História Meu Maior Perigo - Jikook - O Que Eu Fiz?

Jimin já estava estourando minha paciência, apenas o ignorei e continuei dirigindo, enquanto ele ficava falando besteira durante absolutamente todo o trajeto. Quando finalmente chegamos em casa, dei a volta no carro e abri a porta do banco do Jimin, tirando seu cinto de segurança.

— Vamos, e vê se se comporta, nossos pais estão dormindo. — Falei segurando sua mão para ajudá-lo a se levantar, do jeito que ele está, acho que nem isso consegue fazer sozinho.

— Ai Kookie, sério que você vai me fazer terminar o meu grande dia sem ter ganhado um beijinho?

— É isso que você, quer? — Me aproximei dele e lhe deixei um beijo rápido na bochecha. — Pronto, satisfeito?

— AAAAAAA como você é sem graçaaaaa!!! — Esperei Jimin parar de gritar, e então abri a porta de casa, entrando e trazendo ele junto comigo. — Eu quero um beijo na boca, Kookieeee! Vai me dizer que nunca beijou antes??

— Claro que já. — Respondi já sem paciência alguma, enquanto o puxava pelas escadas em direção ao banheiro.

— Então vai, me dá um beijo de língua de verdade! Eu não vou terminar a noite do meu aniversário na seca! Além do mais, eu sempre quis pegar um gostosão que nem você.

— Olha o que você tá falando, Jimin...

— Eu tô falando o que eu queroooo! — O empurrei para dentro do banheiro, enquanto sua voz vacilava a cada palavra. — Eu quero que algum boy me pegue de jeito entendeu?? E você veio me agarrando o tempo inteiro, então boraaa!

— Você é meu irmão, Jimin!

— PARA COM ISSOOO!! A gente não é irmão de verdade!

— Jimin, eu vou te dizer o que vai acontecer agora! — Segurei ele com força pelos braços, já tinha chegado no meu limite. — Você vai tirar essa roupa e vai entrar em baixo do chuveiro AGORA!

— Ui... que pegada gostosa hein. — Ele riu de novo. — Se quer me ver nu, por que não vem tirar então?

Eu não aguento mais... Apenas me virei de costas e fechei a porta do banheiro quando saí, me apoiando na mesma do lado de fora. Eu sabia que não devia ter aceitado quando ele me pediu isso! Eu sabia! O Jimin só parece que é um menino inocente e fofinho! Mas não tem nada disso! Quando ele quer, consegue ser insuportável! Ele conseguiu me provocar a ponto de me tirar do sério e...

Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi barulhos de vômito vindos de dentro do banheiro. Ai já era esperado vai... ele tava que era 80% álcool, tava precisando liberar. Mas ao mesmo tempo o Jimin é fraquinho, qualquer coisa derruba ele... Aish... Relutei um pouco... até que abri a porta.

— Você tá bem? — Perguntei, vendo-o em frente a privada, ainda vestido e ofegante.

— Eu... acho que vou ficar. — Pelo menos metade do álcool deve ter ido embora agora, graças a Deus. — Só me dá um tempinho. Pode me esperar aí fora?

 — Claro.

Saí do banheiro e sentei no chão do corredor, bem ao lado da porta do banheiro. E PARA A GLÓRIA DE TODO O UNIVERSO ouvi o barulho do chuveiro sendo ligado. Agora acho que ele melhora mesmo.

Eu estava exausto... fechei os olhos apenas para descansa-los, enquanto tentava entender o que levou Jimin a dizer todas aquelas coisas... Foi só o álcool mesmo? Deve ter sido... só pode ter sido...

A porta do banheiro finalmente abriu, e o Jimin saiu de lá vestindo seu roupão.

— Você ainda tá aí? — Ele me perguntou, surpreso ao me ver.

— Ué você pediu pra te esperar. — Falei, me levantando do chão.

— Não achei que fosse se importar comigo...

— Nossa, o que você pensa de mim??

— Hum... se você soubesse... — Ele disse com um olhar distante, mas depois o voltou pra mim. — Eu falei sério por um momento, sabia?

— Que?

— Eu não quero terminar o dia do meu aniversário, na seca. Quero pelo menos um beijo bem dado.

— Primeiro, o dia do seu aniversário já acabou, já passou de meia noite. — Argumentei enquanto ele dava um passo na minha direção. — Segundo... você não pode tá falando sério.

— Ah estou sim. Eu já escovei os dentes, olha. — Aproximou seu rosto do meu, abrindo a boca. — Cheirinho de menta.

— Jimin...

— Jungkook, quando perguntei se já tinha beijado alguém, você respondeu na hora. Mas quando falei sobre me pegar, você só enrolou. — Sua mão começou a subir pelo meu braço. — E aí? Vai negar?

— Jimin, por que tá fazendo isso?

— Não é óbvio? — Sua mão chegou até meu ombro, e suavemente começou a me puxar para mais perto. — Eu quero um beijo seu, Kookie.

— Isso é errado... nós somos...

— Não somos irmãos. — Me interrompeu. — Seus pais não são os meus, e vice-versa.

— Não acredito que tá dizendo isso...

— Eu amo o papai como se fosse meu pai mesmo, mas no fim essa é a verdade. — Sua outra mão também começou a subir pelo meu braço. — Não tem nada te impedindo aqui.

— Jimin...

— Não me acha atraente, Kookie? — Seus olhos me olhavam de uma forma sexy e fofa ao mesmo tempo. Meu Deus... como esse garoto pode existir? — Nunca sentiu vontade de me beijar? Ou me tocar? Ou fazer... o que quiser...

— Quem acendeu esse seu fogo, menino? — Perguntei baixinho, quase como um sussurro.

— Você. — Ele me puxou para mais perto, deixando nossos lábios a um centímetro de distância. — Pede pra parar que eu paro.

Quer saber de uma coisa? Foda-se.

...

O que foi que eu fiz... MAS QUE PUTA MERDA FOI QUE EU FIZ?!?!? Eu beijei o Jimin, Park Jimin o meu irmão! Isso é errado... não era pra ter acontecido. Mas aconteceu... E foi bom demais. Seus lábios eram tão doces... sentir nossas línguas se tocando foi incrível... Minhas mãos se encaixaram perfeitamente na sua cintura... E o simples toque dele no meu rosto... me fazia derreter inteiro.

Não dá pra negar, Jimin é um garoto muito fofo, mas ao mesmo tempo tem seus momentos sexys que são simplesmente impossíveis de resistir. Ou seja... ele faz exatamente o meu tipo.

AAAAAI JUNGKOK! O que você tá pensando?? Aquilo foi um erro! E não dá pra acontecer de novo!

Afinal, foi só um beijo. Um beijo muito bom, mas só um beijo! Não é como se a gente tivesse saído em um encontro e passado horas conversando. Foi como ele mesmo disse, estava em uma noite de festa, e não queria terminar sem ter pelo menos dado um beijo na boca, é normal. Não é como se houvesse algo por trás disso... né? Aish! Quem estou querendo enganar, naquela noite eu fui dormir querendo mais daquela boca na minha. Mas vai passar... é só uma quedinha momentânea depois de um beijo muito do bom... assim espero.

Durante o restante do fim de semana, eu acabei evitando o Jimin, mal estava saindo do meu quarto. Eu não sabia como agir com ele depois do que houve. Na verdade, nem sabia se ele lembrava do que aconteceu. Afinal ele estava caindo de bêbado, deu pt e tudo. Talvez no fim tudo foi só um acontecimento na base da cachaça e nem ele sabe o que fez naquela noite.

Na manhã de segunda-feira acordei mais cedo do que de costume, queria sair de casa antes que Jimin acordasse. Quando cheguei na faculdade havia quase ninguém por conta do horário, e aproveitei para ir na biblioteca pegar alguns livros pra distrair a cabeça. Preciso colocar alguma coisa na minha mente que não seja algo que comece com “Park” e termine com “Jimin”. Me pergunto se ele está do mesmo jeito que eu... se é que ele se lembra.

Estava distraído nos meus pensamentos, enquanto procurava alguns livros nas prateleiras, até que ouço uma voz familiar ao meu lado.

— Jungkook... — Sou arrancado dos meus pensamentos num susto ao ouvir meu nome. — O que faz aqui tão cedo?

— Ah oi, Tae. Eu só... eu... estava atrás de alguns livros pra estudar, as matérias estão ficando cada vez mais difíceis. — Tentei contornar e não dizer que estou só tentando esquecer o beijo incrivelmente gostoso do meu irmão.

Taehyung é meu colega de sala e também amigo. É um dos melhores da turma, se não o melhor. Dificilmente suas notas saem do dez. Tenho sorte de ele sempre aceitar fazer os trabalhos comigo ou me ajudar em alguma atividade quando preciso.

— Então... você tá procurando livros de engenharia na seção de gastronomia? — Ele me lançou um olhar totalmente confuso e desconfiado, não dá pra julgar né.

— Ah... é... olha que coisa. — Cocei a nuca, sem jeito. — Eu não dormi bem nos últimos dias, acho que tô meio cansado.

— Devia descansar então. — Taehyung disse, tirando o livro de receitas de espaguetes da minha mão e devolvendo para a prateleira. — Você sabe que se precisar de ajuda em alguma matéria pode contar comigo, né?

— É... sim, eu sei.

— Tá tudo bem, Jungkook?

— Hã... que? Claro, sim! Por que não estaria?

— Você parece meio... sei lá, perturbado com alguma coisa.

— É que... aish... — Eu não queria falar disso com ninguém, mas ao mesmo tempo sinto que preciso. — Aconteceram algumas coisas nos últimos dias, e isso está enchendo a minha cabeça.

— Quer conversar sobre isso?

— Eu na verdade queria esquecer... Ou melhor, eu queria querer esquecer.

— Que... complexo.

— Pois é né. — Suspirei fundo. — Taehyung, você já... Se sentiu atraído por alguém que não deveria?

— Já me senti atraído por alguém que não tenho chance. — Respondeu abraçando seus livros juntos ao seu corpo, seu olhar estava distante, mas ainda assim em mim. — Acho que é uma situação parecida.

— Acho que sim... E o que você fez?

— E-eu não fiz nada. — Disse nervoso, ajeitando o óculos no seu rosto. — Eu sei que não tenho chance, então s-só... convivo com isso.

— Entendi... — Tenho certeza que a situação dele não é como a minha, dá pra ver que o que ele sente é algo mais forte. Mas no meu caso é apenas uma quedinha. — Isso é meio triste, Tae. Já ao menos tentou falar com a pessoa sobre isso?

— N-nã-não! F-falar?? — Começou a gaguejar igual disco arranhado. Ah ótimo, eu quebrei o Taehyung. — N-não! Com certeza não! Eu não tenho chance, ele não me vê desse jeito. Sei disso. Iria apenas estragar a nossa relação.

— Ah então vocês são amigos?

— É... tipo isso. — Ele começou a desviar o olhar para os lados, e até estava com as bochechas coradas. O Tae sempre foi muito tímido.

 — Entendi... bom, não vou te encher com isso. — Falei, vendo que esse assunto estava o deixando nitidamente nervoso. — Quer me ajudar a escolher alguns livros?

— C-claro.

Conversar com o Tae até que ajudou a aliviar a minha cabeça... por alguns minutos. Mas assim que fomos para nossa aula, o que aconteceu naquela noite começou a explodir na minha mente de novo. Não consegui prestar atenção em nada do que o professor dizia. Senti meu celular vibrar durante a aula, e como eu já não estava entendendo nada mesmo, decidi ver o que era. Quando vi as notificações...

Yoongi

Hey você tá vivo??

Não deu sinal de vida o fim de semana inteiro

A festa te derrubou?

Ai meu Deus... Por mais que eu esteja sentindo a necessidade de desabafar com alguém, e talvez a pessoa ideal pra isso seja o melhor amigo, eu não tô com coragem nem de olhar na cara do Yoongi. Eu beijei o cara que ele tava afim, sou um baita de um talarico fura olho desgraçado. Ai meu Deus, Jimin, o que foi que você fez com a minha vida???

Voltei pra casa assim que as aulas do dia acabaram, não estava com cabeça pra ficar até tarde dessa vez. Acabou que eu quase avancei dois sinais enquanto dirigia para casa. Só conseguia pensar o que deveria estar passando na cabeça do Jimin naquele momento. Será que ele lembra? Se lembra, o que foi que ele achou? Por que ele quis tanto aquilo? Será que ainda está pensando nisso como eu, ou foi realmente só mais um beijo? Há grandes chances de ser essa última opção.  Eu deveria apenas esquecer, encarar apenas como mais uma boca que eu beijei e foi só isso... NÃO DÁ! Beijo gostoso do cacete! Onde foi que aquele garoto aprendeu a beijar assim?? Já faz uns 3 dias que aconteceu e ainda tô pensando nele. Ai eu tô muito fodido...

Quando cheguei em casa, estacionei o carro na garagem. E quando abri a porta, vi que havia alguém logo atrás dela, como se também estivesse prestes a abri-la. E meu coração quase parou.

— J-J-JIMIN?!