História Meu Universo Paralelo - Fim dos dias solitários

Voltando para dentro de casa, Orihime foi rapidamente ver o estado de Ulquiorra e, ao entrar em seu quarto, se deparou com ele de pé ao lado da janela. Ela foi se aproximando e ele parecia nem notar, como se sua mente estivesse em outro lugar, observando a cidade iluminada.

— Você se sente melhor? Urahara disse que você deveria se alimentar, então vou para a cozinha preparar algo para comermos. Você vai ficar bem? – Ele só a olhou, mas ainda não tinha pronunciado nenhuma palavra desde que tinha acordado – Então eu vou nessa! – Ela sorriu alegremente se dirigindo a cozinha.

Feliz da vida ela preparava uma refeição cheia de “variedades”, pois ele precisaria de muitas vitaminas para ficar bem forte, era o que ela pensava. Foi então surpreendida por ele saindo do quarto e a observar cada objeto, móvel, planta e finalmente ele viu a foto do irmão dela, então quando ele a tocou, ela foi logo dizendo com uma voz bem suave...

— Essa é a foto do meu Onii-chan, nós vivíamos juntos aqui, mas ele faleceu e eu acabei ficando sozinha. Todos os dias são bem tranquilos por aqui e você pode ficar a vontade para olhar o que quiser... Normalmente eu vou de manhã à escola e trabalho à tarde, mas você não ficará sozinho, pois o Urahara-san se dispôs a te ensinar tudo o que você precisará saber para se adaptar a sua nova vida. Ele disse também que se você quiser entrar na faculdade ele te dará aulas de graça, ele realmente é uma boa pessoa...

Ela mal tinha acabado de falar, quando ele interrompeu dizendo:

— Por quê?

Ela parou de cortar os legumes e quando ia dizer algo, foi novamente interrompida...

— Por que você me trouxe aqui? Eu nunca fiz nada de bom para você, ao contrário, te sequestrei e maltratei. - O moreno parecia cada vez mais inexpressivo.

Ao ouvir aquelas perguntas ela sorriu e, voltando a cortar seus legumes, falava emocionada:

— Você pode não acreditar, mas nunca eu pude conversar com alguém como quando estava com você... Eu não tinha a intenção de te impressionar, nem de parecer divertida, então somente fui eu mesma, sem fazer aquelas piadas e sem me fazer de boba, somente dizia o que realmente sentia. Quando eu voltei para casa depois de toda aquela guerra, percebi o quanto fazia falta ter alguém por perto no dia a dia, confesso que pensei várias vezes em abrir aquela caixinha e descobrir o que você queria que eu visse, a curiosidade realmente era muito grande, mas ao abri-la percebi que não era isso o que eu queria... Eu queria que meus dias com você voltassem, não somente pelo interesse de ter você para me ouvir, mas gostaria de lhe retribuir todas as horas que você tornou menos vazias. Na verdade, você foi, de um jeito diferente, um bom amigo, alguém para quem eu nunca tive que mudar e mesmo que você não entenda, não faz mal. Quando você estiver melhor, não precisa ficar aqui comigo... Só quero que você esteja bem e tenha uma oportunidade de recomeçar, sem Aizen, sem maldade e sem solidão, pois eu estarei bem aqui ao seu lado... Se você quiser, é claro.

Não havia expressão nenhuma no rosto dele, como de costume, o rapaz somente se virou e voltou a observar as coisas ao seu redor até que o jantar ficou pronto. Então se sentaram e ele, pela primeira vez, experimentou uma comida humana e, mesmo que fosse uma comida estranha, o moreno não reclamou, ao contrário, comeu tudo o que ela pôs em seu prato. A ruiva estava ansiosa durante tanto tempo para ter um amigo na hora do jantar, que começou a conversa...

— E então... Você está disposto a ir até a loja amanhã para começar a aprender a cultura e costumes daqui?- A garota fazia pequenas pausas para comer - Não precisa ficar receoso, pois Urahara é um amigo de minha total confiança e que conheço há muito tempo...

— Por que insiste que eu me adapte a esse lugar? – Interrompeu ele sem nem sequer demonstrar interesse.

— Se você não quiser, não é necessário... – Disse ela com um olhar de quem tenta disfarçar a decepção – Eu ainda nem me desculpei por ter te trazido assim sem te consultar, é natural que esteja chateado... Perdoe-me, por favor! –Disse ela com uma reverência e continuou... – Você pode ficar com a cama, pois eu posso dormir em um futon na sala, já me acostumei com ele já que eu o esticava do seu lado... Mas era só porque eu estava preocupada que você acordasse no meio da noite! Eu não estava com más intenções... – Disse isso com o rosto corado.

Mas ele simplesmente se levantou, pegou o colchão e foi se arrumando na sala, ela ficou observando como ele se comportou, como se ele se importasse em deixá-la confortável, e sorrindo foi caminhando para seu quarto, quando Ulquiorra de repente disse:

— Amanhã eu irei até a loja... Garota burra.

O semblante dela se transformou completamente, já não podia disfarçar sua felicidade...

— Hai! Então tenha uma boa noite de sono, deixarei a porta entreaberta, qualquer coisa que houver, pode me chamar sem hesitar! E assim ela foi se deitar toda emocionada...