Eu... Certamente ouvi errado.
Soltei o Centopéia-San e encostei as costas novamente na árvore. Então... Ele é... Bem, isso explica o por que de rebolar daquele jeito, mas... Droga. Senti meu rosto queimar só de lembrar da "dança" dele.
- Por que... Um... C-como você... Iria querer entrar em um negócio onde... Bem... Você transa com mulheres...?- perguntei, meio sem jeito.
- Sexo é apenas o "bônus". Quando sou contratado pro serviço especial, a cliente pode fazer o que quiser comigo. - ele deu de ombros. - A maioria prefere a cavalgada e...
- Não pedi por detalhes. - tapei a boca dele. - Então... Já teve homens?- senti meu rosto queimar mais ainda, mas ele cerrou a mandíbula, antes de responder.
- Bem... É o trabalho...
- Gays não tem atração nenhuma em mulheres...
- Exato...
- Mas você parecia bem animadinho quando tentou enfiar a mão na minha blusa. - ele suspirou, enquanto virava o rosto.
- Existem remédios pra isso, sabia?
- Não o vi tomar em momento algum. - me aproximei, o olhando olhos... Ele parece estar mentindo... Não sei como sei... Só... Sinto que está. Mas eu queria saber por quê... Ele mente. - Por quê mentir tanto assim?
- Não estou mentindo. Acredite se quiser. Durmo com mulheres. Mas é raro, até por que sou um stripper não prostituto. - ele cruzou os braços. - Mas ainda assim preferiria homens... - até afeminou um pouco a voz, ficando um pouco vermelho.
Por quê? Por quê ele...
- Então você é mesmo...?
- Tenho nojo de mulheres. - ele sorriu. - Mas não as odeio. E você deveria ser o tipinho difícil. O que fiz pra se apaixonar por mim, hein?
- Não... N-não tire conclusões por si mesmo!- falei, segurando a vontade de socá-lo.
- Então não está?
- C-claro que não!
- Oh... Mesmo?- ele sorriu, tornando à se aproximar. Travei os braços no peito dele, pra afastá-lo, e ele sorriu, parando de se aproximar. - Contínuo achando intrigante essas suas reações.
- Cala a boca. - rangi os dentes, enquanto respirava fundo. Por que quero tanto plantar a mão na cara dele. Ele é um abusado! Metido! Convencido! Como se eu fosse me apaixonar por um stripper, prostituto, host ou sei lá o quê!
- Certo. - ele riu soprado, enquanto dava alguns passos pra trás. - Então é isso. Não espalhe meu segredinho por aí, Coelhinha-chan.
- Que é gay?
- Que sou stripper.- ele disse, enquanto saía andando.
- A-ah... Err... Okay... - murmurei, vendo ele se afastar.
No fim, além de não saber o nome dele, ainda consegui a maravilhosa opção sexual dele. É difícil de acreditar. Centopéia-san é gay. Por isso ele dança daquele jeito e... Sacudi a cabeça, tentando despachar as memórias de quando ele "dançou" comigo.
- É CLARO QUE ELE TÁ MENTINDO!!- gritou Rize, revoltada, enquanto Tsukiyama-san preparava o jantar. Nesse momento, estou na casa de Rize. Vim atrás de conselhos de pessoas mais experientes. E Rize tem experiência de um kama sutra com diferentes carinhas.
- Como sabe disso?
- Querida, tenho um amigo que é gay e ele adora dizer: "Querida, que corpo lindo você tem." e daí diz "Se não me desse tanta inveja e nojo, eu te jogaria na parede e te comeria com tudo, linda". Gays tem nojo de vagina. - fiquei vermelha ao ouvir isso. Rize está falando "abertamente" demais. - Não transam com mulheres nem se pagarem. O "negócio" deles não anda, sabe?- essa referência eu não peguei. Rize suspirou pesadamente, e revirando os olhos, ela explicou. - A barraca não arma.- fiquei mais envergonhada ainda.
- Mas...
- Ele não é gay e pronto. - Rize disse, enquanto tirava os óculos. - Ou quer uma prova?
- Prova?
- AMOR!!! ela gritou do nada, e Tsukiyama-san surgiu na porta da cozinha.
- Chamou, my angel?- ele cantarolou, segurando uma faca.
Uma cena... Um pouco macabra...
- Poderia ir atrás de um garotinho pra mim? Um que se diz gay.
- Por quê?- ele ficou confuso. Igual eu.
- Não importa. Amanhã tire a tarde de folga e me encontre na universidade Kamii, tá?
- Err... Certo. - ele concordou, sem questionar, retornando para a cozinha.
- Rize, o que está...?
- Vamos arrancar a máscara desse viado fajuto!- Rize piscou pra mim.
Engoli em seco. Uma ideia do que ela pretendia me passou pela mente. Vim procurar conselhos com a tarada errada.
Quando acabou a última aula, recolhi minhas coisas, pretendendo ir até a biblioteca para pegar alguns livros para a pesquisa de um trabalho. Sim. Trabalho no segundo dia. É mole ser universitária?
No caminho pra biblioteca, vi dois rapazes sentados na grama. Um tinha cabelos laranjas, com a raiz mais escura e o outro tinha cabelos pretos. Reconheci-o na mesma hora.
- ... E aí um cara esquisito me parou, pedindo pra sair comigo. - o moreno falava. - Eu odeio isso. Tudo isso por sua causa, Hide. - o moreno parecia irritado.
- Odeia?- me meti na conversa, assustando os dois.
- V-você... É stalcker por acaso?!- Centopéia-San perguntou, irritado.
- Só estava de passagem. - menti. Eu estava bisbilhotando. Ah, que vergonha!
- Oh, é a cliente que me falou, Kaneki?- o de cabelos laranja disse.
- É. - ele respondeu, indiferente. - A stalcker.
- OE, EU NÃO ESTOU TE PERSEGUINDO!- me irritei, dando um soco na barriga dele. Ele perdeu o ar, cuspindo os bofes pra fora.
- Kaneki, tá bem aí?- o outro perguntou, entre risos, enquanto que o "Kaneki" se encolhia, massageando a barriga.
- Você... Não é nada feminina... - ele murmurou, e eu bufei, dando de ombros.
- E você... Como sabe de mim?-resolvi ignorar o comentário do "Kaneki" e olhei pro outro.
- Ah, eu também trabalho no bar. E costumo memorizar rostos, diferente do meu namorado. - ele riu, e meu queixo foi ao chão. Por um momento vi "Kaneki" arregalar os olhos, tão incrédulo quanto eu. - Kane-chin, você tá bem?- ele se abaixou.
- V-vocês são... Não... Sentem ciúmes e... - estava incrédula.
- Deve estar um pouco chocada. - o de cabelos laranjas sorriu. - Mas nossa relação é além da física... Por isso ele e eu trabalhamos naquele negócio.
- O-oe, Hide, c-chega... - "Kaneki" disse, com o rosto vermelho, e se pondo de pé.
- Ué... Mas você não me contou que já deixou claro o seu gosto pra "Coelhinha-chan"?- por que "Hide" disse isso como provocação e "Kaneki" reagiu como se tivesse levado uma facada?- Então podemos confiar na... Qual o seu nome, linda?
- T... T-Touka... Kirishima...- é surreal demais. Além de ser gay, ter namorado, ambos são strippers...
- Sou Hideyoshi Nagashika, e esse é meu namorado, Ken Kaneki!- ele passou o braço pela cintura do moreno, que parecia que ia explodir de vergonha. - E ele é a minha garotinha, caso esteja se perguntando quem come e quem dá.. - Kaneki deu uma cotovelada na barriga do Hideiyoshi, antes de sair pisando duro, com o rosto mais que vermelho.
- NÃO FALA MAIS COMIGO, HIDE!-ele gritou. Aposto que está chateado por ser chamado de "garotinha que dá". Esse Hideiyoshi é um babaca. Por que o namora esse tipinh... AH! ENTÃO ELE É MESMO... N-não acredito... Só pode ser mentira...
- Desculpe, Touka-chan... Mas eu tenho que consertar isso. Acho que peguei pesado... - Hideiyoshi saiu correndo atrás de Kaneki, que já estava longe. - AMOR!! ESPERE POR MIIIM!!- E gritou, mas parecia um grito risonho. Esse babaca ainda tira onda da cara do Kaneki? Ele é um... Um... Estúpido!
Quando chegava em casa, recebi uma mensagem de Rize:
Mensagem on:
EstupidaIrritante: Amiga, pode comemorar, por que de gay ele não tem nada. O bofe gosta é de xana, linda!! XD !
Mensagem off:
E agora? Ele é ou não é?
Quando cheguei em casa, vi um caminhão de mudanças parado na frente do prédio, e duas garotas, uma de cabelos longos e azuis, preso em uma maria-chiquinha, e uma outra, parecendo ter uns seis anos, com cabelos castanhos na altura dos ombros, carregando caixas e saltitando escadas acima, falando sobre algum anime.
Quando cheguei no meu apartamento, elas entraram na porta ao lado da minha. Já estava na hora de alguém alugar esse apartamento. Já faz cinco meses que está vago. Era a Eto-san que morava ali, mas ela conseguiu uma casa mais tradicional em um bairro perto daqui e foi pra lá.
- Oh, você será a nossa vizinha?- a de cabelos azuis falou. Ela parecia ter uns dez anos.
- Bem... - eu ia dizer algo, quando a pequena gritou algo e saltou nas escadas, sendo amparada por um rapaz.
- Só pode... Ser Brincadeira... - ouvi a voz dele dizer ao mesmo tempo que eu... Então ele é meu novo vizinho...
- Kaa-san*, okaeri*.- disse a de cabelo azuis.
- Oe, Saiko, me chame de onii-chan. "Onii-chan".- ele disse, erguendo a pequena no colo, parecendo mais irritado do que surpreso. - E por que raios já estão de mudança?
- Ué, você não aparece em casa há dias. Quis agilizar. - a de cabelos azuis deu de ombros.
- Eu disse que seria no prédio do Hide. Esse é... - ele me deu una rápida olhadinha. - É...
- Então... - nem sabia o que falar, ou reagir. Então essa... É a Saiko da qual ele falou bêbado de sono... Né?
- Não... É nenhum tipo de perseguição obcecada como as... Que a gente vê em filmes... Pode acreditar. - ele disse, terminando de subir as escadas com a garota no colo e parando na frente do apartamento. - S-só... Descobri esse endereço á vinte minutos, então...
- T-tudo bem... Não pensei que era algo... Bizarro e esquisito assim... - disse, enquanto passava uns fios de cabelo que me incomodavam pra trás da orelha. Eu realmente não acho. É só... Uma coincidência... Incomum. - Então... Agora seremos vizinhos... E essas são as...
- Essas são as minhas... Irmãs mais novas. - ele disse. - Elas... São uns amores. - ele disse, com um olhar que me dizia completamente o contrário, e não evitei rir disso, quando a garota no colo dele se agitou, batendo os pés e as mãos.
- Onii-chan! ONIII-CHAAN!! Para de falar com a feiosa e faz o meu jantar... - a garota no colo dele disse, manhosa, e uma veia saltou na minha testa. - Meu jantaaar...
- Hina-chan, seja mais educa...
- Então... Essa é a Hina-chan... - minha raiva sumiu num "puff". Então... Eram duas crianças... Como... Eu sou ridícula...
- Kaa-san, o jantar. - Saiko-chan disse. - Agora.
- Já entendi!- ele emburrou a cara. - Mas antes tenho que agilizar essa mudança! Vocês são lentas. - ele falou, e as duas riram. - Da próxima vez, não escolha o lugar e agilize tudo sem me consultar! E assim aproveito pra colocar dois inúteis pra trabalhar...- ele murmurou mais pra si mesmo, quando colocou a garota no chão e desceu novamente as escadas, deixando a mochila pra trás.
- Então... Por que esse prédio...?- perguntei, depois de ser encarada pelas duas em um longo silêncio constrangedor.
- É perto da Kamii. - Saiko-chan disse. - Kaa-san só sabia que iríamos no mudar. Eu escolhi tudo. O local, o dia, organizei tudo...
- Você é uma criança responsável...- disse, impressionada.
- Tenho quatorze. - ela disse, em tom de desprezo e meu queixo caiu outra vez. - Mas entendo sua surpresa. Sem peito, curva ou sequer altura... Vou ser uma lolita. Já me acostumei com meu destino... - ela disse com ar de quem carrega um grande fardo.
- Você... Ainda pode evoluir.. - disse, meio sem jeito, quando senti dois olhos me fuzilando. Olhei pra menorzinha, que bufava.
- Ah. toma cuidado. A Hina-chan é possessiva quanto à Kaa-san. Já se livrou de duas namoradas dele. - Saiko-chan disse.
- Não se aproxime do meu onii-chan, baranga. - a pequena apontou na minha direção. Ela... É mesmo uma criança?
- Ela tem seis anos. - Saiko-chan riu, e meu queixo caiu.
- Oe, vocês. O que estão falando pra Touka-chan?- Kaneki apareceu nas escadas, com duas caixas nos braços, e atrás dele outros dois rapazes o seguiam, carregando caixas também.
Na verdade, um era Hideiyoshi e outro... Ou outra... Eu não sei. Está usando roupas de garotos, mas parece uma garota... De cabelos brancos, olhos grandes e pele branca, rosto pequeno e delicado... Parece uma boneca.
- Ohh, Touka-chan!- Hideiyoshi sorriu- Ei, Juuzou, é a "Touka". - ele disse pra garot... Garoto. Isso. Juuzou e um nome masculino. Eu acho. Ele disse e os dois contiveram um risinho, como se contassem uma piada interna.
- Parem com isso. - Kaneki disse, parecendo mais irritado ainda, entrando no apartamento, com os dois na sua cola. - HIDE, EU JÁ DISSE QUE É PRA MANTER DISTÂNCIA DE MIM!!- ele gritou. Ainda está chateado por essa tarde...
- IAA... Kane-chin, como é assustador... - Hideiyoshi disse afinando a voz e contendo um riso.
- Kaa-san, eu estava aqui falando pra sua namorada que ela não tem chance quanto à Hina-chan... - Saiko-chan disse.
- Eu não sou namor... - eu ia explicar, quando Kaneki semicerrou os olhos, e uma áurea sombria o cercou.
- Oe, inúteis. - ele apontou pra nós três. - Façam algo de útil. - eu já ia reclamar, mas ele completou. - Agora. - a voz dele talvez tenha soado um pouquinho macabra...
- H-hai, onii-sama!- as duas falaram ao mesmo tempo, enquanto entravam e pegavam produtos de limpeza. Eu, claro, tentei entrar no meu apartamento, na surdina.
- Oe. - ouvi ele me chamar, e gelei por completo. - Touka-chan, depois vamos tomar um café?- olhei pra ele e ele sorria, colocando uma caixa no sofá.
- S-sim... - murmurei. Já não sei mais em que pé estou com esse cara. Ora ele é assustador, e depois é todo meigo. E Hina-chan é Saiko-chan são irmãs dele... Isso é...
Espera!
Ele e Hideiyoshi são namorados, mas quanto à mensagem de Rize...?
O que quer que seja que ela tenha aprontado... Ele deve ter dito pra se manter fiel ao Hideiyoshi... Mesmo estando magoado, ele ainda é fiel..
E o que quer que seja que ela e Tsukigama-san aprontaram... Eu definitivamente não quero saber.
Enquanto preparava meu jantar, ouvia uma algazarra no apartamento ao lado. Risos altos, coisas sendo movidas, crianças implicando e a voze dele, tentando controlar toda a bagunça. Será que.. Eu e ele poderíamos ser amigos? Sempre quis ter um amigo assim... São fofos, entendem de moda e não tem limites quando se tratam de "diquinhas".
Fora que eu sei do segredo dele. Se descobrirem que um calouro trabalha em um bar noturno para garotas, iriam expulsá-lo. Ou sei lá. Coisa boa é que não iria dar.
Será que as irmãs dele sabem disso? Com certeza não... Quem diz "Olha o irmãozão de vocês é gay e prostituto! Me amem e venerem do mesmo jeito que deve-se amar um irmão, mesmo que eu venda meu corpo e goste da mesma fruta que vocês!". Elas não devem saber.
É isso! Está decidido!
Serei amiga dele e se preciso, usarei o meu "trunfo" e me aproximarei dele. Rize deve estar doida. Ele não poderia ser hétero. E mesmo que fosse, não faria tanta diferença na minha vida.
Assim que me joguei no sofá para comer, Rize invadiu minha casa.
- TOUKA!- ela gritou e me assustou, me fazendo derrubar meu jantar.
- RIZE!- gritei, irritada. - OLHA O QUE FEZ!!- apontei pra minha comida derramada no tapete.
- Em primeiro lugar não coma no sofá!- ela riu, sentando-se no sofá, enquanto que eu ia atrás de algo pra limpar o tapete- E então?
- E então o quê?
- Minha mensagem fez o seu dia, né?- ela sorria, toda feliz .
- Conheci o namorado dele. - sequer precisei olhar pra ela psa saber que sua boca formava um "O" surpreso. Quando voltei à sala com um pano e balde de água, ela estava petrificada, com a boca aberta e pálida feito um fantasma.
- Não petrifiqe na casa dos outros. - disse, jogando algumas gotas de água na cara dela- Qual é a dessa reação exagerada?
- Talvez... T-talvez você tenha ouvido errado... Ou presenciado uma cena mal...
- Ele disse "...E esse é meu namorado..."- me ajoelhei, pra limpar o bagunça.
- Mas... Ele disse com todas as letras: "Olha a minha cara de quem gosta de piroca!". Ele quase bateu no meu Shuu, acredita?- dessa vez foi o meu queixo que foi ao chão. - Touka, vai por mim: Gays não transam com mulheres. E se transam, NÃO são gays. - Ele está mentindo.
Por isso estava tão irritado por ter sido colocado como a garota da relação. Por isso ficou surpreso por Hideiyoshi resolver entrar no seu jogo. Ele só disse aquilo pra me afastar. Ele... É um maldito mentiroso... As irmãs dele ... Isso... É errado eu querer me vingar do meu novo vizinho?
Com certeza não.
- Rize... Seu amigo gay... - falei, semicerrando os dentes. - Poderia me apresentar à ele?
Quando enfim terminei de limpar meu tapete, ouvi a campainha soar e Rize foi até saltitando pra atender. Nesse meio tempo, ela havia ligado pro seu amigo.
Vi um rapaz entrar, com mais ou menos dois metros de altura super bem distribuídos em músculos e beleza grega, com cabelos na altura dos ombros, camisa de botão aberta até metade do peito, calças justas e um ar de quem "nasceu pra dar show" sabe?
Ele se alojou no meu sofá, ao lado de Rize e ambos sorriram pra mim.
- Touka, esse é Yaguchisa Mamoru. Ma-kun, essa é a Touka, minha amiga. - Rize falou e nós trocamos cumprimentos. - Ma-kun, Touka quer te pedir um favor.
- Qualquer coisa para as BF's da minha Ri-chan. - ele sorriu, com uma voz afeminada.
- Bem... Tem um carinha que mentiu pra mim...
- Não preciso da história, querida. Apenas me diga: o canalha é bonito?
- Um filé!- Rize respondeu no meu lugar.
- Então eu topo. - ele sorriu.
- M-mas não faça nada. Apenas o amedronte. Diga estar apaixonado, ou algo do tipo.
- Entendido. - ele concordou. Após guardar os produtos de limpeza, aproveitei para passar um café.
- Irei trazê-lo aqui para que se conheçam. - falei, quando o café ficou pronto. - Mamoru, deixe claro que se interessou, okay?- disse, indo pra porta, e ele apenas sorriu, concordando.
Quando bati a campainha da casa ao lado, Saiko-chan foi quem me atendeu. Sem dizer nada, ela me puxou pra dentro e saiu andando após fechar a porta.
- KAA-SAN!! SUA NAMORADA TÁ AÍ!! - ela gritou, se enfiando em um corredor, e de repente, uma porta se abriu e de lá saiu Kaneki, de cabelos brancos e olhos de cores diferentes, com o cabelo úmido e segurando uma toalha na cintura.
- SAIKO, NÃO SAIA GRITANDO PELA CAS... - ele travou ao me ver. O olhei de cima à baixo, ficando vermelha e fechando os olhos, tentando xispar pensamentos impuros. Touka... Controle é a única coisa que precisa, já que o orgulho e a inocência foi pro ralo assim que conheceu esse paspalho provocador. Ouvi a porta bater, provavelmente ele se enfiando de volta ao banheiro- SAIKO! NAO DEIXE PESSOAS ENTRAR PARA ABANDONÁ-LAS EM QUALQUER CANTO!!- ele parecia irritado.
- EU DISSE QUE ELA TAVA AÍ!- ouvi ela responder com a voz abafada. Provavelmente estava em seu quarto.
- Saiko... Sua... - ele murmurava, quando ouvi a porta se abrir outra vez. Abri um olho para espiar, e pra minha sorte, ele se encontrava com uma calça jeans e terminando de por uma blusa branca. Ele secava os cabelos em uma toalha, quando ofereceu um lugar pra eu me sentar no sofá.
- Desculpe por isso. - ele disse, pegando uma caixinha que estava sobre a mesinha de centro e tirando as lentes de contato. Enquanto as colocava, ele prosseguiu. - Nossa casa poderá ser um pouco barulhenta... - ele parece estar tentando mudar de atitude... Ser chato ou grosseiro não deu certo, e agora que somos vizinhos, viver em guerra é pedir pra ser expulso do prédio.
- Sem problemas... Eu me pergunto se seu cabelo é preto ou branco...
- Saiko pinta pra mim. A cor desbota após doze horas e sai com duas ou três lavagens. - então a Saiko-chan deve saber...- Ainda está tudo uma bagunça. - olhei ao redor. Haviam várias caixas ao redor. - Da próxima vez te recebo direito.
- Está de saída?- por que ele me parece mais tranquilo? E está sendo... Normal demais? Cadê a atitude arrogante, esquentadinha e ousada?
- Troquei de turno com Hide.
- Então já se acertaram...
- Sobre hoje à tarde... - ele tentou dizer algo, mas o interrompi.
- Eu passei um café. Não quer vir tomar comigo? Dá tempo, né?
- Bem... Sim. - ele sorriu. Não faça isso... Ou me arrependerei e farei você fugir para outro estado antes de entrar no poderoso e autodestrutivo ciclo de vingança...
Ele me seguiu até meu apartamento, após terminar de se arrumar, e pareceu pouco surpreso ao ver Rize e Mamoru ali.
- Seus amigos?- ele perguntou, casualmente.
- Rize. - Rize sorriu. - E esse e Mamoru.
- Ken Kaneki.- Kaneki apertou a mão de ambos, mas Mamoru segurou sua mão um pouco mais e estalou a lingua- Err... Pode soltar agora... - vi Rize segurar um risinho.
- Então... Eu vou pegar o café...- saí pra cozinha. Quando voltei com as xícaras e a garrafa, vi algo que fez meu coração parar, os olhos saltarem e nem liguei para a bandeja que ia ao chão.
Uma mão de Mamoru ia na cintura de Kaneki, a outra ainda segurava a mão dele, enquanto que se beijavam. Ou melhor, Kaneki era beijado, pois parecia ter sido agarrado. Rize parecia surpresa também.
No instante seguinte, vi Mamoru ter a mão que segurava a mão de Kaneki virada ao contrário, estalando alto, ao mesmo tempo em que seu corpo era erguido e virado de uma vez, caindo contra o chão. Kaneki não parecia irritado quando limpou a boca com as costas da mão.
Mamoru caiu desmaiado, e seu pulso ficava roxo.
- Repugnante. - Kaneki murmurou, passando à me fitar. - Touka-chan...
- S-sim... - disse, sentindo meu interior revirar, apavorada com o que ouviria em seguida. Ele... Vai dizer algo ruim, com certeza. Algo que fazer eu me sentir uma ogra... Uma monstra terrível por enganá-lo e deixá-lo ser apresentado à um sem noção sem limite que eu mesma pedi para assediá-lo...
- Se se aproximar de mim outra vez, eu te mato. - ele disse friamente, com um olhar desprovido de quaisquer emoções, que me fez arrepiar toda. - Tentei ser gentil e afastá-la antes que criasse ilusões ridículas de um falso relacionamento entre nós, mas terei de ser claro: Tenho desprezo por pessoas que frequentam aquele lugar. Isso me inclui também. - ele saiu em direção à porta. - Não faça meu desprezo por você se tornar ódio. Costumo ser o pior tipo rancoroso. - ele saiu, fechando a porta.
Como...
Por que as coisas acabaram assim?
Era só pra assustá-lo. Queria vê-lo admitir sua mentira na minha frente e em troca ganhei um alerta e uma desprezada de arrepiar...
- Touka... - Rize disse, num fio de voz. - Talvez seja um pouco tarde pra avisar... Mas Ma-kun é o tipo "sem limite"... E meio que não liga se o alvo é hétero ou não... E Kaneki-kun... Meio que fez o tipo dele... Mas olhando pelo lado bom... Descobrimos que ele é de fato, hétero... Não é?- ela sorriu, descaradamente.
- Rize. - disse, tentando não transparecer minha pequena irritação pela omissão desse detalhe. - Eu quero arrancar seus órgãos, vadia.
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