História Meu vizinho - Capítulo 13

P.O.V Mark

De um tempo pra cá não houve muitas mudanças. Jason ainda não me pediu em namoro, mas sempre me lembrava o quanto me amava. Nem sempre com palavras. Simples atos me faziam ter certeza que eu era o único.

Ele fez alguns amigos no clube de " cultura Nerd". Realmente me surpreendi quando vi sua coleção de bonecos e revistas. Sem contar a caixa cheia de DVD's clássicos como " Star Wars" ou "Star Trek" mesmo ele achando que " Star Wars" é muito melhor.

Tinha também várias camisas que se recusava a usar. Dizia que não queria estraga-las, então nem tirou do plástico. Sério, parecia uma paranoia. 

Me lembro de ouvi-lo dizer:

"-Quando tiver alguma tsunami quero ver como suas roupas preferidas vão ficar."

-Jason.... Moramos no meio do país...

-...-"

As vezes ficava até com ciúmes dos amigos dele. Sempre tinha reunião do Clube. Uma vez ele até me convidou pra ir junto, eu aceitei e me arrependo disso até hoje. Ficar mais de 4 horas vendo um filme e parando o mesmo pra fazer comentários ou observações científicas, como: "Viram? No espaço é impossível explosões, incêndios ou barulhos, falha do filme". Quase que eu grito um "É só um filme!", mas eles estavam usando espadas.

Eu amo muito o Jason pra aguentar isso. 

Faltava umas semana para o baile e eu estava nervoso. Não sabia o que vestir, mas minha mãe me assegurou que iria me ajudar com isso. 

-Mark, pronto?- Minha mãe apareceu na porta.

-Estou.

Íamos ver o terno agora, bem não sei o nome daquilo. Pra mim é tudo terno.

Peguei minha carteira e meu celular mandando uma mensagem pra Jason. Me respondeu me enviando uma foto sua segurando um gato vestido de Batman . Seu sorriso estava tão lindo naquela foto. Na legenda dizia: Tudo bem, divirta-se. Te amo.

Sorri e coloquei a foto como plano de fundo do meu celular.

O-O

Minha mãe me levou até um alfaiate, onde tinha ternos e Smokings. Óbvio que preferi o terno, o outro era muito enfeitado e feio. 

Já estava vestindo o meu 20º terno e já estava perdendo a paciência, até que vesti um que eu , sinceramente, achei ele perfeito. Parecia que as costuras foram feitas pra mim, me deixavam mais bonito e com um corpo mais esbelto. Era de um tecido bem escuro que ficava perfeito ao contraste da blusa branca, e que certamente, combinaria com a gravata borboleta preta. E foi a primeira vez que realmente me achei bonito.

Comecei a escutar uma música bastante conhecida por mim e fui até meu celular atendendo-o.

-Alô?

-Oi amor. Liguei pra saber como as coisas estão indo.-Jason disse alegremente no outro lado da linha.

-Aqui está tudo ótimo. Na verdade achei um terno perfeito.- Voltei a me olhar no espelho alisando o paletó.

-Huuumm.. eu quero ver.-Disse em um tom malicioso e eu só consegui rir.-Que tal um showzinho particular mais tarde?

-Jason! Você só pensa nisso?- Na verdade isso foi meio que uma pergunta retórica..

-Na verdade, só penso em você.- Pelo espelho pude me ver tomando uma coloração rosada.-E pelo que eu saiba, pensar nessas coisas também é pensar em você.

-Puta que pariu Jason! Crente que iria dizer algo bonito e romântico! Dai você me vem com essa?

-Desculpa, meu anjo.- Suspire.

-Okay. Já,Já estou em casa. Quer fazer alguma coisa?- Perguntei casualmente ainda me olhando.

-Poxa, pensei que o showzinho iria acontecer...

-Jason...

-Tudo bem, tudo bem. Quer ir até a praça comigo tomar sorvete?

-Pode ser. Vou desligar, a gente se fala depois.

Desliguei depois da troca de " eu te amo" que eu tanto amava ouvir, e comecei a me trocar.

O-O

-Morango, chocolate, leite condensado, goiaba, banana, flocos, pistache, coco ou maracujá?- Perguntou Jason rápido e só respirando no final.

-Bem, de todos só ouvi morando, bla bla, coco ou maracujá, então quero de morango mesmo. 

Depois de pagar fomos nos sentar em algum banco. Observando as pessoas e os animais correndo de um lado pro outro me prendi ali. No final da tarde isso era bem comum, mas eu não tinha muito tempo pra poder apreciar essa vista, que pra ser sincero que adorava. Adoro coisas simples, coisas que acontecem naturalmente, coisas pequenas que se tornam grandes só se você perceber. Como o Jason.

-Já pensou em ter um cachorro?- Perguntou me tirando de meus devaneios.

-Ahm... quando eu era pequeno sim. Eu ficava muito sozinho em casa mas fiquei com medo de quando ele morresse eu ficasse extremamente triste e acabar perdendo meu único e grande amigo. Sempre evitei coisas que pudesse me deixar mais triste. E você?

-Na verdade não. Mas sempre pensei em ter filhos.

Aquilo me atingiu como uma bala, e o pior, eu não usava qualquer tipo de colete pra me proteger daquilo.

De um tempo pra cá, eu estava criando a hipótese de quando o colegial acabar eu finalmente pudesse morar com Jason. Eu o amo de mais e não via problema algum em passar o resto da minha vida do lado dele. Mas agora com ele falando que queria ter filhos, uma onda de tristeza me atingiu. Pelo fato de que se ele estiver comigo, ele nunca poderá ter um.

A não ser que adotemos. Uma coisa que eu achava que ele não iria querer. Na maioria dos casos de adoção demoram no mínimo 7 anos, mas para um casal como nós acho que não levaria menos de 10 anos.Mas nunca seria a mesma coisa.

- Mark, você está bem? Ta ficando meio pálido.- Disse preocupado, segurando em minhas mãos e olhando em meus olhos.

- Não.... Não foi nada.- Disse tristemente olhando pra baixo.

-Amor, me fala vai. O que foi?

Meio relutante eu disse:

-Você... quer ter filhos....

-I-Isso é um problema pra você? Não gosta de crianças?

Uma pontada de alegria me atingiu. Ele me perguntar o que eu achava sobre ter crianças, me dava a esperança de que ele esperava o mesmo que eu. Mas nem tudo que eu penso é verdade.

-N-Não! Não é isso...

-Então o que é?- Segurou com mais força minhas mãos me fazendo fita-lo.

- É bobeira...- Não queria falar sobre minhas fantasias, e se ele não quisesse o mesmo? O Olhar que ele me lançou agora foi tão intenso que desisti de esconder. Soltei um suspiro e disse:

-É só que ... Você quer ter filhos e .. eu sei que não vou poder dar isso pra você, então sei que não vai ficar comigo por muito tempo, vai achar uma garota que te dê vários mini Jasons pra ficar correndo pela casa..- Imaginar essa cena me fez começar a chorar, eu queria tanto ter isso com Jason...Porque dói tanto?- Sei que pode ser meio clichê, mas eu realmente queria viver minha vida ao seu lado. Mesmo que distante, não segurando a sua mão. 

Quando terminei de falar abaixei o olhar de novo limpando algumas lágrimas que ainda caiam . Não ia aguentar olhar pra ele de novo depois disso. Realmente eu conseguia me magoar rápido de mais.

Senti seus dedos em meu queixo me fazendo voltar a fita-lo e então sinto seus lábios tocarem os meus com calma e delicadeza. Nem parecia o mesmo Jason que quase me quebrava dentro de 4 paredes.

Foi apenas um selar de lábios com um leve carinho na bochecha.

-Entendo seu lado. Mas fico meio triste quando você pensa que vou te deixar. Se quero ter filho? Quero! E Muito! Mas se pra ficar com você eu tenha que abrir mão disso, eu o faço.

- Jason....- Eu já chorava que nem um bebê. Como isso poderia estar acontecendo comigo? Eu sou um nada, como um cara assim abre mão de ter filhos por um nada? O abracei ainda soluçando, fechando fortemente meus olhos- Eu te amo.

-Eu também te amo...

-Mas...- Me separei um pouco somente pra olhar em seus olhos.- Não posso deixar que isso aconteça...

Sua cara ficou completamente confusa. Me olhava querendo alguma explicação.

Eu não posso deixar que isso aconteça com a pessoa que eu mais amo na vida. Ele queria ter filhos, eu sei que esse sonho não vai morrer tão cedo. Sei que ele vai ser infeliz, sempre pensando em como poderia ter sido se estivesse com uma mulher, casado e com filhos. Não posso deixar que isso aconteça, não posso deixar o amor da minha vida infeliz por minha causa.

-Jason... me promete uma coisa?

-Mark...

-Me promete?

-Prometo.- Disse.

-Não prometa o que não pode cumprir.- Disse tentando controlar as lágrimas o olhando sério.

-Então não prometo, apenas ... me diz.- Ele estava preocupado, espantado pelo que poderia acontecer. 

-Me promete que depois do baile, você vai seguir a sua vida? Que você vai me esquecer? Que você vai procurar realizar seus sonhos?

E foi ali que meu mundo desabou. A primeira lágrima de Jason caiu de seus olhos. Era muito difícil over chorar, meu coração doía mais do que tudo. 

-Mark... mas eu não quero isso.

-Acredite, você quer....- Ele estava muito chocado pra responder alguma coisa.- Adeus Jason.

Disse selando seus lábios e me levantando saindo de perto dele. 

Eu poderia cair no chão a qualquer momento. Eu não aguentava seguir em frente. Pra mim tudo tinha acabado, tanto a minha vida com o Jason quanto a minha vida sem ele. Eu não enxergava nada , não sentia nada só dor e isso estava me matando. Minhas lágrimas não paravam de cair e eu só pensava em correr o mais rápido até um ônibus passar por cima de mim. 

Sinto algo segurar em meu braço me fazendo parar. Paro, abaixo a cabeça e fecho os olhos chorando mais ainda. 

Ele não me deixou ir embora...

Segurou meu braço com mais força e puxou pra si me fazendo o olhar. Segurou em meus dois braços, ele estava cheio de raiva e de dor. 

-MARK O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?

Me Perguntou gritando. Eu não conseguia falar, minha garganta estava embolada com tamanha dor.

-M-Mark... porque está fazendo isso?- Me perguntou agora com uma voz chorosa.- Não faz isso comigo, por favor. Não vê? Olha como eu estou, não consigo parar de tremer apenas em pensar em uma hipótese de te perder. Você me disse que queria que eu seguisse meus sonhos, mas como posso segui-los se você está indo embora? 

Eu continuava imóvel. Apesar de estar ali ouvindo seus sentimentos saírem pela boca eu sabia que não poderia...

-Mark, por favor fica. Eu te amo tanto, não me deixa. Não me deixa por uma coisa idiota que eu disse...

O interrompi dizendo:

-Você não disse uma coisa idiota.- Minha voz estava tão calma que até me assustou.

-Me da uma chance de te provar que eu não preciso de filhos pra minha felicidade? Que eu só preciso de você, uma casa e um cachorro no quintal?- Imaginar aquilo me trazia tanto conforto.- Me da uma chance pra eu te provar que Eu Te Amo.

Me soltei de seus braços e o beijei. Tão desejoso, tão sentimental, tão carnal e espiritual, que rapidamente perdemos o ar e me afastei dele. 

-Sinto muito Jason. 

O deixei lá e saí correndo.

Não sei o que estava acontecendo comigo. Era tantos sentimentos misturados e bagunçados. Talvez amanhã eu me arrependa do que eu fiz. Mas hoje, sei que fiz a coisa certa.

Não eu não fiz. 

Parei aonde eu estava. Me virei. E pude ver Jason me olhando, com seus olhos cheios de lágrimas e dor. 

Corri até ele e o beijei. E então tudo parecia tão simplesmente bom, tão simplesmente fácil. Me separei do beijo e o abracei.

-Jason.. eu te amo! Muito mesmo. Por favor, não me deixe ir.- O apertava mais contra mim.

-Mark.... Nunca.