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História Meu amor. Meu veneno. - Parte XI


Escrita por: kungfutao

Notas do Autor


Capítulo novo! Espero que gostem!

Capítulo 11 - Parte XI


ChanYeol POV.

Quando Baekhyun se recuperou, deitou-se sobre mim e acariciei suas costas sem apressá-lo. Ele espalhou beijos por meu maxilar e colou a testa na minha. E foi com seu hálito invadindo minha boca que senti seu toque delicioso. Incapaz de me conter, gemi e o garoto continuou a me estimular.

Mesmo desesperado para me colocar entre suas pernas, reprimi meus instintos e me entreguei a ele. Baekhyun era um doce torturador e me enlouqueceu quando começou a retribuir os beijos que espalhei por seu corpo.

Diferente das outras vezes em que fizemos sexo, ele não estava sendo uma vítima, nem um manipulador. Agora, Baekhyun era meu cúmplice, meu parceiro, minha constante fantasia.

Mostrando-se igualmente desejoso, ele passou a me provar intimamente. Baekhyun fazia aquilo de um jeitinho só dele e foi uma das melhores sensações da minha vida. Não consegui pensar em mais nada, só o sentia, sentia e sentia.

Baekhyun POV.

Não conseguindo mais se conter, ChanYeol colocou o preservativo que havia pegado depois que saímos da água e posicionou-se em cima de mim.

Ficamos nos encarando, dizendo mais com o olhar do que com frases feitas e cheias de clichês. Senti que era um daqueles momentos que você sabe que nunca vai esquecer. Então o que veio a seguir só confirmou a declaração silenciosa.

Encaixados e entregues, desfrutamos de movimentos calmos, mas muito prazerosos. Apesar de o meu sangue quente agitar meu corpo, e de dentro da minha garganta brotarem gemidos roucos... eu estava em paz. Com a dor e o prazer juntos, era quase impossível não se sentir completo. Toda a dor do mundo valia com aquele homem.

ChanYeol POV.

Me dediquei a Baekhyun como nunca me dediquei a ninguém. Obcecado, cego, inteiro, extasiado... Ainda era difícil entender o sentimento que me abateu e me mostrou o quanto estava errado sobre a vida.

Nunca tinha visto o sexo por aquele ângulo, onde você sente que a outra pessoa é uma extensão de você mesmo. Onde o prazer é partilhado não com a intenção de uma satisfação instantânea, mas sim com a vontade irracional de se misturar à outra pessoa. De marcar a quem se gosta de tal forma que ela nunca venha a se esquecer de você.

Em um movimento sutil, trocamos de posição e Baekhyun montou em mim. Coloquei minhas mãos em sua cintura e lhe ajudei a encontrar novamente o prazer. Deslumbrado com a forma com que luz da Lua se moldava à sua silhueta, gemi de um jeito que nunca gemi antes.

BaekHyun POV.

Passei as mãos pelos cabelos e meus dedos deslizaram para o pescoço. Pleno, me sentia livre e desinibido. Naquele momento eu não era um monstro, não era um louco. Era um homem consciente de sua sensualidade e da fascinação que exercia sobre o homem que tanto amava.

Com toda a paixão, dei a ChanYeol, e a mim mesmo, mais do que prazer. Levei-nos ao delírio e o fiz sentir que aquilo era tão certo e verdadeiro quanto o imenso oceano.

Então, para o meu total deleite, ChanYeol começou a falar palavras sensuais e lisonjeiras. Os espasmos voltaram com mais força. Meu corpo se contraía parecendo causar sensações intensas em ChanYeol. Pendi a cabeça para trás e me deixei ser guiado por meus instintos. Podia sentir o corpo de ChanYeol respondendo ao meu com súplicas e necessidades. Por isso, chamei por seu nome no momento em que sucumbi à força daquele desejo tão antigo e enraizado em mim. Foi incrível!

Algum tipo de corrente elétrica ainda percorria meu corpo quando ChanYeol colocou-me novamente embaixo de si. Ele canalizou as milhares de sensações que devia estar sentido em movimentos fortes e enlouquecidos. Eu não sabia que ainda podia sentir tanto prazer – mesmo com a dor intensa de sua força contra mim.-  e o assisti chegar ao ápice, admirada com o jeito lindo e desesperado que me fitava.

Quando tudo acabou, permitimos que o som do mar acalmasse nossos corações e relaxamos nos braços um do outro.

(...)

Acordei antes de ChanYeol e preparei o café da manhã. “Preparei" é só modo de falar, pois só arrumei torradas e suco em uma bandeja. Uma hora depois, voltamos para o convés e ficamos falando bobagens enquanto passávamos protetor solar um no outro.

ChanYeol tentou me ensinar a velejar novamente. Dessa vez, prestei mais atenção e consegui aprender algumas coisas. Ficamos um bom tempo só velejando, curtindo o Sol e o clima mais que agradável.

Perto do horário do almoço, nos aproximamos de uma praia da qual eu nunca ouvi falar, mas ChanYeol me garantiu que eu ia gostar. Abandonamos o veleiro ali perto e nadamos até lá. Ele tinha razão... Eu adorei o lugar! Areia branca, maré baixa, água límpida e totalmente vazia.

Insisti para procurarmos conchinhas, pois eu queria ter lembranças sólidas dos dias mais felizes da minha vida. ChanYeol me ajudou, porém ficou puxando minha sunga com aquela cara tarada dele. Ele não era muito fã de sunga, por isso usava apenas um bermudão azul.

Eu adorava a sensação da areia úmida nos meus pés e o cheiro do mar. Nada me incomodava, nem a minha pele ficando um pouco avermelhada ou o fato de não saber onde estava. Eu só conseguia pensar em perfeição... Tudo para mim era perfeito.

ChanYeol POV.

Eu estava envolto em uma total paz. Em harmonia com o ambiente e com o garoto que segurava minha mão. Nem me lembrava das dezenas de problemas que me esperavam em casa. E, definitivamente, não dava a mínima para a reação do governador quando soubesse que eu estava namorando Byun Baekhyun.

Espera!

Ela sabe que estamos namorando, certo? Bem, se não sabe, vai passar a saber agora.

– Baekhyun...

– Sim? – Fitou-me com mechas de cabelos ondulando em seu rosto.

– Eu quero te dar uma coisa. – Fiquei de frente para ele e tirei do meu dedo mindinho o anel com o brasão da minha família, o qual tinha ganhado do meu avô quando completei 12 anos. – Não é grande coisa, mas tem valor sentimental pra mim. – Peguei sua mão direita e coloquei o anel em seu anular. – Enquanto esse anel estiver com você... – Aproximei sua mão dos meus lábios. – Eu sempre estarei por perto. – Beijei o local.

Baekhyun ficou bastante surpreso, mas o brilho em seu olhar me deu a certeza de que tinha consciência do compromisso que estabeleci. Não senti que estava sendo precipitado, seguia, sem hesitar, a minha intuição, e me sentia muito bem com isso.

– Obrigado. – Deu um grande sorriso.

– Vem cá. – O puxei para mim e lhe beijei.

Enquanto saboreava seus lábios e língua, minhas mãos correram para suas costas e finalmente consegui abaixar sua sunga.

– ChanYeol! – Tentou ajeitar a sunga. – Você é traiçoeiro... – Estreitou os olhos, fingindo revolta.

– Não sou. Juro que sou 100% confiável. – Subi a sunga novamente e Baekhyun sorriu.

– Melhor assim. Seria estranho ficar pelado aqui.

– Concordo. – fingi tirar mais uma vez a sua sunga.

– Você não vai voltar vivo!

Gargalhei com vontade.

– Seja legal comigo. – Pisquei o olho.

Baekhyun POV.

Quando retornamos ao veleiro estávamos cansados demais para cozinhar, então fizemos sanduíches simples e devoramos em minutos. Tomamos banho para tirar o sal do corpo e o que aconteceu em seguida foi tão essencial e certo quanto respirar. Acabamos na cama, onde fizemos amor por quase duas horas. Era incrível como o tempo voava quando ficávamos concentrados em dar prazer ao outro.

Tirei um cochilo e, quando acordei, ChanYeol não estava na cama. Percebendo que anoitecia, fui até o convés e o encontrei de pé na proa, olhando para o horizonte. Me aproximei sem fazer barulho e o abracei por trás com delicadeza. Encostei minha bochecha em seu ombro e ele acariciou minha mão, demonstrando contentamento com minha presença.

(...)

Domingo. Poxa, já era mesmo Domingo?

Sabendo que só tínhamos a parte da amanhã para ficarmos juntos, pois à tarde voltaríamos para a cidade, não fiquei de lamentações e mantive meu bom humor.

Depois do café da manhã, ficamos deitados no sofá conversando sobre os Filhos da Democracia. Contei para ele como aquilo afetou Soo e, consequentemente, lhe explique como funcionava nossa amizade. Um sempre protegendo o outro. ChanYeol mostrou interesse em conhecê-lo melhor e eu não pude deixar de ficar feliz com isso.

ChanYeol também quis saber para onde eu pretendia ir quando lhe disse na torre do sino “vou embora”. Não queria tocar no assunto, mas, como insistiu, acabei lhe contando o meu plano de passar um tempo na Austrália. Ele inicialmente ficou calado, só passando seus ósculos escuros por minha coxa, mas depois entendeu. Para ChanYeol, ficou claro que eu queria uma vida além do South Korea, além de Seoul.

Como o Sol não apareceu e uma chuva fina caía lá fora, permanecemos dentro da cabine. Não foi nem um pouco tedioso, pois com o desejo sexual sempre à flor da pele, vivenciamos experiências maravilhosas. Apesar de eu estar completamente com dor.

Por volta das 13:00h, fui até o convés e me entreguei à chuva fraca. Fiquei de olhos fechados, apenas sentidos as gotas gélidas em meu rosto. ChanYeol não falou nada, mas senti o conforto de sua presença.

– Por que agora sempre me chama de Baekhyun? – Sabia que ele entenderia onde estava querendo chegar.

– Gosto do seu nome... – Suspirou. – Além disso, acho que é uma boa forma de desvencilhá-lo do apelido idiota que inventei.

Abri os olhos e ele estava bem na minha frente.

– Talvez isso não dependa mais só de você.

– Torço para que esteja errado.

Sem falar nada o abracei e ChanYeol afagou meus cabelos. Ficamos um tempo calados, até que ele perguntou:

– O baile do centenário do South Korea vai ser nesse Sábado. Gostaria de ir comigo?

Eu não queria comemorar a existência da instituição e não consegui aceitar o convite de imediato.

– Vai ser tão bom assim?

– Não é isso. É que eu organizei quase tudo, gastei muito tempo e esforço... Só queria ver como ficou no final das contas.

– Entendo. – Fui sincero. – Nesse caso, eu aceito o convite. Apesar de eu achar que o pessoal irá estranhar muito nós dois juntos. Dois meninos. Dois ex-inimigos. – O fitei sorrindo.

– Legal. – Começou a desabotoar a blusa que eu vestia. – Que tal um último mergulho?

– Adoraria. – Rocei meus lábios em seu maxilar.

(...)

Lá estava eu, de volta ao colégio.

Estacionei o Mustang no lugar de costume e, assim que saí do veículo, avistei ChanYeol. Ele caminhou em minha direção com sua elegância natural e me lançou um magnífico sorriso. Nos cumprimentamos com poucas palavras e seguimos para o prédio. Aquele até poderia ter sido um dia como outro qualquer, se ChanYeol não tivesse colocado seu braço em volta dos meus ombros, assumido publicamente o nosso relacionamento.

O simples gesto atraiu os olhares de todos, nos tornando novamente o centro das atenções. Recolocando os malditos holofotes sobre nossas vidas. E não era para menos, pois ambos éramos odiados e conhecidos como os alunos que destruíram a imagem do colégio.

Gostei de ChanYeol me assumir como seu namorado, mas, mesmo já tendo passado por situações muito piores, não pude deixar de ficar incomodado com a forma com que nos encaravam.

Eu até já podia sentir os boatos se alastrando pelo lugar como uma espessa fumaça de raiva e inveja.

ChanYeol POV.

Por onde passávamos, havia murmúrios e olhares tortos. Aquilo não me incomodou muito, mas sentia Baekhyun bastante tenso.

Durante as aulas, procurei me concentrar em uma tentativa tardia de melhorar minhas notas. Então, após a aula de Educação Física, ao chegar ao armário, fui abordado por ninguém menos que Yuri.

– Oi, Oppa.

A encarei perplexo com sua cara de pau. Yuri não falou comigo durante todo o período em que os Falcons me perseguiram. Agora, quando todos sabiam do meu namoro com Baekhyun, recuperou o interesse em mim?

– O que quer?

– Nossa, não precisa ser grosso. – Encostou-se no armário. – Só vim pedir uma coisa.

– Não tenho nada que seja do seu interesse.

– Tem sim. – Sorriu. – Me empresta seu caderno? Te vi fazendo anotações das aulas. É que passei o dia com dor de cabeça e acabei não entendendo nada de nada.

– Pede o caderno de outra pessoa. – Sabia que aquilo era uma patética desculpa para se aproximar.

– Está mesmo namorando aquelezinho?

– Não é da sua conta, mas sim, estou. – Preferi deixar bem claro.

– Eu nem acredito! – Riu sem humor. – Sua mãe me contou o acordo que você fez com seu pai por causa daquele tal de Kyungsoo e eu acho...

– Não se meta na minha vida. – A interrompi.

– Que droga, Oppa, não pode namorar aquele viado. Gente como nós está no topo da cadeia alimentar. Não nos misturamos! Aquele Baekkie está abaixo de tudo que já existiu aqui. Eu sou a líder das animadoras e você sempre será um Falcon. É um líder nato, temos que ficar juntos! Vamos esquecer o passado!

Fixei bem meus olhos nos de Yuri e falei:

– Bebeu a água oxigenada que passa no cabelo? Existe vida fora do South Korea, sabia? – Bufei de raiva. – Eu não sou um Falcon. E, definitivamente, não quero ficar com você!

– Não é um Falcon? Seus dias estão contados. Logo será adorado novamente e tudo voltará a ser como antes.

– Cala a boca!

– Me empresta o caderno? Acho que depois de ter me traído mereço ao menos isso. – Provocou estendendo a mão.

– Me deixa em paz! – Praticamente joguei o caderno em cima dela.

– “Agora e sempre... Falcons! Falcons! Falcons!” – Com um sorriso, citou o grito de guerra do time.

Imediatamente a deixei sozinha.

Baekhyun POV.

De volta à detenção, esperamos o Sr.Gray dormir e fugimos para a torre do sino. Lá, ChanYeol me ajudou a relaxar com seus beijos de tirar o fôlego. Feito dois loucos, ficamos nos “pegando” no pequeno cubículo, praticamente cambaleando pelo local.

Sem poder descolar meus lábios dos seus, coloquei a mão para trás tateando algo para me apoiar. Então agarrei uma corda grossa, apoiando meu peso nela. Só quando o sino começou a soar foi que me dei conta do que fiz. O som quase nos deixou surdos e devia estar ecoando por todo o colégio.

– Não acredito que fez isso. – ChanYeol gargalhava muito.

– Por quê?

– Esse sino não é tocado há vinte anos. Ele só voltaria a badalar no dia do centenário.

– Ah... – Olhei para sino acima de mim. – Foi mal. – Me desculpei com o sino e ChanYeol riu ainda mais.

– Temos que fugir. – Puxou-me pela mão prevendo que algum funcionário já estava a caminho.

Atravessamos o pátio correndo, quase certos de que o Sr.Gray tinha acordado. Por ChanYeol conhecer o colégio melhor do que eu, pegamos um atalho e alcançamos o prédio pela lateral. As janelas da sala estavam abertas e tivemos que pular uma delas para conseguir voltar à detenção. Rapidamente sentamos em nossas carteiras, cada uma de um lado da sala. A grande questão é que o professor não estava lá.

– Será que ele foi nos procurar? – Indaguei ofegando.

Mal calei a boca e o Sr.Gray apareceu na porta.

– Onde vocês estavam? – O homem parecia um bicho.

ChanYeol trocou um olhar comigo e respondeu tranquilamente:

– Como assim?

– Como assim? – Ele se irritou. – Fugir da detenção é uma falta grave, Sr. Park!

– Mas não saímos daqui. – Fingiu-se de inocente.

– Ele tem razão. – O apoiei. – Ficamos sentados aqui o tempo inteiro.

– Acham que sou burro?

– Não acho que o senhor é burro, mas, desculpe dizer, o senhor estava dormido. O sino começou a tocar e você acordou meio atordoado. Talvez tenha feito uma pequena confusão em sua cabeça e achado que a sala estava vazia. – ChanYeol era muito persuasivo.

– Pense bem, o senhor acabou de voltar do corredor. É o único jeito de chegar aqui, então como podemos ter fugido e aparecido do nada? – Minha expressão era de mais pura seriedade.

O Sr.Gray olhou para o vazio, com a cabeça cheia de dúvidas e possivelmente questionando sua sanidade.

– Bom... – Pigarreou. – Estão liberados por hoje. – Ficou constrangido.

ChanYeol e eu pegamos nossas coisas e só quando nos afastamos da sala foi que caímos na gargalhada.

Quando chegamos ao estacionamento, ChanYeol me encostou contra o Mustang e senti que havia algo o incomodando.

– O que foi? – Coloquei minhas mãos em seu rosto.

– Tem um lance que preciso te contar.

– Estou ouvido. – Fiquei sério.

– Lembra quando consegui a bolsa de estudos para o Kyungsoo e você perguntou “foi difícil?”?

– Sim... Onde quer chegar?

– Na época eu não me importava com nada... – Fez uma pausa que me deixou angustiado. – Meu pai queria que eu voltasse a ser o líder que era antes, então, em uma atitude meio impensada, prometi que voltaria para o time de basquete se ele me ajudasse a resolver a parada do Kyungsoo.

– O quê? – Involuntariamente o afastei.

– É o seguinte... – Passou a mão pelos cabelos. – Depois que Kris foi expulso e eu saí do time, Tao se mandou e o treinador se demitiu. Tudo isso junto acabou com os Falcons. A diretoria anda meio desesperada, porque com a temporada de campeonatos chegando não tem ninguém dos “tempos de glória” para carregar o time nas costas. Quando você me pediu aquele favor, a direção já tinha me oferecido a posição de capitão, pois achavam que os escândalos logo seriam esquecidos. Inicialmente eu recusei, mas...

– Você? Capitão dos Falcons? – Não consegui disfarçar a minha perturbação, muito menos o desprezo pelo time.

– Tecnicamente ainda não sou um deles.

– Só pode ser brincadeira. – Balancei a cabeça sem conseguir acreditar.

– Eu também não estou feliz, Baekhyun. O time inteiro me odeia. Vai ser um inferno voltar como capitão.

– Desculpe-me. – Obriguei-me a lembrar que ele fez o acordo por minha causa. – Não tem como se safar dessa?

– Não sem prejudicar Kyungsoo.

– Que droga! – Gemi.

– Nada entre nós vai mudar. – Me abraçou.

O encarei com amargura e comecei a citar o grito de guerra dos Falcons:

– “Agora e sempre... Falcons! Falc...” – ChanYeol colocou os dedos em minha boca, me impedido de continuar.

– Foi você quem me disse: nem sempre o que fazemos define quem somos.

Afundei meu rosto em seu peito.

(...)

No dia seguinte, cheguei ao colégio e ChanYeol não estava me esperando no estacionamento. Logo imaginei que estaria chateado por causa da minha reação quando me contou que seria capitão do time. Como vi que seu carro estacionado, segui para o prédio, louco para encontrá-lo.

Os alunos continuavam a me encarar, só que dessa vez tinha algo diferente pairando no ar. Sentia o peso de seus olhares como jamais senti antes. Tomada pela estranha sensação de estar despido, apressei o passo evitando olhar para eles.

Assim que atravessei as grandes portas, uma animadora de torcida passou por mim dizendo:

– Sinto como se meu coração fosse parar... – Debochou.

Confuso, segui em frente. No corredor apinhado de alunos, ouvi murmúrios e risadas. Muitas pessoas seguravam um tipo de panfleto a que não dei importância por estar indisposto. Serpenteei pelo local e, com dificuldade, consegui chegar até meu armário.

Assim que me deparei com um grande F vermelho pintado no armário, meu estômago embrulhou. Eu bem sabia que era F de Falcons. Nervoso, abri o cadeado e, ao puxar a porta, centenas de papéis caíram aos meus pés. Olhei para os lados e todo mundo estava me observando. Sem entender ao certo o que estava acontecendo, peguei uma folha que ficara presa na porta e senti um frio percorrer minha espinha.

Minha expressão petrificou ao ver a foto da ficha que dei a ChanYeol, ampliada, expondo meu antigo rosto. Logo abaixo, havia escrito “Baekhyun Duas Caras” e, atrás, a última carta que escrevi para ele.

Com os olhos injetados, me virei devagar e notei finalmente que os panfletos espalhados pelo colégio eram iguais ao que acabara de deslizar da minha mão.

Pela forma com que os alunos me olhavam, pude perceber que já tinham ligado todos os pontos da minha história. Alguns ainda lembravam do menino esquisito que sentava na última carteira, outros estudavam ali desde sempre e participaram das brincadeiras cruéis de ChanYeol contra mim. Mas principalmente, agora se conscientizavam de que o garoto que abalou as estruturas da instituição era a vulgarmente conhecido como Baekhyun Duas Caras.

Pena, curiosidade, raiva e confusão me rodeavam, emanando de todas aquelas pessoas que me assistiam como se eu fosse uma aberração, em grande parte, por causa de quem fui e do que fiz.

Não suportando a exposição, como um verdadeiro covarde, fechei os olhos e fugi. Esbarrei em várias pessoas e tentei desesperadamente correr para fora do colégio. Mergulhado na desordem mental, mal percebi quando me choquei contra alguém tão forte que me fez cair sentado. Ao abrir os olhos, me deparei com Kris e, logo atrás dele, todos os Falcons, incluindo as animadoras de torcida. Sem conseguir me levantar, arfei com o coração batendo feito um tambor.

Yuri assumiu a frente e se curvou para dizer bem na minha cara:

– Sua vingança contra ChanYeol afetou diretamente os Falcons e o South Korea. Achava mesmo que íamos deixar isso barato, Baekhyun Duas Caras?

O soar do apelido me arrepiou inteiro e eu achei que vomitaria.

– Você é mesmo o garoto deformado com quem fizemos o ChanYeol transar anos atrás? – Kris debochou. – Que mudança. Incrível!

– É ele sim. – Outro Falcon se aproximou rindo. – Não se lembra que o time inteiro assistiu o showzinho do andar superior da biblioteca?

– Hum... É verdade. – Kris piscou o olho.

Aquelas palavras me provocaram tamanha dor que gemi, rastejando para longe deles.

– Cadê toda a sua coragem, Baekhyun Duas Caras? – Yuri me perseguiu de forma implacável. – Você não vai a lugar algum. – Segurou-me pelos cabelos e me manteve abaixo dela.

Alguns professores apareceram tentando dissipar o tumulto e isso só aumentou o caos.

– Não... me chame assim. Por favor. – Tentei ser forte, mas só aticei a ira dela.

– Baekhyun Duas Caras! Baekhyun Duas Caras! – Ficou me rodeando e lágrimas escaparam dos meus olhos. Os fechei, sentido o apelido dilacerar minha consciência. Era como se tivesse voltado a ser a mesma criança vulnerável do passado. Tremendo muito, tapei os ouvidos e uma angústia antiga fervilhou em mim. – Pare de chorar, sua bicha fraca! Você infernizou a minha vida e eu vou infernizar a sua! – Esbravejou. – Baekhyun Duas Caras! Baekhyun Duas Caras! Baekhyun Duas Caras!

Eu não conseguia me achar no meio daquelas centenas de vozes. A repressão da diretoria, o xingamentos dos Falcons, a piedade vã dos alunos e, principalmente, a voz de Yuri, a qual sussurrava em meu ouvido: você ainda é um monstro! É horroroso, Baekhyun Duas Caras... Eu te odeio! Te odeio, Duas Caras!

De repente, várias lembranças explodiram em minha cabeça em um caos de imagens e sentimentos que foi impossível de administrar. Via-me bem pequeno, com medo de ir para o colégio, ChanYeol me cutucando com um graveto, os tratamentos médicos pelos quais eu passei, gritos de desespero após terríveis pesadelos; Agulhas penetrando minha pele em uma clínica na Rússia, o vídeo que gravei, os olhares de repulsa e fogo... Muito fogo.

– AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHH! – A imensa angústia estilhaçou em pequenos pedaços e cada um deles se tornou um grito de dor. Caí para trás e o fogo começou a subir por minhas pernas e se alastrou rapidamente pelo resto do meu corpo. – ESTÁ QUEIMANDOOO! – Me debatia, não suportando a dor alucinante. Passei as mãos desesperadamente pelo rosto e, embora ele estivesse intacto, eu podia sentir o ardor das chamas. – ALGUÉM ME AJUDE! ESTÁ QUEIMANDOOOO! – Minha garganta parecia que ia explodir tamanha a força com que berrava e mesmo assim ninguém me socorria. – ESTÁ ARDENDO! MEU DEUS! MINHA PELE! AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH! – Agitava braços e pernas, mas nem isso aplacou a fúria das chamas que brotavam de dentro de mim. AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH! SOCORROOOOOOO!

ChanYeol POV.

– Vai, cara! Rápido! – Gritei.

– Estou tentando!

Ouvi o chacoalhar do molho de chaves.

Os Falcons tinham me prendido no armário de limpeza e o novo zelador tentava abrir a porta. No cubículo escuro, entre vassouras e baldes, enlouquecia pressentido que algo grave estava acontecendo.

Assim que o zelador abriu a porta disparei pelos corredores. O fato de as salas estarem vazias só me deixou mais tenso. Sem saber ao certo para onde ir, ouvi gritos e me direcionei para o corredor principal.

Assim que cheguei ao corredor, fiquei chocado com a cena. O colégio inteiro estava espremido no local, em total silêncio observando Baekhyun, o qual se debatia no chão aos berros. Dois professores tentavam lhe acalmar, mas ele parecia não ouvir. Saí empurrando quem estava na minha frente e alcancei Baekhyun.

– O que aconteceu? – Olhei para o diretor.

– Não sei, mas chamei uma ambulância.

Sentei no chão e coloquei a cabeça dele em meu colo. Pedi para as pessoas se afastarem e Baekhyun continuou a gritar.

Baekhyun POV.

Com a visão embaçada, vi ChanYeol e ele colocou a mão em minha testa me garantido que não havia fogo algum, mas eu o sentia. Senti as chamas me consumindo.

– Olhe pra mim, você está seguro. Não tem fogo! Eu juro! – Segurou-me contra o peito.

Aos poucos, fui sendo tomado por uma dormência tranquilizadora e não senti absolutamente nada, nem mesmo os braços de ChanYeol. Então um sono irresistível foi me puxando para a escuridão e minhas pálpebras se tornaram pesadas como chumbo.


Notas Finais


Comeeeeeeentem!


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