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História Midnight Memories - Darkness


Escrita por: allymentacao

Capítulo 32 - Darkness


Acordei cedo num domingo apenas por pura vontade de acordar cedo, coisa que raramente acontecia comigo.

Deixei meu quarto e fui fazer o café da manhã. Chequei as horas no relógio de ponteiros da cozinha e eram 7 horas. Todos ainda dormiam.

Peguei minha caneca com café e leite e um prato com minhas torradas e fui direto para o sofá da sala. Liguei a TV e coloquei Orange Is The New Black para assistir.

Quando passaram 20 minutos do início do episódio, a tela do meu celular começou a brilhar ao meu lado. Peguei assim que notei e atendi a chamada.

- Bom dia, meu amor! – Camila disse do outro lado da linha.

- Bom dia! O que faz acordada tão cedo? – eu questionei, sem tirar os olhos da TV.

- Eu que pergunto! Era para eu te acordar, poxa – ela bufou e a imaginei cruzando os braços e fazendo cara de emburrada. – O que você ta fazendo?

- Assistindo Orange Is The New Black e tomando café, e você?

Ela fez um som de espanto e fiquei com cara de interrogação por alguns instantes.

- Camz...? – chamei, mas ninguém respondeu. – O que foi, amor?

- Essa série – ela falou, sem esclarecer nada.

- O que tem ela? – eu indaguei.

- Você não pode assistir! Ainda não tem idade pra isso!

- Ah, meu Deus – eu comecei a rir, mas com cuidado para não acordar ninguém. – Que isso, Camz, para.

- É sério, já viu a classificação indicativa?

- Exato. In-di-ca-ti-va. Posso assistir se eu quiser.

- Não pode, não. Eu não permito.

- Quer ser a Chapman para a minha Vause? – eu cantei e ela deu uma risadinha.

- Eu não quero ser a Chapman. Eu não gosto da Chapman, ela só se fode – Camila disse.

- Rá! Até você já assistiu. Então me deixa curtir a Chapman se fodendo em paz, vai.

- Só se eu assistir com você, Vause – ela condicionou, provocante.

- Você vai ver quem é Vause quando estiver na minha cama. – Sorri ao imaginar a cena e feliz de eu ser a Vause agora.

- Ah, é? Então vai ter que providenciar os óculos também, eu sou um pouco exigente.

- Ah, sim, como esquecer os óculos. E você uma peruca loira.

- E você uma preta, porque seu cabelo não é escuro o suficiente.

- Vamos precisar de muita coisa.

- É.

Ouvi um barulho vindo do corredor e desliguei a televisão.

- Camz, vou desligar agora, mas a gente se fala depois, ta? – Eu me levantei para deixar minha caneca e o prato, agora vazios, na pia da cozinha.

- Tudo bem. Beijo, Lolo – Camila respondeu, docemente.

- Beijo.

Apertei o botão vermelho e minha mãe apareceu perto da mesa de repente.

- Wow, mãe, você me assustou – admiti, puxando uma cadeira e sentando na mesma.

- Desculpa – ela pediu, também se sentando. – Era a Camila?

- Era. Ela queria me acordar, mas não conseguiu porque eu já tava acordada – eu ri, balançando a cabeça.

- Ah, meu Deus. – Clara sorriu espontaneamente. Ela se levantou e foi até a máquina de café. – O que você tava assistindo?

- Uma série aí. – Dei de ombros, mas ela nem percebeu por estar de costas para mim.

- Gostei de Breaking Bad, é bem interessante. Você devia assistir.

- Ah, não, to cheia de série pra assistir. Todo mundo me recomenda, agora até você!

- Ok, então, coloca na sua fila.

- Pode deixar.

Fez-se um silêncio enquanto ela bebia o líquido escuro de dentro de sua xícara. Meu pai e Chris acordaram logo que o relógio marcou 8 horas.

- Ahm, mãe, você não tinha um óculos de secretária preto bem sexy que você usava quando trabalhava na Amazon? – eu perguntei e Chris franziu a testa.

- Pra quê você vai precisar de óculos sexy de secretária? – Clara questionou enquanto lavava as louças.

- Alguma coisa na escola? – meu pai tentou adivinhar, mas eu apenas balancei a cabeça negativamente.

- Vai virar atriz pornô? – Chris abriu a boca, incrédulo. Ambos meus pais olharam para ele na hora. – Desculpa.

- Não é nada, só vou precisar emprestar para uma amiga que... – comecei a dizer e Chris interrompeu.

- QUE VAI VIRAR ATRIZ PORNÔ! – ele gritou e caiu na gargalhada. – Eu sempre soube que aquela Tricia só tinha cara de santa.

- Chris! – Clara o repreendeu. – Que isso, garoto.

- Eu não resisti, desculpa, mãe. – Ele limpou as lágrimas dos cantos dos olhos. – Ah, pai, o time de hóquei vai jogar no fim de semana que vem e me chamaram pra assistir. Que tal se você me descolasse uma carona?

- Na segunda gaveta do lado direito do guarda-roupa – minha mãe disse, ainda se referindo aos óculos.

- Valeu. – Pisquei para ela e fui em busca do acessório.

Não que eu e Camila fôssemos realmente nos fantasiar de Piper Chapman e Alex Vause para uma noite quente de sexo, mas eu adoraria ver a cara dela ao saber que eu tinha mesmo procurado pelos óculos.

A porta do quarto de Taylor ainda estava fechada e eu bati três vezes antes de abrí-la violentamente.

- Acorda, Bela Adormecida! – Peguei um urso de pelúcia que estava em uma estante ao lado da porta e joguei nela.

- Ei! Coitado do Sr. Campbell! – Taylor me mostrou a língua, como fazíamos aos 7 anos.

- Levanta essa bunda daí – respondi e fui para o quarto dos meus pais.

Eu quase não entrava naquele quarto. Assim como eu gostava de ter privacidade no meu, eu respeitava muito a dos outros. Então só ia lá quando preciso.

Várias fotos minhas com meus irmãos ou primos enfeitavam a penteadeira que minha mãe ganhara de minha avó quando casara. Era uma das tradições da família. Ela seria minha assim que eu me casasse.

Não fiquei xeretando e peguei só o que fui procurar e deixei o quarto.

- Não, não, não – ouvi minha mãe falar enquanto eu voltava para a cozinha. – Não é possível! Não pode ser!

Apertei o passo, preocupada pelo tom desesperado da voz de Clara. Ela ainda se encontrava sentada numa das cadeiras da mesa, porém agora com o telefone na orelha, e meu pai com o braço em torno de seus ombros, apoiador. Chris e Taylor a fitavam aflitos.

- O que aconteceu? – sussurrei e minha mãe começou a chorar.

- Ela ta falando com o tio Álvaro. Ainda não sabemos o assunto da conversa – Taylor disse, fazendo círculos na mesa com o dedo indicador.

- Ah, meu Deus – eu soltei, puxando uma cadeira para mim.

Pouco tempo depois, Clara desligou o telefone e se levantou para abraçar o marido.

- Eu não acredito que ela se foi – ela comentou entre soluços. Michael não disse nada, apenas afagou suas costas. – Eu podia não demonstrar tanto, mas eu a amava tanto... Por que teve de ir tão cedo?

Ah, não... A única mulher da família que minha mãe não parecia se dar bem era a vovó. Por mais que eu quisesse me manter forte, lágrimas rolaram involuntariamente por meu rosto. Andei em direção a minha mãe para poder abraçá-la neste momento tão delicado.

- Ela ta num lugar melhor agora – eu disse baixinho só para minha mãe. – Vai ficar tudo bem.

- É, vai ficar tudo bem – ela suspirou, tentando se acalmar. Segurei seu rosto entre as mãos e beijei o topo de sua cabeça.

- Vamos estar aqui pra você. Cuidaremos de tudo – garanti e Clara deu um sorriso leve.

Soltei-a para dar a vez para meus irmãos e fui até o banheiro. Fechei a porta e eu simplesmente desabei. Eram tão raros os dias que eu podia ver minha abuela.

Eu nunca tinha perdido alguém tão importante antes. Era uma dor tão intensa, como se um animal estivesse devorando minhas vísceras e se alimentando de parte do meu coração, e eu apenas sentisse, sem poder fazer nada. Era uma ferida aberta que demorava meses – ou até anos – para ser cicatrizada.

Doía tanto saber que uma das pessoas que você mais amava tinha deixado de viver. E ainda mais por ter sido por causa de uma doença tão cruel como o câncer. Era terrível.

Deitei no chão, sentindo-me acabada, e me deixei levar pela tristeza que me arrastava para a escuridão. 



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