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História Meu Anjo da Guarda - Ciúmes


Escrita por: jaimencanto

Capítulo 6 - Ciúmes


Fanfic / Fanfiction Meu Anjo da Guarda - Ciúmes

               O beijo não saía da minha cabeça. E o motivo dele ter acontecido, muito menos. Não contei à Márcia e Carolina sobre o beijo, até porque eu não saberia explicar como e porque ele aconteceu. Fernando tinha assumido que se sentia na obrigação de me proteger, mas ele também não conseguia explicar o porquê. E até nós dois sabermos o motivo de toda aquela confusão de sentimentos, era melhor que ninguém soubesse sobre isso.

               Apesar dessa cena ter roubado minha noite e o meu sono, no dia seguinte eu estava disposta à chegar o mais rápido possível à editora. Assim, eu teria mais tempo para conversar com Fernando, e enfim poderíamos esclarecer tudo. Mas, para a minha falta de sorte, o dia seguinte era o dia em que a editora iria se reunir com os patrocinadores. Assim que cheguei ao prédio, o terceiro andar estava um caos, justamente pela sala de reuniões se encontrar nele. Embora assustada com a correria e pelo fluxo de pessoas estar mais acima do que deveria, consegui chegar até a mesa de Márcia para perguntar sobre Fernando.

- Ainda bem que você chegou! – Ela disse me entregando vários papeis. – Colocaram todos para trabalhar, e eu estou ficando louca porque não tenho o costume de fazer tantas coisas. Já que seu chefe vai ficar ocupado a manhã inteira na reunião, você poderia me ajudar, não é?

- Márcia, espera... – Tentei falar enquanto ela jogava vários papéis em mim.

- Precisa me ajudar a entregar esses papeis antes do meio dia. Lety, não nasci para ser assistente, muito menos para agir sobre pressão. Quando o Senhor Sorriso chegou pedindo tarefas para todos, eu quase entrei em colapso.

- Mas Márcia, eu preciso saber se o Fernando precisa de ajuda.

- Ele não precisa de ajuda. Chegou acompanhado da Miranda e entrou para a sala de reuniões com ela. Obviamente ele já tem a ajuda que precisa.

               Não pude evitar que o monstrinho do ciúmes me incomodasse naquele momento. Eu já sabia que Fernando e Miranda não tinham nenhuma relação, mas aquilo de certa forma me deixou incomodada. Desde quando Fernando e eu havíamos nos beijado, não tivemos tempo para nos falar. Eu não queria mais uma vez pensar mal dele, e imaginar que ele fez isso apenas por impulso. Eu queria acreditar que ele tinha um motivo a mais para ter feito aquilo. Eu me proibia de ter ciúmes de Miranda, principalmente porque eles eram colegas de trabalho, e por várias vezes eu presenciaria os dois juntos. Não poderia me sentir na liberdade de achar que só por causa de um beijo, Fernando e eu já tínhamos algo. Ainda tínhamos muito o que resolver.

- Lety! – Márcia exclamou.

- O que? – Eu a olhei assustada.

- Pode me ajudar, por favor?

               Suspirei.

- Tudo bem! Mas eu...

- Ótimo!

               Márcia se afastou às pressas, sem me dar tempo de explicar. Eu tinha o intuito de ir até a sala de Fernando para saber se ele havia deixado algo para que eu resolvesse. Mas, enquanto ele estivesse na reunião, eu teria algum tempo para ajudar Márcia. Ao revisar os papeis e tentar entender o que eu teria que fazer, percebi que um dos papeis deveria estar na reunião, e era uma das folhas do contrato dos patrocinadores. Procurei por Márcia para perguntar como aquele papel foi parar ali, mas ela já havia desaparecido de vista.

               Sem saber o que fazer, peguei o papel e olhei para a sala de reuniões. Obviamente estavam todos reunidos lá dentro, e eu não poderia simplesmente interromper a reunião sem saber se o papel que estava em minhas mãos era tão importante assim. Mas, e se fosse? E se a falta desse papel causasse algum problema para a editora ou para todos eles? Caminhei em direção à sala, mas virei de costas para a porta desistindo da ideia. Eu estava por um fio de perder a confiança do chefe por ter gritado com Sander no meio de todo o setor. Miranda pensava que eu tinha um caso com Fernando apenas para ter o meu livro publicado, e Fernando havia me beijando no dia anterior. Eu não estava no luxo de cometer algo errado como interromper uma reunião tão importante. Mas, eu não conseguiria trabalhar em paz sabendo que aquele papel estava comigo, e pensando assim, me virei para a porta da sala e bati nela algumas vezes, esperando alguém pedir para que eu entrasse. Mas, já que não ouvi voz alguma, tomei a liberdade de abrir a porta vagarosamente, colocando minha cabeça para dentro da sala.

               Meu estomago se embrulhou no mesmo instante. Eu não esperava que a sala de reuniões estivesse tão cheia, e que todos estariam olhando para mim. Haviam umas quinze pessoas sentadas à mesa, e a atenção de todas elas estava voltada para mim. Alan me olhava esperando que eu explicasse o porque da interrupção da reunião, mas não tive coragem de dizer nada com tantas pessoas em minha frente. Minha única alternativa foi pensar que falando com Fernando, amenizaria a situação.

- Desculpe. Eu... Posso... Falar com o Fernando?

               Todos olharam para ele, e Fernando levou uma das mãos à testa. Depois de alguns segundos ele se levantou, após pedir um baixo “com licença”, e seguiu em direção à porta. Quando ele se aproximou, percebi que ele me olhava de um modo surpreso, provavelmente pela minha audácia de interromper a reunião.

- O que aconteceu? – Ele perguntou me olhando.

- Eu estava com esse papel, e...

- Qualquer coisa que tiver que colocar em minha mesa, você pode fazer sem me chamar.

- Mas não é um...

- Letícia, estou no meio de uma reunião.

- Eu sei, mas é que...

- Algum problema? – Alan perguntou.

               Olhei para Fernando e ele balançou a cabeça negativamente, provavelmente querendo me aconselhar a não fazer algo sem pensar. Mas, aquilo não era algo que eu estava fazendo de cabeça quente, e já que eu tinha interrompido a reunião, não custaria falar sobre o papel que estava em minhas mãos.

- Desculpe interromper a reunião, Senhor. – Falei olhando para eles. – Mas é que estou com um papel que acho que é importante.

               Alan me olhou com seriedade.

- Traga para mim.

               Olhei para Fernando e ele suspirou, fechando os olhos. Adentrei a sala de cabeça baixa e me aproximei de Alan, entregando o papel à ele. Por alguns segundos ele o analisou, e eu esperei o momento que ele diria para mim que aquele papel não era importante, e que eu havia interrompido a reunião sem nenhum motivo. Mas, Alan me olhou e sorriu, colocando o papel sobre a mesa.

- Devem ter colocado entre os outros por engano. Obrigado, Lety.

               Julgando pelo seu sorriso e por ter me chamado de Lety, eu sorri satisfeita por ter feito a coisa certa.

- Por nada. Com licença.

               Dessa vez, fiz questão de olhar para Miranda, que me encarava com desdém. Caminhei em direção à porta e passei por Fernando, com a cabeça erguida. Por algum motivo ele não estava sorrindo, muito menos me olhava como se estivesse orgulhoso pelo meu feitio, e mais uma vez não consegui decifrar o motivo para ele estar daquela maneira. Assim que saí da sala, Fernando fechou a porta e não me deu ao menos um “obrigado”. Depois de tudo o que ele me disse no dia anterior, ele realmente continuaria me tratando com tanta frieza?

 

 

 

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- Não sei como aquele papel foi parar lá. – Márcia disse olhando para sua salada. – Eu tinha certeza de que havia separado tudo corretamente.

- Talvez tenha se esquecido de alguma coisa. – Carolina respondeu. – Não é uma coisa ruim. Todos cometem erros.

- De qualquer maneira está tudo bem. – Falei. – Já entreguei o papel à tempo, e à essa hora devem estar agradecidos por isso.

- Obrigada, Lety. – Márcia sorriu. – Se não fosse por você, eu estaria perdida.

- E se fosse por Fernando também.

               As duas me olharam confusas.

- Deixa pra lá.

- Não, agora queremos saber.

               Elas escoraram-se à mesa, esperando que eu contasse. Maldita hora que tive que abrir minha boca.

- Não é nada. É só que... Ele não parece ter gostado que eu tenha interrompido a reunião.

- Mas você praticamente salvou o dia. Eles jamais encontrariam o papel do contrato no meio de tantas coisas. Aliás, essas folhas estavam destinadas à reciclagem. Eles nunca encontrariam. E até fazer um novo contrato, demoraria longos minutos.

- Sim, eu sei. Mas Fernando parecia bravo por eu ter interrompido a reunião.

- Quer saber? Algumas vezes a beleza e o charme dele não são suficientes. Ele parece ser burro.

               Olhei assustada para Márcia e Carolina riu.

- Não fala assim, Márcia. Ele é o único daqui que trabalhou para uma das maiores editoras de Nova Iorque.

- Eu sei, mas eu não digo burro nessa questão. Burro por ele sempre estar bravo com você sem nenhum motivo aparente.

               Eu queria dizer à ela que não era bem assim, e que na verdade até então, Fernando tinha ficado bravo comigo apenas para o meu bem. Por mais que soasse estranho e louco. Mas, eu tinha que concordar que naquela situação, Fernando não precisava fazer nada para me proteger. Eu tinha entregado um papel importante para a reunião. Ele deveria ao menos ficar satisfeito por isso.

- Sabe o que eu pensei hoje? – Márcia olhou para o seu próprio garfo. – Se Miranda e ele tivessem um filho, ele nem choraria ao nascer. Os médicos quem iriam chorar depois de levarem um sermão de como deveriam ter feito o nascimento.

               Carolina riu, mas dessa vez eu não tinha achado graça. Não pela piada, mas por Márcia falar sobre a possibilidade de um dia Fernando e Miranda terem filhos. Aquilo de certa maneira me deixou irritada, e eu não consegui ao menos disfarçar.

- Ah, qual é Lety! Foi engraçado! – Márcia riu, me olhando.

- Foi mesmo. Tenho que concordar. – Carolina disse.

- Eu preciso ir. – Falei me levantando.

- Lety, não fica brava! Não pode ficar brava só porque estamos fazendo piadas com seu chefe.

- Não fiquei brava. Eu só... Preciso ir. Tenho algumas coisas para fazer antes que a reunião termine.

               Peguei minhas coisas sobre a mesa e segui em direção ao lixo. Nem ao menos comi toda a minha comida. Já estava sem fome apenas por pensar no porque de Fernando ter me olhado daquela maneira quando saí da sala de reuniões. Depois da piada sobre ele e Miranda terem filhos, minha fome tinha desaparecido totalmente. Ao jogar o restante do meu almoço no lixo, coloquei a bandeja sobre a lixeira e segui em direção ao elevador. Logo quando as portas se abriram, Fernando estava lá dentro. Olhei para ele e entrei no elevador, prestes a perguntar sobre sua reação há algumas horas. Mas, antes que as portas se fechassem, Marcelo também entrou no elevador. Para a minha vergonha, apenas nós três ficamos lá dentro.

- Boa tarde, Seu Fernando. – Ele disse apertando o botão para o terceiro andar.

- Boa tarde. – Fernando respondeu sem olhá-lo.

               Marcelo olhou para mim e as portas se fecharam.

- Lety, te procurei hoje e não te encontrei.

- Ah! Eu estive andando pelo prédio. Estava ajudando Márcia com algumas coisas. – Respondi educadamente.

- Entendi.

               Fez-se silencio por um tempo, e pela primeira vez praguejei pelo refeitório ser no sétimo andar.

- Gostei dos sapatos. – Ele comentou.

               Olhei para meus próprios pés, e percebi que estava com um tênis branco, sem nenhum detalhe. Ou ele estava apenas querendo puxar assunto, ou estranhamente gostava de coisas brancas.

- Obrigada. – Sorri.

               Percebi quando Fernando pigarreou e tirou uma bala de menta do bolso. Aquele momento não poderia ficar ainda mais tenso. Mas, assim que as portas se abriram, tentei sair apressada para me livrar de toda aquela nuvem de tensão que estava dentro do elevador, e acabei tropeçando no vão entre a porta. No mesmo instante, notei que duas mãos me seguravam, mas para a minha surpresa, não eram as mesmas mãos. Quando olhei, Fernando segurava um de meus braços, e Marcelo segurava o outro. Ambos se olharam e rapidamente me soltaram. Eu queria desaparecer dali naquele exato momento.

- Então, nos vemos depois, Lety. – Marcelo disse um pouco envergonhado.

- Tudo bem.

               Assim que ele se afastou, olhei para Fernando e ele apenas ajeitou o terno, tentando não demonstrar o clima pesado que ficou ali.

- Já terminou de ajudar a Márcia? – Ele perguntou sem me olhar.

- Sim.

- Podemos ir para a minha sala? Precisamos falar sobre algumas coisas.

               Eu quis perguntar se uma dessas coisas incluía o beijo que ele me deu no dia anterior, e sua estranha reação na sala de reuniões. Mas, o clima já estava tenso demais para suportar esse tipo de pergunta, e eu apenas balancei a cabeça concordando, acompanhando-o em direção a sua sala. A bala em sua boca se movia de um lado para o outro de modo que eu conseguia ouvir todas as vezes que ela se chocava contra seus dentes, e assim que ele abriu a porta de sua sala, Miranda estava lá dentro com os braços cruzados. Consegui ouvir o exato momento em que Fernando mordeu sua bala de menta, como se tivesse acabado de quebrar o seu dente.

- Estava te esperando. – Ela disse ainda de braços cruzados.

- Você não tem horário de almoço? – Ele perguntou indiferente, entrando em sua sala.

- Não. Estou de dieta.

- Posso ajudá-la em alguma coisa? – Ele seguiu em direção à sua mesa.

- Pode. Primeiramente, quero conversar a sós com você. – Ela olhou para mim com desprezo.

               Me preparei para sair da sala, mas Fernando chamou minha atenção.

- Não. Ela fica.

               Olhei para ele, surpresa.

- Mas é algo particular! – Miranda disse.

- Das oito da manhã às sete da noite Letícia é minha assistente. Isso quer dizer que tudo o que tem para me dizer, pode ser dito na frente dela. Se não quiser isso, espere até as sete e um para conversarmos.

               Nunca vi Fernando tratar alguém daquela forma, principalmente Miranda. Pelo visto algo aconteceu durante a reunião, mas não cabia a mim saber o que era. Mas, pela feição de Miranda, ela não estaria disposta a falar sobre nada em minha frente, e eu deveria tomar alguma postura madura diante disso.

- Tudo bem. Eu espero lá fora. – Falei sem dar tempo de Fernando me pedir para ficar. Assim que saí, fechei a porta e parei ao corredor, esperando que a conversa dos dois terminasse. Depois de alguns minutos de absoluto silêncio, consegui ouvir a voz de Miranda se alterando, assim como a do Fernando. Foi inevitável não prestar atenção no que diziam, já que dava para ouvir a voz dos dois por todo o corredor.

- Não é uma história digna de publicação, Fernando! – Miranda disse em voz alta.

- Acho que você se lembra que eu pedi apenas para que você fizesse uma capa para o livro, não é? Se não puder fazer isso, ele ainda será publicado. Eu só pedirei à outra pessoa para fazer isso.

- Não pode. Eu sou a chefe de criação!

- Mas não é a chefe de todas as editoras.

- Está me dizendo que você trairia a própria editora onde trabalha apenas para publicar o livro?

- Não. Estou dizendo que eu pediria à qualquer chefe de criação ou qualquer pessoa que estivesse disposta e capacitada para criar a capa do livro. Eu vou publicá-lo de qualquer maneira.

               Fez-se silencio por alguns instantes, e eu fiquei curiosa para saber sobre qual livro falavam. Provavelmente era sobre o livro de Vicente, já que Miranda pelo visto ainda tinha algum receio quanto à isso pelo fato de Sander ter sido demitido. E enquanto eu estava me esforçando para ouvir o restante da conversa, ouvi alguém se aproximar de mim.

- Oi Lety!

               Olhei assustada para a pessoa que estava atrás de mim, e percebi que era Vicente.

- Oi Vicente. – Falei com a mão ao peito.

- Desculpe, não quis te assustar.

- Tudo bem.

- O que está fazendo aqui fora?

- Nada. Fernando está tendo uma... Conversa particular.

- Ah, entendi. – Ele riu.

- Você precisa de alguma coisa?

- Não. Na verdade só queria agradecer ao Seu Fernando. Fiz todos os ajustes no livro e ele finalmente foi para o redator final. Creio que em algumas semanas ele já estará pronto para ser publicado.

- Vicente, isso é ótimo! – Exclamei animada. – Meus parabéns!

- Obrigado! – Ele disse orgulhoso. – Eu queria agradecer pessoalmente por Seu Fernando ter feito tanto por mim. Mas, já que ele está ocupado, pode passar o recado para ele?

- Claro que posso.

- Obrigado, Lety.

- Por nada!

               Vicente saiu animado pelo corredor e eu suspirei satisfeita. Estava tão feliz por ele como se o meu próprio livro estivesse prestes a ser publicado. Mas, ao perceber que o livro de Vicente já estava sendo finalizado, pensei sobre o que os dois estariam discutindo. Não poderia ser sobre o livro dele, já que Miranda provavelmente já teria feito uma capa para ele. (Contra a sua vontade, mas já teria feito). Então, sobre o que estavam falando?

               Novamente ouvi a voz alterada de Miranda, mas dessa vez, estava acompanhada do barulho do seu salto ecoando pelo piso.

- Você esta cego, Fernando! Está cego e só você não percebe isso!

               Fernando não a respondeu, e muito menos teria tempo para isso. Logo depois, Miranda bateu o pé e abriu a porta da sala. Ao passar por mim, ela nem ao menos perdeu seu tempo para me olhar com desprezo. Saiu pelo corredor como um furacão. Me aproximei da porta e Fernando estava com uma das mãos à testa, escorado em sua mesa. Assim que adentrei a sala, ele ergueu a cabeça e me olhou.

- Obrigado por ter esperado, mas não precisava. – Ele disse parecendo cansado.

- Tudo bem. Não quis atrapalhar.

               Ele ficou em silencio, massageando as laterais de sua cabeça.

- Eu... Consegui ouvir algumas coisas lá de fora. Sem a intenção. É que... Estavam falando um pouco alto demais.

- Eu imaginei que ouviria. – Ele respondeu sem me olhar.

- Estavam... Falando sobre o livro de Vicente? Porque ele está muito feliz que ele está sendo publicado. Pediu para te agradecer, inclusive. Se tiver algum problema com isso, eu...

- Não. – Ele respondeu apenas.

               Continuei em silencio, mesmo querendo saber o motivo para a explosão de Miranda. Fernando se levantou e pegou alguns impressos sobre sua mesa, caminhando com eles pela sua sala.

- Estava falando sobre o seu livro.

               Abri a boca surpresa, sem conseguir dizer absolutamente nada.

- Talvez irá precisar de alguns ajustes, mas sei que você é capaz de fazer isso.

- Você... Você... Leu? Mas você disse que...

- Não. Eu ainda não li.

               O olhei ainda mais surpresa.

- Então como está dizendo que vai publicá-lo?

- Porque você vai fazer com que isso aconteça. – Ele me entregou os impressos. – Quero que revise ele, e que ajeite tudo o que acha que precisa ser ajeitado.

- Eu? Mas...

- O que eu fiz ontem foi para que você entendesse que na maioria das vezes, os livros retornam aos autores com vários reajustes, e até mesmo em alguns casos a história precisa ser reescrita. Mas, no seu caso, acho que você irá fazer melhor do que isso. Você tem capacidade de revisar seu próprio livro e saber se deve ou não mudar alguma coisa.

- Fernando, eu não... Não posso.

- Não só pode como vai. – Ele deu um passo em minha direção. – Você acredita que realmente é capaz de escrever um livro digno de ser publicado, Letícia?

- É claro que sim! – Falei rapidamente. – Mas eu não...

- Então tenho certeza que você vai fazer o que tiver que fazer para que tenha o seu livro publicado.

               Olhei para os impressos em minha mão.

- Mas, Miranda disse que não é digno de publicação. Ela disse que é uma história clichê e...

- Se a opinião de Miranda importasse, ela seria chefe de edição e redação, e não da criação. – Ele me olhou com seriedade. – Você prefere acreditar na opinião dela, ou na minha?

               Eu o olhei, sorrindo.

- Na sua, é claro.

- Então faça isso. Quando terminar, terei o prazer de ler o seu livro e confirmar que eu estava certo, e que ele deve ser publicado.

- Eu... Não sei o que dizer para você.

- Não precisa dizer nada.

- Não, eu preciso. – Falei ainda olhando-o. – Você está acreditando em mim sem ao menos ter provas de que deve confiar.

               Ele ficou em silencio.

- Por que está fazendo isso?

               Por mais que não fosse o momento para isso, eu tive que perguntar. Não conseguiria passar mais um dia sabendo que Fernando havia me beijado, e que estava me dando total apoio para a publicação do meu livro, sem ao menos saber os motivos para ele fazer isso. Eu já sabia que ele se sentia na necessidade de me proteger o tempo inteiro. Mas, por quê? Por que essa necessidade se ele nem ao menos me conhecia direito?

- Por que você faz tudo isso por mim, mas age como se eu não merecesse?

- Por que está me perguntando isso?

- Eu só quero que me responda.

               Fernando suspirou e andou em direção à sua mesa.

- Eu não mereço saber o porquê de tudo isso? – Perguntei olhando-o. – Eu deveria fingir que você não me disse tudo aquilo ontem, e principalmente, que não nos beijamos?

- Não torne as coisas mais difíceis, Letícia.

- Não estou tornando as coisas mais difíceis! – Coloquei os impressos sobre a mesa e ele me olhou. – Eu preciso saber, Fernando. Preciso saber os motivos para você me tratar dessa maneira. E principalmente, os motivos para você fingir que não se importa com isso.

- Eu não finjo que não me importo. – Ele disse se aproximando.

- Ah não?

- Não!

- Então como explica a maneira que me olhou quando interrompi a reunião hoje?

- Não sei do que está falando. – Ele desviou o olhar.

- Sabe, e eu quero que me responda. – Dei mais um passo à frente, encarando-o. – Por que me olhou daquela maneira?

- Porque eu não sabia qual seria a reação do Alan e de todos à mesa quando você interrompeu a reunião! – Ele caminhou em volta da mesa, me dando as costas.

- Mas eu fiz isso com uma boa intenção! Não interrompi para atrapalhar a reunião e nem nada do tipo! – Respondi indignada.

- Eu sei! – Ele aumentou a voz.

- Então porque agiu daquela maneira? Por que sempre age dessa maneira ao invés de simplesmente ser sincero comigo como foi agora?

- Porque aquele papel não era importante, Letícia! – Ele me olhou. – E eu soube disso desde quando me chamou na porta para me mostrar ele! Eu não quis que você entrasse naquela sala, porque pensei que a qualquer momento Alan ou Miranda fosse se zangar por você ter interrompido a reunião.

- Como assim o papel não era importante? – Perguntei nervosa. – Alan me agradeceu! Ele me chamou de Lety!

- Ele fez isso para que você não passasse vergonha na frente de todos!

               Eu o encarei com raiva.

- Pensei que depois de tantos anos trabalhando aqui você soubesse que os contratos não são feitos aqui. Não teria porque um dos papeis do contrato estarem perdidos aqui na editora!

               Minha respiração estava pesada, assim como a dele.

- Por sorte Alan fez o mesmo que eu teria feito caso você tivesse sido teimosa como foi, e tivesse entrado na sala de reuniões para me entregar algo que não fizesse a mínima diferença no momento. Ele não quis envergonhá-la. Mas quando eu fui até a porta e disse para você me esperar na sala, eu estava tentando te poupar de um vexame.

               Meus olhos encheram-se d’água apenas em imaginar o que Miranda teria feito se ela estivesse no lugar de Alan. Provavelmente teria dito para todos o quanto eu era uma idiota por não saber que aquele papel não faria a mínima diferença na reunião, e o quanto eu era indiscreta por tê-la interrompido.

- Mas quando Alan te agradeceu e eu notei como você ficou orgulhosa, e que sorriu depois disso, eu me esqueci de todas as vezes que já quis te proteger aqui. Porque parece que tudo foi em vão.

- O que? – Perguntei confusa.

- Você faz as coisas por impulso, mas sempre pensando no melhor para as pessoas. Você sempre faz coisas que vão colocar em risco o seu emprego, mas sempre terá uma explicação plausível para isso. E hoje eu entendi isso. – Ele se aproximou ainda mais. – Eu não sei por que, Letícia. Não sei por que sinto tanta necessidade de proteger você o tempo inteiro desde aquela noite, mas eu me sinto péssimo por isso. Péssimo porque sempre que penso que estou te protegendo, eu também estou me esquecendo de como você é uma mulher forte e determinada, e isso ninguém pode mudar em você.

               Pela primeira vez Fernando estava se abrindo completamente para mim, e eu sentia que meu coração explodiria. Ninguém jamais tinha dito ou ao menos tinha notado isso em mim antes, e eu estava perdendo as forças de me conter diante dele. A maneira que ele me olhava, toda a sua sinceridade, e principalmente, o fato dele não ter vergonha de assumir que queria me proteger à todo o tempo me faziam deseja-lo ainda mais. Desde aquela noite, quando eu o vi passar pela porta do bar, quando eu senti o cheiro do seu perfume misturado à bala de menta enquanto ele me pedia o guardanapo, eu já tinha sentido isso antes. Mas, jamais imaginei que aquele mesmo homem estaria na minha frente, dizendo que eu era uma mulher forte e determinada e que se orgulhava disso. Eu estava prestes a beijá-lo outra vez, sem me importar se estávamos ou não em seu escritório. Mas, quando estávamos próximos um ao outro, alguém bateu à porta e ele abaixou a cabeça suspirando.

               Me afastei alguns centímetros e segui para sua mesa, no mesmo instante em que ele gritou impaciente para que a pessoa entrasse. Quando a porta se abriu, fiquei surpresa ao ver que era Márcia.

- Desculpe atrapalhar. – Ela disse me olhando. – Lety, Marcelo pediu para te entregar isso.

               Olhei para Fernando e percebi que seu rosto se avermelhou, assim como no elevador. Caminhei até a porta e peguei um pequeno e delicado envelope em sua mão. Márcia sorriu divertida e fechou a porta rapidamente. Olhei para o pequeno envelope e logo depois olhei para Fernando, que já estava escorado à sua mesa me olhando.

- Não vai abrir? – Perguntou com certa frieza em sua voz.

               Abri o pequeno envelope e percebi que era um cartão escrito à mão, me convidando para jantar com ele na sexta à noite. Senti meu rosto corar e olhei para Fernando, sem coragem de dizer o que o cartão dizia. Era óbvio que não tínhamos nenhuma relação, e por isso ele não poderia me impedir de sair com quem eu quisesse. Exceto quando a única pessoa que eu realmente queria era ele, principalmente depois de tudo o que ele me disse. Não seria certo aceitar o convite de Marcelo apenas por educação. Eu não corresponderia seja lá o que ele sentisse por mim. Não enquanto todos os sentimentos possíveis estivessem voltados apenas para um homem.

- É um convite? – Ele perguntou.

- Sim. – Respondi apenas.

- E você vai aceitar?

               Caminhei em sua direção.

- Não sei.

               Ele me olhou com seriedade.

- Precisamos terminar nossa conversa. Você e eu. – Falei.

- Então a resposta para o convite depende do que conversarmos?

               Eu não o respondi.

- Já disse tudo o que eu precisava dizer. – Ele afastou-se da mesa. – Aceite o convite dele.

- Espera. – Segurei seu braço antes que ele se afastasse. – Não posso ir embora com uma conversa pendente de novo.

- Nossa conversa não está pendente.

- É claro que está. Quero saber se amanhã quando eu chegar para o trabalho, você vai fingir que nada aconteceu.

- Por que está me dizendo isso?

- Porque se for assim, eu preciso que me diga agora que não tem nenhuma intenção comigo.

               Ele me encarou.

- Preciso que diga que você não quer que eu saia com Marcelo.

- Não vou dizer isso.

- E por que não?

- Porque não tenho nenhuma autoridade sobre você.

- Só quero saber se você se importa se eu for jantar com ele.

- Eu não vou responder isso, Letícia.

- Então eu vou aceitar o convite!

               Ele semicerrou os olhos, me olhando.

- Você não vai se importar se eu for jantar com ele?

               Fernando ficou em silencio.

- Não vai se importar se ele disser coisas românticas e carinhosas para mim durante o jantar?

               Percebi quando suas veias pulsaram em seu pescoço.

- E não vai se importar se enquanto isso ele segurasse minha mão com carinho?

               Fernando deu um passo à frente e eu senti minhas pernas bambearem. Desde quando eu o provocava daquela maneira? Desde quando eu passava tanto dos limites? Mas, eu não poderia negar. Estava adorando aquilo. E adoraria ainda mais quando ele admitisse que tinha ciúmes de Marcelo. Dessa maneira eu teria certeza de que eu não estava pensando loucuras, e que por algum estranho motivo, Fernando tinha se interessado por mim.

- Tenho certeza que não vai se importar se depois do nosso jantar, ele me deixasse na porta da minha casa e me roubasse um beijo.

               Fernando se aproximou ainda mais, até nossos rostos ficarem próximos um ao outro.

- Você não vai se importar, não é? – Perguntei olhando para seus lábios.

               Fernando colocou suas mãos sobre a mesa, me prensando contra ela. Daquela maneira, nossos rostos ficaram da mesma altura, e eu me arrepiei ao vê-lo olhando para os meus lábios logo antes de pronunciar a frase que eu tanto queria ouvir, enfatizando todas as letras à ponto do cheiro de menta me fazer delirar.

- É claro que eu vou me importar. – Ele sussurrou ainda olhando para os meus lábios. – Eu vou me importar que você saia com qualquer homem que não seja eu.

               Naquele momento eu não consegui mais me conter. Sem me importar com as consequências que teríamos caso alguém nos pegasse daquela maneira, eu toquei em seu rosto e mordi o lábio demonstrando toda a vontade que eu estava de beijá-lo. Antes que eu mesma matasse meu desejo, Fernando passou seus braços em volta da minha cintura e me beijou. Não foi um beijo qualquer, e definitivamente não foi o mesmo beijo do dia anterior. Naquele beijo havia desejo, havia excitação. Fernando tinha acabado de admitir que não queria que eu saísse com nenhum outro homem a não ser ele, e isso me deixou completamente extasiada. Como se eu estivesse esperando por aquele momento há semanas, e por que não pensar que eu estava esperando por aquele momento desde quando me senti atraída por ele no momento em que ele passou pelo bar quando nos conhecemos?

               Fernando era o homem mais misterioso e confuso que eu já havia conhecido em minha vida, e lidar com ele não era fácil. Mas, era isso que o deixava ainda mais excitante. E a partir do momento em que ele admitiu todas aquelas coisas para mim, eu sabia que já estava seguindo em um caminho sem volta. Principalmente pelo gosto dos seus lábios com sabor de menta que deixavam os beijos mais doces e excitantes. Eu já estava perdida. Fernando havia me dominado totalmente com seu jeito enigmático e protetor. Fernando havia me dominado totalmente desde o dia em que colocou os pés naquela editora, e só naquele momento eu percebi isso.

               Nossos beijos deveriam perder a intensidade, ao menos para pegarmos folego. Mas, não foi o que aconteceu. Era mais forte do que eu, e julgando pela maneira que ele apertava minha cintura contra seu corpo, era mais forte do que ele também. A qualquer momento alguém poderia entrar naquela sala e nos pegar daquele jeito, e Deus me livre no que poderia acontecer se Miranda entrasse naquele exato momento. Mas, eu não pensava em nada no momento, e muito menos em Miranda. A única coisa que me importava era o ar gelado que dominava minha boca todas as vezes que eu tomava folego para beijá-lo ainda mais. Quando me dei conta, Fernando me sentou sobre a mesa e subiu o meu vestido lentamente na altura da cintura. Eu deveria pará-lo. Deveria dizer para que ele fosse devagar, ou qualquer um poderia nos ver daquele jeito.

               Mas, eu não queria. Não queria e não tive vontade de pedir para que ele parasse. Ao sentir sua mão em minha coxa, e ao sentir o suspiro de excitação que ele soltou enquanto me beijava, a única coisa que consegui fazer foi prender sua cintura com minhas pernas, deixando nossas partes próximas uma à outra. Aquilo estava me enlouquecendo, principalmente quando os beijos de Fernando deixaram meus lábios e passaram para o meu pescoço. A cada toque dos seus lábios no meu pescoço e no meu busto, eu sentia ainda mais o calor me dominar. Fechei os olhos na tentativa de me esquecer que a porta estava logo atrás de Fernando, e imaginar que ela se abria e todos viam como estávamos. E de fato esqueci, logo quando ele lentamente baixou a alça do meu vestido enquanto beijava meu ombro.

               Eu jamais imaginei que faria algo assim. Sempre desaprovei totalmente o ato dos funcionários de fazer esse tipo de coisa nas salas vazias ou na sala de reuniões, que na maioria das vezes ficava trancada. Mas, naquele momento eu conseguia entende-los. Mas, eles jamais entenderiam os meus motivos para isso. Jamais entenderiam que o que eu sentia por Fernando não era apenas desejo carnal, mas algo muito mais intenso do que isso. Talvez nem mesmo Fernando entendesse isso, e eu não queria pensar nas consequências que esse ato traria na manhã seguinte. Eu só queria que aquele momento jamais terminasse, e que cada beijo e cada toque de Fernando em meu corpo ficassem gravados para sempre na minha cabeça.

- Espera... – Falei com a voz ofegante enquanto Fernando terminava de subir o meu vestido, prestes a fazer algo ainda mais sério.

               Fernando me olhou respirando pesadamente.

- Desculpe. – Ele disse quase sem fôlego. – Eu não queria...

- A porta. – Falei rapidamente.

- O que?

- Tranque a porta.

               Por um segundo Fernando pensou que eu iria pará-lo, ou pediria para que ele não fizesse isso. Era o que eu deveria ter feito. Era a segunda vez que nos beijávamos, e ainda tínhamos muita coisa que conversar. Mas, eu não tinha forças para pedir à ele para que parasse. Eu estaria traindo à mim mesma se me impedisse de ter aquele momento único e inesquecível. Eu estaria traindo à mim mesma se olhasse para Fernando e não admitisse que eu não me importaria se era uma total loucura, eu só queria fazer amor com ele ali mesmo, sobre a mesa do seu escritório. Fernando sorriu após o meu pedido e apressou-se em ir até a porta, virando a chave na maçaneta. Assim que ele se aproximou, encaixou-se entre minhas pernas e me olhou com ternura.

- Não quero fazer nada que você não queira. – Ele olhou para meus lábios.

- Fernando... Você acabou de dizer que se importa se eu sair com qualquer pessoa que não fosse você.

- Sim, eu disse.

- Então faça essa afirmação valer a pena.

               Ele sorriu satisfeito e voltou a me beijar. Dessa vez, nada iria nos interromper, nem mesmo se alguém quisesse arrombar aquela maldita porta. Assim que ele voltou a me beijar, já não tínhamos controle sobre nossos próprios corpos. Fernando segurou uma de minhas coxas com força e afagou a outra mão em meus cabelos. Já não estava suportando ficar apenas nos beijos, embora a cada toque delicado em minha pele eu me arrepiasse totalmente. Eu precisava de mais. Enquanto ele beijava meu pescoço e meu ombro, me apressei em desabotoar o seu cinto, e logo depois sua calça. Foi como se Fernando estivesse justamente esperando por aquilo, e assim que o fiz, ele se aproximou ainda mais, segurando fortemente em minha cintura e me puxando para mais perto. Olhei em seus olhos e não pude evitar em soltar um suspiro de excitação quando o vi morder o lábio inferior assim que sentiu nossos corpos colados um ao outro. Eu já conseguia sentir o volume por dentro de sua calça aberta, e pensei em pedir perdão por todos os pensamentos impuros que dominaram meus pensamentos naquele momento. Mas, já era tarde para isso, e o que quer que eu estivesse fazendo de errado, seria acrescentado à enorme lista de pecados que eu cometia todos os dias sem perceber. Mas, eu não me importava. Nunca fui uma pessoa religiosa.

               A excitação estava tão grande que eu mal notei quando Fernando se inclinou sobre mim e abriu a gaveta de sua mesa, derrubando todas as coisas possíveis que estava lá em cima. Percebi quando ele tirou um preservativo de dentro da gaveta, mas não tive tempo para perguntar por que ele teria isso na sua gaveta do escritório. No momento em que fechei os olhos e lhe dei o tempo necessário para que estivesse pronto para saciar nosso desejo, enfim senti o membro de Fernando dentro de mim e agarrei em seus ombros mordendo os lábios para não gemer. Obviamente a situação não permitia que eu demonstrasse minha excitação por meios de gemidos, principalmente porque a qualquer momento alguém poderia passar pelo corredor e escutar. Mas, Fernando fez questão de me olhar nos olhos a partir do momento que começou a se movimentar dentro de mim, e julgando pela sua feição excitada, ele não se importava se eu mordesse os lábios para conter os gemidos. Fernando apertou minha cintura no momento em que os movimentos se aceleraram, e inevitavelmente enganchei minhas pernas em volta de sua cintura. Eu queria senti-lo ainda mais próximo à mim, e foi exatamente o que aconteceu. Fernando passou os braços em volta da minha cintura e me ergueu alguns centímetros da mesa, fazendo com que os movimentos ficassem ainda mais acelerados e nossos corpos ainda mais próximos.

               A vontade de demonstrar toda a minha excitação do momento estava tamanha, e eu sentia que a qualquer momento deixaria escapar um gemido, principalmente quando Fernando aproximava sua boca ao meu ouvido e deixava escapar um suspiro seguido de um fraco gemido. Eu conseguia perceber que ele estava tentando se conter tanto quanto eu, e era impossível qualquer um dos dois esconder a excitação. Nossos corpos estavam suados e quentes, e já era notável que o ambiente da sala, embora com ar condicionado, tivesse aumentado em vinte vezes. O calor que saía de nossos corpos estava fora do normal, e quando senti que Fernando tocou em uma das minhas coxas, erguendo-a ainda mais à altura de sua cintura, percebi pela força com que ele a apertava que ele estava chegando ao auge.

               Naquele momento eu também senti uma energia fora do normal percorrer pelo meu corpo, e a partir do momento que Fernando deixou nossos corpos tão próximos que era impossível encontrar algum espaço entre eles, eu perdi os sentidos de tudo à minha volta. Não soube dizer se nossos suspiros que se misturavam com o barulho da mesa que se balançava estavam altos demais para alguém ouvir do corredor, porque eu simplesmente perdi todos os sentidos por longo segundos. Fernando apertou ainda mais seu braço em volta da minha cintura e me deitou sobre a mesa, pressionando contra meu corpo pela ultima vez.

               Ficamos alguns segundos apenas tomando fôlego, com os corpos ainda colados um ao outro. Depois de um tempo indeterminado, Fernando se inclinou para me olhar e eu sorri ao notar o suor escorrendo em sua testa e seu cabelo que antes estava intacto com o gel, estar com alguns fios caindo em sua testa. Passei a mão em seu cabelo e ele sorriu, me beijando logo depois. Não precisávamos dizer nada. Não deveríamos dizer nada. Era notável que ambos estávamos satisfeitos, e que não nos arrependeríamos por isso. Independente das consequências que viriam depois. E mal sabíamos que seriam muitas.

 

 

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               Por mais que eu insistisse à Fernando que ele não precisava me levar em casa, ele me convenceu pelo cansaço. Eu não queria que ninguém me visse entrando em seu carro, principalmente depois do que tínhamos feito. Depois de ajeitarmos sua mesa e nossa aparência, nos certificamos de que ninguém tinha passado pelo corredor ou se aproximado da porta enquanto estávamos perdendo os sentidos de tudo. Para o nosso alívio, as coisas pareciam normais do lado de fora. Depois de um tempo que nos recuperamos, concordamos que deveríamos ficar separados até o fim dos turnos, dessa maneira não ficaríamos tentados em cometer mais uma loucura em apenas uma noite. Ao fim do turno, e depois de conter a enorme vontade de contar à Márcia e Carolina sobre o ocorrido, ajudei Fernando com algumas coisas que faltavam. Conseguimos nos conter até o momento, mas tivemos que ser fortes para concordarmos que apesar de ser tentador o terceiro andar estar totalmente vazio, deveríamos ter cautela para não sermos pegos. Tivemos sorte uma vez, poderíamos não ter essa mesma sorte da próxima.

               Como a maioria dos funcionários do prédio e do nosso setor já haviam ido embora, concordei depois de muita insistência que Fernando me desse uma carona.

- Que fique claro que isso não vai acontecer sempre. – Falei sentada ao seu lado no carro. – Pode virar à direita.

               Fernando riu e virou o volante de uma maneira que me fez pensar como seria fazer o mesmo que fizemos horas antes, dentro do seu carro. Eu me sentia péssima por ter esse tipo de pensamento, mas era impossível não pensar nisso estando perto de Fernando Mendiola.

- Pode seguir até o fim da rua. – Falei tentando disfarçar meus olhares sobre ele.

- Então não vai me deixar trazer você em casa todos os dias?

- Não.

- Nem mesmo se eu insistir com jeitinho como fiz hoje?

               Olhei para ele e odiei a maneira que ele sorriu e me olhou rapidamente antes de voltar sua atenção para o transito.

- Não, Fernando. E para de fazer isso!

- Isso o que? – Perguntou divertido.

- Ficar sorrindo desse jeito, como se fosse conseguir qualquer coisa de mim apenas sorrindo.

- Então não funciona?

- Sim! É por isso que você precisa parar. – Tirei o cinto e ele gargalhou. – É aqui.

               Fernando parou o carro e o desligou, virando-se para mim.

- Ainda precisamos conversar. – Falei olhando-o.

- Eu sei. – Ele sorriu escorando a cabeça ao banco. – Mas precisamos conversar em um lugar publico.

- Boa ideia.

               Ele riu.

- Posso ao menos me despedir dignamente?

               Sorri e me aproximei dele.

- Pode. Mas você tem cinco segundos para isso.

               Fernando tocou em meu rosto e me beijou com ternura. Por mais que eu estivesse louca para não me afastar nunca mais, eu contei exatos cinco segundos e me afastei, abrindo a porta do carro.

- Boa noite. – Falei divertida.

               Ele sorriu e me olhou até que eu fechei a porta. Segui em direção à portaria do meu prédio e acenei para ele, antes de entrar. Fernando retribuiu o aceno enquanto me olhava pela janela, e eu esperei até que ele arrancasse o carro. Mas, ele só fez isso quando eu fechei a portaria. Ou ao menos fingi que fechei. Sorri quando ele se afastou e realmente a fechei, me escorando à ela depois. Eu estava sorrindo, mas sabia que deveria ir com calma. Fernando e eu praticamente nos conhecíamos há pouco tempo, e por mais que eu soubesse que ele tinha tudo para ser um verdadeiro anjo da guarda que entrou em minha vida, eu precisava saber se ele pretendia continuar na minha vida, ou se em algum momento se assustaria com todos aqueles sentimentos. 


Notas Finais


Oi, então...
Pode parecer que está tudo indo rápido demais, mas é porque eu não tenho a intenção de fazer com que essa fic seja muito grande, por isso não quis enrolar muito. Não sei se gostaram do hot, mas particularmente esse é um dos melhores capítulos dessa fic. Vocês podem estranhar um pouco essa Lety um pouco mais ousada, mas qual seria a graça se todos os personagens das minhas fics fossem parecidos não é? haha

Espero que estejam gostando!


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