História Midnight City - He is a good guy

- A aula de hoje vai ser a correção e explicação do trabalho que Robert passou. - Ele pegou uma papel e fez uma cara confusa. - Qual era o trabalho? - ele perguntou para nós. 

- Era pra dizer em até 7 linhas nossos pensamentos. - disse uma loira de batom vermelho bem forte. Seus peitos pulavam de sua blusa.

- Obrigado! Então, vocês devem está se perguntando, mas que porra esse trabalho tem haver com literatura? - disse fazendo todos rirem, menos eu. - Eu explico, esse trabalho trabalha o intelecto, e na literatura, nós temos isso, vocês acham que se o Da Vinci não fosse inteligente, ele pintaria aquela mulher sem graça e faria ela vender milhões? Esse sim é esperto. - todos riram novamente. - Enfim, vou deixar pra ver esse trabalho no final da aula. Agora vamos entrar na obra clássica da Literatura. Abram o livro na página 57. - ele disse e todos abriram. 

Meus olhos arregalaram ao ver o tema, ele só podia estar de brincadeira com a minha cara. "Romeu e Julieta" era o título, achei aquilo o maior cinismo de todos. Como ele pode fazer isso? Olhei pra ele incrédula e o mesmo estava me olhando na hora, rapidamente ele desviou o olhar. 

- Um amor proibido, vocês já imaginaram se passássemos essa história pra atualidade? Como ficaria? - ele deu uma pausa. - Vamos imaginar, um professor, e uma aluna. - todos fizeram "hmmm" apenas revirei os olhos. Mia me olhou imediatamente. - Seria proibido, mas bem que dizem que o proibido é mais gostoso. - ele deu um sorriso safado ganhando mais risadas. - Calma gente, é só um exemplo. - ele passou a língua entre os lábios. - O cara acha uma gostosa, passa uma cantada nela, e nada, ai mostra o carro e por obra do destino ela vai na dele. - e novamente ele ganhava a turma. - Ela se apaixona e ele também, e então  começa as aulas, e eles veem que ela é aluna dele. 

- Mas nesse tempo eles não conversaram sobre isso? - indagou um nerd da primeira fileira cujo nome era desconhecido pra mim.

- Digamos que o tempo era pouco pra... - ele bateu as costas de uma mão na palma da outra. 

A aula de Justin com certeza teria me dado um ataque de risos de doer a barriga, mas eu só conseguia ter raiva e nojo daquele ser fazendo graça ali na frente. Era algo que não iria me conformar. Ele me usou, ele tirou algo de mim que não tem volta. 

[...]

- Alem de ser lindo, a aula dele é muito legal! - comentava a boca vermelha com a morena de peitos falsos. 

- Bem que eu podia ser a aluna do romance proibido! - disse a morena e elas riram 

Olhei pra Mia que encarava as duas meninas com nojo enquanto eu revirava os olhos pra cada palavra idiota que elas falavam. Vão lá cair na armadilha do professor bonitão! Mia voltou seu olhar pra mim e fez uma cara como se perguntasse: O que aconteceu? 

Não tinha como fugir dela, ela era minha melhor amiga, me conhecia mais do que eu mesma. Eu teria de contar, achei melhor leva-la lá pra casa, era um ambiente mais calmo e ninguém poderia nos escutar.

- Hoje a noite, você passa lá em casa, se quiser, pode dormir lá. Tenho turno na Liz agora.

- Eu te levo lá, ai eu te busco e vamos pra sua casa. - assenti e fomos caminhando até o estacionamento da faculdade.

[...]

- Boa tarde Liz! - a cumprimentei normalmente. Ela sorriu me entregando o avental da loja. 

- Boa tarde meu anjo! - ela sorriu. 

Me posicionei no balcão e fiquei brincando no celular até os clientes aparecerem. Foi a mesma coisa de sempre. Atendi várias pessoas. E no final da tarde, aquele sorriso apareceu, sempre bem humorado. Com o cabelo no lugar ele se aproximou.

- Como vai a vendedora de sapatos mais linda, e talvez a melhor dançarina do mundo? - ele se apoiou no balcão enquanto eu dava a volta para abraça-lo

- Ei! Como você está? - o abracei e logo o encarei.

- Confesso que bem mais feliz agora. - ele deu seu sorriso galanteador. 

- Nossa, me sinto honrada.

- Por que? Estava falando que gosto de ficar perto de sapatos. - brincou com o rosto sério.

- Idiota!

- Sabe que eu não vivo mais sem você né? 

- Hiperbólico!

- Vem cá. - ele me agarrou pela cintura, colando nossos corpos. O turno já estava no fim, logo não teria problema ficar ali com David. - Quer carona pra casa? - ele falou bem próximo de minha boca, aquilo parecia uma promessa omitida.

- A minha amiga vem aqui me buscar e...- uma buzina conhecida soou pela loja. - Ela acaba de chegar. - virei pra trás me soltando e Mia descia do carro vindo ao nosso encontro. - David, Mia, Mia David. - os apresentei

- Prazer - ambos disseram juntos.

- Bom, eu vou de carona com ela, então deixo sua carona pra outro dia. - falei simpática.

- Eu não me importo de ir direto pra sua casa, pode ir com ele Ali. - Mia disse me empurrando pro menino discretamente.

- Vem comigo? - David estendeu a mão. Olhei pra Mia e ela assentiu.

- Tudo bem, só vou buscar minha bolsa ali atrás. - fui até atras do balcão tirando o avental, peguei minha bolsa e meu celular e me despedi brevemente de Liz. Quando voltei Mia já tinha ido embora.

- Vamos? 

- Vamos sim.

Fomos até seu Audi branco completamente invejável e entramos. Aquele carro era impecável, coloquei o cinto e me ajeitei no banco colocando minha bolsa na frente. David procurava algum Cd, assim que achou colocou o mesmo. Uma música bem romântica começou a tocar. Fiquei com vontade de rir pelo seu apelo musical. Apenas virei pra janela e encarava a paisagem que passava lá fora. 

De repente senti uma mão em meu joelho, não tinha nada demais, continuei parada na minha, voltei minha visão para minha perna quando seu toque subia pra minha coxa. Ah não, estava com trauma. Coloquei minha mão sobre a dele a parando por ali. Ele mordeu os lábios e continuou dirigindo. 

[...]

- Valeu pela carona. - sorri pegando meu celular pra ver as horas.

- Não foi nada. - ele sorriu. - Vamos sair de novo? - ele perguntou timidamente.

- Por que não? 

- Eu queria fazer uma coisa.

- O que? 

Quando ele se aproximou, eu já sabia o que iria acontecer, mas eu não estava preparada pra beijar David, porém algo aconteceu, algo que serviu como um incentivo pra mim. Meu celular em minha mão vibrou, lá estava "Justin" aparecendo em todos os momentos desnecessários. Olhei pra tela e a raiva subiu imediatamente, teria que esquecer ele, e pra isso nada melhor do que David. Me impulsionei pra frente e nos beijamos.