão.

Naruto limpou a ferida da boca com as costas da mão esquerda. «Humpf! Ele é que sabe!», resmungou para si próprio, ajeitando de seguida a camisa amarrotada.

- Vocês! – exclamou de mau humor, quando se apercebeu da multidão de alunos que o rodeava - Nunca viram, não? Bora a dispersar!

Os alunos, olhando-o com ar de desprezo e indignação, assim o fizeram. Hinata e Sasuke foram os únicos que permaneceram onde estavam.

- Tenho de ir falar com o Gaara antes que ele faça alguma besteira. – murmurou, Hinata, preocupada.

- E porquê?

- Porque o conheço, Sasuke. Pode ser raro os momentos, mas sei do que ele é capaz quando se encontra neste estado.

- Ok. – afastou-se devagar dela – Se isso fará te sentir melhor, vai. Creio que deve ser muito difícil lidar com o facto de que o melhor amigo lhe mentiu.

Hinata abraçou-o com força.

- Obrigada, Sasuke! Obrigada por me compreenderes! – afastou-se dele e despediu-se – Até já.

[…]

Sakura aclarou a voz.

- Bom dia, pessoal! Daqui fala-vos Sakura Haruno do 12º ano. – começou por dizer pelo intercomunicador escolar – Já devem ter visto a cena deplorável de ainda há pouco no pátio, não é verdade? Por isso, se vocês estiverem interessados em saber o motivo pelo qual dois amigos se debatiam com tamanha ferocidade, vão por favor até ao anfiteatro depois da aula. De uma coisa vos posso assegurar: não se irão arrepender. Obrigada!

«Motivo?! Mas o que ela sabe sobre mim e o Gaara?», se questionou Naruto após ouvir aquilo sentado na sua carteira. «A não ser que…Oh! Ela vai-me pagá-las!».

[…]

Depois do toque do primeiro tempo soar por todo o recinto escolar, um grupo de alunos começou a aglomerar-se em frente ao anfiteatro. Entravam em grupo ou sozinhos, mas sempre com a ideia de terem um lugar para se sentar.

Em questão de poucos minutos, o anfiteatro ficou completamente cheio.

Sakura, quando subiu para o palco, ficou admirada por ter tanta audiência.

- Uau! – sorriu. «Quantos mais melhor!». – Olá meus caros colegas! – assim que ouviram a voz dela a cumprimentá-los pelo microfone, todos cessaram aos poucos o burburinho que se havia instalado entretanto. – Pelo que estou a ver, parece que dentro deste anfiteatro está quase a escola inteira. Pelo menos os que estão há mais tempo aqui. Também é normal, uma vez que conhecem muito bem os indivíduos em questão. – soltou um breve suspiro – Caros colegas, quem diria que uma amizade de longa data, forte e sólida como a do Naruto Uzumaki e do Gaara no Sabaku, acabaria por terminar ao murro e ao pontapé? – perguntou de forma retórica. O que queria era que o público pensasse por alguns segundos na questão. – Acho que ninguém. E qual teria sido o motivo para tal desavença? O mais óbvio que se possa imaginar. – olhou fixamente para a audiência – Mulher. – o burburinho entre os alunos voltou a surgir – Por favor, calma pessoal! Sei que, para vocês, esta deve ser a razão mais óbvia, mas é a mais pura verdade. Foi realmente por causa de uma mulher que estes dois deram cabo da sua bonita amizade. – murmurou, enfatizando a palavra “bonita” com certo tom de ironia. – E quem foi a sortuda? – fez uma breve pausa – Nada mais, nada menos do que a nossa querida violinista Hinata Hyuuga.

Sasuke, que estava a um canto, encostado à parede e braços cruzados ao peito, ficara sem fala, descruzando automaticamente os braços. Semicerrou os olhos na direcção dela. A Sakura não tinha esse direito! «Não! Uma coisa é ela querer dar o troco no Naruto, outra bem diferente é ela envolver a Hinata nesse esquema! Ela não podia ter feito isso…Não podia!».

- Sakura! – gritou, Naruto, enquanto passava pelos colegas, indo ter com ela – Posso saber que porra vem a ser isto?! Que eu saiba, a minha vida não é para ser dita assim aos quatro ventos! Muito menos para esse bando de desocupados! – de frente para o palco, para ela, apontou-lhe o dedo – Aposto que tem dedo seu em toda essa história!

- E se tiver? – perguntou com petulância, desafiando-o – Não podes fazer nada contra. O mal já está feito. Para além de que… - apontou com o braço direito para a plateia – eles também merecem saber o tipo de pessoa que tu és. Não estás de acordo?

Naruto olhou para trás e depois aproximou-se mais de onde ela estava, sussurrando:

- Isto tem a ver com o que eu te fiz, não é verdade? Se assim o for, porque não desistes? Já conseguiste a tua vingança. Por tua causa perdi o meu melhor amigo. Logo, para quê pôr mais lenha na fogueira?

Sakura, com uma certa tensão no rosto, tapou o micro e sibilou:

- Porque sim! Acredita, isso não foi nada! Nada comparado áquilo que me fizeste sofrer! Está, portanto, na hora, Naruto Uzumaki, de receberes o troco. Pagares por cada lágrima que deitei por tua causa, quando me descartaste como se fosse uma qualquer! Olha que uma mulher rejeitada é do piorio!

- Sakura…por favor…

Sakura abanou a cabeça de forma negativa. Não havia jeito. Por muito que ele lhe pedisse, lhe implorasse, ela não iria ceder. Há muito que ansiava por aquele momento.

Destapou o micro e sorriu para a audiência.

- Caros colegas, desculpem por este pequeno contratempo. Onde estávamos? Ah, sim! Hinata Hyuuga. O motivo da discórdia. Bom, não sei se era do vosso conhecimento, mas o Gaara gostava dela. Daí o porquê de os termos visto juntos muitas vezes a passear pelo recinto escolar. Pelo menos até o Sasuke Uchiha chegar. – deu um pequeno estalido com a língua – Mas agora vamos ao que interessa. Como sabeis, o Naruto não morre de amores pelo Uchiha, não é verdade? E isso já lá vai há uns três anos, e tudo porque ele não suportava um nerd como ele de perto da Ino Yamanaka, uma popular. Então veio o tal pedido de namoro. Aproveitando-se da paixoneta que a Ino tinha por ele, ele usou-a para atingir o Uchiha. No entanto, este não desistiu. Tanto que, passados três anos, regressou e o resto é conversa. Mas, entretanto, a fama do Naruto não foi das melhores. Não sei se recordam, mas diziam as más-línguas que ele a traia constantemente, já que era um mulherengo incorrigível. – respirou fundo e elevou um pouco mais a voz – Agora digo-vos que isso é a mais pura das verdades! Ele traía a Ino sim! – voltou ao seu tom normal, fazendo assim com que o burburinho que se começara a instalar cessasse – Por isso, em suma, se juntarmos dois mais dois, veremos que o Gaara e o Sasuke foram os mais prejudicados por ele nessa história. Ambos foram traídos. Um pelo melhor amigo e o outro pela namorada. – suspirou – É…é triste. No entanto volto a repetir: é a mais pura verdade. E posso prová-lo. – pegou num pequeno comando remoto e acionou o retroprojetor que se encontrava suspenso no tecto daquele espaço. No grande painel por detrás dela as fotos comprometedoras surgiram. – Como podem ver, meus caros colegas, este é que é o Naruto que vocês conhecem. Um cafajeste, mulherengo, que não olha a meios para atingir os fins. – desligou o aparelho e deu um sorriso de satisfação. – E é tudo!

Quando ela terminara o discurso, Naruto estava colérico e, assim que ela descera do palco, ele tentou partir para cima dela, mas dois rapazes do grupo dos desportistas agarraram-no pelos braços.

- Soltem-me, seus babacas! Sakura! Eu vou matar-te!

Sakura parou e olhou para ele com ar confiante.

- Não, não vais. Depois disto, o teu reinado nesta escola vai terminar. Pena não estar cá quando isso acontecer. Mas ao menos vou de consciência tranquila. A minha vingança está cumprida! – levou a mão à boca e lançou-lhe um beijo – Bye, bye!