História Meu amigo de Infância ( Em Edição) - Diagnóstico

Fazia dois dias que meu pai não dormia, ele estava ocupado demais ficando ao lado de minha mãe e mesmo assim sempre tinha a responsabilidade de estar lá em casa na hora em que eu acordasse , na hora do almoço e na hora que eu ia dormir , para me dar um beijo na testa e voltar novamente ao hospital.

— Papai, mamãe vai ficar bem?.- perguntei, naquela semana eu estava muito calada, não conseguia parar de pensar no que vi, pela primeira vez vi a minha protetora ser fraca.

— Claro que sim! Ela é forte!.- papai dizia com o sorriso fraco e beijava minha testa.- Eu te amo!

E , então , ele ia para o hospital.

***

E

nquanto isso lá no hospital minha mãe chorava , estava com medo de morrer e com mais medo ainda de perder o bebê.

—  James , como Anne está? .- mamãe perguntava

— Ela está bem, sentindo sua falta!.- ele retrucava afim de fazê-la se sentir menos mal e forte

— Eu estou com medo...- ela dizia isso todas as vezes , mas era diferente naquele momento.

— Eu não quero perder vocês ... Não quero mo-morrer .- ela travou por causa do choro.

James a envolveu em seus braços.
Foi quando ouviu uma voz pedindo para que ele fosse até lá fora. Era a enfermeira.

— Ok!.- ele respondeu

Saindo da sala , pôde ver o médico que estava tratando de Kate, ele era alto e aparentava ter uns 46 anos.

— James ?.- ele perguntou e meu pai concordou com a cabeça.- Descobrimos o que Kate tem... precisamos conversar com você !.- ele disse, o olhar mostrava que era logo grave.

— Ela irá ficar bem?.- perguntou como se fosse o impulso, mas era os o que ele queria saber.

— Ela está com câncer, câncer pulmonar, sem o tratamento ela tem pelo menos 4 meses de vida... Com o tratamento ela pode ser curada se for realizado direito!.- o médico afirmou, parecia ter esperanças com o final.- Kate ficou sufocada com o próprio sangue , e daqui a alguns dias isso irá piorar, ela terá que ficar no hospital para podermos retirar o sangue e terá que vir aqui pelo menos um dia na semana...- ele complementou

— 4 meses???.- ele se asustou, tinha parado naquela fala.

— Sim... Acontece que se ela for fazer o tratamento teremos que fazer aborto e tirar o feto.- disse ele ciente de que a paciente estava grávida.

As vezes a vida apronta com você dessa forma... Você está em um beco sem saída. E aparece aquela mensagem " Death End" na sua frente e então você tem que tentar escapar mas não é tão fácil assim, na verdade não existe a opção "Escapar" na vida real. Não mesmo.

James suspirava pela décima vez , seu coração estava acelerado, não sabia o que dizer, ele não sabia. Segurava lágrimas durante dois dias mas nunca queria derrama-las , não na frente das pessoas que mais amava. Segurou.

— Devemos conversar com Kate.- sugeriu. O médico assentiu que com a cabeça.

Ele nunca soube disfarçar seus sentimentos, foi isso que fez Kate se apaixonar, foi esse defeito tão lindo que fez o coração de Kate acelerar na primeira vez que ele disse que a amava. Mas agora , ele estava entrando na sala, juntando todas as forças possíveis para tentar esconder o grave problema.

— Kate, você se acha capaz de fazer uma escolha?.- o médico perguntou, estava em pé do lado dela , que por acaso o olhava com desespero. James não queria ver aquilo, não mesmo. Ele estava fraco.

Uma lágrima caiu.
Kate sabia o que estava acontecendo, mas não queria acreditar.

E Anne?

Provavelmente ela pensou nisso.
Eu sei que ela pensou em mim.

— Diga.- ela reuniu forças e falou sem derramar lágrimas, mas por dentro ela sangrava.

— Você está com câncer pulmonar.- o médico disse , afinal todos os exames apontaram para isso. E , lá estava o problema.

Quase pude ouvir o pensamento dela , arrependida de nunca ter colocado um cigarro na boca. E , veja bem, ela estava com câncer pulmonar, estava mais no buraco do que qualquer pessoa que fumava.

Ela se arrependeu de ter se arrependido, afinal não fumar era o correto.

Você já se perguntou porque essas coisas acontecem? As pessoas boas parecem morrer com frequência , já as más pessoas vivem mais.

James deixou uma segunda lágrima cair quando ouviu um suspiro do médico que iria continuar a falar. Ele limpava antes que Kate pudesse ver.

— Você tem 4 meses de vida sem o tratamento, mas com o tratamento você terá uma melhora de 100% em aproximadamente dois anos!.- O médico afirmou. Um sorriso fraco formou em seu rosto, como se estivesse passando esperança.

— Mas eu estou grávida , o tratamento afeta o feto, na verdade iria mata-lo.- essas palavras saíram brutas de seus lábios. Ela sentiu a mão de James entrelaçar na sua.

— Se você optar pelo tratamento, teríamos que lhe induzir a fazer um aborto e retirar o feto.- a voz dele foi fraca, ele a viu com um olhar de decisão.

— Eu..- ela pensou novamente antes de falar, não , ela não podia abrir mão daquele bebê. Sabia que mesmo com a promessa de cura 100% com o tratamento... Aquilo nem chegava perto do bebê que ela estava carregando. Mas também tinha Anne... Mas Kate sabia que iria morrer mesmo com o tratamento, estava fraca demais.- Eu não irei fazer tratamento.- falou decidida. James derramou mais três lágrimas no rosto, dessa vez ela pôde ver.

Kate era sempre tão justa.

— Você está certa?.- o médico perguntou incrédulo.

— Estou.- a essas horas James já estava se encolhendo em um canto.

Ele a admirava. Ele a amava. Ele não queria perde-la , mas Kate sabia que ele iria perde-la mesmo com o tratamento. Ele apenas confiou nela.

— Quatro meses.- ela disse , era o que precisava para garantir que seu bebê estava seguro. O médico concordou sem palavras.- Eu poderei ir para casa nesse tempo?.- ela perguntou, queria poder abraçar-me pela última vez.

— Sim, apenas mais três dias aqui! Você só precisará vir aqui uma vez na semana para retirada do sangue no pulmão, afinal não queremos que se repita novamente!.- era para ser reconfortante, mas não era.

Quando o médico saiu dali, James se aproximou da cama , sentando ali ao seu lado. Kate desabou. Ele estava tentando segurar , mas não conseguiu, os dois estavam chorando. Ambos sabiam o que era correto.

E Anne?  Como ela ficaria?
Bom, eu? Minha mãe era tão justa. Ela me amava.

Sabe o pior de tudo é o buraco que a pessoa deixa em sua alma quando parte.

***

Eles se conheceram na faculdade.
James era veterano e estava sempre curtindo todas as meninas.
Kate era a novata, e todos zoavam dela por ela ser tímida demais, zoaram ainda mais quando descobriram a paixão secreta por James.

Ele , o garotão da faculdade , acabou se apaixonando. Isso ninguém esperava. Nunca tinham visto James tão empenhado em conquistar alguma menina, a não ser com Kate.

Na formatura dele , onde ele deveria dizer Adeus para Kate , na verdade foi o começo de tudo. O primeiro beijo, contava , foi ele quem puxou, Kate o afastou.

Mas depois daquele beijo, ele teve certeza que era ela. Eles passaram a festa de formatura toda em um quarto  de uma fraternidade qualquer, afinal isso não importava, estavam juntos , abraçados.

E ele se viu desistindo de tudo. Ele estava com a pessoa que amava.

O que ele precisava mais?

Obviamente de Nada.

Largou a faculdade mais famosa do mundo, e decidiu fazer uma próxima da cidade , onde poderia ver Kate todos os dias.
Nem todos os amigos concordaram com ele, mas se arrependem , pois deixaram o provável amor de suas vidas para trás.

Eles eram felizes demais para se importarem com dinheiro. Eles Eram Felizes.