1. Spirit Fanfics >
  2. Meu Caminho para a Luz >
  3. Do mesmo lado

História Meu Caminho para a Luz - Do mesmo lado


Escrita por: Nathymaki

Notas do Autor


Yoo minna!
Mais uma etapa dessa missão de infiltração!
Admito que essa primeira parte eu gostei bastante de escrever e acho que realmente passou o clima que eu queria mostrar, então espero que gostem!
Boa Leitura 'u'

Capítulo 38 - Do mesmo lado


O som de algo pontudo sendo arrastado por uma superfície lisa acordou Lucy. Ela piscou, aturdida demais por um segundo pra entender o que era aquele barulho, até que tudo que acontecera lhe voltou a memória. Levantou-se abruptamente sentindo uma pontada de dor irradiar de seus pulsos amarrados a um pilar, assim como os tornozelos, e tentou se empurrar para uma posição mais ou menos ereta. Com as costas escoradas na coluna, pôs-se a analisar o ambiente ao seu redor.

O cômodo estava mergulhado levemente na penumbra, toda a luz provinha de uma tela na qual números em néon brilhavam em um lenta contagem regressiva. Seu coração acelerou, ver aquilo a deixava nervosa e ansiosa, Pra que servia aquela contagem? O que ela dispara? Em meio a escuridão conseguiu ainda discernir uma mesa com formas irregulares espalhas por sua superfície, além de uma lâmpada de teto que aparentava estar queimada e emitia chiados e faíscas a cada poucos segundos. O barulho que a havia acordado ressoou de algum lugar a sua esquerda e ela virou a cabeça apertando os olhos para tentar ver algo, mas sem sucesso. O ruído se aproximou. Lucy remexeu nas cordas que envolviam seus punhos, tentando encontrar um ponto em falso pelo qual pudesse se libertar, ansiosa por se ver livre delas e levar as mãos aos ouvidos para abafar aquele horrível chiado agudo que parecia perfurar seu cérebro.

O som de passos acompanhou o arranhar e ela estacou, paralisada pelo medo de quem poderia ser. Era idiotice, ela sabia muito bem quem seria, a única coisa que passou por sua mente foi Não vou deixar acontecer de novo. Não como a minha mãe. Esse pensamento produziu um jorro de adrenalina que percorreu suas veias como fogo, dilatando as pupilas e permitindo-a discernir uma figura alta que caminhava calmamente em sua direção arrastando algo pela parede. Seu corpo se retesou a espera enquanto os passos ecoavam ainda mais alto e, por fim, pararam. A luz vinda do monitor dava um tom sombrio a tatuagem vermelha do homem a sua frente.

- Mystogan. - o nome amargou em sua boca. Ele a estudou clinicamente por um momento e sorriu.

- Veio que está acordada. - ele parecia satisfeito. Ela apertou os lábios, impedindo que os xingamentos saíssem e estreitou os olhos ao responder do modo mais frio que pôde.

- Vejo que ainda está vivo. - sua garganta seca deixava sua voz áspera. Ela engoliu em seco e continuou. - É um alívio.

- E por que seria? - ele se abaixou, ficando de cócoras enquanto seus olhos fitavam os dela duramente. Um arrepio passou por sua pele, mas ela não demonstrou.

- Porque quero eu mesma ter o prazer de te matar. - ele inclinou a cabeça para trás e riu. Em um movimento rápido prendeu o queixo dela e o puxou para frente, forçando as cordas que a amarravam e machucando seus punhos.

- Fala demais para quem está amarrada. - ele sorriu ao ver o medo nos olhos dela e passou o polegar pela linha de sua mandíbula seguindo para as maçãs do rosto, se regozijando ao sentir o calafrio que percorria o corpo dela. Ela era sua presa. Ia fazer tudo lentamente e aproveitar cada parte. - Acha mesmo que pode me matar? - Lucy tentou se afastar do toque, enojada. Podia sentir a diversão dele por vê-la naquele estado e não ia deixar que ele fizesse o que quer que estivesse planejando. O aperto dele se intensificou. - Não acha muito mais fácil eu matar você agora, do mesmo jeito que matei sua mãe?

A respiração travou em seu peito e ele a soltou com um gesto rápido, inclinando-se para trás, o olhar de diversão ainda brilhando nos olhos fundos. Apoiou a barra de metal que trazia - com a qual arranhara as paredes -  no chão ao seu lado. Sorriu ao ver os olhos dela deslizarem pelo metal e se voltarem para si.

- Sabe como chegou aqui?

- A combinação da chave era falsa. - ela respondeu com raiva. - Você enganou o Jellal para que ele me passasse a chave sabendo que, com ela, eu viria atrás de você.

- Não, não. - ele balançou a cabeça. - A combinação era verdadeira. É a chave de todos os sistemas presentes aqui, incluindo aquele. - apontou para o monitor no qual a contagem regressiva avançava. - Mas no resto você tem razão, eu sabia que o idiota do meu irmão passaria a chave a você assim que tivesse chance, eu só não esperava que você fosse tão burra ao ponto de não perceber o verdadeiro código. E então você veio pela porta da frente, bem como eu esperava que fizesse, e inseriu errado os números. A ampola de gás sonífero que estava na base dos portões se quebrou com o código errado e você veio parar aqui. Nunca pensei que fosse tão estúpida a ponto de se deixar capturar. - ele riu ao ver a raiva que brilhava nos olhos dela. Aquilo o excitava. Porém, primeiro ele tinha que lhe mostrar algo. Quando a raiva se transformasse em horror, ele poderia matá-la. O olhar em seu rosto seria sublime. - E agora, sabe o que vai acontecer com você?

- Você vai me matar. - o tom de voz dela não se alterou. - Assim como matou minha mãe. Seu desgraçado! Eu te odeio! Mas, depois de tantos anos procurando, agora que você está aqui na minha frente, não vou deixar essa oportunidade passar. Você vai conhecer o inferno pessoalmente. - E, com isso, ela atacou, avançando com as unhas no rosto dele deixando rastros de sangue pelas bochechas. Ele se afastou, mais pelo susto do que pela dor, e se pôs de pé.

- Sua vaca! - falou irritado descendo a barra de metal contra a barriga dela em um golpe forte. Uma, duas, três vezes. O som de algo se partindo o fez parar e examinar a garota aos seus pés. Lucy se curvava contra o chão, uma das mãos apertando as costelas no local onde sentira uma delas se quebrando. Virou o rosto e cuspiu uma nódoa de sangue no chão, olhado para cima com puro ódio.

- Parece que a vaca aqui ainda sabe alguns truques. - sorriu com escárnio, o sangue fresco escorrendo da boca e pingando pelo queixo. Ele rosnou em resposta, pegando em seguida as cordas que ela havia conseguido soltar e amarrou novamente os pulsos dela contra a coluna tão forte que Lucy podia sentir a corda cortando sua carne. Feito o trabalho, ele recuou um passo e a esbofeteou com força fazendo com que manchas pretas dançassem por sua visão.

- Eu quero que saiba que está viva apenas por um mero capricho meu. Queria que visse isso e que esta fosse sua última visão antes da morte. - E dizendo isso, se afastou dela e acionou um interruptor na parede fazendo com que a lâmpada que balançava no teto se acendesse. Lucy piscou com o súbito jorro de luz que preencheu o ambiente e então seus olhos se fixaram na parede oposta onde, algemada à parede, quase nua e coberta de ferimentos e sangue, estava uma pessoa que ela conhecia bem. O terror a atingiu e, sob o som da risada de Mystogan, ela gritou:

- Erza!

***

Do lado de fora do armazém, Natsu e Jellal subiam por uma escada de incêndio localizada na lateral do prédio. O rosado não estava muito confiante nesse plano, já vira filmes o suficiente para saber que entrar de fininho nunca acabava bem, mas Jellal insistira nisso. Chegando ao topo, eles observaram a cidade que se entendia a sua frente e então deram as costas a ela, se concentrando em um duto de ar escondido sob a penumbra da noite.

- Tem certeza de que isso vai funcionar? - Natsu sussurrou, ainda descrente.

- Tenha um pouco mais de confiança em mim. Vai funcionar perfeitamente. - Jellal o respondeu enquanto desmontava a grade.

- Falar é fácil. - o rosado resmungou indo ajudá-lo. Após algumas tentativas, eles conseguiram retirar a grade que protegia a tubulação e agora se encontravam encarando um buraco escuro que descia em vertical. - Primeiro as damas. - ironizou erguendo uma sobrancelha.

- Como quiser. Só tente não gritar muito.

 Natsu mal teve tempo para protestar antes que Jellal o empurrasse pela entrada e ele se sentisse despencando em queda. A tubulação era apertada, porém grande o suficiente para que conseguisse passar sem grandes danos. Segurou um grito de dor ao se chocar com o chão e se afastou engatinhando para longe de forma que houvesse espaço para Jellal cair. "Eu estou indo, Lucy. Espere por mim." pensou encarando a bifurcação que se encontrava. A aterrissagem de Jellal foi mais suave e menos desastrada que a de Natsu, o que o fez revirar os olhos. "Apresentado."  O azulado sorriu, como se soubesse exatamente o que ele estava pensando e em seguida apontou para o túnel à direita fazendo gestos para que Natsu o seguisse.

Os dois seguiram o mais silenciosamente que conseguiram, o tempo todo parando para verificar se havia algum vigia ou câmera nas salas abaixo. Por fim, Natsu não aguentou mais aquele silêncio e perguntou:

- Onde estamos indo?

- Para a sala da Central. Se ele tiver algo a esconder com certeza vai estar lá.

- Claro, por que não. E como você sabe o caminho?

- Eu disse que tinha recebido uma mensagem. E, por acaso, as plantas do prédio também estavam inclusas nela. Agora fique quieto, tem alguém se aproximando.

Vozes soaram na sala abaixo fazendo ambos se calarem para que pudessem ouvir a conversa.

- Você posicionou tudo?

- Sim, senhor. Não haverá falhas está noite. Quando o cronômetro chegar em zero, tudo irá pelos ares.

- A cidade irá queimar e o tolo do meu irmão verá que jamais poderá me impedir. - Natsu observou Jellal cerrar os punhos e soube que este deveria ser o Mystogan.

- Senhor, o que devo fazer com a garota? - foi a vez de Natsu fechar os punhos. "Lucy..."

- Apenas deixe-a lá. Ela não está em condições de fugir e precisa de tempo para... digamos, digerir um assunto. - ele riu, o que fez Natsu desejar imensamente socar cada parte que conseguisse alcançar. As vozes de distanciaram e logo não era os possível distinguir nenhuma palavra. Jellal apontou para frente, indicando que eles deviam continuar.

Em um determinado ponto, não havia mais meios de continuar de modo que eles foram obrigados a abandonar a segurança dos túneis e se arriscar pelas salas do armazém. Natsu seguia silenciosamente os comando de Jellal que, a todo momento parava para verificar se não haviam vigias, o que irritava o rosado pela demora.

- É aquela. - o azulado apontou para a penúltima sala do corredor. - Eu vigio e você entra. - Natsu assentiu e tentou abrir a porta descobrindo que esta se encontrava emperrada. Se afastou alguns passos e investiu com força machucando o ombro no processo. Afastou a dor  e se dispôs a examinar a sala iluminada apenas pela luz vinda de um monitor. Porém, tudo se perdeu no momento em que a avistou.

- Lucy! -  gritou ao vê-la jogada em um canto, curvada sobre si mesma com sangue e lágrimas escorrendo pelo rosto. Seu coração de contorceu no peito enquanto ele corria até ela. - Lucy, por favor, olha pra mim. - acariciou o rosto dela implorando para que abrisse os olhos e, quando os orbes castanhos o encararam, ele quase suspirou de alívio.

- Não! Eu não sou importante! Ajude... - ela gritou se contorcendo.

- Lucy, calma! Eu vou te ajudar! Já vou te soltar...

- Não... - as lágrimas dela voltaram a cair - Você não entende... Erza... Por favor, ajude ela....

Natsu a encarou, sem entender, e então voltou-se na direção que ela olhava.

- Mas o quê... Erza!

Ao ouvir o nome dela, Jellal correu para a sala parando de chofre ao vê-la ali, amarrada naquele estado. Seus punhos se fecharam e a raiva percorreu seu corpo confrontando-se com a culpa que o corroía. Ele caminhou até ela tentando soltar as correntes gentilmente, o que não foi possível visto que o sangue que corria dos ferimentos secara contra o metal. Erza se manteve imóvel, o que fez Jellal temer pelo pior. Livre das correntes, ele a deitou no chão e a cobriu com seu casaco, levando os dedos ao pescoço sentindo, com alívio, a pulsação sobre seus dedos.

- Obrigado... Erza, por favor, me desculpe... - sussurrou baixinho para ela. Voltando-se para Natsu que ainda encara a ruiva em choque, ordenou: - Temos que sair. Agora!

O rosado assentiu se curvando para desamarrar Lucy que gemeu de dor ao sentir os punhos livres e o sangue fluindo por eles. Ela tentou se levantar, porém a dor das costelas quebradas a deixou sem fôlego e fez com que se curvasse de novo.

- Vão. Vão sem mim, eu só vou atrasar vocês. - ela baixou os olhos evitando encarar Natsu que não se importou, segurando-a pelos ombros, forçou o olhar dela para si até que ambos os olhares se encontrassem e toda a atenção deles estivesse fixada naquele momento. O mundo desapareceu ao seu redor, deixando os dois sozinhos.

- Eu sei que você terminou comigo e se sente mal por isso, mas agora, para sobrevivemos, tem que aceitar que estamos do mesmo lado.

Ela o encarou, o coração batendo rapidamente no peito, e assentiu. Natsu respirou fundo, decidindo que, se aquele fosse o último momento que teria com ela, ia fazer com que valesse a pena. Aproveitando-se da pouca distância entre seus corpos, ele a beijou, os lábios moldando-se aos dela, respirando sofregamente em sua boca de forma que ela pudesse ver tudo o que estava sentindo no momento. A boca dela estava macia e quente contra a sua, fazendo-o se perder no beijo, até que um pigarro constrangido quebrasse a magia do momento. Ele se afastou, relutante, e se pôs de pé estendendo a mão para ajudá-la a levantar.

- Vamos? - perguntou. Lucy apenas assentiu agarrando a mão dele como se fosse uma corda salva-vidas.

- Vamos.


Notas Finais


Gostaram?
Muito obrigada por ler! >.<
Deixe sua sugestão do que eles vão enfrentar a seguir!
Até a próxima!!!
Beijinhos *3*


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...