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História Meu namorado é um Uchiha - Entendendo as coisas e ficando mais confuso


Escrita por: wasser

Notas do Autor


boa leitura! vejo vocês nas notas finais ♡

Capítulo 4 - Entendendo as coisas e ficando mais confuso


Eu não lembro de ter chegado em casa, o que significa que eu provavelmente peguei no sono deitado na manta, em cima daquele prédio, e que Sasuke me trouxe para cá. Acordei sozinho e revigorado, mas aquela cama definitivamente não era minha e aquele quarto não era o meu, sabia que já tinha visto aquele cômodo antes – quando Obito me apresentou toda a casa – mas não lembrava quem era o dono do quarto.

Levantei da cama, bocejando e sentindo meus olhos lacrimejarem. Dei uma fungada, enxugando as lágrimas rapidinho antes de dar uma pequena futricada no quarto; queria tentar lembrar de quem era aquele cômodo. Eu sei que já estive aqui, mas minha péssima memória não está colaborando comigo hoje.

Foi dando uma olhada na decoração que eu finalmente lembrei de quem era aquele quarto. Havia um cinzeiro em cima da cômoda e, segundo Itachi, o único membro da família que ainda fuma é o Madara.

Olha só, que delícia. Estou na toca da raposa.

Mas nem tive tempo de fugir dali ou me questionar muito sobre a razão de terem me largado naquele quarto especialmente, porque a porta foi aberta e o dono do dito quarto passou por ela. Eu quis correr.

Não tinha nem palavras para me expressar naquele momento. Eu queria perguntar o porquê de eu estar ali e o que tinha acontecido na noite passada, mas minha voz simplesmente não saía. É estranho. No meu primeiro dia aqui, eu tive tanta facilidade em perguntar as coisas para o Shisui – mesmo que tenha me enrolado um pouco no início –, então por que agora eu não consigo fazer a mesma coisa?

Madara olhava para mim, de maneira fixa e séria. Ele realmente me dá a impressão de que me odeia e que preferia mil vezes que eu não estivesse aqui. Os olhos dele me lembram alguém… que eu não quero lembrar.

Eu queria dizer que aquilo era desconfortável, pedir para ele parar de me encarar daquele jeito, mas eu não conseguia encontrar as palavras certas para isso.

— O que foi? Tem alguma coisa na minha cara?

Achei que ele fosse me repreender pela pequena grosseria – ou algo assim – mas o que ele fez foi muito pior. Madara não disse uma única palavra.

Só ficou me olhando, com as sobrancelhas erguidas e um sorriso ladino no rosto. Será que eu vou parecer muito surtado se sair correndo? Sinceramente, espero que não. Como não tive nenhuma resposta, suspirei, dando de ombros enquanto ia até a porta. Mas a voz de Madara me fez travar com a mão na maçaneta.

Eu sei o que aconteceu ontem.

A frase me pegou de surpresa e me fez soltar a maçaneta, me virando para ele. Do que ele estava falando, afinal? Eu fiz algo estranho ou proibido ontem? Não lembro de ter feito nada assim.

Eu passei a manhã com o Itachi, saí com o Sasuke à noite, mas fora isso eu não lembro de nada muito- Ah.

Obito e eu. Na sala de jantar.

Mas não deve ser isso. Como ele poderia saber disso se só estávamos Obito e eu naquela sala? Impossível.

— Espero que aquilo não se repita. — Ele gosta de me ameaçar, não é? Quanto ódio nesse coração — Itachi virou a noite adiantando o trabalho para conseguir ter um dia de folga e ficar com você; e na primeira oportunidade você se jogou nos braços do Obito, mesmo que eles tivessem acabado de discutir sobre isso. Como acha que Itachi se sentiria se soubesse o que aconteceu aqui ontem?

Vendo por esse lado, meu orgasmo não valeu a pena.

— Como-

— Como eu sei o que aconteceu? Se quer saber, é um milagre que só eu saiba o que aconteceu ontem. — Me interrompeu bruscamente — Você é escandaloso, Uzumaki. Insuportavelmente escandaloso.

Abaixei a cabeça e senti vergonha. Não sei explicar, mas me sinto mal. Talvez seja culpa. Não gosto de pensar em como Itachi ficaria se tivesse visto aquela cena, talvez ele e Obito tivessem discutido de novo e a culpa seria completamente minha.

Além disso, ambos poderiam ter ficado putos comigo e eu nem teria como me defender. Eu errei feio aqui.

Mordi o interior da minha bochecha e franzi o cenho, estava irritado agora – comigo mesmo. Como se não bastasse a minha culpa, a forma como Madara falou fez eu me sentir a pior vadia do mundo.

O Uchiha suspirou, parecendo realmente cansado, e eu pude ouvi-lo andar na minha direção. Achei que ele fosse me expulsar do quarto ou me dar outro sermão, fazer outra crítica. E eu espero que ele não esteja planejando continuar o esporro, porque não estou afim de chorar na frente dele; não mesmo.

— Você não precisa separar um dia inteiro para cada um de nós, seria complicado, eu sei. Só estou te pedindo para ser mais atencioso em relação ao Obito e ao Itachi, eu não quero que eles continuem brigando. — Dei um pequeno pulinho e ergui a cabeça quando suas mãos seguraram meu rosto — Me dói ver meus irmãos agindo como se fossem inimigos, entende?

Tudo bem. Eu beijaria ele se não estivesse tão triste.

Assenti, sentindo meu rosto esquentar quando meus olhos se encontraram com os de Madara. No entanto, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, suas mãos estavam longe de mim e eu me senti meio vazio.

— Agora você pode ir. — Ditou sério.

Aquela era uma mensagem clara: Vaza daqui, Uzumaki. Eu conseguia ouvir sua voz dizendo isso. Então não perdi tempo, saí do quarto o mais rápido possível, ainda me sentindo triste e culpado. O esporro não foi tão terrível assim, mas eu não conseguia parar de pensar nele; e ainda preciso descobrir como fui parar no quarto do Madara.

Deviam ter me colocado no meu quarto. Os Uchihas estavam querendo o quê quando me deixaram dormir aqui? Assinar a minha sentença de morte tão cedo?

Espero que seja lá quem tenha me colocado lá tenha uma boa explicação para tudo isso, ou vai dar ruim.

Saí do quarto, andando pelo extenso corredor a passos lentos e arrastados; eu daria tudo por um bom café da manhã agora mesmo, mas queria tomar um banho primeiro. Aliás, queria entender o que a pessoa que projetou essa casa tinha na cabeça quando fez o corredor desse tamanho, estou compensando os meses que fiquei fora da academia e pagando meus pecados.

Estava seguindo meu caminho, bem pleno, quando quase fui acertado por uma porta. É isso mesmo. Uma fucking porta foi aberta e quase acertou meu lindo rosto. Juro que quase infartei. Qual o sentido dessa porta abrir para fora? Alguém me explica, por favor.

Coloquei a mão no peito, sentindo que meu coração iria sair pela boca, de tão rápido que estava batendo. Respirei fundo, tentando me acalmar depois do susto. Talvez eu tenha sido meio lerdo por caminhar tão perto da parede (e das portas, consequentemente) mas, caramba, custa prestar atenção antes de abrir a porta? Já estava pronto para amaldiçoar até a décima geração do infeliz, mas desisti quando percebi quem era. Coitadinho, foi só um acidente, acidentes acontecem.

— Bom dia, Sasuke!

— Bom dia, Naruto.

Tudo bem que a empolgação dele é tão grande quanto a de uma pedra, mas é melhor que nada. Pelo menos ele não me deixou no vácuo. Ele parecia apressado.

— Vai descer? — Perguntei, como quem não quer nada.

Sasuke apenas assentiu com a cabeça, o que me deixou um pouquinho bravo. Eu quero uma resposta verbal, amiguinho. Ter uma voz gostosa dessas e não falar comigo deveria ser crime. Pensei que depois do encontro de ontem, ele se abriria com mais facilidade.

— Você… — Ele pareceu desistir de falar, mordendo o lábio inferior e balançando a cabeça negativamente.

— Pode falar, Sasuke. — Sorri, tentando passar confiança para ele e o encorajar a falar de uma vez.

— Eu gostei de sair com você ontem à noite. — Murmurou — Devíamos fazer isso mais vezes.

Ok, não era o que eu esperava, mas não acho ruim. Muito pelo contrário, é ótimo que ele queira sair comigo mais vezes, eu aceito todos os encontros com prazer. E, olha só, eu estou morto de fome e ainda estamos parados em frente ao quarto do neném. Descer as escadas e ir comer que é bom, nada. Observei Sasuke fechar a porta e começar a caminhar, logo tratei de acompanhá-lo; mas isso não foi tudo o que eu fiz. Dei logo aquela boa segurada na mão do Uchiha. Namorado meu anda de mãos dadas comigo, não importa o lugar, e ai de quem achar ruim.

Principalmente porque ontem ficamos de mãos dadas e agarradinhos o tempo inteiro. Agora não deve fazer diferença, não acho que ele vá se incomodar.

Sasuke deu um pequeno sorriso (que só ficou em seu rosto por alguns segundos, mas eu vi com perfeição) e apertou minha mão. Temos uma evolução, não é?

— Naruto.

— Diga.

Sasuke mordeu o lábio inferior e balançou a cabeça, negativamente, parecendo estar buscando coragem para me dizer o que quer que ele queira dizer. Meu dengo, só fala comigo. Se não falar, eu vou surtar.

— Não é nada. — Aham, sei. E eu sou a Shakira — Esqueça.

— Olha, você pode me dizer qualquer coisa, ok? — Falei o mais suave possível — Qualquer coisa mesmo.

Passar segurança para o moleque é o mais importante no momento. Se somos namorados, ele precisa falar comigo direito. Claro que ele não precisa ser atirado como os irmãos, mas que ao menos me dê 'bom dia' olhando nos meus olhos e não para os próprios pés.

— Quando eu voltar da faculdade, eu posso ficar com você?

— Nem precisa perguntar. — Respondi, sorrindo — Eu vou para o meu quarto agora, porque acho que preciso de um banho, mas te desejo uma boa aula.

— Obrigado. Mas- — Parou de falar, como se estivesse se perguntando se realmente deveria usar aquelas palavras — Seu quarto fica ao lado do quarto do Madara, por que não foi logo para lá?

Ah. Eu… sou burro? Eu esqueci onde ficava o quarto.

Mas ninguém pode me julgar, eu saí abalado do quarto de Madara. Mal acordei e ele já estava me dando um sermão, é claro que fiquei atordoado.

— Sasuke. — Chamei, parando de andar — Por que eu dormi no quarto do Madara?

— Acho que você deveria perguntar para ele.

E isso foi tudo o que Sasuke me disse antes de depositar um selar na minha testa e ir embora, me deixando confuso, com um turbilhão de pensamentos.


[ ... ]


Depois de voltar para o meu quarto e tomar o meu belo banho, eu fui direto para a sala de jantar. E não pude evitar que as cenas de ontem invadissem minha mente, eu conseguia ver claramente Obito entre as minhas pernas enquanto eu gemia descontrolado.

Muito sofrimento para uma pessoa só.

Ali na mesa só estavam Shisui e Madara, estranhei o fato do Uchiha mais velho não estar sentado na cadeira da ponta, mas não comentei. E não só isso; já não é tão cedo assim, os outros devem estar trabalhando ou aproveitando o restante da manhã.

Mas não vou julgá-los, eu mesmo vou tomar café da manhã agora, não tenho moral nenhuma para falar deles. Murmurei um "bom dia" e fui respondido por Shisui, que também gesticulou para que eu me aproximasse dele. Me surpreendi quando seus braços rodearam minha cintura e ele me puxou para sentar em seu colo, não sabia se deveria comemorar ou não.

— Dormiu bem, bebê? — Perguntou, olhando diretamente para Madara enquanto falava; eu não entendi bem o que aquilo significava, mas sabia que a pergunta era para mim, então respondi logo.

— Dormi sim.

Shisui não disse mais nada e um silêncio confortável se instalou ali. Aproveitei para dar uma olhada no que tinha disponível na mesa, estava com muita fome.

Madara parecia alheio a minha presença, continuou tomando seu café calmamente, sem direcionar um olhar sequer para mim. Talvez ele realmente esteja chateado pelo que fiz ontem com Obito. Acho que devo um pedido de desculpas ao Itachi e levar uns bons tapas na cara para tomar vergonha.

Isso tudo é tão difícil. Eu realmente não sei se tenho pique para aguentar cinco pessoas sem irritá-las e magoá-las. Um relacionamento monogâmico já é complicado – para mim pelo menos –, imagina um poligâmico. Sinto que vou ter bastante trabalho ainda, especialmente se não quiser que eles enjoem de mim tão cedo.

— Onde está o Itachi? — Perguntei para Shisui.

— Biblioteca. — Murmurou em resposta — Ele disse que precisava resolver umas coisas do trabalho.

Então é melhor eu ficar na minha. Não quero atrapalhar o trabalho dele e irritá-lo. Suspirei, largando o peso do meu corpo por completo sobre Shisui, escorando minhas costas em seu peito.

— O que foi, bebê?

Não respondi, suspirando novamente ao sentir a mão de Shisui subir pelo meu pescoço, as pontas dos dedos parando abaixo da minha orelha, fazendo um carinho ali. Eu queria dizer o que aconteceu ontem, queria contar que estava com medo de chatear Itachi e que estava apavorado com a ideia de ser abandonado.

Mas eu não podia contar.

— Quer ficar a sós comigo? — Ofereceu em um sussurro. Eu sabia que Shisui estava começando a entender o que estava acontecendo ali, eu lembro de ter dito algumas coisas para ele na noite em que nos conhecemos e sinto que ele captou muito além do que eu contei — Ei, diz alguma coisa, bebê.

— Eu 'tô bem. — Murmurei.

Tão logo as palavras deixaram meus lábios, eu pude ver Madara levantar bruscamente da cadeira e encarar Shisui com uma expressão que claramente dizia "eu avisei", mas eu não sabia o que estava acontecendo ali. O que Madara tinha avisado? E por que ele parecia tão chateado enquanto saía da sala de jantar?

Ficamos Shisui e eu, sozinhos, e eu fiquei surpreso ao sentir a tensão se dissipar dos meus ombros. Isso não está certo, nem é normal, eu não deveria ficar assim.

— Madara te disse alguma coisa, bebê?

— Shisui, eu não-

Naruto. — Me interrompeu, com uma firmeza que eu nem sabia que ele poderia ter. A voz bem no pé do meu ouvido me fez arrepiar de um jeito esquisito — Eu não vou brigar com você, nem com ele, só quero entender o que está acontecendo… Por favor.

— Eu fiz uma coisa que eu sei que não deveria ter feito. — Respondi meio apressado e nem sei se ele conseguiu me entender — E então ele… Madara me disse que eu era insuportavelmente escandaloso.

Senti Shisui afundar as unhas na minha pele, talvez inconscientemente, e rapidamente segurei sua mão, me virando o máximo que conseguia para encará-lo.

— Mas 'tá tudo bem, eu juro!

— Bebê… eu conheço o meu irmão, sei que ele não é a pessoa mais fácil de se conviver e é exatamente por isso que eu preciso que você me diga se ele fizer algo que te-

— Ele só ficou bravo com o que eu fiz. — Interrompi, levantando por poucos segundos, apenas para poder sentar em seu colo de frente — Nem deve ter dito aquilo de propósito, eu no lugar dele talvez tivesse feito pior. Eu estou bem, 'Sui, é sério.

Shisui não parecia convencido e suspirou antes de levar as mãos até meu quadril, me puxando até que nossos torsos estivessem colados. Por alguns segundos, eu até esqueci sobre o que estávamos falando, mas me mantive focado ali, não era o momento para ter fogo no rabo. O assunto era sério.

— As coisas que você me contou… Eu não quero que você pense que vai acontecer tudo de novo, entende?

— Eu sei. — Murmurei.

— Promete que vai me dizer se tiver algo errado?

Assenti, sentindo um quentinho no peito ao vê-lo sorrir suavemente. Aquela era uma promessa que eu não estava certo de que conseguiria cumprir, mas eu poderia tentar. Nem sempre consigo falar as coisas, especialmente quando se trata desse assunto específico, mas também não quero trazer preocupações para os Uchihas.

— Bom menino. — Elogiou, depositando um pequeno selar no canto da minha boca — Agora vai tomar café, já está tarde.

Soltei um muxoxo diante daquilo. Era um claro sinal de que ele pretendia se levantar e ir embora, e eu não queria tomar café sozinho. Sendo assim, coloquei minhas mãos em seu rosto e uni nossos lábios.

Ou pelo menos tentei, já que Shisui me segurou pela nuca e não me deixou passar de um simples selinho.

— Comida primeiro.

Mesmo a contragosto, assenti e saí do colo de Shisui, sentando na cadeira ao lado. Me senti uma criança de cinco anos fazendo birra para não tomar café, que vergonha. Mas a vida cobra e eu vou cobrar Shisui por me negar beijinhos e me obrigar – o drama – a comer. Ele vai se arrepender por ter feito isso.


[ ... ]


Após o café da manhã, eu senti que precisava espairecer um pouco, por isso fui para a piscina. Vestindo apenas uma sunga e tendo uma toalha no ombro esquerdo, eu estava pronto para passar o restante da manhã mofando na água, além de aproveitar o Sol gostoso e quentinho. Aliás, o dia está tão lindo, perfeito para pegar um bronze e relaxar.

Ainda estou pensando no que Madara me disse e embora eu concorde – em parte – com suas palavras, não gosto dessa história de precisar pisar em ovos quando se trata de Itachi e Obito; meu objetivo é entender porque eles parecem se odiar e dar um jeito de arrumar essa situação. Mas não exatamente agora.

Passei meus olhos pela piscina, arregalando um pouco os olhos ao ver um cachorro imenso deitado perto da borda. Eu espero que esse cachorro caramelo seja dos Uchihas, ou eu vou sair correndo imediatamente.

Dei um risinho sem graça antes de me virar e começar a andar em direção à área da churrasqueira e, olha, devo dizer que essa casa (ou melhor, mansão, porque não dá para chamar um troço gigante desses de casa; é até ofensa) é perfeita. Coloquei a toalha em cima da mesa de sinuca que tinha lá e mesmo com medo de levar uma dentada do cachorro, voltei para piscina, dessa vez entrando nela lentamente.

A água estava geladinha e eu senti minha pele arrepiar devido aquele friozinho gostoso. Deveria ter olhado se tinha alguma boia por aqui, especialmente uma em que eu pudesse deitar em cima, poderia passar o dia todo na piscina se fosse assim.

Levei meu olhar para o cachorro, me sentindo ameaçado ao encontrá-lo me encarando fixamente. Talvez eu estivesse sendo um pouco dramático, já que o olhar dele parecia mais curioso do que agressivo. Eu no lugar do pobre animal também estaria confuso com a presença de um completo estranho na piscina dos meus donos – assumindo que ele é mesmo dos Uchihas.

— Você é bonitinho… — Falei, sorrindo enquanto nadava para perto da borda — Vem cá.

Coloquei as mãos na borda, me erguendo para sair da água e sentar ali, e não pude evitar um gritinho de comemoração quando o cachorro veio correndo até mim. Ele parecia meio receoso em chegar muito perto, talvez por eu estar todo molhado, mas seu rabinho balançava rapidamente e ele parecia animado.

— Será que tem seu nome na sua coleira, igual nos filmes? — Perguntei, mesmo sabendo que não teria uma resposta. Deixei um som de surpresa escapar ao analisar sua coleira e ver que seu nome realmente estava escrito ali, e era mais simples do que eu imaginava para um cachorro de gente rica — Oi, T-

— Tobi!

Ih, pelo visto o cachorrinho não deveria estar aqui ou fez alguma coisa errada… Pelo menos é isso que sinto enquanto vejo Itachi praticamente correndo com uma guia na mão e tendo uma expressão irritada no rosto.

— Acabou 'pra você, campeão. — Brinquei, rindo quando Tobi tentou se esconder atrás de mim.

Não teve jeito e, no final das contas, Itachi prendeu a guia na coleira do cachorro, o tirando de trás de mim. Deixei que meus olhos analisassem melhor como o Uchiha estava, essa é a primeira vez que vejo ele com o cabelo solto – e de óculos também –, e eu nunca pensei que pudesse sentir tanta vontade de me jogar em alguém como eu estava sentindo naquele instante.

— Espero que ele não tenha te atrapalhado.

— Animais fofos nunca me atrapalham. — Respondi — Não sabia que tinham um cachorro.

— Então, acho que devo apresentá-los. — Ele riu baixo e eu quase deixei um elogio inapropriado escapar — Naruto, esse é o Tobi. E Tobi, esse é o Naruto.

— É um prazer te conhecer, Tobi.

Assim que terminei de falar, Tobi latiu, parecendo animado com a situação. Lhe ofereci um sorriso e levei minha mão até a parte de trás de sua orelha, fazendo um carinho ali. Eu gosto muito de bichinhos.

— Acho que ele gostou de você. — Olhei para Itachi, mordendo o interior da minha bochecha ao vê-lo sorrir suavemente — Mas quem não gosta, não é?

— Não diz essas coisas assim…

Desviei minha atenção para Tobi, mas antes que eu pudesse voltar a fazer carinho nele, o bonito saiu correndo. Tudo culpa do Itachi que não estava segurando a guia como deveria, agora o cachorro foi embora e eu vou ter que ficar sozinho com ele.

Sentindo meu coração quase saindo pela boca.

— Eu preciso pegar o Tobi… Te vejo no almoço?

Assenti, sentindo uma agonia inexplicável quando Itachi começou a se afastar. Eu sentia que precisava dizer alguma coisa, precisava tomar alguma atitude. As palavras de Madara se repetiam na minha mente, em um loop que parecia não ter fim, e por isso, disse:

— 'Ita!

— Sim?

— Eu… — Engoli a seco, sentindo a garganta arranhar quando Itachi se virou para mim — Me desculpa.

Itachi balançou a cabeça de um lado para o outro e sorriu. Ele não parecia feliz e aquele sorriso não parecia verdadeiro, seus olhos me diziam que ele sabia exatamente o porquê de eu estar pedindo desculpas. E eu não pude evitar de me sentir aliviado quando o Uchiha proferiu as seguintes palavras:

— Você não fez nada errado, meu amor.

Depois que Itachi se foi, eu voltei para a piscina e só saí de lá quando Shisui apareceu para avisar que estava na hora do almoço – o bonito foi embora logo depois de me dar o aviso. Tomei um banho para tirar o cloro da piscina do corpo e me limitei a vestir uma camisa grande e uma boxer.

O almoço acabou sendo bem tranquilo (ainda bem, não é?), foi tão silencioso que eu até me senti um pouco sufocado; Shisui não estava presente e acho que isso justifica o silêncio tenebroso, dá para notar que ele adora falar, mas é adorável vê-lo todo animado em toda e qualquer conversa. Ele é um fofo. 

Agora estou na minha cama com Itachi – eu sentado, com as costas escoradas na grade da cama, enquanto ele está deitado com a cabeça na minha perna, lendo um livro. O clima ainda está meio estranho, eu não consigo parar de pensar que fiz burrada sim e que preciso me redimir de alguma forma; Itachi parece ser o tipo de pessoa que leva um soco e pede desculpas para quem bateu nele, então não sei se posso levar tão a sério o "você não fez nada errado" dele.

Eu estava respondendo algumas mensagens da minha mãe enquanto fazia carinho nos cabelos de Itachi com a mão livre. Dona Kushina estava me pressionando a mostrar meu namorado logo e eu já estava começando a me irritar, o que não era bom se considerarmos o fato de que da última vez que me irritei com esse assunto, eu inventei que tinha um namorado e iniciei essa confusão toda. Mas, bem, ela quer ver meu namorado? Então ela vai ver meu namorado, oras. 

— 'Ita. — Chamei baixo, temendo assustá-lo, já que ele parecia bem focado no livro que estava lendo.

— Hm?

— Minha mãe quer ver meu namorado, você se importa que eu mande uma foto sua para ela?

— De modo algum.

— Então fica paradinho aí...

Abri a câmera, pronto para tirar uma foto do meu namorado e mandar para a minha mãe. Não daria para ver bem o rosto dele, mas irritaria um tantinho minha mãe, que com certeza espera uma foto decente. Bati a foto, era possível ver apenas uma parte do cabelo de Itachi espalhado na minha coxa, um pouco do seu óculos e do livro que segurava. Eu disse que só poderiam vê-lo no natal, então assim será. E fim.

Logo em seguida, larguei o celular sobre a cama, voltando a fazer carinho no cabelo de Itachi. É macio e me faz ter vontade de ficar tocando o tempo todo.

Assisti, curioso, o Uchiha fechar o livro de repente e sentar na cama, bem na minha frente. Inclinei a cabeça para o lado, questionando suas ações silenciosamente. Sua destra veio em minha direção, pousando na minha nuca e me puxando para perto.

— Itachi?

Tive que sair da posição em que estava e me ajoelhar para não acabar me espatifando sobre o corpo de Itachi. Ele só parou de me puxar quando minha cabeça tocou seu ombro; se queria um abraço, era só dizer. Passei meus braços por cima dos seus ombros, o abraçando e deixando que um pequeno sorriso adornasse meu rosto, eu gosto muito de abraços.

— Eu posso dormir aqui hoje? — A pergunta me fez soltar um sonoro e malicioso "hm", mas Itachi rapidamente completou: — dormir, Naruto.

Eu ri, me afastando minimamente, apenas para poder olhar em seus olhos e assentir com a cabeça, bem devagar. Mesmo que eu não entenda sua motivação para querer dormir comigo, não há nada de errado nisso e eu não vejo motivo algum para negar – principalmente com ele dizendo que só iremos dormir.

— Não sabia que usava óculos.

— São só para leitura.

— Eles te deixam bonito, 'Ita.

— Então quer dizer que sem eles, eu sou feio?

Arregalei os olhos e balancei a cabeça, negando aquela pergunta absurda. Não era isso que eu queria dizer! Bem, provavelmente Itachi estava apenas tirando uma com a minha cara e sabia bem que eu não estava dizendo que ele era feio, mas só por precaução-

— Você já é bonito, poxa. — Murmurei — Quis dizer que ficou ainda mais bonito com os óculos.

— Eu sei.

Eu estava em uma posição meio desconfortável, então aproveitei o silêncio agradável que se instalou ali e resolvi me arrumar para ficar sentado no colo de Itachi. Pude vê-lo dar um risinho disfarçadamente e tive meu coração acelerando ao sentir suas mãos irem para debaixo da minha camisa, parando na minha cintura e acariciando minha pele suavemente.

Meus olhos, mesmo que eu não quisesse realmente, se fixaram nos lábios alheios e eu mordi o interior da minha bochecha ao mesmo tempo em que meus dedos se entrelaçavam na nuca de Itachi. Eu quero beijá-lo.

Me aproximei, roçando nossos lábios devagar e prendendo minha respiração por alguns instantes quando minha cintura foi apertada com força.

— Se eu te beijar agora, não vamos sair daqui tão cedo.

— Não era você que queria só dormir? — Perguntei.

— Nunca disse que precisamos passar de beijos para demorarmos aqui dentro.

E foi ali que minha paciência chegou ao fim. Uni nossos lábios, ouvindo Itachi suspirar e me segurar com mais força ainda ao mesmo tempo em que me deitava sobre a cama. E eu só conseguia pensar que realmente amava aquele lugar e que não o trocaria.


[ ... ]


Os dias iam se passando rapidamente e quando percebi eu já estava com os Uchihas há pouco mais de um mês. Nesse tempo, precisei explicar aos meus poucos amigos que tinha me mudado e que ainda não poderia contar qual era o lugar exatamente.

Digo, eu só tenho uma pessoa que é próxima o suficiente para saber sobre meus namoros e coisas mais íntimas, mas ele é meio doido da cabeça e certamente vai fazer um escândalo quando souber que estou envolvido com os Uchihas.

Por que eu estou falando como se eles fossem uma gangue?

Enfim. Ao menos todos concordaram em esperar até que eu estivesse pronto para contar onde estou e o que aconteceu, assim me sinto menos mal. Mas isso não muda o fato de que irão todos surtar quando eu contar.

E, sendo sincero, no momento eu tenho coisas mais importantes para me preocupar e ficar pensando. Os Uchihas e eu nos aproximamos muito nas últimas semanas – com exceção de Madara, que insiste em se manter distante, apesar de não me tratar mal –, mas é claro que o que sabemos uns dos outros é muito pouco ainda e eu não tenho certeza se conseguiremos passar uma boa impressão aos Uzumakis. Não há família mais difícil de agradar que a minha; são exigentes demais. Talvez eu esteja sendo dramático já que ainda temos mais de um mês até o natal…

Ou talvez eu esteja certo em me preocupar assim.

Me assustei ao sentir um dedo pressionar a região entre minhas sobrancelhas. Claro, eu estava comendo frutas com Shisui, no quarto dele, mas não esperava que ele metesse o dedo na minha cara do nada. Olhei para o moreno, arqueando a sobrancelha.

— Se continuar franzindo a testa desse jeito, vai ficar com rugas, bebê.

— Eu estava fazendo isso?

— Estava. — Confirmou, rindo quando eu fiz bico e reclamei — O que se passa nessa sua cabecinha?

Suspirei, pegando a tigela em que as frutas cortadas em cubinhos estavam e a colocando sobre a cômoda ao lado da cama. Eu não poderia conhecer melhor os Uchihas – e vice-versa – e resolver aquele dilema na minha cabeça se não conversasse com eles. E algo me diz que Shisui é o irmão que sabe de todas as coisas.

— 'Tô preocupado. Tenho medo de não conseguirmos passar uma boa impressão 'pra minha família.

— Bem, nós não começamos nosso relacionamento de um jeito totalmente correto, mas você deveria se tranquilizar. — Respondeu, sorrindo daquele jeito doce que me fazia ficar todo mole — Qualquer um que olhe bem nos nossos olhos pode ver que somos sinceros quando dizemos que adoramos você, bebê.

— E se nos fizerem muitas perguntas? E se nossas respostas não baterem e desconfiarem que eu menti?

— Eu acho que não temos obrigação de responder tudo. Além disso, temos tempo para definirmos exatamente o que dizer ou não. — Eu não entendo como ele pode estar tão tranquilo com tudo isso — Ah, isso me lembra uma coisa que eu estou querendo te perguntar há um tempinho.

— O quê?

— Pretende levar todos nós até sua família?

— Esse é o plano. Por quê? Eu não deveria?

Shisui balançou a cabeça, negativamente, e eu não entendi bem o que ele queria dizer com isso.

— Faremos o que você achar melhor, bebê. Eu só fiquei surpreso… Sua família não vai ver problemas com você estar em um relacionamento poligâmico?

— Talvez estranhem um pouco, mas sei que eles só querem o meu bem. E tenho certeza de que vão adorar vocês.

Não tem como não adorar.

— Me sinto até mais confiante depois de ouvir isso.

— Então, senhor confiante, será que posso fazer uma pergunta?

— Se me der um beijo, eu posso pensar no seu caso.

— Você é péssimo.

Shisui não me respondeu, mas aproximou o rosto do meu, passando a língua suavemente sobre meus lábios. Pude sentir minhas bochechas esquentarem, mas mesmo um tanto tímido, não consegui evitar ceder ao impulso de beijar o Uchiha com vontade.

Eu gostava da forma como ele segurava meu rosto e chupava minha língua, e quando eu abria os olhos e o encontrava com os dele abertos, assistindo cada reação minha como se fosse a melhor coisa do mundo. Sentia meu corpo pegar fogo de dentro para fora e meu coração bater descontroladamente.

Embora eu estivesse adorando aquele contato e não quisesse dar fim a ele, eu precisava manter o foco, tinha perguntas para fazer e não poderia deixar que meu desejo me impedisse de raciocinar direito.

Era difícil falar enquanto tinha uma boca grudada na minha, mas eu balbuciei um negócio ali e acho que deu para entender, pois Shisui se afastou de mim.

— Sim, bebê?

— O beijo já foi, tem que responder as perguntas.

Precisei conter o riso ao vê-lo revirar os olhos e se jogar na cama de qualquer jeito, bufando. Tenho quase certeza de que não sou o único que não queria interromper aquele beijo. Mas quando isso acabar, podemos continuar nos beijando e quem sabe até…

Sei lá.

— O que quer saber? — Perguntou, dando uma leve batidinha em seu peito — Deita aqui.

Acatei seu pedido, deitando minha cabeça em seu peito; conseguia ouvir seu coração batendo calmamente – o que eu achei estranho, diga-se de passagem – e quase esqueci o que queria perguntar quando senti seus dedos no meu pescoço, pressionando o local e o massageando suavemente.

— Tem algo que eu quero saber desde o primeiro dia, e eu até já tentei falar com os dois envolvidos mas nenhum parece disposto a me explicar as coisas…

— Hm?

— Por que Itachi e Obito estão sempre brigando?

A mão que acariciava minha pele, foi para o meu ombro e apertou o local com força, como um aviso de que aquele não era um assunto que deveria ser mencionado. Eu só acho que preciso saber o que aconteceu – apenas porque quero ajudar os dois a resolverem isso, se possível –, mas se Shisui me disser que não tem como falar disso, eu irei respeitar.

— Shisui?

— Quer tentar resolver o problema, bebê? — Confirmei e pude ouvi-lo suspirar — Não vou te contar com detalhes, porque não gosto de lembrar dessa situação e não acho que você deseje ouvir uma história tão longa. — Explicou, levando a mão para o meu cabelo e acariciando os fios — Sabe que tivemos um namorado antes de você, não sabe?

— Sim, Itachi me contou. Ele disse que não foi muito legal. — Murmurei, me levantando para poder ficar sentado sobre seus quadris e encará-lo enquanto falava — Esse namorado gerou o conflito? É isso?

— De certa forma, sim. — Shisui ergueu-se para deixar um selinho em meu queixo antes de voltar a falar — No início, parecia um sonho, ele era o melhor namorado do mundo mas, com o tempo, percebemos que ele não estava tão envolvido emocionalmente assim. Madara foi o primeiro a notar que havia algo errado com aquele homem e eu apenas dei razão ao meu irmão mais velho. Madara não costuma errar em seus julgamentos. — O cara é foda mesmo, hein — Esse namorado era mais próximo de Itachi e Obito, não sabíamos bem o motivo, mas quando percebemos foi inevitável não sentir raiva.

— Qual era o motivo?

— Itachi gostava de presenteá-lo com coisas caras, dava dinheiro para ele como se desse água. E com o Obito… — Shisui massageou as têmporas. Eu realmente não tenho noção do quanto isso deve ter doído, do quanto isso ainda dói — Com Obito, o sexo vinha fácil. Porra, eu teria arrebentando aquele filho da puta se não fosse pelos meus irmãos gostarem tanto dele. — Certo. Eu tenho um pouco de medo desse Shisui rancoroso, espero nunca chateá-lo.

— Mas por que eles discutem tanto? — Perguntei mais uma vez, eu já estava agoniado com aquilo.

— Itachi percebeu as verdadeiras intenções daquele homem quando começou a negar as coisas para ele. E, é claro, o cretino foi direto para o Obito quando isso aconteceu, fez um drama daqueles e meu irmão caiu como um patinho. — Ele suspirou de novo e eu tive vontade de abraçá-lo. Poxa, ninguém deixa meu deus grego triste e sai impune, quero bater neste namorado também — Em resumo, Itachi tentou alertar Obito, que se voltou contra o Itachi e, no fim, quando achou que já tinha o suficiente, aquele filho da puta foi embora. — Então, foi tudo culpa de um macho arrombado? — No fundo, Obito sabe que Itachi estava certo, mas insiste em dizer que o irmão só estava com inveja por ter sido trocado.

— E como Itachi se sente com isso?

— Magoado, mas já desistiu de tentar fazer as pazes.

Ah, não. Isso é tão triste. Estou me sentindo uma batata por não poder fazer nada de útil agora mesmo. Droga, eu queria muito poder fazer alguma coisa para ajudar. Franzi o cenho e fiz bico, chateado comigo mesmo por não poder ajudar de imediato.

— Ei, bebê, sem stress. Isso já faz três anos. Não se culpe por não poder fazer nada de imediato. — Ele lê mentes? Catapimbas, hein.

— Eu sei disso. — Murmurei — Mas eu quero tanto poder ajudar de alguma forma. Deve ser horrível para todos vocês ver eles assim, não é?

— Na verdade, você já está ajudando. — Ergui uma sobrancelha, sem entender o que ele estava falando. Shisui anda usando drogas? — Sabia que os dois não faziam as refeições juntos, na mesa? Eles voltaram a comer juntos desde que você chegou.

— Sério?

— Sério, bebê. — Sorri, vendo ele me puxar para baixo para poder dar um selinho em meus lábios dessa vez — Eu sabia que ficar com você seria a melhor coisa que eu poderia fazer. Estou com vontade de te beijar, sabia? — Então me beija, meu dengo. Sou todo seu — Quero aquele garoto atrevido que sentou no meu colo sem nem me conhecer, que rebolou para mim em uma pista de dança. Esse garoto ainda está aí? Eu daria tudo para ficar com ele agora.

Daria tudo, é? Olha, você não me iluda, Uchiha!

Dei um sorriso de canto e ofeguei quando ele lambeu do meu pescoço até minha orelha direita, mordendo o lóbulo dela em seguida. Estávamos tão próximos que qualquer movimento faria nossas bocas se unirem.

— O que eu faço contigo, bebê? — Perguntou retoricamente, levando as mãos até minha bunda e me puxando para que houvesse um atrito entre nossos membros ainda cobertos pelas roupas.

Shisui riu, segurando minha mandíbula e me puxando para um beijo. Ele movia os lábios contra os meus sem pressa alguma, sem tentar aprofundar o contato. Suspirei em deleite e fechei os olhos quando senti suas mãos em meu cabelo, acariciando o couro cabeludo, e passei a mover meu quadril sobre ele lentamente. Não sei o que é esse negócio esquisito na minha barriga, mas eu estou me sentindo tão bem aqui. Posso ficar para sempre?

— Você gosta assim, bebê? — Sussurrou contra os meus lábios, meus olhos ainda estavam fechados e eu quase gemi ao ouvir ele falar — Bem devagarzinho e com carinho. — Com carinho? Falou o cara que me encheu as mãos com minha bunda sem nem saber meu nome — Eu vou te comer tão devagar e forte, que você vai me implorar por mais enquanto revira esses lindos olhinhos.

Shisui... — Não deu. Gemi mesmo.

— Isso, bebê. — Falou em um quase rosnar, as mãos em meu cabelo descendo pelas minhas costas e parando na barra da minha camisa — Você vai gemer meu nome assim, não vai? Só que bem mais alto e manhosinho.

Shisui fez menção de tirar minha camisa e eu nem hesitei em me erguer por uns instantes para retirá-la e jogá-la para longe. Nunca agradeci tanto por ter decidido não usar calça. Que foi? Camisas e boxers são combinações perfeitas, me deixa quieto.

Beijei Shisui mas, dessa vez, seria do meu jeito. Não vou mentir, eu gosto de uma coisa fofa e lenta mas não o tempo inteiro. Eu quero fazer o deus grego se descontrolar e não ser tão calminho comigo. Quero que ele puxe meu cabelo e me chame de cadela.

Digo- Ah, não digo nada.

O que eu disse já está dito, não posso voltar atrás.

Segurei as mãos de Shisui, que estavam em minha cintura, e as guiei até minha bunda. Quando tive certeza de que ele não tiraria as mãos de lá, deixei minhas mãos irem ao seu cabelo, embrenhando meus dedos nos fios escuros e puxando forte, sentindo ele apertar minha bunda com força em resposta.

— Porra, Naruto. Assim não tem como ser carinhoso contigo. — Reclamou, logo indo em direção ao meu pescoço, distribuindo beijos molhados na minha pele — O que você quer de mim, hm?

— Seu pau fodendo minha boca.

Ops. Pensei alto.

Os beijos pararam e Shisui me encarou seriamente antes de se erguer, sentando na cama comigo em seu colo ainda.  Ah, só falta eu ter ultrapassado os limites.

Isso lá é jeito de abordar o boy, Naruto Uzumaki?

— E eu aqui, pensando que precisava ir mais devagar. — Shisui segurou meu rosto com uma mão só, apertando minhas bochechas e me forçando a fazer um biquinho — Você é mesmo uma vadiazinha abusada, não é? — Acho que fiquei duro, isso é normal? — Que droga, bebê, eu queria ir devagar. — Ele me olhava como se estivesse me repreendendo, mas sem estar realmente bravo — Quer meu pau fodendo sua boca? — E soltou meu rosto.

Acho que ele quer que eu responda, mas agora eu estou com vergonha. Vazou o safado tímido.

— O que foi? A vadia está com vergonha agora?

Ele me chamando de "vadia" no mesmo tom que me chama de "bebê" está me fazendo ficar todo coisado (no bom sentido, é claro). Não sei, eu quero que ele continue me chamando assim. E isso é bem estranho, eu deveria estar me sentindo ofendido, não?

— Eu quero. — Sussurrei, descendo a mão pelo seu peito até chegar no zíper da sua bermuda — Quero engasgar no seu pau. Eu posso? 

As pupilas dele dilataram. 

Eu vi, nem adianta negar! 

— De joelhos, no chão. — Eita, porra — Agora.

Eu devo me preocupar com isso? Por que ele parece um daqueles… Como era o nome mesmo?

Ah, lembrei!

Ele parece um daqueles dominadores, praticantes de BDSM e afins. E eu não sei se eu quero participar desse tipo de prática. Embora eu esteja gostando bastante desse tom que ele está usando comigo. Me dá vontade de confrontar e ver até onde isso vai. Mas, como eu estou muito afim de cair de boca nele, acho melhor só obedecer mesmo. Vai que eu irrito o deus grego e ele desiste de me deixar chupar ele, não é?

Levantei da cama, ajoelhando bem ao lado dela, mas deixando um espaço entre mim e o colchão, já que Shisui parecia querer ficar de pé e precisava de espaço para isso. Inclusive, chão gelado, não curti muito.

— Tão obediente. — Ele elogiou e eu não consegui evitar o arfar que escapou da minha boca ao ouvi-lo — Continue assim e eu cuidarei de você quando acabarmos.

Shisui levou as mãos até a braguilha da bermuda que usava e não demorou a abri-la, revelando uma parte do membro duro e marcado em sua cueca. É errado dizer que estou babando? Porque eu estou ficando todo bobo só de pensar em ter aquele pau na minha boca. Estou me sentindo tão quente e estou certo de que meu rosto está mais vermelho que um tomate.

Vi Shisui puxar a cueca para baixo, colocando seu membro para fora e eu admito que pisquei – e nem foi com os olhos, que vergonha, minha nossa. Já estava prestes a ir com tudo, mas o Uchiha fez um gesto para que eu esperasse. Não entendi, não é para chupar ele?

Estou ficando confuso aqui, meu parceiro.

— Não me toque com nada que não seja sua boca, entendeu? — Ah, não, assim não vale — Mas se sentir que precisa parar, não hesite em tocar em mim.

Assenti, mesmo que estivesse me sentindo meio chateado com a ideia de não poder tocar nele. Mas ele disse que vai cuidar de mim depois, não é? Então acho que posso ser obediente por enquanto.

— Abre a boca e coloca a língua para fora, bebê.

Obedeci, sentindo um quentinho no peito ao vê-lo sorrir gentilmente na minha direção, como se estivesse orgulhoso de mim. Eu não estou entendendo o que está acontecendo aqui, alguém me explica?

Boca bem aberta e língua para fora. Eu estava pronto para receber o que quer que ele quisesse me dar, mas esses Uchihas parecem simplesmente amar me fazer de palhaço e me provocar sem motivo algum. Shisui aproximou seu pau da minha boca, mas sequer tocou nela, apenas o segurou pela base e passou a esfregar a cabecinha na minha bochecha; eu quase me rendi ao impulso de virar o rosto para abocanhar aquela porcaria (sem ofensas) logo, mas me contive por não saber se estava autorizado a me mover.

O que eu estou falando? Autorizado? E desde quando eu preciso de autorização para fazer alguma coisa?

— Fique quieto e seja paciente.

Desde este exato momento. Naruto Uzumaki precisa de autorização para fazer as coisas a partir de agora.

Franzi o cenho, insatisfeito com a demora de Shisui em fazer logo o que deveria ser feito. Porra, meu chapa, é só enfiar o pau na minha garganta, isso é tão difícil assim? Eu acho que não, hein.

— Não faça cara feia para mim, minha benevolência tem limite. — Alertou e eu tremi inteiro, nem nego.

Shisui foi passando sua glande da minha bochecha até minha boca, mas parou com ela na minha língua, sem realmente adentrar. Ele bateu o pau algumas vezes na minha língua e quando finalmente resolveu colocá-lo dentro da minha boca, eu não pude evitar que meus olhos se fechassem e que um grunhido de satisfação escapasse. Eu quero tanto que ele vá logo com isso.

— Não importa o quão bem eu pareça estar me sentindo, se você quiser parar, nós paramos, entendeu? — Perguntou, tirando o pau da minha boca para que eu pudesse responder.

— Entendi. — Abri meus olhos para poder encará-lo e fiz uma expressão emburrada — Agora será que você pode, por favor, me foder de uma vez?

— É uma pena que suas últimas palavras tenham sido tão impertinentes, sua vadia abusada.

Será que me fodi? Ai, ai.

Relaxei minha mandíbula, sentindo Shisui adentrar minha boca mais uma vez, dessa vez colocando a mão em meu cabelo – ou melhor, quase arrancando tudo da minha cabeça (exageros a parte) – e me fazendo engoli-lo por completo. A ponta do meu nariz estava encostada em sua pele e eu me sentia tão deliciosamente engasgado, que foi impossível não gemer em torno daquele cacete. Fiz meu melhor para conseguir continuar respirando e aproveitei que ele estava paradinho para pressionar a língua em seu pau.

— Que graça. Eu deveria tirar uma foto sua, agora mesmo, e colocar na minha sala, na empresa. Assim todos que entrassem lá poderiam apreciar você.

Nesse momento, eu agradeci por estar com um pau na minha boca, porque se eu não estivesse, certamente teria dado uma resposta impertinente e irritaria o Uchiha. Inclusive, já fazem uns bons minutos que eu estou assim, eu acho. E eu não conseguia pensar em nada que não fosse "preciso respirar".

Ergui minha mão, que estava sobre minha perna, e toquei suavemente o joelho de Shisui, que automaticamente afastou meu rosto, permitindo que eu visse o quão duro e babado seu pau estava enquanto um pouco de saliva escorria dos cantos da minha boca. Devo estar parecendo uma bela bagunça.

— Tudo bem, bebê? Achei que aguentasse mais tempo.

Puxei o ar com força, ainda tentando me recuperar do tempo que passei sem respirar direito e ignorando a ardência na minha garganta. Quando senti que estava pronto para outra, abri a boca mais uma vez e esperei que Shisui voltasse ao que fazia antes. Mas, ao contrário do que eu imaginava, Shisui não somente me fez engolir cada centímetro seu, como também moveu o quadril para frente de supetão, fazendo sua glande acertar minha garganta com força e meus olhos lacrimejarem. Senti meu pau latejar de tão duro que estava; ele ia foder minha boca, não ia? Me senti ansioso com a ideia, afinal, eu havia pedido aquilo.

— Se sua boca é gostosa assim, eu imagino como seria se eu estivesse…

Shisui não fez questão de terminar de falar, deixando o restante da frase subentendido. Mas eu sei bem o que ele queria falar e apenas olhei diretamente para o seu rosto – mesmo que minha visão estivesse uma bela porcaria, devido às lágrimas –, gemendo mais uma vez, o que pareceu ser um incentivo para que ele voltasse a mover o quadril para frente e para trás, fodendo minha boca forte e devagar, como ele havia prometido que faria.

Eu queria que ele fosse mais rápido.

Bingo. Então, foi por isso que ele disse que eu não poderia tocar nele; Shisui com certeza sabia que eu ia querer que ele fosse mais rápido e tentaria fazê-lo ir mais rápido. Esse maldito pensou em tudo, droga.

Vez ou outra, Shisui dava alguns gemidos baixos e eu não sei dizer se ele é silencioso mesmo ou se está se esforçando para não fazer barulho. Decidi tocar a perna dele mais uma vez, mas não por falta de ar, nem por desconforto, eu só precisava falar umas coisas.

— O que foi, bebê? — Perguntou assim que se afastou.

— Pode ir mais rápido, por favor? — Não, eu não planejava pedir "por favor", simplesmente saiu.

— Tem certeza, bebê?

— Uhum.

Eu quase não tive tempo de abrir a boca. O membro de Shisui chegou em minha garganta tão rápido – e forte – que eu só consegui gemer e revirar os olhos, sem nem me preocupar com a força que estava usando enquanto meus dedos apertavam minhas coxas.

Shisui ia e vinha rápido, forte. E eu quase esqueci de sua ordem para não ser tocado e segurei suas pernas para ter algum tipo de apoio, já que só ele segurando a minha cabeça no lugar não parecia ser suficiente. Meu coração estava tão acelerado, que eu sentia que ia morrer. E eu realmente espero que eu não morra, porque imagina a vergonha, sabe? Vai estar lá na minha certidão de óbito. Causa da morte: Asfixia causada por um pau. Vexame, não é mesmo? Ninguém precisa saber que eu curto essas coisas.

Houve um momento em que Shisui aumentou a velocidade com que movia o quadril e eu sabia bem o que aquilo significava; ele estava quase lá. Meu rosto estava banhado em lágrimas e, quando eu olhei para o Uchiha, eu pensei que gozaria ali mesmo.

Até descabelado e com o cenho franzido ele fica bonito. Assim eu não aguento. Estava concentrado em xingar Shisui, mentalmente, por ser um desgraçado de aparência perfeita, então é óbvio que me assustei quando ele parou de se mover e simplesmente segurou minha cabeça contra sua pélvis, enchendo minha boca de porra e gemendo alto e rouco.

E eu vi estrelas sob minhas pálpebras, sentindo meu corpo inteiro tremer enquanto um gemido manhoso escapava e era abafado pelo gozo e pelo membro de Shisui na minha boca. Logo tratei de engolir aquilo tudo (mesmo que o gosto não fosse muito bom) e abri meu olhos, suspirando ao ver o Uchiha com a mão sobre os olhos e a respiração desregulada, seus cabelos estavam bagunçados e acho que não há nada mais bonito que o rosto dele todo vermelhinho assim.

Me assustei quando Shisui abaixou-se – deixando um de seus joelhos no chão – e segurou meu rosto, me puxando para que pudéssemos nos beijar. E, aparentemente, voltamos ao início, já que ele me beijava com toda a calma do mundo; a única diferença era que, dessa vez, pude sentir ele pedir passagem com a língua, que foi prontamente cedida por mim.

Sei que ele conseguia sentir o próprio gosto e a maneira como ele esfregava a língua na minha fez com que meus dedos, que estavam em sua nuca, apertassem os fios de cabelo presentes ali.

Shisui me deu alguns selinhos antes de se afastar, passando uma das mãos pela parte de trás dos meus joelhos e apoiando a outra nas minhas costas. Ele sussurrou algo como "Vou te colocar na cama", mas eu não ouvi direito, pois estava meio zonzo na hora.

Senti meu corpo ser erguido do chão e quase chorei de alívio ao perceber que meus joelhos já não estavam dobrados – é sério, isso dói demais. Quando meu corpo entrou em contato com uma superfície macia – que eu julgo ser a cama –, minhas mãos automaticamente puxaram Shisui para perto. Eu queria mais beijos e carinhos, poxa.

— Bebê.

— Hm?

— Está tudo bem? Quer um copo d'água, ou alguma outra coisa?

— Água. — Minha voz saiu toda esquisita e eu estou certo de que amanhã ela vai estar só o bagaço, mas zero arrependimentos.

— Vou buscar. Fica quietinho aqui.

Me limitei a assentir com a cabeça e quase me arrependi de ter pedido água quando me toquei que ele teria que sair do quarto para buscar. Lento não, eu estou além. Felizmente, Shisui não demorou a voltar e, confesso que foi muito fofo quando ele arrumou umas almofadas na cabeceira da cama e me ajudou a sentar. Isso é um homem de verdade.

Shisui me entregou o copo e eu comecei a tomar minha bela água – após agradecê-lo, é claro –, sem me importar muito com o que acontecia ao meu redor. Vi o Uchiha entrar no que eu acho que seja o banheiro, voltando rapidamente com alguns lenços em mãos e é óbvio que eu estranhei, ele ia limpar o quê?

Estranhei mais ainda quando ele se aproximou de mim, deixando os lenços ao meu lado e levando as mãos até o cós da minha boxer. Mas quando meus olhos bateram no tecido cinza e eu notei a mancha que havia nele, eu entendi tudo. O quão na seca eu estou?

Coloquei uma das mãos sobre o rosto enquanto sentia minhas bochechas esquentarem. Quem goza, sem se tocar, enquanto chupa outra pessoa? Ah, pelo amor dos meus lindos olhinhos azuis.

— Ei, bebê. O que foi?

— Eu não acredito que fiz isso e nem notei. — Murmurei em um tom choroso.

— Isso? Ah, está falando de ter gozado junto comigo? O que tem de errado nisso, bebê?

— Mas eu nem me toquei. — Respondi, ainda sem tirar a mão do rosto.

— E quem disse que precisa, hm? Isso acontece, às vezes. Não tem com o que se preocupar. — Falou suave, enquanto tirava minha boxer e pegava o copo que estava na minha mão, aproveitando também para segurar a mão que estava no meu rosto e a tirar de lá — Mas você não notou que tinha gozado?

— Eu senti que tinha, mas eu achei que fosse coisa da minha cabeça.

— Ah, meu bebê. — Ele murmurou, em um tom que beirava o tom que usamos com cachorrinhos e crianças — Para tudo existe uma primeira vez, sim?

— Shisui, eu estou com vergonha.

O Uchiha então me deu um longo selinho, como se quisesse me dizer que estava tudo bem e que eu não precisava ter vergonha. Mas eu tenho vergonha e acabou a conversa, me deixa quieto.

— Depois que terminarmos aqui, — Começou, a mão fazendo um pequeno carinho na minha nuca — vou pedir para a empregada fazer o que você quiser para comermos no jantar. O que acha?

O que eu acho? Droga, Shisui. Eu acho que estou me apegando mais rápido do que deveria, isso sim.


Notas Finais


demorei, mas cheguei. ai, foi tão complicado fazer esse capítulo /grito/. ele chegou a ficar com mais de dez mil palavras e eu só no surto, porque não queria que passasse de cinco mil, mas no final eu consegui resolverkk.

espero que tenham gostado e que tenha ficado em um tamanho legal. se desejarem, deixem um comentário com suas opiniões sobre o capítulo. vejo vocês em breve! ♡


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