1. Spirit Fanfics >
  2. Midnight - Markson >
  3. 50

História Midnight - Markson - 50


Escrita por: AP_Moura

Notas do Autor


Um mês, me desculpe meus amores!

Capítulo 52 - 50


   Jackson estava sentado atrás do balcão, ilhado entre um quadrado de mármore escuro no meio da biblioteca, lendo um dos livros descartados de última hora no caixa, que esperavam ser levados para suas estantes. Seus olhos, embora estivessem passando sobre as linhas dos livros, não liam uma palavra sequer. Estava se esforçando o máximo, mas desde a noite anterior que seus pensamentos estavam longe. 
  O acontecimento da noite passada continuavam a atormenta-lo nos momentos mais improváveis. Como quando tentou ajudar a carregar às caixas de livros novos naquela manhã e quase derrubou uma. Ele sabia que em algum momento algo assim aconteceria entre aqueles garotos, uma briga, algo que os fizessem ficar quietos por um tempo. Uma onda de ódio, que ele esperava que a maré já estivesse pronta para puxar de volta. 
  Ele não sabia ao certo como se sentir, afinal, aquilo não tinha nada relacionado a ele, sua maior ligação naquela briga era seu relacionamento com Mark. Mesmo assim, nada o incluía, e Jackson não sabia se aquilo era bom ou ruim. Sentia-se bem por não ter tido que apanhar ou gritar, mas também se sentia mal por ter ficado mais excluído nisso do que nunca.
  Não, disse a si mesmo, não ter participado daquilo tinha sido muito bom. Tanto ele não conhecia eles tão bem, como eles não conheciam nada da sua vida, seu passado estava bem guardado em Tuen Mun. 
  Jackson estremeceu com o pensamento. Por querer, ele havia feito Mark vê-lo como um príncipe de conto de fadas, que apareceu justamente quando ele precisou. Jackson realmente procurava tentar ser a pessoa dos sonhos de Mark, mesmo assim, nem todos os príncipes nascem príncipes. Eles aprendem com o tempo. Com as feridas deixadas por outras batalhas. 
  Com um suspiro, Jackson deixou o livro se fechar e o pousou junto ao monte que estava formando na ponta do balcão. A sua frente, o monitor do computador estava ligado esperando um cliente. Jackson usava a cadeira tão alta que seus pés não tocavam o chão direito, apenas às pontas do sapato se esticasse o pé. Estava se mexendo incomodamente na cadeira quando a porta de entrada abriu. No vão da porta, um homem olhava ao redor da biblioteca, seus olhos foram pelas estantes de livros até Jackson, onde pararam. 
  Algo no homem era familiar. Jackson se sentou direito enquanto o homem se aproximava. Os cabelos grisalhos caindo nos ombros, os olhos marcados por rugas e a testa com linhas de tempo. Ele parou perto da bancada, esticou um envelope e o deixou cair no balcão. 
  Jackson ficou tenso. O envelope parecia comum, mas o homem não aparentava ser. Jackson conhecia muitas pessoas, tanto boas quanto ruins, e ele não era nenhuma das duas, parecia ser um homem comum, ao mesmo tempo que trazia uma aura sombreada. 
  Ele apontou para o pacote sem olhar para Jackson. 
  -Você… conhece Mark Tuan, sim? -perguntou, a voz quase inaudível. 
  Jackson sentiu uma pontada no estômago, mas balançou a cabeça hesitante. 
  -Entregue a ele. -continuou. -Diga a ele que precisamos conversar. 
  Ele ia se virar quando Jackson o segurou pelo pulso. Os olhos do homem se arregalaram para os dedos envolta do seu pulso. Jackson soltou lentamente os dedos e voltou ao seu lugar na cadeira. 
  -Me Desculpe, mas quem devo dizer que o mandou isso? 
  O homem riu brevemente.
  -O pai dele.
  Sem dar tempo que Jackson falasse mais, ele cruzou o espaço até à porta e saiu. Jackson abaixou o olhar para a carta. Estava em bom estado, com o nome de Mark escrito a mão no verso. E uma dedicatória trêmula estava escrita na borda, pouco abaixo do seu nome. Jackson a pegou e aproximou-a do rosto. 
  Mark, eu preciso lhe contar uma coisa, preciso da sua ajuda. 

  Jackson olhou ao redor. Enfiou a carta na sua mochila, entre dois livros da escola e fechou o zíper. Entregaria mais tarde a Mark, quando chegasse em casa, e o encontrasse na varanda como sempre. Dessa vez acompanhado da sua mãe. 
  Novamente Jackson suspirou. Familiares eram mais complicados de lidar do que com desconhecidos, ele bem sabia disso. 

***

  Mark estava na varanda. Escorado no gradil, olhava a rua movimentada três andares abaixo do seu, quando seu celular finalmente vibrou no bolso. Ele o tirou com pressa. Na tela brilhava o nome de BamBam, ele atendeu ansioso e esperou o outro falar. Por um instante, pensou que o amigo não estivesse do outro lado, até ouvir o som de uma porta, pouco depois BamBam o respondeu. 
  -Hyung! 
  Mark esperava que ele estivesse bravo, que a ligação fosse um desabafo sobre terem o chamado na diretoria. Mas BamBam soava animado demais. 
  -Sim? -disse Mark. 
  -Eu vou sair com o Yugyeom, vamos para o cinema, o que eu visto?
  Mark revirou os olhos e riu. 
  -Do que adianta se você vai terminar pelado mesmo? 
  -Aish. Deixe de ser assim. 
  Ele estava prestes a responder quando a campainha tocou. Chegou a dar um passo para ir a sala, quando a mãe de Jackson saiu do corredor e foi abrir a porta. Ela era uma grande companhia, mas naquele dia, Mark pedira para ficar sozinho, dizendo que precisava pensar sobre umas coisas. 
  -Hyung? -chamou BamBam. -Hyung, tudo bem? 
  -Tudo, foi só a companhia. 
  Jackson passou pela porta, com o cabelo bagunçado de vento e a mochila pendendo nas costas. Quando o viu, ele acenou com um sorriso, depois abraçou a mãe e disse algo que Mark não conseguiu ouvir. 
  -Então me ajude. -a voz de BamBam se tornou mais estridente. Mark soltou um suspiro cansado. -Vamos lá, você sempre me ajuda com isso. 
  -É, eu sempre ajudo. Por que dessa vez não pede o YoungJae, ele precisa se distrair. 
  -Não quero pedir ao YoungJae dicas de roupa para encontro quando ele acabou de terminar um namoro, Mark! 
  Mark passou às mãos no rosto e assentiu como se BamBam pudesse vê-lo. 
  -Eu ajudo. 
  Quase uma hora depois, Mark conseguiu largar o celular. Deixando BamBam com sua “roupa perfeita”. Seus dedos já estavam doloridos de apertar o celular e a orelha estava quente. Ele enfiou o celular no bolso e entrou em casa, fechando às portas para a varanda atrás de si, o vento frio ainda passando pela brecha antes de fechá-las totalmente. Jackson saiu do corredor assim que o trinco fez um click. Vestia roupas mais confortáveis agora; moletom rosa claro, calças cinza do mesmo material e chinelos. 
  Jackson parou à entrada do corredor com as mãos nos bolsos. Olhou para Mark com curiosidade e se aproximou. 
  -Está a muito tempo ali? -perguntou em voz baixa. 
  -Não tanto. BamBam quem me segurou por mais tempo. -Mark conseguiu sorrir e se inclinar para o dar um beijo demorado. 
  As mãos de Jackson desenharam sua cintura, seguindo pelas costas e descendo novamente, parando com os dedos no cós das calças de Mark. Entre a pele e o tecido. Eles se afastaram com a respiração acelerada. Não podiam se deixar levar, tinham visita. 
  -Vai ser assim quando nos casarmos? -Jackson perguntou com um sorrisinho. -Vamos ter que nos controlar. 
  -Sim. -Mark respondeu rindo. 
  Lá de dentro, a voz da mãe de Jackson chegou a eles pelo corredor, dando a impressão que ela estava quase. Largando a cintura de Mark, Jackson se afastou. Ele parecia inquieto, quase suspeito. 
  -Amor, depois eu quero te entregar uma coisa. Certo? -disse com simplicidade. 
  Mesmo assim, Mark sentiu um desconforto na boca do estômago. Mas só assentiu e seguiu logo atrás dele em direção a cozinha. 
   Passaram pelo corredor sem dizer nada. Quando enfim chegaram na cozinha, Zhou Ping estava à beira do fogão. Uma panela soltava vapor por uma abertura deixada de lado pela tampa. O cheiro da comida fez Mark perceber como estava faminto. 
  -Jia-Er. -Ping chamou. Aquele era o nome de nascimento de Jackson, Mark gostava de ouvi-la o chamando assim, quando ele a atendia parecia estar radiante. Não sabia se ele sentia muita falta de casa, mas soube por meio dela que todos os dias ele mandava mensagens para eles dizendo que estava bem e como estava apaixonado. Ouvir isso da própria sogra elevou Mark a um patamar muito mais alto que imaginava chegar, sabia que não estava sendo a toa tudo aquilo. 
  -Sim. -respondeu Jackson um instante depois. 
  -Você e Mark precisam comer direito. Olhei os armários dessa casa, só tem porcarias. 
  Mark mordeu o lábio controlando o riso. Colocando as mãos na cintura, Jackson parecia ofendido.
  -Eu compro coisas saudáveis, só que estão na geladeira. 
  -A coisa mais saudável que eu achei na geladeira foi um tomate. -ela se virou para eles, com uma colher na mão, molhada até o meio do cabo. Seus olhos foram de Jackson para Mark, então deu um suspiro e balançou a cabeça levemente. -Vocês querem se casar, mas sem ajuda vai ficar desnutridos. 
  -Não vamos ficar desnutridos. -Jackson insistiu. 
  -Verdade, eomma, Jackson vai ficar com uma pança daqui uns dias. -disse Mark para provocá-lo. 
  Os olhos da mulher se estreitaram, ela não parecia ser tão velha, tinha um espírito jovem, e olhos doces que faziam Mark vê-la como uma boa concorrente com quem sua mãe adoraria competir.
  Ela apontou a colher para a barriga de Jackson. Da colher um pouco da sopa pingou no chão. 
  -Você lutou esgrima por muito tempo, e dançou por muito tempo, não acredito que tudo isso para ficar com uma pança! 
  -Mark, amor, não ajuda. -Jackson murmurou virando-se para Mark e cobrindo sua visão da mãe dele. -Não ajuda ela. 
  -Os dois, saiam da minha cozinha. -ela ordenou voltando a mexer a sopa.
   Nenhum dos dois ficaram inclinados a discutir. Jackson o pegou pela mão e o levou para a sala de novo. Os dois se sentaram no sofá. A casa estava silenciosa, apenas com o som das panelas borbulhando vindo da cozinha, e o vento batendo nas portas de vidro como quem queria entrar. 
  -Amor, eu quero te contar uma coisa. -disse Jackson, de repente voltara a parecer inquieto. Seus dedos tamborilavam sobre a coxa. -Hoje eu conheci uma pessoa… bem, diferente. 
  Mark franziu a testa, inseguro. 
  -Está com medo de me dizer? É tão ruim assim?
  -Não sei, você que vai me dizer. -Jackson riu e deixou a cabeça cair no encosto do sofá. -Eu estava no balcão e um homem veio me perguntar se eu te conhecia. Ele deixou uma carta e disse que… era seu pai. 
  A cor fugiu do rosto de Mark. Fez-se silêncio, Jackson até pensou que ele não o responderia nada. 
  -E onde está a carta? -Mark estava distante, pálido como luar e rígido como pedra. Jackson enfiou a mão num dos bolsos do moletom. Quando a puxou de volta, o envelope estava entre seus dedos. Mark a pegou com delicadeza, como se a qualquer momento aquilo pudesse explodir; virou-a nos dedos, a tocou com leveza e leu o que estava escrito na borda. -Preciso da sua ajuda. -ecoou. 
  Jackson pensou ter visto algo no rosto dele, quase como dor, mas se tivera algo ali antes, já não tinha mais.
  -Você não se dar bem com ele? -perguntou Jackson. 
  -Bem, depois que nossos pais se separam, você sempre tem um favorito. -falou Mark com um ponta de risada na voz. -Meu pai nos deixou quando eu tinha nove anos, não sei porque, só sei que só o vi no meu aniversário de quinze anos desde então. 
  A cor voltava para as bochechas de Mark. O ar estava pesado, como se dentro da sala estivesse se formando uma tempestade, Jackson podia imaginar as faíscas pulando de Mark quanto mais ele pensava no pai. Tinha medo de o tocar, não sabia oque Mark estava sentindo. 
  Os ombros dele relaxaram. Mark passou distraidamente uma mão nos cabelos. Seus olhos estavam opacos e frios quando deslacrou a carta. Ele puxou de dentro a folha e algo caiu reluzindo no seu colo. Mark pegou o anel que caíra sobre suas penas e levantou-o ao nível dos olhos. 
  Jackson franziu o cenho. 
  -Uma aliança? 
  -É a da minha mãe. -Mark a girou entre os dedos, vendo o nome da mãe brilhando escondido no ouro. Uma linha bem fininha que se destacava se você a girasse na luz. -Ela me disse que tinha perdido. 
  Mark desdobrou o papel. Estava tudo escrito em inglês. Uma noite, Mark o contara que também não era coreano mesmo, que tinha nascido em Los Angeles. Jackson ficou surpreso quando soube, até duvidou, mas vendo aquilo suas dúvidas estavam canceladas. Jackson tinha passado uma temporada nos Estados Unidos, aprendendo a dançar. Lembranças açoitaram sua mente e ele sentiu um aperto no peito. Tinha feito muitos amigos por lá que nunca mais tinha ido visitar. Sentiu-se culpado por um momento, mas isso logo passou quando sentiu que tinha que dar apoio ao namorado. 
    Mark limpou a garganta. 
  -“Mark. Sei que deve estar achando inconveniente uma carta após tanto tempo, mas eu também não tinha o seu número. Voltei de LA a algumas semanas, e consegui recuperar a aliança da sua mãe na loja de penhores. Queria encontrá-lo no nosso antigo restaurante, ou oque foi feito dele agora. Vou esperá-lo no sábado, espero que que vá. 
  P.S.: Entreguei a carta a um menino que já o vi com você na rua, pareciam muito próximos, então espero que não tenha sido um problema.” 
  Parando de falar, Mark sentia a garganta seca. Se o perguntasse a algumas horas antes, diria que poderia dar um soco no pai por ter sido tão ausente. Mas depois da carta, algo dentro de si mudou. Seus olhos estavam molhados. O choro se apertava na garganta. 
  Jackson tirou a carta das mãos dele suavemente, pousando-a na mesinha de centro. Se aproximou e o puxou contra o seu peito. Mark estava trêmulo, nunca tinha se sentido daquele jeito. Não tinha medo do pai, sentia raiva e remorso dele por tê-lo trocado por outra família. Parecia um motivo infantil, mas era assim que ele se sentia, uma criança sozinha, com a mãe que sumia por horas num dia. Os braços de Jackson o apertaram mais. 
  Mark sentia-se mais forte perto de Jackson, mas no sábado, numa conversa séria que teria com o pai, onde tiraria todas suas dúvidas sobre ele e a mãe… ele iria sozinho. 


Notas Finais


Espero que gostem <#


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...