História Minha Dona - Foco

~*~ 10:00 Horas / Sábado ~*~

“ — Você e o Adrien, — sua voz, apesar de baixa, demonstrava todo o veneno contido nas palavras. —  ele deve gostar muito de te comer pra te defender tanto… Pra te aturar todo esse tempo… — A italiana falou após barrar a passagem da chinesa na saída da escola.

— A última coisa que eu te devo é uma explicação. — Marinette disse tentando passar e sendo mais uma vez barrada.

— Eu sabia que essa coisa de ser difícil era só fachada. No fundo você é só uma vadiazinha pro Adrien. 

— Não Lila, nós somos apenas amigos. O Adrien nem mesmo tentou transar comigo. — Respondeu dando de ombros.

Lila observou a outra da cabeça aos pés.

— Eu entendo ele não querer transar com você, tão feia, tão… abaixo do nível dele…

Então ela jogou o longo cabelo para trás e foi embora rebolando, batendo os saltos no chão e deixando Marinette sem nem poder responder.”

Marinette suspirou pesarosa após terminar de se arrumar para ir a casa de Adrien. Estava feliz por finalmente as coisas estarem se acertando, mas aquela “conversa” com Lila não saia de sua cabeça.

“Entendo ele não querer transar com você.” 

A frase havia machucado a azulada, por mais que ela não tivesse percebido na hora, ou que não quisesse admitir.

Estava sozinha, após despedir-se de Adrien com um abraço apertado já que o loiro teve ir embora antes da última aula, estava feliz como não havia estado em muitos dias. E agora ficava remoendo aquilo dentro de si.

Ligou para Alya, comentou sobre o que Lila havia dito, e por mais que a resposta da morena a acalmasse dizer que “Adrien nunca tentou transar com você pois te vê como uma irmã” não foi exatamente uma resposta que mudasse a sensação amarga que Marinette sentia.

Conversou com Tikki, que compartilhou da mesma opinião de Alya, apesar de ter muito mais sabedoria e tato para lidar com os medos de sua portadora.

Não queria ter ficado tão mexida com as palavras de alguém como Lila Rossi, mas Chloé também havia sido como uma irmã para Adrien e isso não o havia impedido de tentar transar com a Abelha Rainha.

Mas ela não admitiria o quão havia ficado mexida com aquilo. Admitir isso seria admitir que não havia realmente superado Adrien.

Alisou a regata cinza e o shorts curto preto que usava, mirou-se no espelho, dando uma última penteada no cabelo solto e colocando os All Star pretos. Foi andando até a casa do loiro, ainda com o mesmo assunto retumbando em seus pensamentos.

Sentia-se tão tola. Sabia que não era feia, mas se Adrien tinha tentado transar com quase todas as garotas que conhecia, porque ela não?!

Parou em frente à fortaleza que eram os portões da Mansão Agreste e foi logo recebida, suas visitas aquela casa foram frequentes antes da briga dela com Adrien.

Entrou no quarto de loiro, ouviu o barulho do chuveiro, bufou impaciente, sentou na cama, tirou os tênis e começou a mexer no celular enquanto o esperava. Adrien era uma Barbie, provavelmente demoraria um século até sair do banho. 

Já havia perdido três vidas na mesma fase do Candy Crush quando ouviu o trinco da porta do banheiro sendo destravado. Sussurrou um finalmente.

— Hey Marin, — ele disse ainda saindo do banheiro, ela ergueu os olhos para responder e parou por uma momento.

Adrien Agreste sorrindo para ela, com os cabelos molhados escorrendo por seu tronco nu e com uma toalha vermelha enrolada na cintura era tudo o que conseguia ver. Deu um pigarro leve.

— Eai, o que vamos fazer? — Ela perguntou, juntando forças e voltando os olhos para a tela do celular (contra a vontade de seus hormônios)

— Videogame, pode ser? Ainda quero revanche pela última partida. — Ele disse pegando suas roupas.

— Claro.

— Vai ligando tudo aí, vou só pôr a roupa. — Disse voltando para o grande banheiro.

Marinette levantou-se da cama vagarosamente dirigiu-se até a grande televisão que ficava entre o sofá branco e a parede de janelas. Enquanto o Xbox ligava aproveitou para remexer os diversos jogos que estavam separados ali, agradecendo internamente por não ter de subir ao segundo andar do quarto.Tinha certeza de que a vida como Ladybug havia lhe rendido algumas luxações nas pernas e talvez uma ou duas hérnias.

Adrien saiu do banheiro e não precisou de muito para ver Marinette remexendo na pilha de jogos.

— Vamo jogar o Mortal Kombat. — Disse ajoelhando perto dela. — Dá pra colocar um contra o outro e de quebra eu tenho minha revanche.

A azulada pegou a caixa do jogo e deu de cara com o peito nu de Adrien, que usava apenas uma calça cinza de moletom. O cheiro de shampoo e loção pós barba atingiu-a, uma gota escorreu dos cabelos molhados de Adrien e ela acompanhou a bendita com o olhar enquanto deslizava facilmente pelo peito bronzeado e torneado, passando pelo abdômen definido até encontrar a calça. Tudo isso não havia demorado mais que alguns segundos, enquanto o loiro colocava o jogo.

Percebeu o que havia feito, não podia voltar a passar por tudo aquilo de novo, as crises repentinas de tesão por Adrien Agreste haviam passado na metade do Segundo Ano.

Jogou-se para trás tentando se afastar do garoto, tombou com as costas no chão, Adrien olhou para ela sem entender o que a amiga estava fazendo.

— Tudo bem? — perguntou preocupado, aproximando-se um pouco dela.

— Ãh… tá sim… tudo mais que perfeito!

Encararam-se por um momento.

— Então, vamos pegar alguma coisa pra comer, bom jogo merece besteiras.

Andaram até a cozinha numa casa que parecia estar completamente vazia. Marinette até já havia se acostumado aquela sensação, Gabriel e Nathalie sempre estavam trabalhando e os empregados eram muito bem pagos para serem invisíveis.

Adrien, após começar a conquistar sua liberdade, estava com uma dieta bem menos rígida, desde que se esforçasse o dobro na academia depois. E era isso o que ele fazia, só para ter o gosto de poder se divertir e comer o que quisesse.

— Chocolate, salgadinho e coca? — perguntou o loiro assim que chegaram na cozinha nível industrial da Mansão.

— Perfeito. — Marinette respondeu simplesmente já indo até o armário em que ela sabia que o salgadinho estava enquanto o outro ia atrás do chocolate e do refrigerante.

Que Adrien Agreste não era o príncipe encantado que Marinette imaginava aos 14 anos todos já sabiam, mas o que ninguém imaginava era que para o Agreste parecia ser impossível fechar as portas dos armários. Uma mania extremamente irritante para a maioria das pessoas, mas uma em que Marinette levava vantagem, por ser pequena o suficiente para não esbarrar nas benditas esquecidas.

Estava a Dupain-Cheng com os braços esticados para cima, fechando porta por porta quando vislumbrou um brilho dourado bem conhecido por ela. Fez um cálculo rápido, era óbvio que não alcançaria, poderia tentar pular, mas não parecia uma boa ideia considerando que estava de meia.

— Adrien… — Ele não estava mais ali na cozinha, provavelmente tinha ido pegar algo na despensa.

— Já vou. — a voz veio do cômodo do lado, confirmando suas suspeitas.

Pegou uma das cadeiras da pequena mesa da cozinha para poder escalar, mas nem mesmo precisou levantá-la.

— O que você quer? — Adrien perguntou, colocando as coisas que havia pego em cima da mesa.

— Pegar os Cookies, — ela respondeu apontando para o pacotinho dourado no armário. 

O loiro pegou os cookies de gotas de chocolate e uma ideia, provavelmente infantil, passou por sua mente. Estendeu o pacote para a garota e antes que  ela pudesse pegar levantou o braço, tirando-o do alcance dela. Marinette revirou os olhos e estendeu a mão para que ele entregasse o doce.

— Vem pegar — disse com um sorriso nos lábios, chacoalhando o pacote.

— É sério isso? — O loiro anuiu positivamente com a cabeça. — Quantos anos você tem?

— 18 ué…

— Fisicamente né, mentalmente deve ser uns 5. — Disse ela revirando os olhos.

Adrien riu, entregou o pacote para Marinette e segurou-a pelos ombros.

— Poxa Mari, parece até que tá de mal humor hoje.

— Sei lá. — Respondeu evasiva, apesar de saber o motivo de estar mantendo uma certa distância dele.

 — Mari,—  falou em tom manhoso, deslizando as mãos pelos braços dela e puxando-a pela cintura, para um abraço. — Eu senti tanto falta de ter você aqui comigo, sabe que eu to com você pra tudo, pode falar comigo!

Ela passou os braços envolta do pescoço dele. Puxando-o para mais perto. Os braços dele se enrolaram mais em volta da cintura dela. Ficaram assim um tempo. Ele afagou os cabelos dela, sentindo o calor dela esquentando seu próprio corpo. 

A azulada percebeu a aceleração repentina no coração de Adrien e se afastou um pouco para poder olhá-lo. Seus olhares se encontraram. Uma das mãos do loiro segurou a nuca da garota decidindo se aquilo era certo ou não. Sabia que não era, na noite anterior havia prometido para si mesmo que iria esquecê-la. Enquanto seus dedos acariciavam sua nuca, sua outra mão a puxava mais para perto e ele tentava medir as consequências de suas ações.

Marinette viu a chance para duas coisas: por à prova as palavras de Lila e tirar uma casquinha de Adrien, afinal, babaca por babaca ele era o cara mais gostoso que conhecia. Acariciou levemente a nuca dele, puxando-o mais para si. Adrien reparou nela mais uma vez. Seus olhos fechados, seus lábios rosados entreabertos e suas mãos segurando sua nuca. Ele sabia o que aquilo significava, aquele abraço já havia deixado de ser um simples abraço entre amigos a algum tempo. A química ali era quase visível.

Afastou-se delicadamente dela.

— Vamos? — disse o mais animado que pode. — Lá em cima você pode me contar o que tá acontecendo com você… se quiser. Se não, a gente pode só jogar mesmo.

Por um breve momento o orgulho da heroína murchou, ela tão rápido quanto quando estava em uma luta, decidiu tentar mais uma coisa. 

Marinette levou um dedo aos lábios por um momento, encarando um canto da cozinha, como se estivesse pensando.

— Claro. — Disse por fim, colocando uma mecha dos cabelos azulados e deslizando despretensiosamente a mão pelo pescoço, descendo até o decote arredondado da regata colada que usava, como se a tivesse esquecido ali.

Os olhos verdes de Adrien acompanharam atentamente cada movimento.

Ela o estava provocando?

Sorriu de canto com a possibilidade. Ele levantou uma sobrancelha enquanto encarava de maneira descarada o decote simples dela. Sabia o que tinha ali em baixo e gostava.

Então os olhos azuis dela encontraram os seus e as imagens dela nua, de seus gemidos e do corpo dela contra o seu vieram como um tapa. Sentiu seu corpo começar a formigar. Ele aproximou-se dela encarando seus olhos azuis, colou o corpo ao dela, colocando as mãos, uma de cada lado do corpo dela e escorando-ás na mesa.

Marinette sentiu todo o “efeito Agreste” recaindo sobre ela. Adrien, apertando o pequeno corpo dela contra o seu, nu da cintura para cima. Seus seus cabelos dourados caindo sobre seus olhos num tom esmeralda, o mesmo cheiro de shampoo inebriando seus sentidos.

Sua calcinha estava nada menos que encharcada, seu corpo todo arrepiado e seu coração tão acelerado que ela achava que ele fosse parar. Seus olhos grudados nos olhos dele a todo instante, como se estivesse hipnotizada.

Adrien não estava alheio às pequenas reações que causava no corpo dela. Reuniu todo o foco e toda a força que havia em seu corpo. Estendeu sua mão sobre a mesa e pegou a garrafa de Coca-Cola, afastou o corpo do da garota logo em seguida repetindo em sua mente o mantra da noite anterior.

— Acho melhor a gente subir… — Disse tentando disfarçar todo o desejo contido em sua voz. Marinette engoliu a sensação de desprezo, era amiga de Adrien acima de qualquer coisa que Lila pudesse dizer. 

Pegou o restante das coisas de cima da mesa, abriu um sorriso singelo. Estava na hora de destruir ele no videogame.