História Minha Linda CEO (imagine Kim Taehyung, V - BTS) - Conversa

P.O.V S/n 

Já se passaram duas horas que estou rodando com meu carro pela cidade sem nenhum motivo aparente. Não me sentia bem, não tinha vontade de trabalhar então apenas peguei meu carro e saí da empresa sem falar com ninguém. Mi So ainda tentou me perguntar para onde eu ia, porém eu apenas andei sem parar. 

Em dias assim nunca sei o que fazer. Não tenho amigos ou familiares para quem possa ligar ou conversar e mesmo que tivesse certamente eu não chamaria ninguém, prefiro sofrer sozinha. Taehyung ainda está na faculdade, o que deixa minha lista de "pessoas" ainda menor. Decidi, por fim, ir a cafeteria do Yoon, lá pelo menos teria alguém para conversar. 

Não gosto de admitir, mas Yoongi é agora uma pessoa importante para mim, principalmente por causa do Taehyung. Depois que me interessei pelo Tae nós estamos conversando bastante, nosso assunto sempre é, na maior parte do tempo, sobre o estudante em todas as vezes que conversamos. Ainda assim, a companhia dele me faz bem. Eu não gosto muito de ter gente por perto, aprendi a não gostar, Yoongi é um dos poucos que eu consigo suportar. Além do café dele ser muito bom. 

Parei o carro um pouco antes da porta da H&E para que não atrapalhasse o movimento do lugar. Peguei minhas bolsa com o celular e entrei na cafeteria em seguida, que estava bem movimentada. Yoongi estava atrás do balcão onde é seu lugar habitual, usava um avental preto com o nome do estabelecimento e também luvas pretas. Quando o garoto olhou em minha direção deu um sorriso pequeno como sempre faz. Me aproximei um pouco e esperei que ele terminasse de atender uma cliente que, claramente, estava tentando cantar ele. 

A menina parecia jovem, acho que ainda está no ensino médio. Tinha um sorriso de idiota no rosto enquanto olhava o mais velho. Típico de um ser apaixonado. Não se pode negar que o Yoon é realmente muito lindo, portanto não duvidaria que grande parte das clientes ou mesmo dos clientes que estão aqui vêm apenas para olhar Yoongi. Bem, eu mesma faço isso, porém me considero amiga dele por isso tenho o direito de fazê-lo.

Após algum tempo a menina vai embora e eu posso finalmente me aproximar do homem mais velho. Deixo minha bolsa sobre o balcão e sento na banqueta branca em frente a esse. 

- o que faz aqui a essa hora? - questionou, como sempre faz quando venho em outro horário que não seja pela manhã buscar o meu café. 

- por que não para de me perguntar isso? Preciso de um motivo para vir? Você sempre faz essa pergunta aos seus clientes? - eu o encarava, o garoto apenas riu. 

- tem razão, desculpe - disse ele por fim - é que eu sei que é bem ocupada, por isso pergunto - explicou. 

- faz sentido - ele sorri novamente. O sorriso gengival do Yoongi é realmente lindo - lhe direi o motivo de ter vindo apenas porque tu insistiu muito. 

- claro, eu sempre insisto para que você me conte as coisas - debochou de mim, eu apenas o encarei de forma séria - foi mal. Pode continuar. 

- eu só não estou me sentindo muito bem - falei de forma natural, foi até estranho me ouvir falar assim, tão de boas - hoje não é um bom dia. Não estava conseguindo me concentrar no trabalho, por isso saí para ver se melhorava então pensei em vir aqui. 

- e por que não é um bom dia? - falou, claramente, curioso. 

- é o aniversário de morte da minha mãe - expliquei. Tenho certeza que ele pôde ver a tristeza em meus olhos - ela era a única pessoa que eu tinha então lembrar disso me deixa meio perdida - sua expressão mudou para algo que eu não conseguia decifrar. 

- sinto muito - disse o maior - mas o Tae me contou que você tem um irmão que é Idol e um pai - uma pequena ponta de estresse se formou dentro de mim, só em lembrar daquele imbecil meu sangue ferve. 

- não significam nada para mim, odeio os dois mais que tudo - respondi com o mínimo de vontade possível - meu pai largou minha mãe para ficar com outra mulher. Apenas depois da morte de minha mãe eu soube que tinha um irmão mais velho. Daniel parece saber muito ao meu respeito, mas ele e nada são a mesma coisa para mim. Bem, meu pai é o homem que mais tenho ranço na face da terra, o odeio mais que qualquer coisa - finalizei. 

- entendo - falou Yoongi - sinto muito. 

- não precisa sentir, eu já me acostumei com isso - informei. 

- entendi, você é mesmo incrível - percebi uma reação de surpresa por parte dele ao término de sua fala, era como se ele tivesse falado por acidente. 

- eu sei que sou incrível e tudo mais - falei convencida. Olhei para frente por alguns segundos e pensei em algo - eu sempre falo sobre a minha vida e as coisas que passo, mas tu nunca me fala ao teu respeito. Isso é injusto. Quero mais informações suas! - falei mandona. Yoongi riu. 

- sobre o que quer saber? - indaga prontamente. 

- sua família - falei - eu conheci sua irmã, então quero saber se tem mais irmãos, se tem pai e mãe e como é sua relação com eles - disse de maneira simples. 

- não tenho mais irmãos. Meu pai morreu e minha relação com minha mãe não é boa - falou rapidamente. 

- mesmo? Por que não é boa? 

- bem, eu não fiz o curso que ela queria que eu fizesse na faculdade - iniciou - a partir daí ela me trata mal e apenas reclama de tudo que faço. Eu amo minha mãe, mas não é como eu fosse fazer com a minha vida o que ela quer. Eu fiz uma escolha, ela não gostou e agora apenas me trata mal. 

- vocês moram juntos? 

- sim. Eu, ela e Hyuna, que você conheceu. 

- por que não sai de casa se ela lhe trata mal como está falando? 

- eu fico por causa da Hyuna, e porque não quero as deixar sozinhas. Me preocupo muito com as duas.

- entendi. Sua situação é pior que a minha - observei - eu apenas mando meu pai para o inferno e ele vai. Não tenho paciência para aturar aquele ser perto de mim - minha voz estava meio indiferente. Bem, não é como se eu me importasse muito com outras coisas além das minhas. Esse meu hábito - a indiferença - é bom em alguns momentos, contudo pode vir a ser ruim em outros. 

- o Tae sabe desses seus problemas familiares? - questionou o maior enquanto se virava para preparar algo que não sabia o que era. 

- não, ainda não tive tempo de contar a ele - pensei por alguns segundos antes de continuar a falar - não quero que ele se envolva na minha vida difícil e complicada...

- você pode deixar ele se aproximar mais de ti, Taehyung é um bom ouvinte e um ótimo amigo - falou Yoongi - ele gosta mesmo de você, porém essa barreira que tu tenta colocar pode fazê-lo desanimar um pouco - virou-se para mim com um copo de chocolate em mãos, deixando-o sobre o balcão - ele meio que gosta de se envolver profundamente com outras pessoas, sabe? Por essa razão ele sempre sai fudido de seus relacionamentos, ele se entrega de forma rápida e fácil. 

- eu percebi que ele é bem simples de se entender, tem uma alma pura e doce - nos encaramos. Eu penso por um segundo e um sorriso me escapa - Tae detesta quando o chamo de garoto ou criança, mas eu não faço isso apenas para o irritar, faço porque ele realmente parece uma criança de tão transparente que é - Guinho ri soprado. 

- eu sei, ele é muito precioso - passa a caneca com o chocolate para mim - aqui - fala - pode tomar, é por conta do meu dongsang - sorriu após falar - você gosta de chocolate? 

- gosto - peguei a caneca, olhei a parte de cima e senti o cheiro maravilhoso de chocolate com leve aroma de canela - obrigada, Yoon - o maior apoia os braços sobre a bancada. 

- você gosta do Tae, não gosta? - isso me pegou meio de surpresa, não é como se eu soubesse o que é gostar de alguém.

- por que pergunta isso? 

- sempre que fala sobre ele seus olhos brilham e sua voz muda de tom, parece mais feliz mesmo que um pouco - observou - você também é bem transparente, sabe?

- você está apenas pensando demais, pare de supor coisas ao meu respeito! - ordenei - eu não gosto dele. 

- está bem, se você diz - sua voz soou com descrença - de qualquer forma, eu raramente me engano quando digo isso - eu ri. 

- então você deve saber que aquela adolescente que atendeu antes de começarmos a conversar está caindinha por um certo vampiro - o mais velho ri novamente. 

- vampiro? 

- claro, olha sua cor. Até parece que nunca saiu ao sol - acusei após tomar outro gole do chocolate que havia na caneca em minhas mãos. 

- você é mesmo estranha como o Tae falou - Yoon balança a cabeça - bem, ele deve chegar a qualquer momento - anunciou, passando uma flanela branca na bancada em seguida. 

- você gosta mesmo do Tae, não é? - fito seus olhos escuros.

- você sabe que sim - encarei minhas mãos, pensando por um tempo. 

- tu acha que eu devo conversar abertamente com ele? - eu não precisava de uma opinião, queria apenas a confirmação que eu iria fazer a coisa certa em falar mais sobre mim ao Tae. 

- sempre acho que ser sincero é o melhor - falou o de cabelos escuros em minha frente - por falar nele... - Yoon aponta com a cabeça para a porta de entrada, minha atenção vai para ela.

- S/n? - chamou o garoto de sorriso quadrado. Tae usava uma calça jeans preta, uma camisa larga azul e seus tênis habituais. Em suas mãos estavam seu notebook, o tubo no qual ele guarda suas telas e sua câmera - o que faz aqui? Não está trabalhando hoje?

- está vendo que não é estranho apenas para mim? - Yoongi falou em um tom brincalhão e debochado ao mesmo tempo. 

- eu devo passar todos os meus dias no escritório? Não posso sair para respirar um pouco? - falei, alternando minha visão entre Tae e Guinho. O mais velho apenas riu de minha fala ao passo que o mais novo somente me encarou. 

- desculpe, é só que achei incomum lhe encontrar aqui - o alto pintor falou ao aproximar-se de mim. Taehyung deixou seu material da faculdade sobre a bancada e sentou na banqueta ao meu lado - por acaso veio aqui apenas para me encontrar? Sentiu minha falta? 

- está se achando demais, garoto - o maior apenas sorriu docemente - não tem nada a ver com isso. 

- não custa tentar - disse simples. 

- se vão ficar conversando peguem uma mesa longe de mim - mandou Yoongi - claro que devem pagar para ocupar meu espaço. 

- o Tae pode pagar, certo? - falei, virando-me para ele em seguida. 

- por que eu devo pagar? Não iremos os dois ocupar a mesa? - seu argumento era válido. 

- sim, porém você estará desfrutando da minha ilustre companhia - ditei com o tom de arrogância de sempre - apenas isso já é motivo suficiente para tu ter que pagar. Meu tempo é precioso. 

- ah claro! - falou o garoto ironicamente - esqueci que estaria conversando com a pessoa mais importante do planeta. 

- ainda bem que sabe minha posição - brinquei. 

- está bem, podem parar - Min falou, fazendo a atenção de ambos ficar em si - vão logo e parem de me atrapalhar - falou como se estivesse nos enxotando. 

- está me expulsando, Yoongi? - perguntei com incredulidade. 

- exatamente, sumam da minha frente. 

- está bem, Hyung - disse Taehyung por fim. Ele segurou minha mão e me puxou para uma mesa do canto - podemos conversar aqui - explicou sorrindo. 

- como foram suas aulas? - iniciei. O homem sentou em minha frente, apoiou os cotovelos sobre a mesa e descansou a cabeça sobre as mãos, me encarando após isso. 

- tudo normal - respondeu ele - o ano letivo está quase acabado e como esse é nosso último ano, os professores estão nos mimando esses dias. 

- entendi. Por isso que você está tão folgado? 

- não, não é por isso - ele sorri. Fitei suas orbes e vi seus olhinhos brilharem, tão lindo...

- e então? Qual o motivo para isso? 

- não tem importância... - isso me irritou um pouco, não gosto de não saber das coisas. 

- Tae? 

- sim? 

- ainda lembra do que me falou quando estávamos voltando da exposição? - lembrei da conversa que tive com Yoongi e decidi tentar falar com o Kim.

- se for a parte em que eu disse que tu pode relaxar comigo, sim lembro. Por quê? 

- gostaria de ouvir os motivos que me levaram a criar meu "escudo"? - eu vou mesmo contar? Nunca disse para ninguém. 

- claro! - sua animação era clara - sabe que quero saber tudo que tem a ver contigo - sorri com isso. 

- você é a segunda pessoa para quem conto isso. A primeira foi meu terapeuta por isso estava em dúvida se deveria ou não lhe contar tudo. Mas... Vamos lá. 

- pode começar.

- sabe que minha mãe morreu há algum tempo e que meu pai nos abandonou, certo? - indaguei de início.

- sim. 

- pois bem - continuei - eu só amei e me abri de verdade para duas pessoas, que, como você deve ter imaginado, foram meus pais. Quando meu pai nos abandonou, eu me senti tão traída e desesperada que ainda agora não consegui o perdoar. Eu tenho um ódio tão profundo por ele que chega a doer - expliquei - quando minha mãe morreu eu não sabia o que fazer, não sabia com quem conversar ou o que deveria pensar. Dia após dia eu sentia uma dor excruciante e isso não passava nunca ou mesmo diminuía a intensidade. Desenvolvi alguns problemas psicológicos devido aos acontecimentos que acabei de lhe contar. Por isso decidi não gostar de mais ninguém, além do fato de o casamento dos meus pais ter sido uma grande merda e eu não acreditar no amor. Passei então a criar essa barreira para que ninguém pudesse me machucar novamente, para que eu não sofresse mais, para que ninguém percebesse a dor que sinto todos os dias e como sou quebrada - o maior me encarava atentamente - eu não me relaciono com ninguém, não amo ninguém, não consigo confiar de todo meu coração em ninguém... Isso é puro medo de sofrer novamente, medo de me machucar. Eu ainda faço terapia para tentar melhorar meu comportamento, mas é bem difícil - finalizei minha explicação e esperei Tae começar a dizer algo. Talvez ele desistisse de mim após descobrir isso tudo. 

- agora eu entendo muitas coisas - foi o que ele disse. 

- ah! - exclamei - minha arrogância vem do meu medo de ser abandonada ou tratada com inferioridade. Por causa das coisas que meu pai fez comigo, sabe? Eu tenho complexo de abandono, por isso não fico seriamente com ninguém, pois sei que se for traída ou abandonada eu irei para o fundo do poço novamente. Agora vê como não sou nada incrível ou perfeita? - era meio difícil para mim compartilhar meus verdadeiros pensamentos com alguém, mas falar isso ao Taehyung foi mais fácil que o que pensei. O garoto em minha frente apenas me olhava. 

- quem disse que não é incrível ou mesmo perfeita? - não pude deixar de me surpreender com a fala de Tae, certamente não era essa reação que eu esperava - sabe que te acho mais incrível e perfeita que qualquer outra? - um riso baixo me escapou após a fala do mais alto - dia após dia eu apenas me encanto mais por tudo em você. Sei que falar isso pode soar meio clichê, mas eu não ligo - minhas mãos que estavam sobre a mesa foram seguradas pelas gigantes palmas do homem em minha frente - não sabe como estou feliz por ter me contado essas coisas, realmente gostei. Sinto muito que tenha que passar por tanta coisa, mas ao mesmo tempo fico feliz por finalmente ter quebrado essa sua casca dura - ri novamente do que o jovem disse - é sério, foi realmente trabalhoso. Fico feliz que tenha confiado em mim dessa forma. 

- bem, agora terei de lhe matar porque você sabe demais sobre mim - ele ri baixo ao me escutar - não posso arriscar meus segredos em alguém que não conheço bem. É uma pena... Quais são suas últimas palavras, jovem? - seu riso parou e ele me olhou seriamente. Tae juntou minhas mãos e as acariciou delicadamente. 

- eu te amo - minha respiração congelou, faltava ar em meus pulmões e senti minha cabeça girar. Meu corpo enrijeceu e eu não sabia o que falar. Que droga, ele deve ter percebido meu desespero.

- o..o que? Me ama? Como assim? - torci para que tivesse entendido errado. Eu sei que vou fugir, não sei como processar essa informação. Senti vontade de sair correndo naquele mesmo instante. 

- disse que te amo, S/n - droga, eu ouvi certo. 

- por quê, Tae? - livrei minhas mãos das dele e me levantei - que droga, por que tinha que falar isso? - peguei minha bolsa e andei rápido até a saída.

- S/n, espera... - não olhei para trás, somente corri para meu carro o mais rápido que pude.