POV: Castiel
Que dor de cabeça, meu Deus!
Abri meus olhos bem devagar, há uma janela aberta na minha frente, e estou deitado em uma cama que não conheço. Olhei ao redor, decoração cor de rosa, os lençóis que me cobrem são brancos, e esse roupão que visto não é meu.
Levanto rapidamente e me arrependo por isso. Vi algumas roupas minhas dobradas em cima da cômoda que havia ao lado da cama.
Vesti-me e sai do quarto, entrei no corredor e vi Lety terminando de preparar o café.
- O que eu tô fazendo aqui? - perguntei.
- Bom dia também. - ela me serviu uma xícara de café. - Toma, fiz bem forte pra curar essa ressaca.
- Obrigado. - tomei um gole - Mas é sério, o que eu tô fazendo aqui, Lety?
- Eu não sei, Castiel. Ontem quando cheguei, você estava jogado em frente a minha porta, bêbado. Eu não podia te deixar ali.
- Eu fiz isso?
- Sim.
Incrível, eu não lembro de nada.
Vasculhei minha cabeça em busca de memórias mas nada veio.
- Por acaso nós… - apontei meu dedo indicador para mim e para ela, sorrindo.
- Não, claro que não. - ela revirou os olhos.
- Por que não?
- Porque não, Castiel. - ela tomou um gole de café, e eu tomei em seguida.
- Desculpa… - ela arqueou as sobrancelhas - Pelo incômodo.
Ela assentiu e levantou, colocando sua xícara na pia.
- Outro dia vi você e um cara mais velho saindo de um restaurante. Não está namorando ele? - levantei e coloquei minha xícara na pia.
- Não. Naquele dia, na fila da pizza, eu te falei que não estou namorando. - ela sentou em seu sofá.
- Entendi. - sentei ao seu lado.
Senti que sentei em algo redondo, levantei e vi uma bolinha de papel amassado. Abri e li um bilhete de um tal de Michael, dizendo que a noite havia sido maravilhosa.
- O que é isso aqui? - mostrei o bilhete pra ela, que se mostrou surpresa.
- Não te devo satisfações, Castiel. - ela pegou o bilhete da minha mão e o amassou novamente, levantando em seguida.
- Você não vai fugir disso. - a puxei de volta e ela caiu em meu colo.
- Quem costuma fugir das coisas aqui é você.
- Eu fujo? - apertei seus pulsos.
- Está me machucando. - aliviei a pressão com a qual a segurava e coloquei minhas mãos em sua cintura e sua coxa.
- Lety, eu tô fugindo agora?
- Agora, que apenas nós dois estamos aqui, não. Mas quando foi pra assumir que estava me provocando na festa naquele dia, ficou apenas calado. Faça-me favor, né Castiel? - ela levantou bruscamente do meu colo.
- Tá vendo? - levantei. - Você sempre me empurra! Sempre me rejeita! Sempre me joga pra longe!
- E você está sempre com esse sorriso sacana no rosto! Quer que eu acredite como em você?
- Apenas acredite, eu te amo, Letícia.
Ela arregalou os olhos e ficou um tempo calada.
- Você diz isso apenas porque viu que estou me relacionando com outra pessoa. Isso é apenas ciúmes.
- Ciúmes? Ciúmes, Letícia? - me aproximei dela, colando nossos corpos.
- Sim. - ela colocou suas mãos em meu peito, tentando me afastar. - Se realmente gostasse de mim, estaria comigo e não com a Debrah. Eu sou apenas um jogo pra você.
- Nunca mais repita isso. - e a beijei.
Apertei sua cintura e minhas mãos passearam por suas costas, senti seus braços rodearem meu pescoço e a apertei mais, sentindo cada centímetro do seu corpo colado ao meu.
Não sei por quanto tempo ficamos a nos beijar, mas uma coisa era certa: eu não quero que acabe.
Este foi o primeiro beijo que dei nela depois de nos separarmos, jamais pensei que teria coragem de tomar atitude de tê-la novamente em meus braços. Aos poucos, pela falta de ar, nos soltamos.
- Lety, não me deixa. Isso tudo é temporário. Fica comigo.
- Você me disse quase a mesma coisa ontem… - ela riu baixinho.
- Foi? - sorri - Vem, preciso te levar em um lugar. - a puxei em direção a porta.
- Castiel, eu tenho trabalho hoje.
- Eu falo com seu chefe, mas você vem comigo. - ela parou, me encarou por segundos, e disse:
- Certo, vamos.
Pegamos um uber e fomos até minha casa, chegando lá, entramos pelos fundos e conduzo-a até meu studio particular, que fica no porão.
- Uau, que bonito. - ela diz, tocando em alguns instrumentos - sempre quis aprender a tocar piano.
- Eu me dou melhor com violão e guitarra. - peguei um banco e coloquei em frente ao meu violão. - Senta aqui, quero te mostrar uma coisa.
Ela sentou e eu sentei de frente pra ela, com meu violão em mãos. E comecei os acordes.
You are the one, girl | Você é a única, garota
You know that it's true | Você sabe que é verdade
I'm feeling younger | Estou me sentindo mais jovem
Every time that I'm alone with you | Toda vez que estou sozinho com você
Esta é uma música que venho trabalhando desde que vi Lety pela primeira vez depois de todo esse tempo. A letra está cheia de nostalgia e cheia do desejo que tenho pela minha morena. [N/A: vamos fingir que a Lety é morena, ok? ok!]
We were sitting in a parked car | Estávamos sentados num carro estacionado
Stealing kisses in a front yard | Roubando beijos em um quintal
We got questions we shouldn't had asked but | Temos perguntas que não devíamos ter perguntado, mas
Ela colocou uma mão em frente aos seus lábios e seus olhos lagrimaram, eles, agora, estão mais brilhantes do que nunca, ela passa as mãos no cabelo, colocando-o todo para um lado, deixando seu pescoço a mostra, e eu não consigo evitar morder meus lábios em meio a música.
How would you feel | Como você se sentiria
If I told you I loved you | Se eu dissesse que te amo
It's just something that I want to do | É só uma coisa que eu quero fazer
I'm taking my time, spending my life | Estou aproveitando, passando a minha vida
Falling deeper in love with you | Me apaixonando ainda mais por você
So tell me that you love me too | Então diga que você me ama também
“É só uma coisa que eu quero fazer”.
Quero fazer isso desde muito tempo. Mesmo separados, eu jamais consegui esquecê-la. E antes de ficarmos juntos, antes de conhecê-la, Maegi havia sido a única garota para a qual eu havia sentido algo a mais, todas as outras, antes e depois dela, haviam sido apenas outras. Até Letícia chegar, com esse jeito animado e apaixonante que ela tem, conquistou-me de um jeito impressionante e simplesmente raptou meu coração para si. E até hoje não me devolveu.
In the summer, as the lilacs blew | No verão, enquanto os lilases floriam
Blood flows deeper than a river | O sangue fluía mais que um rio
Every moment that I spend with you | Em cada momento que eu passei com você
We were sat upon our best friend's roof | Estávamos sentados no telhado de nosso melhor amigo
I had both of my arms around you | Eu tinha meus braços ao seu redor
Watching the sunrise replace the moon | Assistindo ao nascer do sol substituir a lua
Lembro-me das inúmeras vezes em que saímos para as baladas da vida, nós nunca saíamos sem brigar, eu sempre estava com ciúmes dela e ela sempre estava “nem aí” para o que eu achava do que ela vestia ou do que ela falava. E no fim, sempre voltávamos um para o outro.
How would you feel | Como você se sentiria
If I told you I loved you | Se eu dissesse que te amo
It's just something that I want to do | É só uma coisa que eu quero fazer
I'm taking my time, spending my life | Estou aproveitando, passando a minha vida
Falling deeper in love with you | Me apaixonando ainda mais por você
So tell me that you love me too | Então diga que você me ama também
Tell me that you love me too | Diga que você me ama também
Tell me that you love me too | Diga que você me ama também
Finalizei a música e coloquei o violão ao meu lado, olhei para Lety novamente e ela estava limpando suas lágrimas. Ajoelhei-me de frente para ela e disse:
- Isso era só algo que eu queria fazer. - ela me abraçou.
- Bobo, bobo, bobo… - ela beijou minha testa.
- Eu te amo, Letícia Lamartine.
- Eu te amo, Castiel Beaumont. - nos beijamos.
- Apenas peço que aguente um pouco mais.
- Mas por que? Por que não podemos ficar logo juntos?
- Lety, é uma longa história. E eu não posso contar… - ela levantou, emburrada.
- Não acredito nisso! Castiel! Você me traz aqui, faz tudo isso - ela apontou para o violão - e me diz que não pode me contar?! Eu mereço saber!
Nos encaramos por segundos e eu a levei até minha sala de estar, no térreo. Sentamos no sofá e uma empregada nos trouxe copos com água.
- Obrigada, Marie. - falei e a empregada se distanciou. - Lety, eu vou contar, mas peço segredo. Pois são cláusulas do contrato.
- Contrato?
- Sim. - suspirei e tomei um gole d’água - Meu namoro com a Debrah não passa de um contrato. Ela é nova na carreira, e é da mesma gravadora que eu, então resolveram nos juntas, já que eu era, sou, não sei, um dos solteiros mais cobiçados da mesma gravadora. E como o Lysandre já estava mais do que assumido com a Anna, sobrou pra mim. Eu sinto muito… - ela colocou o indicador em meus lábios e me beijou.
- O quanto temos que esperar?
- Dois meses.
- É muito tempo, mas eu aguento por você. Por nós. - a beijei novamente. - Mas Castiel, eu devo seguir minha vida, para que ninguém suspeite, principalmente sua namorada.
- “Namorada”. - fiz as aspas com meus dedos. - Certo, mas não abuse dos meus ciúmes, dona Letícia.
- Sempre abusei, não é agora que vou parar. - nos beijamos novamente.
Ao nos separarmos pela falta de ar, pedi para meu motorista deixar Lety em seu trabalho e falei com seu chefe, que quase teve um ataque do coração ao me ver e perdôo minha morena por seu atraso.
E, enfim, sinto que minha vida voltará aos eixos.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.