1. Spirit Fanfics >
  2. Meu Amor e Ódio Eterno. >
  3. Primeiro dia em gelo.

História Meu Amor e Ódio Eterno. - Primeiro dia em gelo.


Escrita por: PhantomIV

Notas do Autor


~ Caros leitores, sinto-me no dever de curvar-me ante vós e agradecer-de-vos respeitosamente... Em momentos solitários costumo assentar-me frente a minha velha máquina e escrever, escrever e escrever... De alguma forma sinto-me acompanhado por tão nobres leitores que sempre me elogiam de maneira muito mais afetuosa do que realmente mereço. Portanto, conduzo este trabalho exclusivamente a vocês e faço das suas as minhas expectativas e espero que fielmente cheguemos a uma conclusão... Afinal, literatura é isso, certo? Uma introspecção entre autor/leitor. Obrigado por tudo... :D

Costumo dizer que palavras não tem sentido algum se não puderem tocar os sentimentos de alguém. O fato é que com o passar dos anos fatos inteiros são esquecidos pela nossa memória, mas as palavras continuam a ressoar... Vívidas e integralmente, como um pesadelo gélido.

Pois bem, terminado meus pareceres emotivos, finalmente, ao capítulo que ora apresento a vocês:

Capítulo 30 - Primeiro dia em gelo.


Como foi sugerido aos hóspedes não saírem do hotel, foi estabelecido, entre outras coisas, um rígido controle interno. A fim de economizar energia as luzes se apagavam às 22h e só retornavam às 18h do dia seguinte, o que tornou o interior do Winter-club sombrio e frívolo.

Nas primeiras horas da tarde do dia 26/12, um frio assombrou tão intensamente pelos corredores que era quase impossível ficar muito tempo parado neles, era preciso, para superar, recorrer a algum cômodo com aquecedores ou lareira.

Como os hóspedes mais lucrativos dos últimos tempos, o gerente achou digno convidar os von Stein para um jantar em sua suíte particular no andar mais alto do hotel, era sem dúvida o local mais privilegiado. A fim de recompensar os Stein's pela desaventura do frio o gerente Maoko os mandou chamar às 17h e às 20h estavam na porta de seu luxuoso aposento. A família foi recebida por meia dúzia de empregados tradicionalmente vestidos em quimonos volumosos para suportar o frio. Trocaram-se gracejos e cortesias e foram conduzidos pelo anfitrião à longa mesa de jantar, diferente da estreita e hospitaleira mesa dos pais de Yalla.

Maoko era um homem inquestionavelmente rico, controlava o seu pequeno-grande império daquele apartamento, mas suas garras iam bem além dos limites gélidos de Midorihara, era societários em vários grupos de Tóquio, ficava isolado ali, entre as montanhas, para escapar de muitos problemas que seus subordinados podiam resolver por ele. Junto a ele, na mesa, havia mais três pessoas, dois eram membros da diretoria do hotel e, quietinha, num canto, com estranha timidez, a sua única filha, Isabela.

_Espero que os terrores da natureza não esteja atrapalhando as férias dos Senhores - Disse conduzindo-lhes uma reverência, com um tom de voz que conotava obrigação de tratá-los bem - Bem sei que procuram se afastarem da agitação do mundo lá fora, lamento muitíssimo que a natureza os persiga dessa maneira...

_Não é incômodo nenhum Maoko-kum... - Disse Herr Hevert com voz pesada e rouca - Seu hotel está sendo um lugar perfeito para o nosso... - Lançou um rápido olhar para a esposa que o fulminou - Para o meu descanso... 

_Lady Grinelda não tem apreciado a estadia? - Questionou percebendo o olhar tenso da mulher.

_Claro que estou... - Disse com cruel veracidade, digna de uma boa dissimuladora - Mas confesso que nasci para o sol, praias quentes... 

Maoko arrepiou-se só de pensar na ideia quente que ela quis transmitir.

_Sou quase um Stark de Winterfell - Brincou.

Will compreendeu a brincadeira e pôs-se a rir para curiosidade dos pais. Frederic que estava estufado em um aveludado casaco interpôs-se:

_De todas as pessoas no hotel eu jamais imaginaria que você lesse coisas desse tipo...

_Bem... - Disse virando a cabeça para um lado atraindo os olhares de todos junto com ela, para uma imensa estante repleta de livros - Os compro para a minha filha... Mas durante o inverno tenho tanto tempo livro que acabo tomando alguns emprestado... Meu mais recente passatempo tem sido as intrigas pelo trono de ferro...

_Tratando-se de um Best Seller... - Argueirou Will.

Frederic havia prontificado uma crítica sincera, e de certo modo verídica, mas ao perceber que o sobrinho gostava da série em questão optou por abster-se e levou o assunto para outras áreas. Curiosamente estava incrivelmente empolgado, diferente do que esperaria estar. Não conversara abertamente com Will, tampouco intimamente, desde o fatal "Foi só isso, Herr Frederic, não podemos ter mais nada...". Essas palavras pulsavam em seu sangue ainda, saltavam diante dos seus olhos quando não raro ficavam turvos, por sorte empregava um grande esforço para ser eloquente e carismático com os anfitriões, afinal, era uma honra para o seu irmão estar na mesa da pessoa mais rica da cidade.  

Para o jantar foi servido uma especiaria alemã, pato assado e cozido na cerveja. A conversação, a embriagues e a presença do tio malograram Will. Odiava aquele lado boêmio  e falastrão de Frederic, sempre sucedia algum comentário para alguma moça solteira, mas na falta delas, ou quando alguma se via impedida (o que era o caso, já que Isabela era prometida e extremamente protegida pelo pai), o assunto generalizava em torno de mulheres o que fazia Will recorrer a mãe para conversar sobre outros assuntos, quase sempre do interesse exclusivo dela. Porém, havia uma luz no fim do túnel, Isabela, pela lógica era dela aqueles livros e lá estava, diante de Will, uma boa oportunidade para conversar sobre coisas que o entusiasmavam. Mas, justo no instante em que ele decidira interpelá-la, Frederic brandiu do seu lado da mesa:

_Isabela? Seu pai disse que tocas violino muito bem...

Maoko endireitou-se na cadeira e sorriu para a filha, seu sorriso dizia "agrade-os para o nosso bem...". Era evidente que toda aquela cerimônia girava em torno disso, os Stein estavam sendo a maior fonte de renda do hotel nas últimas semanas, desde que o "inverno finalmente chegara"... Desagradá-los poderia ser, além de tudo, indelicado, contra os preceitos da hospitalidade nipônica.

Isabela levantou-se, passou por uma porta e segundos depois retornou com um belíssimo violino de madeira lustrosa que refletia a luz alaranjada e as tonalidades vermelhas da sala de jantar. Com uma delicadeza fidedigna de uma violinista profissional ela fez um curto ensaia tocando alguma coisa irreconhecível e no instante seguinte a uma pausa ela tocou trechos do concerto número 1 para violino de Felix Mendelssohn. Durante a interpretação Frederic fechou os olhos e por baixo da mesa balançou uma das mãos, como a conduzir a orquestra que não estava em lugar alguém, exceto em sua mente. Mesmo Will, que estivera aborrecido sentiu-se acalentado pelas notas que ela, com tanta habilidade, retirava sem nenhum obstáculo.

A ironia é uma das qualidades da vida. A primeira vez que Will ouvira Felix Mendelssohn fora dias depois de ter começado a se envolver com Frederic. Haviam ido a orquestra e depois seguiram para casa, onde momentos mais tarde Will foi alvo de um ataque de Frederic. Foi, até onde se lembrava, a segunda vez que fizeram sexo. Um temor sobre isso transcorreu na mente de Will, e se fosse um sinal? E se todas as vezes que ouvisse Felix Mendelssohn tivesse destinado a transar com o meio-tio pela "segunda vez"? Uma ideia insensata e louca, mas que não deixou de incomodá-lo até o fim da apresentação de Isabela, quando por fim descobriu que o tio estava embriagado demais para sequer tentar uma conversa decente, quem dirá para fodê-lo. 

_Bravo! - Aplaudiu Hevert com pouco brilho, se no meio de uma plateia teria dado um impulso fraco.

_Estou admirada... - Elogiou Grinelda - A treinou muito bem Herr Livenstein - Era um dos gerentes e também encarregado da educação da filha do chefe, era de origem ariana e falava um pomposo alemão, com uma voz mansa e expressiva. 

_Certamente um talento nato... - Respondeu e abriu um sorriso de falsa-modéstia - Ainda necessita de alguns ajustes, mas certamente estará nas primeiras filas do conjuntos.

_Minha Isabela sonha em se tornar uma opalla... - Acrescentou o anfitrião com ar confiante, sugerindo que não seria dificuldade para ela.

_O décimo terceiro compasso... Pode repeti-lo? - Questionou Frederic com ar suplicante, era um sinal, ninguém entenderia a não ser Will...

Eis a lógica: Décimo terceiro compasso... 10 + 3. 10h30. Sempre que Frederic questionava sobre algum número passível de ser convertido em horas, seguindo essa lógica, significava que  ele queria conversar com Will na hora marcada. "Conversar", pensou o jovem corando as faces.

_Com um pouco mais de obscuridade... Sem muita excitação. - As palavras dele atravessaram Will como uma lança "O que ele quer dizer  com obscuridade, sem muita excitação?", talvez fosse coisa de sua cabeça, - Excelente, muito obrigado, depois não vou mais importuná-la. - Will refez a frase em sua mente "Depois disso não vou mais importuná-lo. Duvido muito..." e para encerrar, Frederic piscou o olho esquerdo rapidamente, um sinal de indagação, como se quisesse saber se Will havia entendido a mensagem, a resposta estava estampada na cara avermelhada do meio-sobrinho, a vergonha era por ainda se lembrar dessas coisas.

Will pousou as duas mãos sobre a mesa e dedilhou a mão esquerda. Significava "Não...". 

Foi a única tentativa de Frederic, depois disso, o jantar prosseguiu sem muita energia vinda da parte do tio. Will teve a sua conversa tão esperada com a violista e descobriu uma opinião Divergente da sua a respeito da literatura.

22h30 chegou e passou, quando anunciado 23h, a família Stein levantou o cerco e despediu-se fazendo as honras necessárias.

Frederic não havia desistido. Se para o seu crime havia um kastigo, não seria aquele. Não aceitaria ser desprezado pelo sobrinho, ainda mais quando tinha a certeza de que Will estava enganado a respeito dos próprios sentimentos.

Yalla nem entrou no mérito das reflexões de Will naquela primeira noite soterrado em neve. Sabia que não poderia fazer nada para vê-la. Tal fato não deixou de perturbá-lo, mas não havia outra escolhar senão esquecer do assunto e concentrar-se no que primordialmente viera fazer em Mirihara: passear com a família.

Para o restante da família, como bons observadores que eram, notaram a vívida preocupação do gerente de que eles fossem embora pressionados pelo frio e abandonassem a lucrativa estadia deles no Winter-club. Tal suposição, disse Herr Hever, deixa-nos umilhados e ofendidos...

Nada restou na noite senão um luar claro que fazia a neve reluzir em prata e em azul-acinzelado. Um espetáculo que valeu a pena o sacrifício. Um clima perfeito para uma noite quente, sugeriu Grinelda para Hevert.  


Notas Finais


~ Caros leitores... A fim de fazer uma dinâmica com os senhores escondi 4 nomes de livros ao longo do texto. Quem me dizer os 4 e os respectivos autores (são 3), ganhará um prêmio! [Válido até a publicação do próximo capítulo].


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...