— Você tá no apartamento? — perguntei um pouco alto, tendo que lutar para que Hoseok conseguisse entender o que dizia ao invés de só escutar o vento que entrava rapidamente no do carro devido à velocidade do veículo.
— Tô sim, você por acaso tá na frente de um ventilador (S⁄n)? — ditou com um tom meio sarcástico, que por um momento serviu para que eu abrisse um sorriso e lembrasse da situação que me encontrava no momento.
— Eu estou indo pro apartamento. — pronunciei sorridente, e depois de notar um silêncio prevalecendo na linha, talvez por surpresa do outro, me permiti continuar a fala. — Você tem como preparar a cama? Não vamos estar sozinhos essa noite... ou melhor, por um bom tempo eu espero.
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Nosso apartamento, 19:48
De maneira apressada, tornei a pegar o pequeno bolinho de chaves que sempre acompanhava minhas jornadas para então abrir a porta e me deparar com um Hoseok quase chegando à porta. Um sorriso instantâneo se formou em meu rosto naquele momento, seguido então de meus braços sendo abertos para agarra-lo e ter seu cheiro adentrando minhas narinas, seu corpo apertando o meu e mais a ponta de seu nariz se arrastando no topo de minha cabeça.
— O que aconteceu? Você disse que ia dormir lá. — o calor que compartilhávamos fora se distanciando aos poucos para que seus olhos fossem permitidos de olharem para mim, sendo então o instante que o olhar tornou para um local muito especifico de meu rosto e seu cenho se franzisse. — Porque a sua bochecha tá meio vermelha?
Não fora necessário gastar tempo falando nem ao menos uma palavra, visto que rapidamente Hoseok ligou alguns pontos e deixou seus lábios se entreabrirem. Nos encarávamos, e por ainda estar com um sentimento de humilhação pertinente dentro de mim, possivelmente meus olhos não conseguiam esconder tudo aquilo que havia marcado minha alma em uma lembrança desagradável que vai perdurar por muito tempo, assim como uma cicatriz indesejada.
De maneira muito rápida, Hoseok trincou o maxilar, deixando-o bem marcado. Era claro que ele havia entendido o acontecido, e por sua expressão parecia que ele estava preparado para se transformar em um espartano pronto para um combate duro, onde nem mesmo a morte de algum indivíduo o abalaria.
Engoli em seco. Mesmo que já tivesse visto Hoseok com uma expressão brava antes, a sensação de ter aquilo se repetindo naquele momento me deixava preocupada ao extremo. Em uma vã tentativa de acalma-lo, nem que fosse apenas um pouco, voltei a abraça-lo, e antes de apertar minha bochecha fortemente contra seu peito, deixei um beijinho carinhoso e ágil no local.
— Nós temos coisas mais importantes pra nos preocuparmos.
— Ele bateu em você (S⁄n). — seus braços me envolveram assim como uma criança agarra um ursinho de pelúcia quando está com medo de algum monstro. A voz parecia transtornada, era como se ele quisesse me mostrar o quão ingênua eu estava sendo por não querer alguma espécie de vingança.
— Você não precisa me dizer de novo o que aconteceu como se eu não tivesse passado por aquilo Hoseok. — fora o meu momento de demonstrar indignação, o que serviu para que ele se assustasse por um momento.
— Desculpe... É que saber que te machucaram também me machuca. — sobre a bochecha que estava em seu estado normal, fui capaz de sentir a pontinha de seus dedos deslizando de maneira suave como em um carinho amoroso.
— É como eu disse, nós temos outras coisas com o que se preocupar, e uma bochecha vermelha é a menor delas. — virei meu rosto na direção de Taehyung que estava na frente da porta de entrada com a mãe. — Eles vão ter que passar um tempo com a gente até que consigamos resolver os acontecimentos recentes e que Dak Ho vá para o lugar que deve.
O olhar de Yang-Mi sobre o chão deixava evidente a dor que deveria percorrer seu interior, e talvez a culpa por se manter por tanto tempo em um relacionamento agressivo, tanto para ela quanto para o filho. Era quase que deprimente ver sua imagem tão desgastada, e por um momento me afastei de Hoseok para me aproximar da mais velha e dirigir-lhe minhas primeiras palavras.
— Nós vamos ajudar fazendo o possível e o impossível pra que a vida de vocês dois só cresça positivamente Senhora Yang... — coloquei suavemente minha mão sobre seu ombro, ganhando sua atenção, e por mais que ela parecesse cansada demais para ouvir qualquer coisa, ainda sentia que ela prestava atenção no que eu estava dizendo. — Eu gostaria de começar a analisar no que é necessário momentaneamente. A senhora toma remédios em quais horários? quais são os remédios? Tudo que possamos cumprir pra que você consiga voltar pra sua rotina.
Ela girou sua cabeça vagarosamente para olhar o filho, que apenas fechou os olhos e confirmou com a cabeça delicadamente, como se fosse uma breve confirmação de que ela poderia realmente depositar sua confiança em nós dois.
Fora assim então que seguimos até o sofá e tentamos organizar da melhor maneira possível como seguiríamos daqui pra frente. Nas notas do celular anotei os remédios a serem adquiridos, conversamos sobre o fato de só termos duas camas de solteiro, e foi com poucas palavras que eu e Hoseok decidimos que Yang-mi e Taehyung ficariam com elas, enquanto nós dois dormiríamos nos sofás até conseguirmos resolver toda a situação.
Yang-mi ainda parecia receosa, e era completamente compreensível. Eu tentava imaginar como deveria ser a sensação de ser uma mulher mais velha tendo sua vida cotidiana interferida por jovens tentando mudar o rumo dela de uma maneira completamente brusca, tendo tudo o que você mantinha em mente virado de cabeça para baixo em uma confusão plena. Era provável que pudesse estar se sentindo incapaz por não ter tomado nenhuma atitude antes, assim como estávamos fazendo por ela, mas não era sua culpa, afinal, para ela, manter aquela vida era o necessário, mesmo que tivesse de passar por diversas situações ruins.
Tentei superar aquela reflexão que eu fazia sobre o que de fato poderia estar vagando pela mente da mais velha ali presente, já certa de que o que precisávamos no momento não era contemplar detalhes de tudo que foi e está sendo ruim no momento, mas sim ponderar sobre possíveis planos a se seguir para chegar a um caminho que levasse Taehyung e Yang-mi a uma vida desejada, completamente distanciada de qualquer indício de violência e dor.
Era fato que uma denúncia precisava chegar as autoridades, mas precisávamos ter todas as armas necessárias pra começar a batalha, e a principal seria um advogado.
1.125.000 Won era o valor de um dos melhores advogados que conseguimos analisar com variadas pesquisas na internet, e com toda a certeza investindo nele, não teria caso que perdêssemos, entretanto conversando um pouco, tentamos unir em palavras a quantidade de dinheiro que todos juntos poderíamos oferecer pra custear o valor, mas ainda não era o suficiente.
595.000 Won era o que tínhamos pensando em reservas de dinheiro acumuladas por mim, Hoseok e Taehyung ao mesmo tempo.
O sentimento de frustração se dividiu entre todos nós, e em meio a ele, mãos escondiam rostos ou jogavam fios de cabelo para trás, com um claro intuito de evitar que eles atrapalhassem o raciocínio sobre algo sério e até mesmo bloqueassem alguma ideia do que poderíamos fazer pra mudar aquela realidade hostil.
— Talvez se nós juntarmos um pouco mais de dinheiro... — iniciei minha fala jogando uma alternativa viável.
— Isso vai levar tempo, a gente não pode ficar morando aqui com vocês pra sempre. — Taehyung lançou a fala ligada ao seu olhar consternado.
— Vocês vão ficar aqui até o tempo que for necessário, então acho que essa é a melhor opção. — Hoseok após terminar, olhou-me de relance e comprimiu os lábios. — Precisamos de 530.000 Won, então mesmo que demore alguns meses pra conseguirmos tudo, vocês dois não tem que se preocupar com nada que não seja reunir esse dinheiro.
Vencido, Tae comprimiu os lábios assim como Hoseok havia feito há poucos segundos atrás, confirmando com a cabeça tudo o que estávamos prestes a fazer, toda a jornada que iriamos seguir a partir daquele dia, daquela hora, daquele segundo.
Nós iriamos fazer tudo aquilo dar certo.
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