Kopi House, 18:54
Era segunda-feira, final do expediente, e como já havia sido combinado, era meu dia de sair mais cedo do estabelecimento. Taehyung sairia no mesmo horário, sendo assim, Namjoon se manteve responsável por ficar com a chave do Café.
Tae parecia estar cada dia mais disposto. Um bom tempo fora necessário para que Dak-ho fosse finalmente afastado de Yang-mi e Taehyung, tendo como resultado um retorno seguro dos dois para casa. Sendo assim, se esvaíam cada vez mais os dias em que ambos se levantavam das próprias camas com medo, agora tendo a possibilidade de não se afligir com futuros traumas.
Isso era, com certeza, um ponto de esperança que só crescia, fazendo com que o passado se decompusesse em pequenas partes, deixando pouco a pouco de ter relevância e tanto destaque em meio ao presente sereno e o futuro grandioso que estava se despertando na vida dos dois.
Assim que eu dei alguns breves passos até a saída da Kopi House, acenei para Namjoon, sendo acompanhada de Tae, que fazia o mesmo gesto.
— Você quer carona? Hoseok vai passar aqui. — depus a palma de minha mão sobre seu ombro, sendo retribuída com um simples sorriso e um balançar negativo de cabeça.
— Eu vou andando, pode deixar.
Comprimi levemente meus lábios demonstrando compreensão, e logo desloquei meus braços um para cada lado, à espera de um abraço de despedida. Fora um carinho forte e cheio de ternura, o calor do corpo de Taehyung entrava em contato com o meu de uma maneira que fazia com que todo o meu ser automaticamente compreendesse que ele estava alegre, distante da coisa que conseguia fazer-lhe se sentir medíocre.
— Bom final de semana TaeTae, manda um beijo para sua mãe por mim. — abri a porta da frente para nós dois e fiz questão de virar a plaquinha de Entre para Fechado, como Namjoon havia me pedido há um tempo atrás.
Por mais incrível que fosse, Hoseok já estava com o carro estacionado bem em frente ao estabelecimento. As luzes de alerta do carro piscavam, indicando que ele não ficaria muito tempo parado no local não permitido.
Ele se manteve me esperando dentro do carro. Uma das mãos se encontrava sobre o volante e a outra segurava seu telefone, ao qual ele parecia estar um tanto distraído, entretanto, assim que atentou-se aos movimentos na frente da porta de vidro, bloqueou a tela do aparelho e abaixou um pouco a cabeça para ter uma melhor visão minha e de Tae.
— Bom final de semana pra você também, (S/n)-ssi... — Tae, assim que terminou seu diálogo comigo, apoiou ambas as mãos no joelho, para então agachar-se e sorrir para Hoseok dentro do carro.
— Hoseok-ssi! — acenou suavemente, recebendo o mesmo cumprimento do outro — Até outro dia!
Logo se pôs de pé e sorriu novamente para mim, finalmente dando a última despedida antes de se virar e seguir o seu caminho.
Acabei dando alguns passos até o carro, observando apenas Hoseok se esticando para abrir a porta do carona com um tremendo esforço para empurrá-la e quase sendo impedido pelo cinto de segurança. Eu abri um sorriso, ajeitando a alça da bolsa no ombro para então adentrar o veículo.
— Sentiu minha falta? — puxei a porta para fechá-la e, ainda com um sorriso abobalhado no rosto, me inclinei para dar um selinho nos lábios do mais velho.
— Como nunca antes. — antes que eu pudesse me afastar, ele também se inclina mais um pouco e deixa mais um selinho em meus lábios, acompanhado de um beijinho carinhoso na bochecha — Você quer comer em um lugar diferente hoje? Pensei da gente comer uma pizza. — minhas mãos puxavam o cinto de segurança para prendê-lo da maneira correta, enquanto meus ouvidos captavam de maneira suave o som do carro ligando.
— E se a gente fosse pra casa e fizéssemos alguma coisa juntos, hum? — minhas sobrancelhas se ergueram ao mesmo tempo em que minha mente refletia a proposta.
— Você deve estar cansada, (S/n)-ssi... Deixa eu te fazer um agra-...
— Nem continua. — inclinei minha cabeça para o lado, com o intuito de encará-lo um pouco — Você acha mesmo que ir pra cozinha e ficar do seu lado tentando fazer alguma coisa comível não vai ser um agrado para mim? — acabei não segurando uma pequena risada, mas ela havia sido essencial para que ele acabasse rindo junto.
— Você é a melhor, (S/n). — sorriu com aquele sorriso que ainda tinha o mesmo brilho e a mesma importância de quando eu havia o visto pela primeira vez em toda a minha vida.
Mais um beijinho rápido e então o carro foi na direção de nosso apartamento.
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— Cuidado com o óleo Hoseok, tá quente! — meus olhos se arregalaram quando Hoseok começou a dar passos para trás sem nem notar que seu braço estava prestes a bater no cabo da frigideira.
Seu sorriso brincalhão perdurou mesmo com o pequeno susto que eu havia lhe dado com o meu prévio pavor, e ele acabou por fazer uma dancinha vitoriosa por não ter acontecido absolutamente nada.
— Bobo. — revirei os olhos com a mão pousava no peito, logo sendo possuída pela vontade de sorrir.
— Tem molho de pimenta?
Virei minha cabeça na direção da geladeira, para então começar a vasculhá-la assim que sua porta fora puxada. Meus olhos percorreram por todo o seu espaço interior, até que então depararam-se com um pote vermelho com o nome gochujang estampado na tampa com letras bem chamativas.
— Achei! — exclamei, levando o pote para perto do prato coberto por papéis toalha que usávamos com o intuito de absorver o máximo de óleo possível do frango frito recém-saído da gordura quente.
O Jung parecia completamente concentrado em virar os pedaços de frango com a escumadeira, a fim de não deixar que nenhuma parte ficasse mal cozida e que nenhum acidente acabasse ocorrendo dentro daquela cozinha. Meus braços pareciam estarem sendo atraídos por um imã, querendo ao máximo poder se entrelaçarem na cintura de Hoseok em um abraço afetuoso, entretanto, aquilo só seria possível a partir do momento em que nós dois estivéssemos seguros, e isso significa que apenas aconteceria quando ambos estivéssemos em uma distância considerável da frigideira com o óleo fervente.
— Eu não vejo a hora de comer isso e poder me deitar de novo com você na nossa super cama de casal que nós usamos... uma vez? Ou quem sabe duas? — sua maneira sarcástica de falar me fazia negar com a cabeça, apesar de saber que não era uma tremenda mentira.
Desde o dia em que nós juntamos nossas camas de solteiro, dormimos exatamente duas noites apenas, deixando então as ambas sobre posse de Taehyung e sua mãe.
Sentia que mesmo que ele fizesse certa piada da situação, ele sabia que o que fizemos fora necessário, e era exatamente aquela sensatez que ele conseguia me propagar que mais me fazia confiar nele.
Sua mão mais próxima agarrou o prato de porcelana coberto com as folhas de papel toalha e com a outra, que segurava a escumadeira de metal e cabo de madeira, pegou as partes do frango que estavam fritando, deixando algumas gotas de óleo escorrerem pelos buracos propositais do instrumento de cozinha.
Assim feito, com frangos fritos sobre os papéis eu passei meus olhos sobre o pote com molho picante e acabei fazendo uma careta involuntária por alguns poucos segundos.
— Acho que hoje a gente podia comer sem... — lancei-lhe um olhar tipicamente preguiçoso, que logo desencadeou a ação de Hoseok me puxar para mais perto, um pouco depois de ter colocado o prato com os frangos fritos sobre a pia.
— Você está com fome e quer comer tudo logo, por isso não quer o molho, ou você está com preguiça de preparar ele comigo? — suas sobrancelhas se ergueram devido a expressão característica de questionamento.
— É que eu não quero que nossas bocas fiquem queimando enquanto a gente se beija, hm? — mantive minha expressão séria num primeiro momento, mas acabei não conseguindo segurar o riso pelos próximos segundos que se seguiram — Ya, você me entendeu.
Seus lábios se curvaram em um sorriso com um aspecto chocado e suas mãos deslizaram por minhas costas com o intuito de me puxar para ainda mais perto e podermos ficar frente a frente.
— Você que ficar trocando beijinhos comigo, (S/n)-ssi? — Hoseok sorriu com todos os dentes, como se não conseguisse ficar nem ao menos um segundo sem demonstrar sua felicidade.
— E ficar grudadinha em você bom naquele sofá. — mantenho meu corpo bem próximo do mais velho, entretanto curvo um tanto meu braço para trás, apenas o suficiente para apontar na direção da sala de estar.
Meus olhos encararam os de Hoseok, que brilhavam como se tivesse acabado de pôr apenas uma gota de colírio hidratante em cada um deles. Naquele exato instante que minha atenção percorreu por seu rosto, minha mente fora transportada para um momento em que coincidentemente nos encontrávamos da mesma forma, entretanto com nenhum tipo de relação que não fosse a de meros colegas que dividiam o aluguel de um apartamento. Seu rosto naquele dia brilhava devido aos mínimos cuidados que tinha com a pele.
Nossos corpos estavam próximos o suficiente para que um mínimo contato fosse capaz de transmitir fortes ondas elétricas de êxtase. Por fim, nossas orbes se encaravam em algum tipo de conexão fantástica, onde o tempo parecia decorrer de uma forma não convencional, sendo tão lento que teria total possibilidade de ser comparado a uma paralização. Não havia nem sequer algum tipo de desconforto com a situação, simplesmente por ser algo que ambos queriam fazer pelo máximo de tempo possível.
Era olhando profundamente em suas orbes negras que eu mais uma vez confirmava para mim mesma que não poderia magoar Hoseok de nenhuma forma, porque nós dois funcionávamos tão bem juntos que eu já desconhecia minha vida sem o homem que retribuía de uma maneira tão intensa os meus mais fortes sentimentos.
Naquele momento, meu coração batia como o de uma criança assustada, que acabara de avistar algum tipo de animal perigoso, mas a sensação que corria por meu corpo era totalmente distinta. Era como se eu quisesse ficar pelo resto da minha vida daquela forma: Nos braços de Hoseok, tranquila e sem risco de surgir alguma espécie de perigo contra nós dois.
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