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História Minha Outra Metade - Capítulo 19


Escrita por: webtinita

Notas do Autor


Primeiramente, quero avisar que esse é o ante-penultimo capítulo da história. Sim, ela é mais curta que as demais, mas espero que estejam gostando mesmo assim... Enfim, espero que gostem!

Capítulo 19 - Capítulo 19


Leonard Vargas 


Os meses se passaram mais rápidos, trazendo consigo mais complicações para cada um de nós e levando momentos preciosos que nunca mais irão voltar. Os sintomas em Violetta tem progredindo de uma forma assustadora em um pequeno intervalo de tempo, me dói ver cada movimento seu se perdendo aos poucos, até ficar totalmente paralizado.


A cada consulta que nos era explicado o avanço da doença, ela voltava cada vez mais triste e ficava pensativa durante boa parte do dia, as únicas pessoas que conseguem arrancar um sorriso largo e sincero dela são os netinhos, que estão vindo com os pais com mais frequência. 


Há cerca de quase dois meses ela, infelizmente, perdeu os movimentos das pernas. Todas as noites, quando deito para dormir ao seu lado, lembro de como ela era animada há quarenta anos, quando nos conhecemos, lembro da cachorrinha Martina que amava brincar de pega com a dona, e lembro de todas as vezes que visitamos os Cadeados ou que saímos para apenas curtir a presença um do outro. Mas agora olho para o lado e vejo o quanto sua vida mudou do vinho para a água, lembro do quanto ela chorou quando percebeu que não tinha mais forças para andar, e do quanto tudo vem se agravando a cada dia que se passa. 


-León? - desviei a atenção do livro que leio e a encaro. -Ainda não dormiu? - sua voz saía com dificuldade, é nítido todo o esforço que ela faz apenas para tentar se comunicar com alguém. 


-Perdi o sono, querida - fecho o livro e coloco-o na cômoda do meu lado da cama. -E você? Não conseguiu dormir? - me viro de lado e toco sua bochecha. Ela apenas abre um pequeno sorriso e fecha os olhos. - Você precisa dormir, mal descansou durante a noite anterior - Violetta, há uns dias, começou a ter uns pesadelos durante boa parte da madrugada, acordando suada e assustada na maioria das vezes. 


-Eu sei, mas não consigo - abriu os olhos e ergueu sua mão segurando minha camisa, tentando me puxar para si com o restante das forças que tinha. 


-Calma, estou aqui - sussurrei sentindo-a apoiar sua cabeça em meu peito. 


-Eu não sei o que seria de mim sem você - ouvi sua risada baixinha. 


-Nem eu, meu amor, nem eu - comecei a afagar seus cabelos, até sentir sua respiração ficando mais leve em meu peito. Respirei fundo e ajeitei seu corpo no colchão, me virei para o lado para apagar o abajur e voltei a observá-la. -Não sabe como me dói ver você assim - sussurrei torcendo para que ela não escutasse e fechei os olhos. 

{...}


Quando acordei Violetta ainda dormia ao meu lado, fiquei feliz por perceber que ela conseguiu finalmente descansar durante uma noite inteira, ela não acordou durante toda a noite com mais sonho ruim e isso é bom. 

Depois de um banho rápido, sai do quarto e deixei ela dormindo tranquilamente. Olga cantava baixinho na cozinha, enquanto terminava de pôr a mesa. 


-Por céus, Senhor León - me assustei com o seu grito. 


-O que foi, Olga? - sentei na cadeira enquanto sua tonalidade voltava ao normal. 


-O Senhor chegando de fininho - comecei a rir do seu susto. 


-Desculpe, eu não deveria estar rindo - tapei minha boca com a mão e tentei conter o sorriso - Não queria acordar a Violetta, por isso não lhe chamei, e justo quando eu iria falar com você mais baixo, você me assustou - ela me olhou incrédula e logo em seguida riu. 


-O café está na garrafa, e o café da Dona Violetta já está pronto também, apenas irei colocar os suplementos e os remédios no meio. 


-Certo - assenti colocando um pouco de café em minha xícara. 


Tomei meu café da manhã acompanhando as notícias que passavam na televisão, e depois de regar as flores da Violetta na área de lazer, voltei a minha concentração na paisagem à minha frente. Hoje o sol está convidando todos ao mar, a areia está cheia de adultos e crianças se divertindo e saboreando as delícias do restaurante ao lado debaixo do guarda-sol, assim como a água também está muito movimentada. Mas não é de se surpreender, desde que conheço esse lugar, em dias assim, sempre foi tão movimentado e convidativo. 


-Olha filha, é o vovô - sorri em direção a voz tão conhecida por mim. 


Camila caminhava em minha direção com a pequena Marina no braço, que completou seus dois anos no mês passado, e até ganhamos a lembrancinha da sua festa já que não podemos comparecer. Sua família vinha passar, pelo menos, dois finais de semana aqui na praia já que compraram há cerca de pouco menos de um ano uma casa aqui do lado. 


Seu marido, o Broduey, uma vez veio me perguntar onde ficava os Cadeados, e eu e a Violetta, que nessa hora regava as plantas que podia, lhe explicamos o caminho certo até lá. Logo mais tarde, quase anoitecendo, eu os encontrei voltando para casa, logo perguntei o que estavam achando do lugar, pois eles não moravam aqui, e assim nasceu uma amizade que dura até hoje. 


Marina era pequena na época, mas a cada mês que vinha nos visitar, estava mais inteligente e linda, carinhosa e amigável com todas, amava ver quando Violetta regava suas flores ou amava assistir os desenhos com ela enquanto comia. É realmente incrível ver como ela fica quietinha junto com a Violetta, que fica sorrindo toda boba. 


-Oi princesa, como você está? - fiz cócegas nela que riu largamente. 


-E a Violetta, como está? 


-Bom… - abri o pequeno portão - ela deve estar acordada agora, entrem e assim colocamos a conversa em dia. Que tal? - Depois de implorar, ela aceitou entrar, e assim que viu a Violetta deitada na cama, mordeu os lábios tentando conter a lágrima. Ela faz isso todas as vezes que vem visitá-la. Isso porque as duas se apegaram bastante, além de quê,quando a Mariana sofreu um aborto espontâneo há seis meses, foi a Violetta que passou mais de duas horas trancada no quarto tentando ajudá-la. 


-Eu já estava com saudade de vocês - Violetta sorriu largamente ao ver as meninas parada na porta, tentou se erguer, mas não teve forças para sentar na cama - Me desculpe, estou cansada demais para poder ir até aí abraçar vocês duas. 


Antes de mais algo, Camila andou rapidamente até o outro lado da cama e a abraçou, junto com a pequenininha que ainda se encontrava em seus braços. 


-Vou deixar vocês conversarem, papo de meninas - pisquei sorrindo e me aproximei da Violetta - Bom dia - sorri e beijei sua testa com carinho. Beijei também a cabeça da Marina e saí do quarto, deixando as três garotinhas conversando. 

{...}


Violetta Castillo 


Pela primeira vez em algumas semanas, consegui dormir durante uma madrugada inteira sem me acordar por causa de sonhos ruins que andam me atormentando há um tempo. 


Acredito que tenha sido uma forma da minha mente me mostrar como tudo que eu guardava preso dentro de mim estava me afetando. Quando descobri que eu tenho ELA, senti um enorme desânimo me invadir, e apesar de tentar não demonstrar isso para ninguém, inclusive para o León, eu sempre chorava internamente por isso, sentindo uma angústia tomar conta de mim cerca de cem por cento do meu dia. 


Desde que minhas forças se reduziram de uma semana para outra de uma forma drástica, não consigo mais dar um simples passo, e foi desde que fiquei de cama que esses sentimentos dominaram minha mente, me pegando em meu momento mais vulnerável, que é na madrugada. 


-Então você está grávida de novo? - Abro a boca surpresa e extremamente feliz. Camila está grávida de novo! 


Estou tão feliz por ela, porque sei como ela vem lutando por isso desde que perdeu seu bebê com apenas dois meses de gestação. Ela ainda não tinha sequer descoberto na época. 


-O Broduey quase não quis vir para cá, porque o médico me recomendou repouso por já ter sofrido um aborto, mas o médico me liberou apenas até alguns meses, então iremos aproveitar as féridas do Broduey e iremos passar esses próximos dois meses aqui. 


-Vou pedir para a Olga preparar um jantar então, e eu não aceito não como resposta - ela ia protestar, mas sorriu e assentiu. 


-Ei Marina, solta isso - ri quando ela correu e pegou a Marina no colo, que estava segurando o controle da televisão. 

{...}



-León, posso conversar com você? - ele assentiu entrando no quarto. Tinha ido trancar toda a casa depois da Camila e do Broduey terem saído daqui após jantarem. 


-O que foi, amor? 


Suspirei e encarei seus olhos, que ainda me despertam as mesmas sensações desde a primeira vez que os vi. Acariciei sua bochecha e sorri. 


-Me perdoa? - Ele franziu as sobrancelhas não entendendo. 


-Pelo o quê? 


-Por ser egoísta ao ponto de não perceber que você também está sofrendo com tudo isso, principalmente porque estou sendo um fardo para você. Eu estava com uns pensamentos, me sentindo muito mal, mas eu andei conversando com a Camila hoje a tarde e percebi que nada do que eu sinta agora irá mudar o meu futuro, entende? Então… - parei para respirar um pouco e normalizar a minha respiração - eu decidi aproveitar meus últimos momentos que tenho, porque não adianta mais sofrer e ficar triste no canto desperdiçando meus últimos momentos com você e com os meus filhos. 


-Não fala assim - meus olhos se encheram de lágrimas, assim como os deles também. 


-Mas é a verdade meu amor - passo a mão por seus cabelos brancos e molinhos - Me perdoa? 


-Eu não tenho o que te perdoar, querida… - senti seus lábios tocarem meu nariz, fechei os olhos e sorri sentindo seu toque. -Eu sempre vou te amar, você sempre será a melhor coisa que me aconteceu, sabia? 


-Eu sempre vou te amar, León - Senti seus lábios nos meus em um selinho calmo - Promete que vai se cuidar quando eu não estiver aqui para puxar sua orelha? -Ele riu baixinho e se ajeitou junto ao meu corpo, passou seus braços pelo meu corpo e me abraçou.  


-Eu sempre vou lembrar de você - sussurrou beijando o topo da minha cabeça. 


Suspirei e apertei seu corpo contra o meu, abraçando-o com o restante de forças que ainda possuo. 


Notas Finais


Espero que tenham gostado!


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