História Meu amigo de Infância ( Em Edição) - Costume

Eu sempre ficava brincando dentro de casa , não importava quem me chamasse eu sempre recusava , afinal me sentia melhor assim.

Naquele lugar, a diversão das meninas eram sempre as mesmas , brincar de bonecas , pentear o cabelo, maquiar e coisas que envolvia a cor rosa e muita purpurina, o que não era nada de meu agrado. Já os meninos , eles apenas ficavam em casa , jogando , eram games de atirar em pessoas virtuais.

Tudo era um tédio.
E , isso me deixava com mais saudades ainda da minha antiga cidade.

Até a escola era grande mas na verdade parecia vazia pois os alunos não ocupavam os corredores , e nem brincavam de correr pelo pátio.

Eu já havia completado nove anos , mas não era algo feliz , afinal eu já estava com mais que saudades da minha terra natal.

Mudanças são sempre muito boas!

As pessoas costumavam a dizer.

Como eu não me encaixava muito no grupo de pessoas , eu sempre ficava sozinha em todos os momentos.

Apenas depois que peguei amizade com uma menina que nasceu com deficiência auditiva, viramos melhores amigas e eu até fiz curso de libras para poder conversar com ela.

Assim que eu saia da escola , meu pai vinha me buscar de carro , parecia sempre estressado ultimamente, trabalhava demais. Ele me deixava em casa com a Babá Rayle que por sinal era muito cuidadosa.

Geralmente antes mesmo de eu ir abraçar meu pai, uma abraço doce de despedida, ele recebia uma ligação.

— James , precisamos de você imediatamente!.- era só o que eu escutava do som abafado de uma voz rouca.

Ele me abraçava rápido , e saia pela porta.

— Eu te amo , minha pequena!.- dizia ela antes de fechar a porta.

Eu estava duvidando um pouco daquele amor.

Meus pais trabalhavam até tarde da noite , e quando chegavam eu já estava dormindo .

Certa vez , escutei pela porta do meu quarto Rayle dizendo que me achava uma criança triste.

—Sr. Kate , ultimamente tenho percebido que a Anne está muito triste!.- Rayle falou e minha mãe a olhou lamentando.- Ela não tem muitos amigos e mal sai de casa, é uma menina muito boa... Mas ela está se sentindo sozinha e o trabalho de vocês estão cortando todo laço que vocês devem ter com ela!

— Rayle , me desculpe...Eu não sei o que fazer , depois que James foi rebaixado na empresa seu salário foi reduzido e não estamos mais conseguindo manter duas casas! Por isso tenho trabalhado duro.- ela dizia isso balançando a cabeça , como se estivesse dando a si mesmo uma bronca.

Eu segurava a concha em minhas mãos e quando sem querer , escutando a conversa , me distrai fazendo com que a porta fizesse um pequeno barulho que foi capaz de revelar que provavelmente eu estava ali, fui correndo deitar. E , a única coisa boa que restara foi a velha mania de beijos antes de dormir que minha mãe nunca deixava de me dar.

Minha rotina era sempre a mesma , ir a escola , chegar em casa e deitar no meu quarto. Eu sempre arrumava algo para fazer , crianças tinham boas imaginações , e a minha era imaginar eu novamente com meus amigos.

Às vezes eu ficava lendo contos de fadas ,eu acreditava totalmente naquilo e as vezes eu me perguntava se iria achar um príncipe encantado.

Hoje eu estava lendo a história da Cinderela, ela perdeu sua mãe ainda nova.

"Seja bondosa e gentil. Tenha coragem"

Era o que a mãe  disse a Ela antes de morrer, por isso ela nunca deixou de ser bondosa. E depois , ela perdeu o pai , a dor dela parecia imensa afinal perdeu as únicas pessoas que ela mais amou na vida.

— James... Temos que conversar!.- escutei uma voz doce e calma.

— Oi amor.- ele disse um pouco cansado mas ainda sorria.

Ela sempre o abraçava , e era o que eu estava imaginando naquele momento. Papai era o príncipe encantado da mamãe.

Corri para porta do meu quarto , eu estava curiosa, afinal tudo que era novo me chamava atenção.

— Que tal termos outro filho?.- ouvi a minha mãe dizer.

— Acho incrível.- meu pai concordou e a abraçou.

— Anne está muito sozinha , não tem amigos e então pensei que ela deveria ter um irmão!.- minha mãe disse sorrindo,

Eu achei a ideia incrível, sempre quis ter um irmão.

— Então vamos ir conversar com ela.- meu pai disse retirando algo da bolsa, parecia bala.

Voltei rapidamente a ler o conto de fadas , disfarçando que eu estava bisbilhotando a conversa dos dois.

— Anne ...- ele me chamou batendo na porta.- Podemos conversar?

— Claro papai .- me sentei e ele entrou juntamente com minha mãe .

— Filha , o que você acha de ter um irmãozinho?.- minha mãe disse sorrindo.

— Um irmão????.- falei feliz. Eu estava feliz.- Eu quero ter um irmão.- falei feliz abraçando minha mãe, papai riu.

— Abraço coletivo.- ele disse

Logo depois ele me entregou a bala.

Eu estava feliz, afinal o que poderia acontecer de ruim? Eu iria ter um irmão e isso me deixava feliz.