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História Midnight Memories - Trouble


Escrita por: allymentacao

Capítulo 27 - Trouble


Estávamos no auge do inverno, então o frio era tanto que a minha única vontade era ficar o dia todo lendo debaixo das cobertas.

Mas, como eu era a pessoa mais azarada do mundo, foi só eu pensar nessa possibilidade que meu celular tocou.

- Alô? – eu atendi, já me sentindo cansada só de ter de me esticar até a cômoda para pegar o aparelho.

- E aí? – disse a voz do outro lado da linha.

- Oi, Alexa. O que te faz me ligar tão cedo no meio das férias para festas de fim de ano? – eu respondi, doce como limão.

- Lauren, são quase 3 da tarde. – Olhei para o relógio digital ao meu lado. Ela tinha razão. – Hoje vamos ter uma festa foda para ir. Quer me acompanhar?

- A que horas? – eu bocejei, mais por preguiça que por sono.

- Umas 22 horas o Luis vai passar de carro pra levar a gente de carro, você podia pegar carona – ela sugeriu e não achei má ideia.

- Beleza. Vai ser muito longe?

- Não, é perto da praia.

- Ok, eu encontro vocês naquele lugar da avenida.

- Oba. Ta bom, esteja pronta. – Ela fez som de beijo e desligou.

 

Como sempre, eu estava pronta para ir meia hora antes do marcado. Eu não queria sair com Alexa porque ela provavelmente iria levar Diana com ela, e eu não tinha ido com a cara daquela menina desde que tentou me beijar na casa abandonada. Mas aí lembrei que fazia um bom tempo que eu não ia a nenhuma festa e sentia falta de ver gente nova, sentir o clima, o calor humano e, claro, música boa no volume máximo. Como eu amava tudo aquilo.

Falei para o meu pai que iria dormir na casa de Camila e avisei-a sobre a festa e a única coisa que ela pediu foi “cuidado” e “não se divirta muito sem mim”.

Fui à pé mesmo até o ponto que havíamos combinado e esperei como quem esperava um ônibus. Por minha sorte, estava um movimento acima do normal na rua e eu corria menos risco de ser estuprada, assaltada, sequestrada ou assassinada.

Pouco depois, uma picape de cabine dupla começou a se aproximar de mim, devagar. Estava escuro demais para identificar o rosto do motorista. A pessoa que estava no passageiro acendeu uma luz e vi que era Luis.

- Sobe aí, Jaurefox! – Alexa gritou ao abaixar o vidro do banco de trás. Fiz o que ela disse e partimos. – Ta gata, hein? – ela elogiou e eu alisei as minhas roupas.

- Coloquei a primeira coisa que vi pela frente – confessei, sentindo o rosto ruborizar.

- Ela não ta gata, ela é gata – Luis corrigiu e eu não não sabia o que dizer.

- Pois é – Diana concordou e piscou para mim.

- Acho que vocês estão precisando de óculos – eu comentei para mim mesma, mas, pelo visto, tinha sido alto demais.

- Lauren, você para, ta? – Alexa me bateu, como se estivesse realmente irritada.

Não respondi porque não era mesmo preciso. Preferi ficar em silêncio enquanto os outros discutiam sobre as melhores marcas de whisky e cigarros.

Chegamos ao nosso destino e, cara, dessa vez não era uma house party. Cara, era uma festa das boas numa boate. Vero e Nathalia viviam nessas festas, mas nunca tinham me levado a uma. Na verdade, Vero dissera “não vá a uma dessas, senão você não consegue voltar atrás”. Eu não tinha entendido o que aquilo significava, mas fiquei com medo e então nunca frequentara uma.

Mas, se você viver com o medo, ele te consumirá. E nunca te deixará.

Fomos carimbados nas costas da mão esquerda logo na porta. Luis pagou 15 dólares nas entradas das meninas e 20 na dele.

Aquele lugar cheirava a perigo e adrenalina. O meu coração acompanhava a batida da música e meu nariz ardia por causa da mistura de fumaças dos cigarros, hookah e outros tipos desconhecidos de baseados.

Eu sentia um frio na barriga por estar fazendo aquilo, por estar rodeada de gente fora de si, bêbada e drogada.

Sentei em uma mesa ao fundo, apenas observando todo o movimento da festa. Diana ficou ali comigo enquanto Alexa e Luis foram buscar drinks para nós no bar.

- Aí, desculpa pelo outro dia – Diana gritou para eu poder ouvir, apesar da música alta. – Prometo que só te beijo se você quiser.

Assenti com a cabeça. Eu aceitei suas desculpas, mas certamente eu não ia querer beijá-la.

Ela ficou sentada por mais um momento e depois se levantou e foi para a pista. Permaneci na mesa para esperar por Alexa, que logo chegou com dois copinhos de tequila e Luis com uma garrafa fechada de vodka sabor maracujá, se mostrando um machão, coisa que eu não achava que ele fosse.

- Toma, Lauren, vai te fazer bem. – Alexa me deu uma tequila. Bom, meu problema não era com a bebida no momento, era com os “outros tipos de baseados desconhecidos” já citados anteriormente. Tomei o líquido rapidamente e Alexa sorriu, orgulhosa.

- É assim que eu gosto! – Ela me deu dois tapinhas no ombro.

- Agora a gente tem essa aqui. – Luis me passou a garrafa de vidro. – Se você quiser, tem mais umas boas lá no bar.

- Valeu – eu agradeci educadamente.

- Lexy! – Diana chamou. Ela estava com dois caras sem camisa que dançavam de maneira sensual. Ela rebolou até o chão.

Alexa bateu palmas como comemoração e foi com a amiga para a pista.

- Você deixa? – eu perguntei a Luis.

- O quê? – ele questionou de volta, distraído.

- A Alexa ser assim tão... livre.

- Porque não deixaria? – Luis a observou fumar com os carinhas e Diana.

- Ah, porque eu achei que vocês estivessem juntos e...

- Não, não, a gente não ta junto. Só estamos ficando de vez em quando, mas não é nada muito sério.

- Ah, ta.

- E você?

- To namorando.

- Aí sim, hein? Esse cara é sortudo.

De novo não, de novo não... Toda vez eu tinha que explicar que a pessoa que eu namorava não era um cara.

- Na verdade – eu pigarreei – é uma garota.

- Então ela é muito sortuda. – Ele deslacrou a vodka e tomou um belo gole. Depois me ofereceu e eu neguei.

- Já bebi demais, eu prometi chegar sóbria em casa – expliquei e fiz uma careta. Luis me respondeu com outra careta.

- Mano, mas você bebeu uma tequila. Nem conta. Vai, Lauren, sua arregona! – ele gritou, enquanto ria como um bebê.

- Eu não sou arregona! – reclamei. Ah, aquilo não passaria em branco. Bebi 5 bons goles de uma vez só, sem parar nem para respirar. – E agora, quem é o arregão?

Luis levantou as sobrancelhas, impressionado. A partir daí minha visão começou a embaçar e eu comecei a esquecer cada ato meu no próximo momento. Quer dizer, não logo após beber os 5 goles de vodka e a tequila, mas depois de eu conseguir uma garrafa de alguma coisa que eu não sabia o nome.

Eu lembrava vagamente de ocorridos como um breve filme. Aquela sensação era terrível, porque eu não tinha total controle do meu próprio corpo.

Lembro que fui dançar com Alexa, fumei uns 4 cigarros durante a festa, alguém me deu uns brownies com maconha, e algo me dizia que eu fui para o banheiro com Diana e rolaram altas saliências, mas tenho certeza absoluta que não chegamos a transar.

Quando percebi, eu caminhava pela rua calma de Camila. O sol já tinha nascido e os passarinhos assobiavam alegres. Comecei a saltitar até chegar na residência dos Cabello. Apesar de bêbada, chapada, ou sei lá o que, eu sentia uma ponta de culpa por ter pego Diana. Eu precisava consertar aquilo de algum jeito.

Apertei a campainha e joguei o cabelo para trás, tentando ficar um pouco mais apresentável.

- Lolo?! – Camila parecia assustada. – O que aconteceu com você?

- Seus pais estão em casa? – eu interroguei, ignorando sua pergunta.

- Não, eles... – ela começou a falar e eu a interrompi.

- Então vamos lá. – Passei a mão para seu cabelo e quase engoli sua boca com a minha, iniciando um beijo urgente e faminto. No começo, ela não correspondeu, mas assim que a empurrei porta adentro, ela começou a responder.

Levantei-a no colo e suas pernas envolveram minha cintura com força. Nossa, como ela era leve. Coloquei-a contra a parede com violência, tomando seu pescoço.

- Lauren – Camila arfou, mas eu nem dei ouvidos e continuei beijando a pele perto de sua orelha enquanto ela respirava com dificuldade.

- Shh, fica quietinha – pedi.

- Não, Lolo... Você ta bêbada – Camila notou e eu parei imediatamente. – Não vai ser bom assim. Eu vou te dar um banho e você vai descansar, ok? Mais tarde a gente conversa melhor.

Deixei-a no chão e ela me puxou pela mão para o andar de cima. Permiti que ela me despisse, sem hesitar em mostrar meu corpo. Camila sorriu para mim e começou a me limpar com todo o cuidado do mundo.

Depois disso, só lembro que ela me colocou um roupão rosa e cantou Anytime You Need a Friend para eu dormir. E aí eu apaguei.



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