Ano 1977, 02/09
Uma e cinco da madrugada
Desde o selo mantive as mesmas ações, ou seja, nenhuma. A cada segundo em sua presença acho ainda mais: Kim Taehyung é um ser imprevisível.
-O que foi isso? –Depois de algum tempo resolvo reagir.
-Chame do que quiser. Pode chamar de selo também, selo de carta. –Agindo normalmente me pediu para levantar, assim como ele- vamos resolver o seu problema. Jungkook faça um trocadilho. Já vou te avisando que não pode tirar copia de nenhum meu. –Depois de um suspiro, levanto de minha cadeira, ficando a sua frente.
-A lamparina levou o vento, pois o vento não levou seu fogo.
-Você tem coragem de chamar isso de trocadilho? –Suspirou- isso não passou nem perto de um. Decepcionado com você Jeon Jungkook, ainda tem coragem de dizer que assiste muito aos meus shows?
-Me deixa então! Esqueça toda essa palhaçada de trato e feito! Cessam todos os problemas. Aposto que encontra qualquer pessoa na rua que saiba fazer o que eu não sei.
-Jungkook eu já selei o contrato e já perdi meu precioso tempinho com você. –Finaliza com um suspiro e logo acrescenta:- Me da raiva, o jeito que você fala, sério. Fala que nem gente! –Disse brando, mas ainda sim visivelmente irritado.
-Quer que eu fale como? Por acaso acha melhor eu chamar você de novinho ou qualquer outra coisa vulgar? –Ele começa a gargalhar, bem inusitadamente.
Seu riso se tornou frenético ao ponto de se jogar no chão. Sem entender nada resolvo fazer a mesma coisa, nada. Sento-me na cadeira e jogo minha cabeça para trás esperando que o loiro se estabilizasse e eu acabar minha seção de suspiros.
O que fiz para merecer isso? Macacos não me morderam, muito menos cachorros me perseguiram para acontecer tamanha falta de harmonia, tamanha desgraça.
-Tartaruga veloz! Jungkook achei sua comédia! –Assim que proferido colo nossos olhares novamente- como você chegou a isso?
-“Isso” o quê?
-“Novinho”. Você falando isso é muito engraçado, parece uma criança com demência, sei lá! Precisamos de mais de onde veio esse, muito mais. Precisa saber que a graça não vem da palavra, mas sim do jeito que fala e a colocação dela, acho que tem algo a ver com contexto. Sabe mais alguma palavra parecida?
-Não sou obrigado a falar palavras com esse mesmo tipo de teor. Meu irmão fica falando essas baboseiras e morro de vergonha sempre que estou perto, essa palavra foi a mais pesada que já o escutei falar.
-Vou pegar minha caderneta de novo, vamos criar um novo vocabulário. E nem pense em falar não. Se você não quer “morrer” vai ter que aceitar tudinho, além do mais sou famoso e tudo o que eu disser nesse fim de mundo vai virar fuxico e parar nos ouvidos de todo mundo, aliás, vou fazer de tudo para que seus pais e seu irmão sejam os primeiros.
Totalmente imprevisível, ele em um momento está rindo que nem um louco e depois me ameaça como se os momentos anteriores fossem jogados aos ventos.
-Vamos criar outros tipos de gírias, não se sente importante? –Ignoro- vou te dar meu caderninho e você anote tudo o que vem na sua mente que seu irmão falou.
Pego seu caderninho e faço esforço para me lembrar de algumas gírias estranhas que meu irmão falou em minha presença. Com algumas lembranças escrevo:
Definição de Novinha(o): Usou na forma de chamar a atenção de uma garota, falou essas↰ palavras por causa de sua aparência e tamanho ser, aparentemente, mais nova que ele.
Maneira como a gíria “Novinha” foi falada: “Ô novinha” procedido de um “quantos anos a mocinha tem?”.
Definição de Chave: Pelo contexto significa que o ser é companheiro, beneficia as coisas para a outra pessoa.
Maneira como a gíria “Chave” foi falada: “Mãe, tu é chave”. A gíria foi dita assim que minha mãe deixou meu irmão, um ano mais velho que eu, dormir na casa de seu coleguinha.
Defininição de Loucasso: Sirvido como sinônimo de louco.
Maneira como a gíria “Loucasso” foi dita: “Jungkook, você tá loucasso?” Foi direcionada como uma pergunta para mim, que desliguei a televisão quando ele estava a assistindo.
Maneira como a gíria “Quebradas” foi dita: “Pedro, lá nas quebradas onde eu moro tem um telefone.” Essa não precisa de definição.
Depois de tudo escrito o devolvo e ele lê.
-Está bom? –Perguntei assim que cessaram seus risos. –Quer acrescentar alguma coisa?
-Não sei escrever não. –Disse simplista e logo continuou, respondendo minha primeira pergunta. -Sim, mas... Vamos criar outros, eu e você. Primeiro: vamos listar alguns palavrões.
-Por quê?
-Vamos tirar algo deles e não se preocupe se ficar muito... Pesado. Ate porque o horário da sua apresentação será sempre depois da meia-noite. Comece.
-Boca de fossa, estrupício, tomate podre, cabeça de ampola e muito mais, mas Tae, não acho que isso vá ajudar não ate porque as palavras que meu irmão usa são muito mais vulgares do que esses meros xingamentos.
-Você tem razão.
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Ano 1977, 02/09
Duas e quatro da madrugada
Já aceitando a ideia decido cooperar, afinal o que posso fazer? Estando na companhia de Taehyung percebo que não é tão ruim, além de imprevisível descubro que é também muito espontâneo. O mais importante é sua facilidade de arranjar coisas para me deixar constrangido e um jeito de espalhar seus escandalosos risos pelo cômodo.
-Jungkook sinta-se bem por ter seu primeiro cliente, ok? Não fique com vergonha, pois vou ter que tira-la pela terceira vez essa noite, você deve ter gostado por não ter me afastado nenhuma vez, amorzinho. –Gritou para que eu ouvisse.
Revirei os olhos e me fiz presente na sua frente, ele me observava atentamente, aposto que aguardava ansiosamente ate eu começar e mostrar tudo o que eu aprendi e pratiquei. Sentei em seu banquinho e comecei:
-Taehyung, não quero fazer isso, por favor, deixe-me. –Ele simplesmente se acomodou mais em sua cadeira e fez um sinal para que eu prosseguisse. Iniciei:-Uma certa vez presenciei uma discursão, meio boba, mas ainda sim uma discursão...
-Jungkook, não estou escutando direito o que está falando continue mais alto. –Me interrompeu, sabia o real significado daquelas palavras.
-Mano, morri de rir. O menininho que parecia ter nove anos perguntou para uma mulher de mãos sujas o porquê daquelas mãos, ela zuou o menino falando que era muito fuxiqueiro e deveria cuidar da sua vidinha. O menino insolente virou e falou: Tia tu não venha com esses bagulho que quer me fazer parar de ser fuxiqueiro, não vai lavar essas suas mãos imundas, beijinho e tchau. –Abaixei a cabeça e esperei sua reação, notando que ele não emitiu nenhum som resolvi olha-lo, simplesmente estava morrendo de rir, só que dessa vez não deixava nem sequer um barulho sair de sua boca, preocupado fiquei. Saí de meu banquinho e corri para perto para averiguar a situação, poderia estar morrendo. –Taehyung, você está bem? –Comecei a abanar uma de minhas mãos para ele- Taehyung- enquanto minha preocupação se intensificava, o loiro começou a me dar leves tapinhas no rosto, coisa que me deixou irritado.
-Não tô morrendo não. Mandioquinha! Você tá parecendo um trouxa.
-Seu orea seca! Me assustou.
-Não xingue seu Hyung, Jungkook. –Secou suas lagrimas, me afastei- foi legal, tirando depois sua cara de tonto, deu tudo certo, pelo menos para mim ne? Não vou te dar muitas expectativas, amorzinho!
-Apelido chato esse, dá para parar? –Beijou minha bochecha. –Por hoje já cansei, vou embora.
-Amanhã você vem de novo para me ver não é? –Falou em alto e bom tom para que eu ouvisse, simplesmente ignorei e saí pela rua.
Me encolho mais meu casaco e passo a caminhar mais rápido pela rua, por estar anoite.
Faltando um quarteirão para minha casa avisto um menino com estatura mediana e cabelos bem pretinhos, assim como os meus, e com roupas chamativas e bem visíveis, mesmo de madrugada. Reconheço meu irmão, juntamente com cinco meninos, seus prováveis amigos. Me escondo em um canto qualquer, para ver o que estão aprontando, afinal não ficava ate tão tarde na rua.
-Jaziel , tem uma pedra ali cara, vai ser você a fazer agora? –Meu irmão confirmação pegou a pedra que seus amigos apontavam- jogue no gato ou na janela, qual escolhe? –Joziel mudou sua expressão, para uma indecifrável- Joquempô para decidir? –Seu amigo continuou.
-Sempre!
As melhores de três foram ganhas pelo seu amigo, que escolheu jogar no gato, enquanto o tolo do meu irmão na janela.
-Miau! –Ouço o minhado estridente do gato, recentemente acertado, e logo os meninos rindo.
-Minha vez em! Olha só como se faz. –Jogou a pedra algumas vezes para cima para logo depois arremessar.
-Ai! –Exclamo assim que sinto algo doloroso na minha cabeça, levo minhas mãos ate ela.
-Vitinho, escutou alguma coisa também, Brother?
-Vou ir ver- meu irmão se aproxima ainda mais paro perto de mim, me encolho cada vez mais, mas ele me vê- Jungkook, o que faz aqui?
-Então... Como posso lhe explicar? –Cocei a nuca nervoso, pensando em uma desculpa, sinto seis olhares sobre mim. –Como vai à noite? Tudo bem com vocês?
-Jungkook, mano tô falando serio, o que tá caçando essa hora na rua? –Rio forçadamente, sem duvidas, estou fritinho da Silva!
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