Kopi House, 18h37.
Park Jimin era o nome do rapaz que conversara comigo. Ele pareceu ser um rapaz extremamente agradável pelo pouco que havia conhecido dele. As solas de seus sapatos dispostos em seus pés tinham atravessado a linha da porta de vidro do estabelecimento há mais ou menos uma hora, e durante todo o momento em que sua presença esteve no local, ele conversou comigo a respeito de assuntos cada vez mais aleatórios.
No momento, eu arrumava algumas coisas dentro de minha bolsa para poder ir embora, até ouvir meu celular vibrar sobre a mesa da sala dos funcionários.
Número desconhecido
— Oi.
— É o Jimin de hoje mais cedo.
— Espero que não tenha se esquecido de mim >.<
Abri um sorriso pequeno ao observar a tela do celular acesa com as mensagens do garoto e pus-me a pegar o telefone para respondê-lo, mas antes de tudo, salvei seu contato.
Jimin
— Mas é claro que eu me lembro!
— Estou começando a desconfiar de que você acha
que eu tenho algum problema em lembrar das coisas.
— Problema? Você? Longe de mim!
— Vou tentar acreditar em você.
Eu ria como uma criança boba enquanto lia e digitava minha última mensagem. Por um momento, bloqueei a tela do celular e o coloquei no bolso, terminando de fechar minha bolsa para poder ir para o apartamento. Tae e Nam haviam deixado por minha conta fechar a cafeteria hoje, por isso deixei-os irem um pouco mais cedo, visto que não tinha nada muito bagunçado nem sujo.
Coloquei as alças da bolsa em meu ombro e saí da salinha, seguindo em direção à porta, que ora servia de entrada, ora de saída. A porta de ferro foi puxada por mim através de um cabo com um gancho na ponta. Ao trancá-la, me virei para seguir meu trajeto, mas percebi novamente o vibrar de meu celular. Peguei-o rapidamente e vi mais uma mensagem de Jimin.
Jimin
— (S/n)? Ainda tá aí?
— Estou sim.
— É que eu queria...Sei lá
— Saber se você não quer...
— Sabe, sair comigo um dia desses?
— A gente pode fazer algo que você goste.
Ao ler a mensagem, senti um aperto no coração. Eu provavelmente não saberia o que responder, pois primeiro eu tinha um “namorado” chamado Kim Taehyung. Segundo, eu tinha um quase namorado oficial chamado Jung Hoseok e, por fim, em terceiro, eu gostaria de sair com alguém diferente. Normalmente faz bem fazermos novas amizades.
Eu estava parada de costas para a porta da cafeteria, pensativa para não falar nenhuma besteira, e então percebo um carro parando praticamente em minha frente. Os vidros fechados e a rua escura não cooperavam em absolutamente nada para eu conseguir pelo menos tirar alguma conclusão de quem pudesse vir a estar dentro daquele carro.
Jimin
— Estou saindo do trabalho agora, posso te
responder quando chegar no meu apartamento?
Eu intercalava entre olhar para tela acesa do celular e para o carro, ainda parado em minha frente, com certa velocidade enquanto esperava obter uma resposta de Jimin.
Jimin
— Sem problema nenhum, eu espero. Cuidado com as ruas à noite, hein?
— Tomarei cuidado, até já.
Antes que pudesse receber outra mensagem do rapaz, movimentei meu braço para colocar o celular dentro da bolsa e acabei ouvindo um barulho, o som da porta de um carro abrindo, mais especificamente, o que estava em minha frente. Eu estava praticamente suando frio ao ver que um homem alto havia saído do carro, mas logo senti todo o meu corpo se relaxar ao reconhecer os traços do rosto que me era tão familiar. Era apenas Hoseok.
Pus uma de minhas mãos sobre o peito e suspirei aliviada, vendo o maior vir em minha direção.
— Seu louco! — falei um pouco alto, lhe dando um tapa fraco no ombro.
— Você não entrou no carro, então imaginei que tivesse que colocar você lá dentro. — Ele riu e envolveu meu corpo com um abraço apertado. — Senti sua falta.
Desprendi-me um pouco para conseguir abraçá-lo da mesma forma e repousei minha cabeça em seu peito por alguns segundos, deixando meus olhos fechados. Hoseok usava um casaco de moletom preto com um cheirinho forte de amaciante, provavelmente retirado da máquina de lavar sem muito tempo desde que havia sido lavado. Deixei que minhas narinas sentissem mais daquele cheiro por mais um tempinho.
— Eu também senti sua falta, Hoseok-ah. — Fiz um carinho em suas costas com a ponta dos dedos, mesmo que não fosse tão simples de sentir, visto que seu casaco era espesso e provavelmente ele deveria estar com mais uma camisa por baixo que impedisse-o de sentir minha demonstração de afeto.
— Vamos para o apartamento logo, está ficando frio, não quero que você fique doente... se bem que eu adoraria te mimar. — Riu baixo, acabei rindo junto a ele.
— Pare com essas bobeiras. — Revirei os olhos tentando segurar meu sorriso e desvencilhei-me do abraço, seguindo até o carro que antes era visto como suspeito para mim.
Entrei e me sentei no banco do carona, enquanto Hoseok deu a volta no carro para entrar no lado do motorista. Antes que o motor do carro fosse ligado, colocamos nossos cintos e zarpamos a caminho de nossa querida moradia. O silêncio ficou presente no ambiente naquele momento, mas não era um silêncio desconfortável — o que me fez perceber como nós dois e nossa relação havia mudado tão drasticamente. Você sabe que não é tão próxima de uma pessoa a partir do momento que o silêncio é um problema. O nervosismo ataca e você tenta a qualquer custo acabar com ele, mas tudo parece completamente impossível, como se a quietude fosse inexpugnável.
Eu não sentia mais isso com Hoseok, na realidade eu nunca senti que o silêncio entre nós dois fosse algo ruim, conseguia me manter relaxada simplesmente por estar em sua presença. Minha cabeça pensava tanto nisso que nem sequer havia percebido direito o exato momento em que Hobi havia quebrado a quietude do ambiente.
— Oi? Desculpe, não prestei atenção. — Apenas pedi para que ele repetisse o que havia dito, e assim ele o fez.
— Ah, sim. Eu tinha perguntado se você se lembra do dia que a gente se beijou pela primeira vez, aqui no carro, no caso. — Ele repetiu sua fala, passando a concentrar sua visão em mim, já que o carro desacelerava aos poucos por culpa do trânsito.
— Lembro-me de algumas coisas, não tudo. — Passei a olhá-lo também, vi em seu rosto um sorriso sincero aparecer.
— Você fez umas coisas tão absurdas que nem parece a mesma (S/n) sóbria. — Ele soltou uma gargalhada fraca e avançou um pouco com o carro, logo parando-o novamente.
— O que quer dizer com isso? Eu não tinha apenas te beijado? — Franzi o cenho e ele negou com a cabeça, tentando conter uma risada. — Então o que eu fiz de tão absurdo?
— Eu lembro de você colocando a mão na minha coxa, coisa que eu nunca esperaria de você. — Seu rosto virou-se para frente e ele avançou com o carro novamente. — Garanto a você que se não estivesse bêbada naquele dia, a gente poderia ter feito coisas que eu jamais me imaginaria fazendo.
Arregalei meus olhos ao ouvir as palavras do maior e acabei corando um pouco. Eu tocando as coxas dele? Por Deus, o que deve se passar na minha cabeça enquanto eu estou bêbada? Acabei pensando demais no que ele dissera e soltei uma risadinha baixa, atraindo seu olhar confuso para mim.
— Tipo o quê? — questionei sem olhá-lo, deixando um sorriso malicioso estampado em meu rosto.
— Como assim? Você já deve saber o que eu estou falando. — Pigarreou meio nervoso, o que me fez soltar mais uma risadinha.
— Mas por qual motivo você se controlou então? — Passei a olhá-lo meio curiosa.
— Eu não queria ter minha primeira vez com você enquanto estivesse bêbada... seria ruim — disse. Acabei, involuntariamente, abrindo um sorriso imenso, em seguida puxei um pouco o cinto para conseguir avançar em sua direção e lhe dar um abraço.
— Você é um amor, sabia? Todas as meninas do mundo deveriam ter um garoto como você. — Deixei um beijinho fraco em seu ombro e apoiei minha cabeça no local, ainda com um sorriso no rosto.
— Tem razão, mas eu só quero uma, a que está do meu lado agora. — Senti um peso sobre a minha cabeça e presumi que fosse sua cabeça encostada na minha. O carro ainda não andava continuamente, sempre parava e andava um pouquinho, o que fez com que nós dois ficássemos um tempinho naquela posição, ambos sorrindo como bobos. — Você quer comer uma pizza? — perguntou enquanto o carro ainda permanecia parado em meio ao trânsito.
— Sempre que quiser perguntar isso, quero que saiba que não precisa, porque sempre irei aceitar. — Antes de desfazer nosso abraço, fiz um carinho no local onde estavam minhas mãos e mexi levemente a cabeça, fazendo com que ele levantasse a dele.
— Tem uma pizzaria virando aquela rua, nós podemos ir lá e aproveitar para deixar o tempo passar um pouco até que esse trânsito acabe logo. — Ele sugeriu e eu apenas confirmei com a cabeça, olhando para a rua na qual ele havia indicado.
Hoseok parecia sempre acertar em tudo. Eu estava com uma certa fome, e só havia percebido no exato momento em que ele havia perguntado. Acho que eu ficava tão bem em sua presença que os pequenos detalhes nem sequer chamavam a minha atenção.
Talvez eu esteja intensamente apaixonada por você, Hoseok.
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