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História Mine Again - - É o fim.


Escrita por: superflysex

Notas do Autor


Oi pessoal... boa leitura.

Capítulo 17 - - É o fim.


FEVEREIRO 1996, LOS ANGELES - CALIFORNIA. 

 

Nada de quartos de hotéis, nada de rancho, nada de casa escondida por aí e muito menos em Hidden Hill, foram as condições de Lisa para aquele primeiro encontro desde que decidiu que pediria o divórcio. A última vez que se encontraram foi em Nova York, no hospital e após seu colapso, depois apenas discussão por telefones e bem raras. Ambos jogaram tudo aos advogados. 

Lisa deu entrada no divorcio e em dias diferentes assinaram um documento. Para que não necessitasse se verem, cada um de um lado do país. Mas antes que esse papel fosse registrado em firma, Michael voltou atrás e exigiu que assinassem um novo, por uma clausula que esqueceu de adicionar. 

'' Ele disse que quer discutir essa clausula extra com você e pessoalmente'' 

'' Mais do que um acordo de assinaturas, Michael quer sua palavra'' 

Estava irredutível sobre o encontrá-lo '' Não, não quero nunca mais'', só que essa guerra apenas estenderia uma situação que Lisa desejava sair o mais rápido possível. Pensou por alguns dias, com ajuda dos conselhos de suas amigas 

'' Aceita e acaba logo com isso de uma vez. Se livra''  E estavam certas. 

No dia seguinte telefonou para a alguém da assistência de Michael. 

'' Diga que se vamos nos encontrar que seja com o documento já pronto e com essa tal clausula, assim assinamos de uma vez. E que só aceito ir se for no escritório do meu advogado, nada de quarto de hotel'' 

Muito menos o receberia em sua casa novamente. 

Michael permaneceu em Nova York desde que tudo aconteceu, era a primeira vez que regressaria para Los Angeles, ainda não sabia se pretendia ficar; Lisa não viajaria para a assinatura, bateu o pé que não e tinha que ser flexível seria um tanto demais de sua parte pedir que ela fizesse. De qualquer forma, aproveitaria para resolver pendencias nesse meio tempo. 

Assim que chegou se hospedou em um hotel, apenas voltaria para o rancho quando a reunião com a em breve ex esposa se encerrasse, assim evitaria imprensa por perto já que todos iriam supor que estava em Neverland. Outro paragrafo de seu manual de segurança. 

Chegou primeiro. Preferiu aguardar em uma sala de reuniões, seria mais formal e deixaria Lisa mais confortável. Essa era até que pequena, uma mesa marrom de dez lugares, cadeiras pretas giratórias, televisão perto de uma parede, bebedouro e uma mesa até que grande ao fundo cheia de papéis. 

Esperou sozinho, deixando seus advogados, seguranças e assistência do lado de fora da sala, em um corredor. Também estava o advogado da própria Lisa já que aquele era seu escritório. 

'' Peça para que ela entre sozinha, por favor'' Deu a ordem, prevendo que ela se rebelaria e pediria para o contratante ir junto. '' Avise que preciso conversar sobre essa clausula primeiro a sós, depois podem todos entrar pra revisarmos e assinarmos de vez'' .

Com esses argumentos não teria opções para a mulher. 

E realmente não teve. De óculos escuros, sobretudo preto e cara fechada, Lisa abriu a porta e adentrou ao cômodo. 

Michael que estava sentado, se levantou no mesmo instante que a presença surgiu. 

Ela o evitou encarar, estava nervosa e ele conseguia enxergar. Sentia seu corpo inteiro queimar de ódio apenas pelos simples fato de ouvir a respiração do homem, mas ao mesmo tempo lutava contra si mesma para conter a outra parte que tinha a esperança de Michael lhe dizer que a partir de agora mudaria de vida. Uma minuscula partícula daquele pensamento foi o que a convenceu aquele encontrou.  

- Que bom que chegou. - Michael arriscou umas palavras. Ignorando, Lisa caminhou a uma das cadeiras e ele preferiu sentar-se outra vez. - Como tem passado? 

Foi preocupado, Lisa parecia ter emagrecido e ao tirar os óculos notou olheiras. 

- Bem. - Respondeu indiferente. - Pra que me chamou? - Preferiu ser direta. 

- Eu não menti, Lisa. Preciso mesmo discutir uma clausula com você. - Michael esticou um conjunto de folhas que estavam na mesa para a direção dela. - Pagina três, último paragrafo. 

Ela reconheceu o que era, os papéis do divórcio que em breve assinariam. Foi direto para onde ele mandou e leu com atenção. 

Não pôde evitar soltar uma risada de ironia. 

- Previsível. - Debochou. 

- Não quero que interprete isso como uma ofensa. Sei do seu caráter, sei que não precisaria disso por dinheiro, sei de tudo e acredite ou não, confio em você. 

- Mas mesmo assim colocou essa ordem logo no nosso divorcio. Dá pra ver mesmo que confia em mim. - Persistiu no mesmo tom. 

- É só uma precaução. - Se defendeu. - Ou então uma forma de manter as cartas na mesa, não deixar meias palavras e deixar claro o que quero. Não tem haver com desconfiar de você. 

Na nova exigência adicionada, Michael ordenava que Lisa jamais escrevesse um livro sobre ele e a relação que tiveram. 

- Talvez não seja, mas sabe o que eu acho que é? Medo. - Resolveu provocar. - Sabe muito bem que o que eu teria pra contar não é bom e olha que nem precisaria inventar nada. 

Michael a encarou surpreso pelo argumento. 

- Engraçado como você rebate tão rápido esse assunto. - Reparou atento. - Já havia pensado sobre isso? Ou seja, eu to estragando seus planos. 

- Você consegue mesmo ser muito estúpido quando quer. - Disse enojada. - Sabe muito bem que ao longo da minha vida o que eu mais recebi foram ligações de todas as editoras do mundo oferecendo propostas que escrevesse um livro sobre o meu pai. - Inclusive, ele havia presenciado muitos desses telefonemas já no período que estavam juntos. - Se não fiz por ele,  deveria saber bem não faria por você. Nem se fosse pra falar mal. - Michael desviou o olhar para a janela. - Então não me venha com isso de '' Só pra deixar claro'', ou desconfia ou está com medo. Ou os dois. 

Michael tentou não parecer afetado pela acusação

- Definitivamente é impossível estar no mesmo ambiente que você e não brigar. - Bufou com estresse. - Eu nem ao menos vim pra isso, quis que fosse uma reunião pacifica, pra pudéssemos ser civilizados mas não da pra ter isso com certo tipos de pessoas. - Ambos já levantavam, pronto para encerrar tudo de vez. - Mandem que os advogados entrem, vamos assinar isso de uma vez. 

- Ótimo. - Lisa forçou um tom de celebração, caminhando de volta até a entrada em seguida. Mas antes parou. - Quer saber? Faço questão de assinar essa clausula, se eu tinha alguma dúvida sobre dá uma nova chance ou não; acabei de ter a certeza. Saiba que sua desconfiança ofende sim. - Sem aguardar por uma resposta, abriu a porta. - Senhores, vamos assinar. Entrem, por favor. 

'' Foi rápido'' escutou um deles dizer. 

- Eu e meu advogado já revisamos tudo. - Afirmou Michael, em voz mais contida. Ao redor dos outros, a faceta de rapaz timido vinha. - Se quiser daremos tempo pra fazerem também. 

- Eu já revisei e está tudo certo. - O advogado de Lisa se manifestou. - Mas tudo bem se você quiser dá uma olhada também e ter por certeza própria. - Disse para a cliente. 

- Confio no seu julgamento, Doutor. - Não só isso, como também queria sair dali o quanto antes. - Ao contrário de certas pessoas eu confio em quem tem que confiar. 

Michael recebeu a indireta com certa indignação. Sério que precisava expôr aquilo para as pessoas? 

O desconforto prevaleceu para todos ao redor. 

- Quem começa? - O advogado da mulher questionou. 

- Já que eu pedi o divórcio, nada mais justo que eu assine primeiro. - Lisa zombou tomando a caneta da mão do careca de meia idade. 

Curvou-se sob a mesa, sentindo a mascara da mulher sarcástica e irredutível cair com o movimento. Torceu para ser interrompida, torceu para que ele a impedisse e fizesse milhões de promessa de mudança, torceu por um meteoro começar a cair sobre a terra, torceu para que sofresse um infarto e desmaiasse ou qualquer coisa. Tudo para evitar que seu nome fosse parar naquela linha pontilhada. 

Antes que a coragem fosse totalmente embora, assinou. Segurou qualquer lágrima, não se permitiria chorar nem ali e nem sozinha. 

- Pronto. - Apontou a caneta para ele 

- Coisa mais sensata que fez desde que chegou. - Disse ao apanhar o objeto. 

- Você falando de sensatez? Faz-me rir. 

Ao contrário dela, Michael não fez cerimônias e nem ao menos parou para ouvir seus pensamentos. Marcou o nome sem hesitar. 

- Tudo bem? - Seu advogado conferiu. 

- Não foi o primeiro autografo do dia e nem vai ser o último. - Ele deu os ombros. Falou alto o bastante para Lisa escutar. 

Não ficou nem mais um minuto. '' Já que está tudo feito, eu vou indo'' Despediu-se do advogado e deu um tchau superficialmente para o restante. Por educação, não iria com a imagem de mulher amargada. 

Apesar de estar, passou o restante do dia de baixo das cobertas e comendo besteiras. 

---x--- 

1 MÊS DEPOIS. 

 

Levar as gêmeas para a escola toda manhã era um desafio. Acordar cedo, dar banho, vestir, alimentar, dirigir. Agora que só voltariam para a turnê ano que vem, discutiu muito com o marido sobre voltar para a Inglaterra nesse meio tempo, mas Michael estava conseguindo bons contatos no país e pediu que regressassem somente quando encerrassem a turnê de vez. Ou seja, mais seis meses nos Estados unidos. 

 Enquanto isso, as crianças precisariam de disciplina e de uma rotina o que levou a decisão sobre um colégio. Sentia-se sozinha durante o dia, ainda mais aquela semana onde seu esposo tinha conseguido substituir um guitarrista que se machucou na reta final de uma turnê. 

Passou oito dias fora viajando e voltaria amanhã pela noite. 

Observou o silêncio da casa um tanto entediada. A decoração era aconchegante e moderna, os cômodos eram grandes e espaçosos, próprios para uma casa de luxo. Não era uma mansão enorme, afinal não ficariam tanto tempo naquele lugar, mas tinha seu refinamento e não era tão pequena. 

O pensamento de encher a banheira e passar a próxima hora hibernada nela foi interrompido pelo toque do telefone. 

- Alô. - Atendeu normalmente. 

- Senhora Lisa? É Bruce Johnson, como vai? 

Bruce era o dono da casa que estavam vivendo.  

- Vou bem sim. - Tentou conter o estranhamento pelo telefonema. - E o senhor? 

- Também, obrigado por perguntar. - Do outro lado da linha, Bruce encarava a vista da janela de seu escritório. - Posso falar com seu marido? - Voltou para a cadeira. 

- Meu marido está viajando. Porque não liga no celular? Tem o número? 

- Tenho, mas esse é o problema. Está fora de área e precisava falar com ele sobre um assunto urgente. 

Lisa preocupou-se. 

- Urgente? Mas se é urgente pode tratar comigo. 

Bruce hesitou. Michael havia exigido que aquele tópico só poderia ser resolvido diretamente com ele e não com sua mulher, mas levando em consideração que era seu dinheiro envolvido teve de abrir exceção. 

- O que acontece Lisa é que o depósito do aluguel não chegou e já esperei cinco dias do prazo. - Relevou achando que teriam esquecido. - Nos últimos dois meses eu perdoei o atraso, seu marido falou que eram o estresse da turnê. Mas agora estão em casa, o que está havendo? 

O que está havendo digo eu. Seu pensamento gritou com total indignação. Não havia motivos para tais atrasos, sempre lembrava o marido dos dias dos depósitos de todas as contas tanto que em sua vida nunca atrasou uma. Era paranoica quando se tratava de dinheiro, já que desde cedo era a única herdeira de uma fortuna inteira. 

- Senhor Johnson eu vou ver as coisas aqui com o banco e resolver a situação. - O tranquilizou, mesmo na sua própria onda de dúvidas. - Pode me ligar no fim da tarde? Até lá já deposito tudo. 

Ele concordou e despediram-se sem cerimônias. Lisa permaneceu intrigada sua ida inteira até o andar de cima. Bruce havia mencionado meses de atraso e de novo, sempre recordava Michael sobre isso. 

No quarto, apanhou o notebook em uma gaveta qualquer e sentou-se sob a grande cama de casal enquanto o ligava. Em uma agenda na gaveta do criado mudo estavam as senhas dos extratos bancários. Há um pouco mais de três anos deixou o esposo como encarregado de todas suas finanças, ele lhe deixava a senha em mãos caso quisesse conferir alguma coisa e por isso as tinha. Mas aquela era a primeira vez que faria uma manutenção, afinal confiava plenamente em quem se casou e jamais teve razões para desconfiar. 

Pela própria internet conseguia ter acesso a suas contas. Tentou uma vez, sentindo-se mais acelerada que o usual. 

'' Essa conta não existe'' Avisou a mensagem na tela.          

Antes que o desespero abatesse, segurou-se na solução mais obvia: Deveria ter digitado algo errado. Repetiu os critérios e de novo a mesma resposta. 

'' Essa conta não existe''. 

Por pouco não acertou um tapa no pobre aparelho sem culpa. Já não sabia mais distinguir o medo da ira, leu a senha de outra conta. Quem sabe o problema era apenas em uma. 

Teve que corrigir-se duas vezes e digitar no ritmo de uma tartaruga, caso contrário suas mãos já tremulas ai sim a fariam errar. Confirmou se havia erros antes de pressionar a tecla '' enter'' , não havendo nada para ser corrigido fechou os olhos ao apertar o que daria sua resposta. 

'' Essa conta não existe''. 

A primeira lágrima foi como um dominó para desencadear as restantes. O que estava acontecendo? Sua cabeça explodia trazendo uma tontura consigo. O mundo caia, o chão se abria em dois e a puxava para o inferno. 

'' Não descobri só isso como outras coisas'' Um sopro da lembrança foi jorrado entre tanta paranoia e loucura que acontecia em seu cerébro. As palavras de Michael; Será que a descoberta dele poderia lhe da a resposta que agora tanto necessitava?  

Banhada a lágrimas correu até o cofre, por de trás de algumas roupas no closet onde deveria estar o pen drive que não obteve a coragem de se livrar. Por mais que o pavor que sentia devesse lhe travar ou deixar hesitante, a pressa parecia vencer a batalha. 

Voltou para o o aconchego da cama e roeu forte as unhas por longos minutos antes que conseguisse conectar o objeto ao computador.  

--x-- 

DIA SEGUINTE. 

 

'' Mãe, preciso que fique com as meninas pra mim essa noite. Michael chega hoje e vamos sair, faz tempo que não temos um tempo para nós'' 

Foi a desculpa que deu. Assim que as buscou na escola, estava com as mochilas no porta malas com as roupas das pequenas, própria para alguns dias. Ao menos o que necessitava para ficar sozinha e descansar de tudo que estava prestes a acontecer. 

De onde tirou forças para fingir um sorriso para as filhas, brincar e falar sobre dever de casa desde que foi exposta a tudo não soube explicar. Talvez tivesse dado mais certo como atriz ou talvez elas fossem sua força. 

Passou por todos os cinco estágios da dor em poucas horas: negação, raiva, culpa, depressão e aceitação, as quatro primeiras acompanhada de muito choro. Após a aceitação seu corpo foi atingido por uma nova e que veio para ficar: Frieza. 

Sentia-se como uma pedra, completamente apática e dura. 

Apagou todas as luzes da casa, cômodo por cômodo, a única coisa que deixou foi um abajur em um banco ao lado da poltrona na qual sentava a espera, perto da janela de seu quarto. Tão serena que parecia que meditava, qualquer um que a visse não imaginaria o inferno que estava acontecendo e que estava prestes a acontecer.  

Passando dos portões de casa, já no quintal, Michael Lockwood parou o carro pela estranheza do local. Tudo adormecido, sem luz alguma e sem vida. Ao atentar os olhos melhor, conseguiu enxergar uma fresta de claridade na janela da suíte principal. A sombra da esposa refletia por trás de uma fina cortina. Estava lá. 

Invadiu a casa ligando cada interruptor em seu caminho, tudo igual a quando partiu. Exceto a falta de qualquer ruído. Não estava tarde, ainda era cedo o suficiente para as vozes femininas estarem ressoando normalmente, junto com a de Lisa. Conseguia ser irritante de vez em quando e parecia piorar, por isso chegar assim era reconfortante.  

Sem bater, adentrou ao quarto o clareando em seguida. 

- E esse breu? - Falou bem humorado. Lisa nem ao menos o fitou, permaneceu paralisada com o olhar em um quadro na parede de algum famoso pintor. - Surpresinha de volta de viagem? - Se fosse estaria de langerie, mas estava com um robe longo de seda rosa. Silêncio. Michael franziu as sobrancelhas confuso por tal, olhou rapidamente em volta encontrando uma mala de viagem em cima da cama. - Vamos viajar? - Aproximou-se. 

Para evitar que ele viesse mais, Lisa se manifestou. 

- Não. Não vamos viajar. - Disse seca. - Você vai. 

O esposo olhou para os lados. 

- Eu? - Repetiu sem entender. - Mas acabei de voltar de viagem. - Riu. 

- Mas vai de novo. - Lisa engasgou com medo. - Vai sem volta. 

Michael sentiu-se mais no escuro do que a própria casa há minutos. 

- O que tá acontecendo, Lisa? - Ficou sério, cruzando os braços. 

- Chega desse fingimento, está há nove anos fingindo pode parar. - O encarou, levantando em seguida. No mesmo banco que estava o abajur, do lado da poltrona, estava o que imprimiu. Repleta pela raiva, jogou a papelada em cima do homem. - Porco. - Gritou. 

- Tá louca? - Igual de alto. - Que porcaria é tudo isso? 

- Isso são várias coisas. - Forçou uma risada, abaixando para pegar uma das folhas. Ficou no piso, não tinha forças para sustentar-se por si só. - Isso são comprovantes de uma conta que você abriu pra desviar dinheiro da minha. Isso lógico após cancelar as que eu tinha a senha e abrir outra, sem o meu conhecimento. - Atônito, o rosto do rapaz perdeu a cor. Qualquer um diria que estava vendo um fantasma. - Os documentos que me fez assinar, sabia que eu nem ao menos leria de tanto que confiava em você. Mas claro, eu sou uma estúpida mesmo. - Michael os havia misturado nos restantes dos papeis da compra da casa na Inglaterra, já que aquela era a data da criação da outra conta. Foi juntando todas as peças ao longo da madrugada na qual passou sem dormir. - Já essa aqui. - Ainda ajoelhada no chão, Lisa esticou um outro bolo de folhas para ele. - Esses são os extratos do seu cartão de crédito. Mulher, viagens, bebidas, presentes pra sei lá quantas e tudo por minha conta, com o meu dinheiro. 

- É mentira, é tudo mentira. Quem foi que inventou tudo isso pra você, meu amor? - Michael a imitou, ajoelhando-se também. A tentou abraçar. - São falsos, é tudo falso. 

Um tapa no rosto. Lisa não pôde conter, estava enojada demais com a presença dele tão perto de si e tanto descaro. Michael ficou ainda mais perplexo. 

- Não importa quem me disse, não te devo mais satisfação de nada além do que eu quero. - Percebendo a confiança a domar, Lisa ficou de pé. - Hoje de manhã depois que deixei as meninas na escola, fui no banco e confirmei tudo. Está não só me roubando, como me roubando mal. Estou com dívidas até o pescoço desde que te deixei em poder do meu dinheiro. Quero que vá embora imediatamente. - Recordou-se de outro detalhe. - Porque não vai pra casa da Diana?  Aproveita e diga há sua amante que está demitida. 

A cada revelação que soltava, Lisa assistia Michael transformar-se de desentendido para raivoso. Estava mostrando finalmente quem era; Havia sido pego, não tinha mais como fugir. 

- Quem foi que te deu toda essa informação? - Voltou para onde lhe interessava. Levantou-se também. Sem resposta. - Sei muito bem que não conseguiria descobrir algo assim sozinha; Eu sai daqui deixando uma esposa quase que uma beata e volto e encontro tudo isso. Me fala. - Exigiu firme. 

- A única coisa que vai saber sobre mim agora é pelo meu advogado. Vou me divorciar de você. 

- Olha que eu posso cobrar uma pensão tão cara que te faço desistir. - Ameaçou, já sem os disfarces. 

- Vá embora. 

- Quem te contou. - Rebateu, intacto. - Me fala. 

- Vá agora. - Os olhos Lockwood se avermelharam, Lisa por mais que tentasse esconder sentiu um pouco de medo. 

Sem tempo ao menos de se defender, Lisa gemeu em dor ao ter suas costas prensadas contra a parede de modo bruto. Michael as segurava pelos pulsos quase que lhe imobilizando. 

- Acha mesmo que eu vou engolir sua descoberta assim do nada? Depois de anos sendo uma idiota. - O ódio dele era claro em sua voz, onde até os dentes estavam trincados. Sendo impossível de medir forças com ele, Lisa cuspiu em seu rosto. - Filha da puta. 

Ela correu, assim que Michael se afastou para limpar os olhos. Disparou em desespero pelo corredor, completamente perdida do que deveria fazer. Meu deus, me ajuda. Me ajuda. Era a única coisa que conseguia pensar enquanto as pernas batiam já nos degraus da escada. No meio dela, ouviu a porta do quarto sendo fechada num estrondo. Acelerou o passo. 

- Não vai fugir assim não. A chave do carro ta comigo. - O ouviu dizer do andar de cima. Havia mesmo deixado as chaves no quarto. 

Não tinha como fugir. Sendo obrigada a raciocinar rápido, mesmo  que no meio do maior momento de medo em sua vida, a boia de salvação veio ao olhar ao redor da sala. O telefone fixo repousava em uma mesa de vidro atrás de um sofá vermelho. Foi até ele na pressa de um furacão. 

Discou o número da polícia, não iria arriscar uma agressão maior do que uma segurada de pulso. Isso sem contar que descobrir um roubo já era um caso de cadeia por si só.  

- 101 emergency. - Soou formalmente uma mulher. 

- Pra quem está ligando? - Michael a interrompeu antes de dizer qualquer coisa. 

Virou-se de imediato, com expressão amedrotada. 

- Chamando um táxi pra você. - Tentou ao máximo ser convincente. 

- Não vou a lugar nenhum se não me falar o que perguntei. - Persistia. Sem ele saber, Lisa continuou com o aparelho em linha e o pôs de volta onde estava. 

O homem vinha até ela outra vez. 

- Não devo mais nada a você. - Um alto tapa lhe acertou assim que terminou de falar. Lisa não teve reação de primeira, pondo suas mãos sob o ardido. Não conseguia acreditar que isso estava acontecendo consigo. - Você... - Gaguejou, enfraquecida. - Você me bateu. - Quando o mirou novamente, não encontrou arrependimentos. 

- Vai me falar ou não? 

- Pois agora mesmo que não. 

O rosto dela caiu para os lados novamente, dessa vez por um soco. Não conteve as lágrimas, mesmo assim a dor física não era maior que a que sentia por dentro. Estava morta. O impacto a fez bater contra a mesma mesa de vidro, o telefone estava centímetros de sua face. 

Ainda estava em linha. 

- Brentwood, 96. Meu marido está me agredindo. - Berrou o endereço e a causa, desligando-o em seguida. 

- O que você fez? - Agora o medo tinha invertido. Michael a puxou pelos cabelos, a agarrando por trás junto de si. - Quem você chamou? FALA. 

Lisa não se deixou abater. Riu com escarnio. 

- Chamei a policia, idiota. 

- Vagabunda. - A empurrou, fazendo Lisa ir ao chão. 

Sua vontade era a castigar por tamanha audácia, mas não tinha mais tempo, polícia em bairros de ricos vinha na velocidade de um leopardo. Tinha que sair o quanto antes. 

A deixou no piso, deitada e em lágrimas. A própria já havia feito sua mala mesmo e ainda tinha a mochila que levou em sua viagem e deixou no sofá. Subiu para apanhar a bagagem e quando regressou Lisa continuava na mesma posição, como se estivesse desmaiada. Só que estava bem acordada, apesar de já se sentir um zumbi. Ao ter a mochila em mãos também, apressou-se até a porta para ir-se de vez. Levaria o carro. 

Quando a viatura chegou, Lockwood já estava longe. 

 


Notas Finais


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