História Meu delírio - Min Yoongi (Suga) - BTS - 11

- Não acredito que esse cheiro é de lasanh... – Yoongi parou de falar quando pôs os olhos em todos que estavam ao redor da mesa.

FLASHBACK ON

- Está namorado? Ah, parece que estou vivendo um dia de perfeita felicidade. Quero saber tudo. Quem é o sortudo?

- Ham... Não.

- E com um anel dessa grossura? No mínimo o seu pretendente já deve estar querendo noivar. – Ela riu aproximando o dedo em que estava o anel de seus olhos. – É o Taehyung? – Seu sorriso largo me fez engolir seco.

- É! – Gritei, não sei se por ter me livrado de dizer que era meu irmão, ou pelo desespero de estar mentindo.

- Eu sabia que vocês iriam ficar juntos! Estou aliviada! – Me abraçou, fazendo carinho em minhas costas, meus braços não puderam retribuir e eu fiquei imóvel.

Fiquei sozinha no quarto pensando na encrenca que tinha acabado de construir. Precisava contar ao Yoongi antes que isso acabasse chegando no ouvido dele de forma errada.

Os minutos passaram como horas e assim que o relógio marcava onze horas e trinta minutos, saí de meu quarto e bati na porta de Yoongi. Fraco demais para que ele escutasse. Respirei fundo, olhei para a porta fechada do quarto dos meus pais ao final do corredor e resolvi bater um pouco mais forte. Nada ainda. Mais uma batida forte.

- O que houve? – Papai botava os óculos e olhava para mim.

Encarei a porta alguns segundos, desesperada por não saber o que lhe responder. Virei o rosto e o notei parado, com cara de sono.

- Ham... Eu... O Yoongi... Vim pedir um carregador emprestado.

- Querida, o seu irmão já deve estar dormindo. Amanhã ele vai se matricular no vestibular, deixe ele dormir. – Me chamou com a mão. – Pegue aqui o meu e amanhã você me devolve.

Concordei e o segui, assim que ele me entregou o carregador, indagou-me o que tinha acontecido com o meu.

- Acho que perdi.

De volta ao quarto. Eu estava me sentindo completamente errada por estar escondendo algo de Suga, mesmo que essa coisa tivesse sido escondida pelo nosso próprio bem. Sentia que nós deveríamos ter decidido isso juntos, mas como? Não tinha como isso acontecer.

Dormi para lá das três da manhã.

No dia seguinte, foi preciso que mamãe viesse me acordar.

- Querida, acorde e tome um banho. Teremos convidados para o almoço.

Esfreguei os olhos e imediatamente os arregalei, imaginando o pior.

Não pode ser isso, não pode ser isso, não pode ser isso...

Pode ser isso sim.

Por um segundo senti o ar faltar quando vi a família Kim em minha sala de estar.

- Aí está ela! – A mãe de Tae se levantou. Seu pai o imitou, os dois me cumprimentaram. E depois, Taehyung se levantou, me dando um beijo na bochecha.

Havia em sua face um sorriso sarcástico ansiando para aparecer, mas ele tentava manter a posa de sério. Que bom que ao menos uma pessoa está se divertindo com isso.

- Onde está Suga? – Perguntei com a boca seca à papai.

- Está chegando, querida. – Deu duas batidinhas em minhas costas. – Enquanto isso, vamos almoçar?

Todos seguiram para a sala de jantar, eu fiquei sentada e pedi que Tae ficasse lá também. Sua mãe piscou para nós dois quando viu que queríamos ficar sozinhos. Não consegui expressar reação alguma a não ser uma entortada na boca, muito diferente de V, que riu.

- Tudo bem. O que está acontecendo?

- Não foi você que disse pra sua mãe que estávamos namorando?

Levei as mãos a minha cabeça e botei o cabelo para trás.

- Eu não pensei direito... E-eu...

- Eu sei, (S/N). Eu não estou iludido que realmente estamos namorando. Já posso imaginar o que aconteceu, você me usou porque era sua única desculpa. – Assenti e ele prosseguiu. – Posso ajudar você por um tempo, mas por favor, me tire logo dessa.

- Obrigada Tae. Obrigada. Obrigada. – Segurei sua mão carinhosamente. Ele sorriu e levantou-se indo sentar-se à mesa.

FLASHBACK OFF

- E aí, Suga? – Tae acenou com a cabeça.

Meu irmão mais velho me olhou provavelmente tentando entender o que estava se passando. Pobre Yoongi, eu estava tão perdida quanto ele. Não desejei aquilo.

- Meu filho, vai ficar em pé o dia inteiro? Aproveita que está quente. – Mamãe falava o encarando.

De repente todos o encararam, acho que esperando alguma resposta de filho malcriado. A vizinhança sabia dos deslizes de meu irmão, sabia que ele bebia, e não seria fácil de esquecer, afinal, ele acabou de parar. Todos precisavam de muito tempo para enxergar o novo Min Yoongi.

Ele tirou seu casaco e sentou-se em uma cadeira.

- E então, como você fez o pedido? – Mamãe jogava queijo ralado em seu prato. – Todos queremos saber, não é? – Infelizmente os demais concordaram. Olhei para Tae e mais afundo, vi Yoongi, suas bochechas estavam vermelhas e seus punhos fechados.

- Bom... – Tae começou. – Foi muito simples, não é? Tão simples que vou pedir para (S/N) contar... – Pegou o copo de suco que estava a sua frente e bebeu com muita rapidez.

- Bem, na verdade, não houve bem um pedido... – Encarei meu irmão. – Apenas aconteceu. – Sorri encarando o prato.

- Só isso seu Taehyung? Minha filha não merecia mais? – Papai falou num tom de brincadeira e todos riram.

- Na verdade, foi muito especial. Eu não mudaria nada. Ele me deu isto. – Mostrei a todos na mesa com muito orgulho. Yoongi comia calado fitando apenas a cadeira vazia em sua frente, mas em seus lábios havia um sorriso.

As senhoras arfaram um “Oh”, e então mudamos de assunto.

(...)

O pai de Tae estava na calçada junto com o meu. A família Kim já estava indo embora.

- Eles ainda estão tímidos. Se mantiveram esse relacionamento, não é agora que vão se soltar. – A mãe de Taehyung falava para a minha, as duas nos encaravam da porta de entrada da casa. Estávamos em pé um ao lado do outro e mais atrás, encostado no corrimão da escada, estava Yoongi com as mãos nos bolsos olhando toda a cena.

- Tão romântico. – Mamãe suspirou.

- Então, até mais... – Apertei a mão de Tae, de forma desengonçada. – Obrigada. – Soprei para ele para que ninguém escutasse.

- Até mais. – Ele me respondeu. Olhou uma última vez para Yoongi, acenando para o mais velho. Suga tirou uma das mãos do bolso e acenou fracamente para Tae.

- Podem se beijar. – Mamãe falou soltando um riso. Eu fiz um barulho com a garganta e então soltei a mão de Tae.

Quando já haviam ido por completo, olhei para trás e Suga já estava no final da escada. Pude ouvir papai e mamãe conversando satisfeitos sobre o quanto Taehyung era um bom rapaz. Subi as escadas depressa e entrei em seu quarto, trancando a porta.

- Eu posso explicar... – Ele tirou a blusa e a jogou no chão, deitou-se sobre seu colchão, apoiando uma mão na cabeça. – Ou isso, ou mamãe nunca iria me deixar em paz até descobrir quem me deu isso. – Apontei para o anel. – Do que está rindo?

- Está tão linda tentando me contar o que aconteceu. – Levantou-se. – Não se preocupe. Eu pude perceber enquanto comíamos que você estava tão aflita quanto eu. – Pôs uma mão sobre meu ombro nu e desceu, fazendo um delicado carinho em meu braço.

- Precisamos levar essa mentira. Pelo menos até sabermos o que fazer.

- Vamos levar essa mentira até comprarmos o nosso lugar.

- Nosso... – Suga me interrompeu.

- Nosso lugar. Nosso lar. Nossa casa. Nosso. Um canto em que não vamos precisar nos esconder.